POV: AVRIL
Os olhos de Neandra tremiam de maneira quase imperceptível, mas a raiva que distorcia suas feições era inegável. Seu pulso pulsava sob meu aperto, e ela o puxou com força, escapando do meu alcance enquanto empurrava a cadeira para trás. Sem dizer uma palavra, virou-se bruscamente e marchou em direção ao banheiro, os passos firmes denunciando sua fúria.
Antes mesmo de ouvi-lo, o aroma familiar de Archer invadiu meus sentidos. Ele ainda usava o mesmo perfume de quando namorávamos, o que eu mesma havia dado a ele, e que ele adorou desde o início. Era intrigante que um homem com tanto dinheiro, que poderia ter qualquer fragrância exclusiva à sua disposição, escolhesse continuar usando algo tão simples, um presente de sua ex-namorada. Suas palavras, pronunciadas com aquela voz rouca, fizeram meu sorriso se alargar. Travessa... Eles realment
POV: AVRIL— A garrafa! — Estiquei a mão para alcançar a outra garrafa de vinho cheia, mas Archer balançou a cabeça, mantendo uma postura séria.— Chega de bebidas por hoje. Vamos, está na hora de irmos. — Ele sussurrou em meu ouvido, sua voz baixa e rouca provocando um tremor incontrolável no meu corpo.Eu estava furiosa com as reações involuntárias do meu corpo. Como podia reagir assim a um homem que eu tanto odiava? Sim, nosso sexo havia sido incrível, daquelas experiências que faz qualquer mulher suspirar, mas foi ele quem me destruiu emocionalmente. Tentei afastá-lo, mas foi em vão. Archer, ainda com as mãos ao redor da minha cintura, me guiava em direção ao seu carro, acariciando levemente minha cintura com o polegar, num gesto que me deixava ainda mais confusa e irritada.
POV: AVRIL— Venha, vamos entrar para conhecer. — Disse Archer, sua voz soando estranhamente suave, enquanto ele caminhava atrás de mim, com a mulher ainda falando animadamente sobre o local.— O Sr. Stone tem sido um verdadeiro anjo em nossas vidas com esta fundação. Aqui, amparamos muitas mulheres prestes a dar à luz, assim como aquelas que, infelizmente, perderam seus anjinhos por falta de suporte ou devido a alguma eventualidade. — Disse a mulher, apontando para uma ala de vidro. — Aqui é o centro de conforto terapêutico, onde compartilhamos nossas dores e nos acolhemos mutuamente.Observei as mulheres dentro da sala, algumas em lágrimas, outras se abraçando, todas unidas pelo apoio que ofereciam umas às outras. A cena era profundamente comovente.— Ao sul, temos as salas de parto, onde proporcionamos todo o conforto e respeito
POV: ARCHER— O ódio nos seus olhos quando você me olhava, a raiva que transparecia mesmo quando eu sabia que merecia cada centelha dela. — Confessei, ignorando as implicações daquelas revelações. — Você está errada ao dizer que eu não me importo com você. Sempre me importei, e foi exatamente por isso que me afastei!— O que você quer com tudo isso, Archer? — Ela se aproximou, visivelmente agitada, suas mãos tremendo enquanto falava. — O que você ganha com esses jogos? Já temos um contrato, você já tem o que deseja.— Não, eu não tenho! — Gritei, a emoção na superfície. Vi sua expressão mudar, a raiva sendo substituída por uma surpresa que ela não conseguiu esconder. — Não tenho tudo o que desejo.
POV: ARCHERAvril ruborizou, a confusão evidente em seus olhos enquanto se afastava, sendo guiada por Cassandra. No entanto, antes de desaparecer no corredor, ela olhou para trás, lançando-me um olhar que parecia buscar respostas, ou talvez algum tipo de entendimento. Suspirei profundamente, sentindo o peso da situação enquanto ela sumia de vista.Mal tive tempo de processar meus pensamentos quando meu telefone tocou. Atendi rapidamente, ainda imerso em meus pensamentos que aquele momento havia despertado.— Archer, o que está fazendo? — A voz de Jasper soou do outro lado da linha, carregada de nervosismo. — Soube que a levou à clínica. Não tínhamos decidido mantê-la longe de tudo isso?— Foi necessário. — Respondi vagamente, limpando a garganta, tentando esconder a incerteza em minha voz. — E a a
POV: AVRILO dia dentro da clínica passou rápido, apesar de todas as lagrimas e canções, me sentia leve por estar ali. Vaguei pela área neonatal, Cassandra me permitiu entrar no berçário e pegar um bebê no colo, caminhava de um lado para o outro com cada um que iniciava os chorinhos, cantarolando e acalmando suas emoções:— Vocês são as coisinhas mais lindas deste mundo, sabia? — Murmurei para o pacotinho embalado em meus braços. — Ai que vontade de adotar todos vocês!— Acho que você ficaria muitas noites em claro. — Sua voz ressoou cansado e imponente dentro do berçário, virei para encontrar Archer que estava encostado no batente da porta olhando-nos com intensidade. — Boa noite.— A quanto tempo está aí parado? — Arqueei a sobrancelhas o encarando quando o bebezinho resmungou. &
POV: ARCHERFoi um golpe vê-la ali, segurando o bebê com tanto cuidado e ternura enquanto cantarolava uma melodia suave. A imagem que se formou em minha mente foi tão vívida que quase pude sentir o calor de nosso filho nos braços dela, algo que eu tinha sonhado tantas vezes. Engoli em seco, lutando contra o suspiro que ameaçava escapar da minha garganta e romper o silêncio entre nós. Ela parecia tão perdida em seus próprios pensamentos e dores, tão absorta em restaurar a si mesma enquanto ajudava as outras mulheres daquele lugar a se reconstruírem, que nem notou o quão tarde já era.Quando finalmente chegamos em casa, o silêncio se instalou entre nós como uma parede invisível. Antes que eu pudesse sugerir que jantássemos juntos, Avril subiu as escadas em disparada, batendo a porta do quarto com força. Fiquei parado ao pé
POV: ARCHERO peso de todas essas perdas e responsabilidades parecia querer me esmagar, mas eu não podia me dar ao luxo de fraquejar. Havia muito mais em jogo do que apenas meu bem-estar.Falei com desdém, passando a mão pelos olhos cansados enquanto retirava as fotos da gaveta. Cada imagem, cada anotação era uma peça de um quebra-cabeça que, de alguma forma, girava em torno de Avril Fox e dos motivos que a levaram a perder o bebê. Um turbilhão de pensamentos cruzava minha mente, mas então, um pensamento permeou minha mente, uma ideia surgiu. Levantei-me de repente, com o coração acelerado, e corri até o cofre embutido na parede. Ao abrir a pesada porta de metal, minhas mãos tremiam levemente ao retirar o testamento do avô. Eu sabia que havia algo ali, uma cláusula que poderia mudar tudo.Folheei as páginas rapidamente, buscando o tr
POV: AVRILCheguei à boate, surpresa ao ver que, apesar do temporal lá fora, o lugar estava lotado. As luzes neon piscavam através das janelas, e a música vibrava no ar, fazendo o chão tremer sob meus pés. Assim que entrei, Francis, primo de Nathaniel e um dos donos do lugar, me avistou de longe. Com um sorriso largo, ele gesticulou para liberar a entrada para mim.— Avril, minha garota de voz angelical! Quanto tempo! — Ele exclamou, visivelmente animado, enquanto se aproximava para me envolver em um abraço caloroso. — Achei que tinha nos esquecido.— Como se fosse possível. — Respondi com um sorriso suave, retribuindo o abraço. Havia algo reconfortante em estar ali, em meio a rostos familiares, apesar de tudo.— O que te traz aqui hoje? — Ele perguntou, arqueando uma sobrancelha de forma divertida. — Vei