— Perdonami, Padre, perché ho peccato. — Com as mãos em prece e um terço de madrepérola entre os dedos, não tive coragem de encarar a janela do confessionário. Ouvi o barulho da madeira deslizando. Mantive os olhos fechados. Respirei fundo o cheiro de pó das cortinas. — Tenho tido pensamentos impuros nos últimos dias.... Não, anos! Sobre um colega de trabalho. — O padre tossiu. Senti uma coceira no bigode. É constrangedor, mas eu me colocava diante dele com humildade em saber os erros e estar disposto a não cometê-los mais. — Tentei me afastar, padre, mas parece que quanto mais eu evito pensar na questão, mais ela fica cutucando a minha mente. Mesmo com vontade, eu não fiz nada... Só fiquei passando vontade mesmo. E me masturbei três vezes só hoje, duas vezes p
Meu corpo estava dolorido de um jeito bom. Com os olhos preocupados esquadrinhei o estacionamento do pub antes de saltar da Land Rover, conferindo se tudo estava em perfeita segurança. A sola da bota chocou-se contra as minúsculas pedras cinzentas do chão e acertei as calças no corpo. Tirei a jaqueta e o coldre, coloquei a pistola para dentro do porta-luvas. Fechei a porta, travei o carro e segui para a entrada.Saí do transe mecânico e relaxei um pouco. A brisa que vinha do mar era refrescante, afastando a sensação de calor que imperava sobre a cidade nos últimos dias. Guardei a chave no bolso da calça e adentrei o local, empurrando as portas duplas de madeira e vidro com as mãos. Ouvi passos na escada que separava o mezanino da suíte e interrompi minhas flexões diárias. Meu corpo estava bastante suado e o calor que atravessava pela janela era a promessa de um dia quente. Deslizei a mão na testa para limpar o suor e sequei na calça de algodão cinzenta; eu tinha uma ereção, que tentava aplacar com o esforço físico. Era muito cedo para Daniel estar de pé, de qualquer maneira. A noite tinha sido complicada para ele, mas não estranhei sua pontualidade, é o tipo de pessoa que leva o serviço ao extremo.— Como você está se sentindo? — perguntei encarando Daniel, que descia as escadas devagar como se carregasse o peso do mundo nas costas. Ele estava com uma camiseta azu Capítulo 10: Tarde demais
Adentrei a suíte e percebi a televisão ligada no mesmo canal que estava quando saí. A noite entrava pela janela junto com o calmante som do mar e tirei o paletó, caminhando até a sala.Daniel estava no sofá, dormindo, ele parecia especialmente cansado, com os cabelos molhados de suor. Estranhei um pouco que ele ainda estivesse dormindo, mas vi a caixa de analgésicos aberta em cima da mesa de centro e contei os comprimidos da cartela. Por que raios ele estava tomando tantos? Estava com dor?Olhei para os lados, desconfiado, vi a pistola em cima da prateleira, mas a posição não era a mesma que eu deixei. Maldito desleixado! O meu sorriso desa
— Pronto? — Nero atendeu a ligação, sem qualquer barulho de ambiente ao fundo. Pensei que ele estava no hotel.— Nero?— Parla, Benito.Já fazia algum tempo que eu estava dirigindo vagarosamente pelas ruas calorentas de Nápoles, tentando enxergar por entre as lágrimas na multidão. Meu corpo estava mais pesado que o normal e eu sentia o meu rosto inchado de arrependimento. Droga, eu tinha magoado Daniel para valer dessa vez!Fui um crápula, f
— Você está linda. — Sorri ao ver Anna diante da portaria do prédio em que reside, usando um vestido vermelho com uma fenda lateral de arrasar.— Estou surpresa, vamos de moto? — Anna deu um sorriso de batom quase imperceptível em seus lábios.— Achei que fosse gostar da surpresa. — Abaixei a cabeça, tímido.— E eu gostei! Só que você não está sendo irresponsável? Onde estão os carros blindados, meu amor? A tropa de choque? Os escudos que protegem as princesas do bafo do dragã
Corri os dedos pelo isqueiro zippo prateado e acendi o fogo. Queimei a ponta do cigarro, traguei forte buscando no ar um pouco da calmaria que faltava dentro de mim, como se o vento pudesse aplacar o fogo que queimava e causava dor. Guardei o isqueiro no bolso da calça, desencostando momentaneamente o ombro da porta. Voltei a me encostar, tirei o cigarro da boca e assoprei a fumaça.Fui descuidado. Deixei o pior acontecer.Era para ser uma noite perfeita, mas havia terminado em tragédia. Tivemos que fugir às pressas e fomos para uma clínica clandestina em que a Giostra operava.— — Não acredito! — Olhar para Anna em meio a toda aquela tristeza foi como receber a brisa do verão direto na face. — Você veio!— Eh, Benito! — Rindo de um jeito bonito, Anna enlaçou o braço da mão que estava segurando a garrafa em meu pescoço e beijou meus lábios. Inspirei fundo. — Tão inseguro!— Inseguro nada, você estava ignorando minhas mensagens. — Eu ri, segurando em sua cintura e beijando o rosto, o pescoço, enquanto inspirava aquele perfume que era como oxigênio para mim.Com Capítulo 15: Perspectivas
Existe uma enorme burocracia para resolver os problemas do Carosello. Demos entrada na documentação incriminatória sobre o Conde de Campania, com uma ajudinha do Consiglieri, que era amigo de Anna. O processo foi julgado em menos de uma semana, mas o Conde não caiu de seu posto, conseguindo colocar nossa operação em dúvida devido ao fato de que contratamos uma agência de fora.Para evitar retaliação, fiz Anna ficar comigo em Piemonte e aproveitei para mostrar toda a cidade de Torino e os arredores para ela. Vinho é uma coisa que temos bem, mas campos de motocross, ah, esse realmente fez a diferença e a deixou animada.A m&atild