Parte 17...
Aurora
O olhar dele era pesado, irritado. Seu queixo estava travado, ele apertava os dentes, contendo a irritação. Era a primeira vez que eu o via dessa forma, deixando sair seu lado mafioso sem máscaras. Nunca me senti tão pequena quanto agora. Deu tudo errado.
O elevador abriu e ele pegou a chave da porta. Eu entrei na frente dele andando rápido para o quarto. Queria muito sair dali e ir embora. Não podia mais ficar ao lado dele.
Domenico foi para o barzinho que tem na sala e ouvi quando abriu uma garrafa. Eu só queria pegar minhas coisas e ir embora. Eu não deixava muito mesmo. Algumas roupas, escova de dentes, cremes, xampu. Dava pra levar tu
Parte 18...AuroraNão queria mais segurar o que estava sentindo. Era a hora de deixar sair e terminar tudo de vez. Não foi como planejei, mas seria agora.— Eu sei que o acordo foi ideia minha, que não era exigido fidelidade de nenhuma parte... Mas eu cortei todos, eu não queria ficar com mais ninguém... Porque nenhum deles era você - engoli meu choro — Nem mesmo um beijo - ergui o dedo — Um beijo simples, eu nunca dei em outra boca que não fosse a sua. - ele parecia espantado — As coisas foram acontecendo, não planejei isso - encolhi os ombros.Ele levantou e tent
Parte 19...DomenicoO que eu faço agora? Me sinto um imbecil deixando que ela vá embora, mas não consigo ter uma reação diferente. Me sinto travado. Não esperava por essa.Andei pelo quarto, ainda espantado com o que tinha acontecido aqui. A noite começou tão bem, estava tudo normal entre nós. Quer dizer, até eu quase matar aquele cara na boate. Mas isso não é motivo pra ela me dar o fora. Será que eu a assustei demais deixando minha raiva sair?Não, não pode ser isso. O acordo, foi isso. Ela disse que se apaixonou e não estava no n
Parte 20...Domenico— Ah, que surpresa! - a mãe dela estava sentada na cadeira com um dos cachorros no colo e levantou ao me ver — Domenico. Veio ver minha filha, é claro! - sorriu.Devolvi o sorriso, mesmo estando sem vontade e aceitei seu beijo. Ela parecia cansada, mas na maioria das vezes em que a vi, era essa a expressão dela.— Sim, mas a senhora Gisele já foi chamar a Aurora - estou nervoso e nem deveria, já estive aqui outras vezes e os pais dela foram muito gentis — É rápido, eu ainda tenho assuntos a resolver - sorri de volta, mas não me sentei.
Parte 21...Aurora— Seu celular estava tocando, querida - minha mãe me passou o celular — Esqueceu lá no quarto.— Obrigada, mãe - sorri de canto e olhei a tela. Era Diana chamando. Eu não queria ter que atender agora — Depois eu ligo de volta.— Mas é a Diana, não é?— É sim, mas eu ligo depois. Primeiro quero tomar meu café - fingi normalidade — Sabe que quando eu começo a falar com ela, a conversa vai longe e quero aproveitar o café fresquinho.
Parte 22...Aurora— Me diga a verdade, amiga. Você se apaixonou por ele, não foi?— É, eu cometi esse erro.— Ai, amiga... Eu te falei. Domenico é uma boa pessoa, mas ele não faz questão de se comprometer com ninguém, ele vivia falando isso antes de te conhecer.— Eu sei, eu sei... - esfreguei a testa com os dedos — Quando começamos fizemos um acordo... E estava indo tudo bem, mas sei lá... Eu me perdi, acabei não seguindo o meu próprio plano - soltei o ar com cansaço — Aconteceu.— Então, deixa eu falar com ele. Domenico chegou com uma cara de bunda aqui, agora sei o motivo. Ele também não deve estar bem.— Não quero que ele pense que eu estou pedindo a você pra se meter, ainda mais depois de tudo o que eu disse pra ele - torci a boca e levantei, acenando pra minha mãe — Não somos mais crianças. Eu tenho vinte e dois e ele tem trinta e quatro. Não precisamos que outra pessoa fique entre nós. Desculpe, você me entende.— Eu entendo sim, mas poxa, fiquei triste com essa notícia agora.
Parte 23...AuroraDepois que desliguei da chamada onde falei com Samuel, fiquei um pouco mais animada. Em breve eu poderia me mudar para a casa de minha avó e não iria contar a ninguém. Bem, apenas a Gisele, mas ela não iria contar e lá era um lugar que meu pai não iria pensar em procurar.A casa estava quase abandonada, se não fosse pelo casal e por Samuel, que ficaram todos esses anos morando lá. Foram bons empregados para minha avó e minha mãe nunca quis se desfazer da casa, mas ela mesma nem aparecia por lá e meu pai, menos ainda.
Parte 1...Aurora Deluca - Nove anos de idadeEu me assustei e abri os olhos depressa, olhando de um lado para outro na escuridão do meu quarto. Só a luz do banheiro iluminava um pouco com a porta aberta. Sentei. Ouvi um barulho e depois entendi que era um choro. Meu coração deu uma batida forte. Eu sabia de quem era o choro.Era minha mãe. De novo.E isso só significava uma coisa. Meu pai estava em casa. E aos nove anos, eu já não me sentia feliz quando ele chegava.Eu amo meu pai, mas ele não é uma pessoa fácil. Ou boa. Tenho medo dele, sempre tive. Ele não gosta de mim e eu sinto isso. Eu sei que tenho só nove anos, mas minha mãe sempre me diz que sou muito esperta e inteligente.E por isso eu sei que ele não gosta de mim. Não sei porque, não me lembro de ter feito algo errado. Sou uma menina obediente, estudo e gosto de ajudar mamãe.Me assustei de novo quando ouvi um som alto, parecendo uma queda. Pulei da cama, as mãos cruzadas em meu peito e andei devagar ate a porta do quarto
Parte 2...Aurora— Minha filha querida.Me virei e vi minha mãe, ao lado de um homem todo de branco. Acho que era um médico. Ele se aproximou de mim e pegou uma lanterninha fina, abrindo meus olhos e quase me deixando cega com aquela luz.— Como ela está, doutor? - minha mãe ficou ao meu lado.— As pupilas estão bem e os exames não mostram nada mais grave - ele suspirou parecendo aborrecido — Mas a senhora sabe que a polícia vai questionar o ocorrido. Sua filha está muito machucada.A cara que minha mãe fez foi de nervosismo. Eu a conheço. — Sim, eu sei - ela tentou dar um pequeno sorriso e olhou pra mim — É que minha Aurora é muito danada e não fica quieta - segurou meu braço — Foi mais um susto grande que ela nos deu, não foi, meu amor?Eu entendi que ela queria que eu mentisse. Apertou meu braço de leve, só com um toque. Eu concordei com a cabeça e ainda assim, o médico me olhou de um jeito desconfiado.— Nós temos alguns cães na casa - ela contou, meio sem jeito — E Aurora estav