Mihai era menos assustador amarrado com corrente em uma cadeira de metal, nu, sem um palito de dentes rolando pela língua. Porém, seus olhos me perseguiram pela sala, mesmo que houvesse um espelho refletor entre nós. Eu podia vê-lo, mas ele não deveria ser capaz de me ver.
Benedetto estava de braços cruzados, observando seu prisioneiro. Eu podia ver as marcas no corpo de Mihai, pareciam torturas bem antigas e tive certeza que um homem que não sente dor e foi treinado, modificado, para não sentir nada, nunca abriria a boca.
Bella, que estava ao lado de meu pai usando um vestido rodado antiquado
Vomitei o líquido vermelho e a água ficou parecendo suco de tomate. O caos se instalava no meu peito com mais perguntas do que respostas. Agora, ainda por cima, Daniel era meu irmão? E como isso seria possível? O que eu sentia ao saber disso? Por acaso o tesão que eu tinha por ele diminuía? Não, nem um pouco, eu continuava desejando-o, amando-o… E foda-se essa relação de DNA. Daniel não é, nunca foi, como um irmão para mim.Vomitei mais, com nojo. Era incrível que eu tivesse bebido tanto sangue, apenas chupando a boca de Daniel. Como poderia ser? Quando senti novamente o vazio no estômago, joguei o corpo para trás, me sentando, abracei as pernas e comecei a chorar. Não sei por quanto tempo fiquei assim, mas eu estava sozinho no último andar na mansão em um quarto de hóspedes — desde que deixei a casa dos meus pais, não voltei
O vento gelado entrava pelas frestas da janela e o cheiro de chuva se espalhava pelo ar naquela noite. Deslizei as calças pelas pernas e, apenas de cueca, deitei ao lado de Daniel na cama de um dos quartos de hóspedes da mansão Lambertini em Turim, que ficava no andar térreo.Senti sua pele macia e morna contra a minha, foi confortável. Daniel virou a página do livro que estava lendo. Coloquei a mão em sua testa, de forma protetora.— Como está se sentindo? — perguntei.— Tudo bem, eu acho. — Ajeitou-se na cama, encaixando o corpo no meu. Deslizei a mão por seu braço, descendo até as coxas. — E você?— Tirando a dor de cabeça com toda aquela informação.... É, eu estou bem.— Mesmo?— Nero e Jamie entraram na cozinha, atrás de comida, mas meus pais não poderão escon
De traseiro doendo, montei na moto e estendi a mão para Daniel. Ele colocou o capacete. Apenas seus olhos azuis ficaram visíveis. Sorri. Ele segurou na minha mão e sentou atrás de mim. Adorei empinar a bunda para ele de novo, mesmo que eu estivesse sem condições físicas para mais uma foda.Sempre escutei sobre essa ressaca depois de um bom sexo: os músculos doendo, algum mau jeito e claro, aquela sensação orgástica que arrastava as primeiras horas da manhã. Foi a primeira vez que realmente senti tanto prazer. Fazia muito tempo que eu não fazia sexo daquela forma, com tesão incontrolável, mas que, ao mesmo tempo, dava desgaste corporal.
Em um fim de tarde de outono, deixei um vaso de flores no túmulo de Marino. O cimento estava tocado pelo orvalho e as folhas secas cobriam quase todo o chão. Fiz uma oração para que sua alma fosse bem acolhida pelos Seres Celestiais, suplicando de todo o meu coração para que ele fosse absolvido de seus pecados.A morte de Marino abatia sobre meus ombros um peso forte. Sentia que era impossível aceitar aquela derrota. Marino foi um amigo fiel, de valiosos conselhos e, por vezes, animador. Sua morte foi incontrolável, mas ainda pior por saber que foram as mãos do homem que amo — mãos tão hábeis em me conceder prazer — que haviam inferido a morte em meu amigo.Marino não tinha esposa e nem filhos, gostava de se deitar com uma garota da Sociedade, de beber vinho e de cozinhar seu próprio almoço, sempre esquivando-se de restaurantes. Ele foi um dos poucos hom
O som dos talheres tilintando me deixava irritado, eu estava tenso, com as mãos suadas e dentro de um terno cuja gravata apertava meu pescoço com mais força que o normal, sentado na mesa do restaurante fino e tradicional que meus pais adoravam, e que achei por bem marcar aquela reunião por lá. Eu queria respostas que apenas eles poderiam me dar. 23 de dezembro soou como uma ótima noite. Chamei a família para jantar e comemorar pacificamente as festas.Todos na Giostra vão à missa no Vaticano na véspera de Natal. Todos os Condes do Carosello comparecem a um baile de máscaras. Mas homens como eu, da família Lambertini, não participam desse processo. Como meus pais estão p
Acordei com o aroma de café cerceando o apartamento. Espreguicei-me na cama e, de calça de pijama, fui escovar os dentes. Desci as escadas e encontrei Daniel torrando pão em uma frigideira, com ovos, geleia de damasco e muita manteiga.— Bom dia, meu amor, acordou animado, foi? — Sentei-me na banqueta, na bancada de mármore de frente para ele, analisando como seus cabelos castanhos claros desciam por seus ombros, fazendo a curva perfeita no cangote que eu adorava mordiscar em nossos momentos mais íntimos. A garrafa de Jack Daniels estava pelo fim, meu copo ainda estava em cima da bancada de mármore e mesmo que a ressaca estivesse ameaçando com dor de cabeça, peguei o copo e enchi.— Chega disso, Ben. — Daniel girou de imediato, atraído pelo som do líquido derramando. Foi em um segundo que habilidosamente tirou o copo da minha frente antes que eu bebesse mais. Empurrou um prato
— A anulação foi recusada pelo Carosello depois que a Sra. Torsello tentou matar você. — Armani entregou-me a prancheta acrílica com um pergaminho selado pela Signora da Giostra e tirou do bolso uma caneta de ouro branco. — Você só precisa assinar aqui e o Anel de Nápoles será seu. Acho que é o atalho que você precisava.Um golpe de sorte. Ou de azar. Não sei exatamente o que pensar a respeito.Anna atirou em mim cinco vezes e eu estava na cama de um hospital por causa de seus atos. Os tiros foram dados com balas benzidas e cruzadas, feitas com uma liga de prata. Foram retiradas de dentro do acervo mais sagrado da Giostra. Foi basicamente à queima-roupa. Era para ter me matado, mas Daniel ouviu os tiros — ele estava fumando do lado de fora do prédio. Quando entrou e encontrou-me desmaiado, deu-me seu sangue, com o qual fui capaz de regenerar e sobreviver. Se
Ao abrir a porta, Pierluigi abraçou-me. Ele era bem mais baixo que eu, mas não chegava a ser mais baixo que Anna. Tinha um corpo forte e torneado, queimado do Sol, pois gostava de ir à praia desenhar. Seus cabelos cheiravam a cigarro, suor e algo como alvejante.— Cuidado, ainda tenho pontos pelo corpo todo e nem deveria estar em pé. — Eu tinha que admitir que a minha regeneração era rápida, ou eu nem estaria vivo.— Claro, claro, entre, Ben. — Limpou os olhos escuros e passou a mão nos cabelos cacheados e bagunçados. Seu ateliê cheirava a tinta e óleo de linhaça. Aquela era a primeira vez que eu pisava lá.Anna, por outro lado, ia sempre. Ela e Pierluigi tinham uma conexão grande, se gostavam, eu sempre fui a peça sobrando nesse relacionamento. E agora eu sei o porquê — encaixo apenas com Daniel.— Está