Sentada no penhasco olhando o horizonte com os cabelos soltos e o vento dançando no seu rosto, essa era uma das sensações mais prazerosas que Moira gostava de compartilhar com seu primo, que estava deitado ao seu lado contemplando o sol que estava a si pôr. Seus cavalos descansavam um pouco ao lado e ali, eles dois sabiam que podiam como sempre rir, conversar, confidenciar segredos e contemplar todo o reino.
- Você nos deu um susto ontem princesa. - Falou Edward quebrando o silêncio.
- Eu estou bem, vocês me protegem demais. - Respondeu virando o rosto para encará-lo.
- Não é só proteção, mas você ainda não está pronta para lidar com tantos elementos. - Respondeu a observando olhar o horizonte novamente.
- Eu só acho que existe mais. - Sussurrou suspirando com o sol refletindo seus olhos.
- O que disse?
- O que será que há além do reino Edward? - Indagou Moira deitando ao lado do seu primo e apoiando um dos braços para vê-lo melhor.
- Outros reinos minha querida prima. - Pegando uma folha e pousando na ponta do nariz dela.
- Sim, mas que tipo de reinos? Você nunca parou para pensar que pode haver mais depois do horizonte?
- Bom... Uma vez eu li sobre um reino cujo poderes era a força. Reino das florestas. - Disse empolgado.
- Reino das das floresta? - Indagou sentindo um desconforto desconhecido.
- Sim. Soube que eles tinham os melhores homens e mulheres em combate, eram considerados os melhores guerreiros e guerreiras segundo li, principalmente com arco e flecha e que não havia ninguém que acertasse um alvo melhor que eles.
- Mentira. Aposto que eu atiraria melhor que qualquer um deles. Se é que esse reino existiu mesmo. Porque nunca ouvi falar deles? Bertzs nunca mencionou e não li nenhum livro sobre eles.
- Porque minha querida, você nunca leu livros de guerras como eu tive que ler junto com seu irmão. - Mexendo agora nos cabelos de Moira que caiam livres sobre a grama. - Papai disse que eles ajudaram a proteger os reinos quando a bruxa vermelha espalhou morte e desespero na terra tentando roubar a posição da sua mãe no reino das bruxas.
- Sim. Eu sei a história da bruxa vermelha e como minha mãe achou favor junto a deusa mãe para trazer paz novamente a todos, mas Bertz nunca mencionou que houve guerra e união de reinos para vencer a bruxa vermelha. - Pensativa, ela levantou. - Estranho!
- Sempre houve união e acordos entre reinos Moira, isso é política. Fazemos isso sempre, trocando mantimentos, alimentos e armas ou o que for necessário no momento com outros reinos vizinhos e assim mantemos a paz.
- Entendo. Será que um dia eu conhecerei o reino da minha mãe? O reino das bruxas? Será que existe mais de um reino que os nossos?
- Não sei dizer, porém nas aulas eu descobri que existiu uma vidente, foi ela quem advertiu a Bertz e a sua mãe sobre os propósitos da bruxa vermelha e foi ela quem disse o que precisava ser feito para acabar com a guerra. Só que em troca dos seus conselhos essa vidente exigiu que o reino da floresta fosse escondido e independente dos outros reinos para sempre, pois muitos dos seus homens e mulheres foram à batalha e morreram pelo poder da bruxa vermelha e também tinha uma poderosa guerreira que os tinha traído, unindo-se as trevas. Então a rainha Eve aceitou e assim a guerra acabou.
- Então esse reino ainda pode existir Edward, poderíamos procurar um dia.
- Não sei Moira. Ninguém nunca mais ouviu falar deles. Meu pai gostaria muito que eles existissem, pois é interesse dele recrutar de novo seus homens e mulheres para conquistas de reinos futuros. Meu pai tem certeza que eles vivem depois do horizonte - Levanta e aponta para frente. - E como nos livros de história dos reinos não tem informações concretas acabou-se tornando uma lenda de que realmente esse povo e essa vidente existiu.
- Não entendo de guerras, mas entendo de perdas. Se eles exigiram sua liberdade de viver em troca da paz, acho justo que eles vivam em segurança longe de todos. Se é que eles existiram de fato. - Levantou limpando seu vestido indo em direção ao seu cavalo. - Acho melhor voltarmos, o sol se põe e Bertz vai me dá um enorme sermão por ter fugido das aulas esta tarde.
- Moira, daqui a dois dias é o seu aniversário de dezoito anos. - Disse se aproximando dela e tocando em sua mão.
- Sim, eu sei. E Bertzs anda mais eufórica que os anos anteriores. Na verdade, estranha seria a palavra. Aliás, todos andam estranhos. - Diz pensativa.
- Todos só estão preocupados com seu futuro. E falando em futuro, você terá que escolher um jovem e se casar. É o tempo certo para isso. - Disse olhando sério para sua prima.
- Não vou me casar sem amor Edward, ninguém determina o tempo para mim. Conheço meus deveres e obrigações, mas não me casarei sem amor. Aliás, você poderia se casar comigo, assim todos sairiam ganhando. Todos ficariam mais do que felizes e satisfeitos.
- Seria uma aliança obvia e desejada por todos sim, mas seria desejado por nós?
- Você sonhou de novo com sua amada Edward? - Perguntou Moira curiosa sabendo que seu primo sempre sonhava com sua amada.
- Na verdade sim. - Subindo no seu cavalo.
- E você passou a tarde inteira comigo e não me contou? - Subindo em seu cavalo.
- Porque você adora um desafio e eu só contarei se conseguir chegar ao castelo primeiro. - E saiu em disparada cavalgando em direção ao reino.
Logo atrás Moira saiu rindo sabendo que sim, adorava um desafio e que com certeza ganharia, pois ninguém era mais veloz que seu cavalo Tempestade. Além disso ela sempre fazia um pequeno feitiço contra seu primo que o deixava irritado e desta vez para desespero dele, era faria novamente. Levantando sua voz em direção ao vento cantou quase sussurrando:
- Veloz como o vento sempre você será, ao contrário de Calmaria que cansada e lenta ficará. - De repente obedecendo a sua voz, um vento mais do que forte envolveu os pés dos seu cavalo e uma brisa leve e suave prenderam o cavalgar de Calmaria. Rindo ela passou pelo seu primo que percebeu que ela trapaceara mais uma vez.
- Moira, isso não é justo. Pare com isso imediatamente. - Disse sentindo seu cavalo diminuir seu galopar.
- Moira apenas chegando as portas do castelo. - Ora primo, qual é o problema? Não consegue me alcançar? - Falou descendo do seu cavalo e entregando para um soldado.
- Você usou seu feitiço do vento mais uma vez, isso não está certo. - Chegando logo atrás, descendo do cavalo e entregando-o a um outro soldado.
- Você não disse que tinha regras e me desafiou de novo. Sabe que sempre perderá. - Disse o beijando rapidamente no rosto e correndo para o castelo.
Seu primo correu atrás gritando - Princesa Moira de Sarindhia volte aqui, não terminei com você. Pare de usar seus feitiços em mim, ouviu?
Eles dois esbarraram no seu irmão, o príncipe Henry no pátio de entrada do castelo. - Feitiço? Você usou seus dons de novo em Edward Moira? - Perguntou a segurando em seus braços.
- Edward sabe que sempre uso esse pequeno feitiço contra ele. Não sei porque insiste em me desafiar. - Beijou seu irmão e em seguida correu com pressa.
- Aonde vai com tanta pressa bruxinha? - Pergunta príncipe Henry.
- Me esconder da nossa querida Bertz até a ceia pelo menos. Quero guardar meus ouvidos mais um pouco dos seus sermões. - Virou de repente para Edward e disse: - Ah! Edward, meu querido primo, eu venci. - Pisca o olho. - Você me deve um sonho. - E saiu sem deixar que ele respondesse.
- Sua irmã ainda vai me enlouquecer, sabia? - Disse Edward virando para Henry. Ambos começaram a caminhar.
- Ora! Edward, você sabe que ela sempre consegue o que quer, porque insiste em desafiá-la?
- Por que gosto de fazê-la sorrir e se divertir. - Falou rindo.
- Porque diz isso? - Perguntou interessado.
- Ela anda impaciente. Fugindo das aulas com Betzs, sente raiva de não poder sair das fronteiras do castelo. Está se irritando fácil, temo que ela apronte de verdade por esses dias Henry.
- Você acha que ela fugiria?
- Não fugir, mas se aventurar em sair para depois do horizonte acredito que sim.
- E esse é sem dúvida um dos nossos maiores medos não é mesmo? - Disse Henry preocupado.
- Sim, por isso não quero sair de perto dela nem um minuto.
- Certo. Vou pretar mais atenção, principalmente agora que fará dezoito anos. Aliás, quero te perguntar, sobre os sonhos que a Moira mencionou.
- Ainda não obtive resposta. - Respondeu Eward frustrado.
- Mas, acha que é a Moira? quer dizer, eu ficaria muito feliz se casasse com ela, mas você a ama, vocês se amam como um homem e uma mulher?
- Bom, você sabe que sinto atração por ela e que sempre a amarei Henry, mas...
- Ainda não tem certeza se esse amor é carnal.
- Sim. porém seja qual for a resposta, seja quem for essa mulher dos meus sonhos, a Moira sempre estará segura.
- Eu acredito em você primo. Acredito em você.
- Quem ela pensa que é para me trancar aqui? Isso não é justo, é um ultraje. E porque o titio concordou? Ele não é meu pai e Bertz não é minha mãe. - Bufou a princesa Moira andando de um lado para o outro em seu quarto arrastando seu vestido.- Quer dizer... Claro que ela é minha mãe, uma segunda mãe. Uma amiga, quer dizer...uma mãe. Uma professora, uma bruxa que se recusa a usar seus poderes e neste momento usou de sua autoridade de mãe para me manter trancada aqui a noite inteira. - Falou sentando na beirada da sua enorme cama bufando de novo. - E o Henry porque ele não interferiu, afinal ele é meu irmão, o príncipe e fut
Moira acordou pela manhã se sentindo forte, apesar do que tinha ocorrido na noite passada não encaixar perfeitamente nos seus pensamentos. Estranha, porém muito forte. Levantou da cama e viu Lily sentada, lendo um livro. Quando a viu se levantou mais do que pronta para lhe servir.- Princesa, vejo que acordou. Deseja tomar seu banho ou que eu traga algo para comer?
Moira Resolveu dá uma volta pelo castelo, mas sabia que seu coração a fazia caminhar em direção a um único lugar. O quarto do seu pai, o rei Evan de Sarindhia.Bateu na porta como sempre mesmo sabendo que ele não responderia, a abriu devagar e mais uma vez o quarto estava escuro, sem luz do sol a brilhar por entre as janelas que dava na lateral da sua cama. As vezes deitado ou sentando em sua poltrona ao lado da cama, era assim que ele sempre ficava, porém com os olhos po
Moira Sentiu seu cheiro mesmo antes de abrir os olhos. Era inconfundível. Ela sabia que ele viria, como todos anos. Ele a despertava com uma flor, mais do que isso a despertava com seu amor.Henry estava ali, deitado ao seu lado, de lado olhando para Moira. Abriu os olhos e pousou sobre aquele par de olhos castanhos mais uma vez abrindo um sorriso caloroso para seu irmão.
Quando lily finalizou os cabelos de Moira ela mal pôde acreditar. Ela não os prendeu totalmente numa trança como havia pedido. Seus cabelos caiam em ondas pelas suas costas lembrando os da sua mãe. Se vendo agora no espelho com o vestido longo e verde que apertava em sua cintura se senti pela primeira vez muito bonita. Com o colar que Henry lhe dera em seu pescoço e a pulseira escondida na manga que cobria seus braços se sentia completa, deslumbrante como nunca. Parecia uma rainha, de verdade.
Conforme o baile ia acontecendo, os aldeões, duques, cavalheiros e mileides do reino se aproximavam diante do trono reverenciando e cumprimentando o rei, o príncipe e a princesa pelo grande dia. Porém, Moira não parava de procurar tanto Bertz quanto Lily que até o momento não tinham aparecido.- Procurando por mim princesa? - Sussurrou Edward rindo e olhando bem nos olhos de Moira.
Aonde ela está? - Gritou Nimesys fazendo todos os copos, talheres e pratos se espatifarem contra a parede. O príncipe Efilin já tinha se recomposto e não sabia o que responder a bruxa vermelha.- Fizemos exatamente como pediu minha rainha. - Disse amedrontado.-
- Por que pai? - Indagou Edward diante do príncipe que agora estava olhando para o seu filho preso em seu próprio quarto. - Me faz entender que tipo de monstro você é e como eu nunca enxerguei isso.- Quando éramos crianças... - Disse Efilin - Gostávamos de apostar um com o outro, o tempo todo. Corrida de cavalo, xadrez, lições sobre as guerras, treinando lutas de combate. Era sempre assim entre eu e o Aragon. Eram disputas que tinham como prêmio um fazer a li