AIDENMinha mãe, ou completamente alheia ao meu sorriso congelado ou simplesmente não se importando, se afastou para que Sharon recebesse o abraço que deveria ser dela.Com um sorriso, ela me envolveu com os braços. — Nossa! Como eu senti sua falta. — Ela gemeu, pressionando o rosto contra o meu peito.— Hmm. — Murmurei enquanto ela soltava os braços de mim, espalhava-os sobre o meu peito e se colocava nas pontas dos pés para me dar um beijo molhado na bochecha.Por algum motivo, senti vontade de limpar a sensação dos lábios dela na minha bochecha com a minha jaqueta. Resisti ao impulso e dei um beijinho na bochecha dela. Para ser sincero, duvidei que meus lábios realmente tivessem tocado a pele dela.Permaneci na mesma posição enquanto Sharon se sentava. Minha mãe se acomodou ao lado dela.Em vez de me sentar, abri um pouco mais as pernas e enfiei as mãos nos bolsos.— Mãe, como você está? — Perguntei.Pelo menos ela responderia a isso, já que trocou o abraço por outra pessoa.— Estou
Durante esse tempo, decidi voltar para a cidade. Sharon protestou e até implorou para que eu ficasse, já que ela não podia sair dos negócios, mas eu não podia. Eu precisava de espaço e tempo para realmente pensar.Mas não importava quanto tempo eu usasse para me preparar ou qual decisão eu tomasse, o casamento ainda aconteceria. Devido à natureza do casamento arranjado e aos documentos que eu havia assinado com total consciência, o casamento deveria acontecer.Eu achei que estava tudo bem. Mas quando vi Anastasia novamente, minha cabeça ficou ainda mais confusa e percebi que nunca estaria pronto para o casamento ou para retomar o relacionamento que estava construindo com Sharon. E então fiz a única coisa que eu podia fazer: evitei Sharon e o casamento iminente de todas as formas possíveis.Agora, sentada na minha frente, com os olhos fixos em mim, por cima da borda do copo de seu Americano gelado, eu me perguntei pela enésima vez como eu conseguiria escapar dela ou do casamento.— Você
ANASTASIAEu li a nota na tela do meu computador, as palavras "Retiro Corporativo" e "Team-Building" saltando aos meus olhos. O escritório estava vibrando de empolgação, com meus colegas conversando animadamente sobre o retiro que se aproximava.— Você consegue acreditar? Uma semana inteira no Havai! — Exclamou uma mulher loira, pairando sobre o meu ombro.— Eu sei, né? Já comecei a montar na minha cabeça todos os looks de férias que vou precisar. — Comentou outro homem do outro lado da sala.Toda a empolgação deles, por mais chamativa que fosse, não conseguiu atravessar o meu humor, que estava pesado. Havai? Forcei um sorriso, tentando esconder minha decepção. Eu sabia que não poderia ir por causa da saúde de Amie.Não era nem uma questão de debate, especialmente quando se tratava da vida da minha filha. Sempre colocaria os interesses dela em primeiro lugar.Minhas mãos voaram sobre o teclado enquanto eu digitava uma mensagem para recusar o convite para o retiro.— Desculpe, não poder
Eu me abri para ela.— É que... meus amigos têm sido muito úteis ultimamente, especialmente a Clara. Mas no momento, ela está fora do estado, e eu sei que o Dennis tem ajudado bastante também, mas eu não quero ficar pedindo favores para ele. Sinto que estou sempre em dívida com os outros. Então... está sendo difícil administrar tudo agora. Todo dia parece um malabarismo entre o trabalho e as necessidades da Amie.Ela acenou com a cabeça, e sua voz estava cheia de compaixão. Ela gentilmente pegou minha mão.— Eu entendo que a família seja uma razão válida para você não ir, e não quero forçar nenhuma decisão sobre você.Ela se inclinou para frente e olhou diretamente para mim.— Mas vou ser sincera, eu pessoalmente recomendei que seu nome fosse colocado na lista. Agora vejo que não será possível você ir.— Isso foi inesperado. — Consegui dizer, ainda surpresa com a consideração dela. Meus olhos se arregalaram. — Obrigada, Remi. Isso significa muito para mim. Eu não sabia que você tinha t
ANASTASIAEu me sentei ao lado da cama de hospital de Amie, observando enquanto seu lápis se movia habilidosamente sobre o caderno de desenhos. Suas sobrancelhas estavam franzidas em concentração e seus olhos brilhavam com criatividade.— Acho que isso somos nós? — Apontei para o desenho dela, que mostrava duas caricaturas que se pareciam conosco, mas sem os pés, todos apontando na mesma direção.— Sim, mamãe. Somos nós fazendo biscoitos gostosos na cozinha. Eu estou quase adicionando a tia Clara, porque ela também gosta dos seus biscoitos. — Ela disse sem quebrar a concentração.— E o Dennis?Ela parou por um momento, o lápis pairando sobre o caderno antes de dar de ombros e continuar desenhando.— Vou adicionar ele também. Depois da tia Clara, claro. Eu quero ir para casa logo, mamãe. É muito solitário aqui e o cheiro é horrível, de remédios.Eu senti uma pontada de tristeza, sabendo que teria que deixá-la em breve. Nunca fiquei tanto tempo longe dela, nem um dia inteiro, e agora eu
Eu envolvi meus braços ao redor de seu corpo com força, acrescentando um sussurro conspirador.— Eu vou. Essas enfermeiras não fazem ideia de como eu planejo te levar embora.A risada de Amie encheu meus ouvidos mais uma vez, e ela se afastou com uma piscadela. Então, eu dei um último beijo em sua cabeça, como se fosse selar o acordo.— Vai lá, desenhe mais imagens de nós.Ela acenou com a cabeça rapidamente, pegou seu caderno de desenhos e retomou sua arte. Eu me levantei para encontrar as enfermeiras.— Preciso que vocês fiquem de olho na Amie. Não quero que ela ande por aí ou pegue coisas de estranhos, por favor. Eu já tenho tanto com o que me preocupar e não quero ter que lidar com mais nada do que eu já posso suportar.— Pedimos sinceras desculpas, senhora. Amie é uma criança energética e tem seu jeitinho doce de fazer as coisas. Não sabemos como ela enganou a enfermeira, mas vamos levar tudo o que a senhora disse em consideração. Ela ficará bem e segura.— Isso será ótimo, obriga
CLARASorrindo para a senhora idosa que me sorriu quando nossos olhares se cruzaram, comecei a procurar meu celular na bolsa enquanto saía do aeroporto.Meu rosto se iluminou ao ver a identificação do chamador.— Oi, amiga! — Falei animada, colocando o celular no ouvido.— Oi. — A voz de Ana veio do outro lado. — Vi sua mensagem sobre a loja e tudo mais.— Ah, isso. — Meus lábios se torceram e senti a raiva que eu havia guardado voltar à tona.— É, eu não entendi direito. Parece que você digitou com pressa ou algo assim, havia alguns erros de digitação.— Ah, não foi pressa, eu estava cega de raiva quando escrevi aquilo. — Falei de forma direta.— Ah?— Eu precisei desabafar para não sair gritando no meio da rua ou puxando o cabelo daquela mulher e dando uma boa bronca no gerente!— Ah, ah. — Uma risadinha escapou dela. — Calma, tá? Ainda estou sem entender.Mudei o celular de orelha e coloquei a bolsa no outro ombro.— Então, o que aconteceu foi o seguinte: eu estava numa loja que cos
Eu ri ao ouvir sua risada contagiante novamente. — Bem, minhas mãos estão aqui, então eu não as esqueci.— Graças a Deus.— Mas, para ser honesta, eu não saberia se esqueci alguma coisa até começar a desfazer as malas.— Oh Deus. — Eu esfreguei a testa. — Só espero que você não fique presa. Onde vocês estão agora?Ela ficou em silêncio por um momento. — Não sei dizer. Ainda estamos no ônibus.— Te desejo uma viagem maravilhosa, querida.— Obrigada.— E a Amie, nossa! Eu senti tanto a falta daquela garota. Como ela está? Como ela reagiu à sua partida?— Ela está se adaptando e eu diria que lidou bem com a partida. Eu esperava mais drama e estava preparada para convencer muito ela, mas me surpreendeu. Mas… — A voz dela ficou triste. — Ela realmente está lutando para ficar lá no hospital. Ela continua dizendo que quer voltar para casa.Eu suspirei. — Coitada da garota. Eu a entendo. Hospitais não são exatamente parques ou empresas de sorvete. Ficar lá por muito tempo é um saco. E o cheiro