(Sara)Quando eu cheguei no hotel, a Brenda não tinha chegado ainda do encontro dela.— Bem, pelo menos uma de nós conseguiu transar hoje.Falei enquanto tirava a roupa, eu precisava urgentemente de um banho, pois a minha calcinha estava literalmente melada com toda a minha excitação.Enquanto eu estava na banheira, ouvi o meu celular tocar, eu imaginei ser o Cristian fazendo outra cena, então optei por ignorar e tentar relaxar. Parecia que tudo na minha vida estava fora do lugar, eu estava longe dos meus clientes, estava deixando de ganhar dinheiro, estava deixando de ter prazer, estava longe do conforto da minha casa, e a única coisa que eu tinha era estresse acumulado. Eu nunca entendi o motivo do meu padrinho jamais ter permitido que eu visitasse a casa dele, era sempre ele a ir até a mim, mas toda vez que eu pedia pra conhecer o lugar que ele passava boa parte do tempo dele, ele sempre dizia: Esse não é o momento. — Agora ele está prestes a morrer, e esse momento nunca chegou.
(Cristian)Quando o dia amanheceu, a primeira coisa que fiz foi ligar pra Sara, tanto eu quanto ela estávamos esperando o advogado marcar outra reunião pra falar sobre os acordos do casamento, mas uma conversa entre nós dois precisava acontecer antes disso.Sara: Eu estava mesmo querendo falar com você Cristian.Ela falou assim que atendeu a ligação. — Que bom, assim você não inventará nenhum pretexto pra não me encontrar. Sara: Eu ainda não tomei café da manhã, pode ser daqui a uma hora? Assim nós comemos algo e conversamos. — Perfeito, me passa o endereço do seu hotel que passo aí e te pego.Sara: Com que carro?A Sara era realmente uma filha da puta, ela fez eu me lembrar de forma cruel que eu estava sem o carro que ela praticamente roubou de mim, mas aquele não era o momento de eu me rebelar contra ela, eu precisava manter o controle. — Eu pegarei um taxi. Sara: Nesse caso, encontro você na cafeteria da Madison, sugiro que vá direto pra lá, já que eu tenho um carro e você não
(Sara)A malícia já fazia parte de mim a anos, e com o tempo eu aprendi a usar isso ao meu favor, e isso me serviu bem na hora de conversar com o Cristian.Ele me ligou pouco tempo depois que eu acordei, a minha intenção já era de ligar pra ele depois de eu tomar café, mas como ele fez isso antes de mim, eu acabei marcando de encontrá-lo na cafeteria, já que ele estava sem carro pra me buscar.Tudo bem que eu usei isso pra atingi-lo, afinal era impossível eu ignorar as oportunidades que apareciam pra eu fazer isso.Brenda: Pelo o que eu entendi, eu vou tomar café da manhã sozinha. — Não fica irritada amiga, essa é a oportunidade perfeita pra eu colocar meu plano em prática. Eu fui fazer a minha limpeza matinal, depois comecei a me arrumar como se eu tivesse indo pra uma reunião de negócios, afinal pra mim, aquilo era realmente negócios e nada mais.Brenda: Só toma cuidado pra não achar que está em vantagem e acabar dando a ideia de que você tem intenções duvidosas referente a esses
(Cristian)O olhar da Sara era intimidador, mas eu não me deixei intimidar e me mantive encarando ela até sermos interrompidos pelo atendente, eu não sabia ao certo o que ela estava tentando me provar, mas estava na cara que ela estava querendo bater de frente comigo em tudo.Enquanto estávamos comendo, o celular dela tocou, ela atendeu com um ar de preocupação e logo depois as lágrimas começaram a brotar dos olhos dela, e ao perguntar o motivo pelo qual ela estava chorando, ela apenas disse que precisava ver o meu pai.O nervosismo dela já deixava claro que algo havia acontecido com ele, mas não demorou muito pro meu celular tocar também, então eu pedi as chaves do carro e fomos juntos pro hospital, deixando pra trás todas as nossas diferenças, afinal existia algo bem maior que nossos problemas, que era a saúde do homem que nos criou.Ao chegar no hospital, a médica nos falou sobre as paradas cardíacas que ele teve, fomos até ele, e os olhos dele estavam abertos, e ele estava muito d
(Sara)Você já perdeu alguém a quem ama? Essa é uma das piores dores que existe, não é como se machucasse uma parte do nosso corpo, é algo muito pior, como se não existe nenhum medicamento que fizesse parar a dor.Quando chegamos no hospital, só deu tempo da gente se despedir dele, o olhar do meu padrinho já me preparava pro pior, e algo dentro de mim me dizia que ele estava prestes a partir.Em determinado momento, eu vi o Cristian sair pra conversar com a médica, eu deveria ter ficado com o meu padrinho, mas optei por ir ver o que a médica queria falar com o Cristian que não podia ser dito na minha frente, mas a conversa já tinha finalizado quando eu cheguei, e quando eu fiz uma pergunta pro Cristian, ele me deu uma desculpa fraca, e eu tinha certeza que ele estava mentindo.Não deu nem tempo de pegar ele na mentira, as máquinas começaram a apitar, e logo começou a correria dos médicos pra reanimar o meu padrinho que estava sofrendo outra parada, e definitivamente aquilo era demais
(Cristian)Uma semana depois do enterro do meu pai a Sara sumiu, eu tentei ligar pra ela mas foi direto pra caixa postal, o advogado responsável por fazer valer o acordo do nosso casamento, disse que era necessário eu dar um tempo pra ela, pois ela já havia o avisado que voltaria pra cumprir o desejo do meu pai, eu só não entendi o motivo dela não ter falado isso diretamente pra mim, já que eu era parte desse acordo, e também quanto tempo eu iria ter que esperar? Afinal a empresa estava nas mãos de terceiros até o casamento ser oficializado.Eu não sabia exatamente nada sobre a Sara, nem o endereço da casa que o meu pai instalou ela por anos, eu queria respostas, queria saber se ela iria mesmo querer se casar comigo, eu queria ouvir da boca dela e não pela boca de um advogado. A morte do meu pai deixou a Sara arrasada, eu vi o estado que ela ficou, eu senti também, mas não tanto quanto ela, mas embora eu tentasse ser compreensivo com o sumiço dela, eu tinha pressa em assumir as empre
(Sara)No dia do velório do meu padrinho eu estava em total silêncio, a Brenda respeitou o meu momento e apenas ficou do meu lado, sem dizer nenhuma palavra.Eu coloquei um vestido preto com um sobretudo, coloquei um óculos pra esconder as olheiras, e não falei com ninguém ao chegar lá, afinal ninguém me conhecia além do advogado e o Cristian, que olhou pra mim por diversas vezes com um olhar de pena, enquanto eu só sentia raiva por ele estar tão calmo com a morte do próprio pai.Eu olhei pra todas aquelas pessoas vazias, que não o conheciam da mesma forma que eu, um local cheio de funcionários preocupados com seus empregos, e nenhum pouco comovidos com a morte dele. Tentei ficar isolada o máximo que pude, e me mantive assim até o último adeus quando ele foi enterrado, e mantive o meu anonimato pra evitar perguntas de pessoas curiosas. Eu nunca me senti tão sozinha quanto naquele momento, como se não me restasse mais nada, e apesar da Brenda tentar me provar com atitudes que eu não
(Cristian)O dia do casamento chegou, e eu não sabia dizer em palavras o que eu estava sentindo, era como se eu estivesse abrindo mão de uma vida inteira de farras, era como se eu estivesse entrando em uma prisão com benefícios.Eu fiz questão de fazer a barba, o cabelo, como se eu estivesse realmente animado com aquilo.Eu demorei uma hora pra escolher um palitó adequado pra ocasião, eu poderia ir de qualquer jeito, mas com toda certeza teria alguém pra tirar minha foto e jogar na mídia falando do meu relaxamento com algo que a sociedade julga tão importante.Quando eu cheguei no cartório, a Sara ainda não havia chegado, mas o Olavo já estava lá, pra garantir o maldito casamento por conveniência.— Eu não esperava encontrá-lo aqui Olavo.Olavo: Eu só estou aqui pra entregar todos os documento autenticados dos bens de vocês, e garatir que não resta nenhuma dúvida.— E isso não era pra ser resolvido na nossa casa ou no escritório? Tinha que ser aqui, logo no dia do nosso casamento?Ant