ANASTASIAEu me sentei ao lado da cama de hospital de Amie, observando enquanto seu lápis se movia habilidosamente sobre o caderno de desenhos. Suas sobrancelhas estavam franzidas em concentração e seus olhos brilhavam com criatividade.— Acho que isso somos nós? — Apontei para o desenho dela, que mostrava duas caricaturas que se pareciam conosco, mas sem os pés, todos apontando na mesma direção.— Sim, mamãe. Somos nós fazendo biscoitos gostosos na cozinha. Eu estou quase adicionando a tia Clara, porque ela também gosta dos seus biscoitos. — Ela disse sem quebrar a concentração.— E o Dennis?Ela parou por um momento, o lápis pairando sobre o caderno antes de dar de ombros e continuar desenhando.— Vou adicionar ele também. Depois da tia Clara, claro. Eu quero ir para casa logo, mamãe. É muito solitário aqui e o cheiro é horrível, de remédios.Eu senti uma pontada de tristeza, sabendo que teria que deixá-la em breve. Nunca fiquei tanto tempo longe dela, nem um dia inteiro, e agora eu
Eu envolvi meus braços ao redor de seu corpo com força, acrescentando um sussurro conspirador.— Eu vou. Essas enfermeiras não fazem ideia de como eu planejo te levar embora.A risada de Amie encheu meus ouvidos mais uma vez, e ela se afastou com uma piscadela. Então, eu dei um último beijo em sua cabeça, como se fosse selar o acordo.— Vai lá, desenhe mais imagens de nós.Ela acenou com a cabeça rapidamente, pegou seu caderno de desenhos e retomou sua arte. Eu me levantei para encontrar as enfermeiras.— Preciso que vocês fiquem de olho na Amie. Não quero que ela ande por aí ou pegue coisas de estranhos, por favor. Eu já tenho tanto com o que me preocupar e não quero ter que lidar com mais nada do que eu já posso suportar.— Pedimos sinceras desculpas, senhora. Amie é uma criança energética e tem seu jeitinho doce de fazer as coisas. Não sabemos como ela enganou a enfermeira, mas vamos levar tudo o que a senhora disse em consideração. Ela ficará bem e segura.— Isso será ótimo, obriga
CLARASorrindo para a senhora idosa que me sorriu quando nossos olhares se cruzaram, comecei a procurar meu celular na bolsa enquanto saía do aeroporto.Meu rosto se iluminou ao ver a identificação do chamador.— Oi, amiga! — Falei animada, colocando o celular no ouvido.— Oi. — A voz de Ana veio do outro lado. — Vi sua mensagem sobre a loja e tudo mais.— Ah, isso. — Meus lábios se torceram e senti a raiva que eu havia guardado voltar à tona.— É, eu não entendi direito. Parece que você digitou com pressa ou algo assim, havia alguns erros de digitação.— Ah, não foi pressa, eu estava cega de raiva quando escrevi aquilo. — Falei de forma direta.— Ah?— Eu precisei desabafar para não sair gritando no meio da rua ou puxando o cabelo daquela mulher e dando uma boa bronca no gerente!— Ah, ah. — Uma risadinha escapou dela. — Calma, tá? Ainda estou sem entender.Mudei o celular de orelha e coloquei a bolsa no outro ombro.— Então, o que aconteceu foi o seguinte: eu estava numa loja que cos
Eu ri ao ouvir sua risada contagiante novamente. — Bem, minhas mãos estão aqui, então eu não as esqueci.— Graças a Deus.— Mas, para ser honesta, eu não saberia se esqueci alguma coisa até começar a desfazer as malas.— Oh Deus. — Eu esfreguei a testa. — Só espero que você não fique presa. Onde vocês estão agora?Ela ficou em silêncio por um momento. — Não sei dizer. Ainda estamos no ônibus.— Te desejo uma viagem maravilhosa, querida.— Obrigada.— E a Amie, nossa! Eu senti tanto a falta daquela garota. Como ela está? Como ela reagiu à sua partida?— Ela está se adaptando e eu diria que lidou bem com a partida. Eu esperava mais drama e estava preparada para convencer muito ela, mas me surpreendeu. Mas… — A voz dela ficou triste. — Ela realmente está lutando para ficar lá no hospital. Ela continua dizendo que quer voltar para casa.Eu suspirei. — Coitada da garota. Eu a entendo. Hospitais não são exatamente parques ou empresas de sorvete. Ficar lá por muito tempo é um saco. E o cheiro
ANASTASIAFinalmente, chegamos à pousada para a viagem de negócios.Com as malas nas mãos, todos ficaram boquiabertos, admirados com o edifício à nossa frente. A expectativa que se acumulou durante nossa jornada parecia aumentar à medida que absorvíamos a visão.Em uma madeira pregada no topo do estabelecimento, estavam as palavras 'Refúgio Pinheiros' escritas com pedaços de madeira pequenas, adornadas com lâmpadas minúsculas que brilhavam. O trabalho artesanal era impressionante, conferindo ao lugar um ar lúdico, mas ao mesmo tempo profissional.— Parece que acabei de entrar em um conto de fadas. — Rachel parou ao meu lado e murmurou, completamente deslumbrada, com os olhos brilhando à medida que a luz refletia neles.Apesar do vazio no meu coração que só a presença de Amie poderia preencher, eu também estava um pouco encantada.As pequenas casas conectadas estavam cercadas, quase engolidas, pelas altas árvores de pinho e pela vegetação exuberante. No centro de todas as cabanas de mad
— Agora o guia vai dar um tour pelas instalações. — Então ele se afastou, e o guia, acompanhado de outros dois, assumiu o lugar dele.— Olá a todos. — Disse o homem que parecia ser o responsável, com um sotaque estranho. — Quero que se dividam em três grupos e o guia começará.Todos nós fomos divididos em três grupos, e cada um dos guias nos conduziu por um tour pelo belo lodge rústico. Ele nos mostrou o refeitório, que tinha uma cozinha anexa. Qualquer pessoa interessada poderia fazer sua própria refeição. Legal. Nos mostrou o lago cintilante escondido pelas altas e imponentes árvores de pinho daquela área. Havia várias instalações que fomos apresentados, até que tudo terminou nos quartos aconchegantes que nos foram designados. Dois por quarto.Ao entrar no meu quarto, percebi que minha colega de quarto não estava lá. Ela perdeu a viagem.Ótimo! Pensei comigo mesma, feliz. O tempo sozinha que vou ter aqui é exatamente o que eu precisava.Caí na cama com um pulo, braços e pernas espalh
DENNISMe encostei na cadeira e olhei pela janela do terminal movimentado do aeroporto enquanto esperava a reunião terminar.— Certo, equipe, vamos revisar as nossas projeções de vendas para o próximo trimestre. Sr. Ben, pode resumir os pontos principais?Um homem careca, sentado na extremidade da mesa, pigarreou para começar.— Esperamos um aumento de 12% nas vendas, impulsionado principalmente pelo lançamento de nosso novo produto e pelos esforços de marketing expandidos.— Isso é uma estimativa conservadora, não acha? — Interrompeu o presidente da reunião. — Acredito que podemos almejar um crescimento de 15%.Uma mulher ao meu lado acrescentou sua opinião.— Concordo com você. O que nos impede de alcançar essa projeção mais alta?— Bem, precisamos considerar as tendências do mercado, a concorrência e as taxas de adoção dos clientes. Mas acho que podemos revisar nossa estratégia de preços e explorar novos canais para alcançar nosso público-alvo. — Respondeu o homem careca, olhando pa
Eu compartilhei meus medos, meus sonhos e paixões com ela, e, em troca, ela me ofereceu um ouvido atento e provou ser um grande sistema de apoio.— Ana. — Comecei um dia, finalmente encontrando coragem para assumir meus sentimentos por ela. — Por favor, seja minha.Ela sorriu suavemente, mas de forma muito amigável, e deu um tapinha no meu ombro.— Agradeço por tudo o que você faz por mim e prometo que não dou isso como garantido. No entanto, eu não preciso de um relacionamento agora. Acho que nunca vou precisar. — Ela disse.O que era mesmo aquele ditado sobre estar quebrado, mas não derrotado? Pois era isso que eu era.O tempo passou, a filha dela cresceu e eu, pacientemente, continuei ali, recusando-me a investir em outros relacionamentos enquanto minha atenção permanecia em Ana, com a esperança de que ela mudasse de decisão.Eu pedia às estrelas durante a noite, rezava aos céus, desejava fervorosamente ver as coisas se alinharem a meu favor, me dando uma chance de um dia cuidar tan