Cecília MagalhãesKelly está a ponto de me bater porque não consegue terminar a minha maquiagem.— Não quero ficar parecendo um palhaço — reclamo quando ela volta com o pincel com a sombra para olhos para perto de mim.— Não vai! — ela grita comigo e me dá um tapa. — Fica quieta e me deixa te maquiar em paz. Você só não está acostumada a usar maquiagem.— Eu não gosto! — eu reclamo, mas ela me ignora e continua me maquiando.— Não me interessa — ela responde e pega um batom vermelho. — Fica quieta. O Thomas vai gostar de te ver assim.Sinto meu pescoço pegar fogo e o sorriso que Kelly me dá me prova que estou mesmo toda corada.— Ele não liga — eu respondo e dou de ombros. Kelly revira os olhos.— Acha que eu não vejo o jeito que ele te olha? — ela implica. — Elesó falta te comer no meio da rua todas as vezes.— Claro que não! — protesto. Ela me ignora, tampa o batom e abre um sorriso.— Você está linda, Cecília.Kelly me ajuda a me levantar e eu me olho no espelho com a boca aberta.
Consigo sentir os olhos de Thomas me queimando a noite inteira. Onde quer que eu olhe, ele está lá. Mas ele não se aproxima e me deixa me divertir com os meus amigos de curso, dançar, beber, gritar até ficar rouca. Meu coração se aquece por isso. Kelly já está mais para lá do que para cá, e eu estou há algumas horas já tentando fugir de Josh, que também já bebeu mais do que devia e insiste em vir atrás de mim.E a festa não está nem longe de acabar.A cerimônia da formatura aconteceu há algumas horas. Depois da entrega do diploma, todos os pais foram fazer outra coisa e a festa é só para os formandos. Então o pessoal está realmente perdendo a linha e comemorando com tudo que tem direito.Quando a música muda para uma música lenta, começo a olhar ao redor para tentar encontrar Thomas. Antes que eu consiga, Josh me acha e tenta me puxar para dançar.— Não, eu não quero — digo, sorrindo para tentar ser educada, mas ele insiste e me puxa. Solto um “ai” baixinho porque o aperto no meu braç
Thomas de AlbuquerqueQuando eu e César chegamos no lugar indicado na mensagem, vejo que é uma casa escura e isolada. Faço um sinal para que ele fique do lado de fora, na lateral. Espero alguns minutos para que dê tempo de os seguranças chegarem porque não sou idiota de entrar em um lugar desconhecido sem saber com quem e onde estou me metendo. Assim que os homens aparecem, sei que preciso agir rápido, antes da polícia. Não confio em ninguém para manter Cecília em segurança, não depois dessa.Eles ficam escondidos, com as armas em mãos, enquanto vou para a frente da casa. Mal bato e um homem grisalho abre. Ele abre um sorriso imenso ao me ver e faz um gesto para que eu entre, como se eu fosse um convidado ali.Observo a tudo com atenção e procuro mais homens, com armas e capuzes na cara como os filmes que a gente vê, mas está só o homem ali.— Ela não está aqui, Thomas. Cadê o dinheiro? Você não está com nada.— Você acha que sou idiota de andar por aí com aquela quantia em dólares. Q
Após duas horas, nós finalmente fomos liberados depois de um interrogatório detalhado. Ainda bem que é o desgraçado não morreu, porque isso ia ser só uma pedra no meu sapato. Também não vou ser indiciado por agressão porque até mesmo em um país como esse existe certa… facilidade em escapar de certas situações quando se tem dinheiro. Eles alegaram legítima defesa e me liberaram.Cecília já foi para casa antes que eu, porque ela estava cansada e passou por traumas demais por hoje. Saio dali e encontro César do lado de fora da delegacia me esperando.Ele se aproxima devagar, com as mãos nos bolsos.— Obrigado. Nunca vou conseguir te agradecer. Não sei o que seria de mim sem ela.— Tudo bem. O importante é que Cecília fique bem — falo e suspiro. Ainda estou sentindo uma adrenalina e uma raiva absurdas só pela ideia de perder aquela garota. — Cuida dela.Aceno e começo a me afastar, mas César me chama.— O que fez você confiar nela? — pergunta e eu franzo a testa, sem entender o que o home
Cecília MagalhãesEu nunca pensei que ia passar por uma coisa dessas. No meu planejamento de vida estava me formar, começar a trabalhar com papai, casar com um homem que me ama mais que tudo na vida e ter muitos filhos com ele. Ser sequestrada definitivamente não estava na lista.Confesso que fiquei com medo de Thomas não aparecer. Ao mesmo tempo em que eu tinha certeza de que ele faria de tudo para me encontrar, um pedacinho do meu coração estava com medo de ele não aparecer.Mas quando Thomas disse que me ama, todos esses medos ficaram de lado. Ele me ama! Meu Deus, a bagunça que tudo virou nos últimos meses. E eu nem acredito que está quase no fim. A faculdade já acabou e vamos voltar para o Brasil em breve. Minhas coisas já estão arrumadas e Thomas está resolvendo algumas coisas da empresa, então aproveito para me despedir de Kelly.— Eu nem acredito que essa é a última vez que você fez compras comigo! — ela reclama e faz um bico. Eu rio e me sento na cadeira do restaurante para o
Na verdade… Acho que eu preciso discutir isso aqui com o senhor Albuquerque — digo. É estranho usar o sobrenome de Thomas assim e toda vez que faço isso me faz lembrar que em poucos meses vai ser o meu sobrenome também.Eu devia estar mais animada com isso, não devia? Vou me casar com o homem que eu amo e que me ama também, eu devia estar pulando de alegria. Mas tem um gosto ruim saber que aquele contrato ainda existe.Pego o elevador até o último andar, que é onda a sala do Thomas fica. Assim que eu saio do elevador, consigo ouvir os gritos e paro no lugar apertando a pasta na frente do meu corpo. A secretária dele está com os olhos arregalados e batendo uma caneta na mesa, nervosa.— O que aconteceu? — pergunto e ando até ela. A mulher abre a boca, mas nada sai.— Algum problema com algum contrato — ela responde com a voz baixinha. Fiquei amiga da mulher desde que cheguei aqui e ela adora contar fofocas de tudo que acontece no escritório. — Senhor Albuquerque está furioso a manhã in
Cecília Magalhães— Cuidado para não cair.Thomas está com as duas mãos em cima dos meus olhos e me guia no escuro para algum lugar. Quase tropeço em alguma coisa, mas ele me segura.Assim que saímos do trabalho, ele me começou a me dirigir para algum lugar e não me disse para onde. Não tenho a menor ideia de onde nós estamos quando Thomas me deixa parar de andar.— Vou tirar as mãos dos seus olhos agora — ele fala no meu ouvido e me arrepia inteira com a voz grossa tão perto da minha pele.— Tudo bem — sussurro. Pisco algumas vezes para me acostumar com a iluminação quando ele me deixa olhar e franzo o cenho sem entender onde nós estamos.Olho para a casa na nossa frente, tão grande quanto a casa onde cresci. Tem um quintal grande ao redor, e Thomas segura a minha mão e começa a me conduzir por ele.— Onde a gente está? — pergunto, olhando tudo ao redor enquanto ele praticamente me arrasta pelo lugar.A casa é linda por fora, e o jardim é mais bonito ainda. Vejo uma piscina grande no
Thomas de AlbuquerqueOlho para o relógio de tempo em tempo para saber se já posso ir para o altar. Ainda não acredito que eu estou me casando, e com uma mulher que eu amo ainda. Sempre me imaginei indo ao altar com alguma mulher rica, da alta sociedade em um casamento puramente de fachada para manter as aparências. Rico casa com rico, é o que costumam dizer. E não estão errados. Agora estar aqui, nervoso e ansioso para ver Cecília vestida em um vestido de noiva não estava nos meus planos.Arrumo a gravata azul em frente ao espelho, arrumando o que não tem mais o que arrumar. Escuto uma batida de leve na porta do quarto onde estou. — Entre.— Senhor Thomas, tenho um problema. A sua noiva está nervosa e ameaçou até desistir do casamento — a uma das cerimonialistas fala após colocar a cabeça na porta.— O quê? Por quê? Onde ela está?A mulher me guia com uma expressão de pesar e eu a acompanho pelos corredores do castelo. Ah, sim, meu casamento não podia ser nada menos do que grandioso.