Capítulo Dois

— Sua idiota! Por que você não olha para onde anda? – a menina passa a mão por sua blusa e eu me sinto mal por isso.

— Des... des...des... – tento falar, mas não consigo. Maldição de gagueira fora de hora.

— Des... des... Você é demente por acaso? Espero não cruzar com você nunca mais, sua…sua ridícula! Droga!! Logo hoje que não trouxe uma roupa extra.

Ela me  empurra e como estava desequilibrada acabo caindo no chão, ela se vai e eu fico ali tentando levantar enquanto os alunos começam a rir de mim. É Ally, parece que já está criando “boas memórias” mais uma vez tento me levantar, mas paro assim que vejo duas pessoas chegando ao meu lado eles espantam a multidão e me ajudam a levantar.

— Oi! Não liga pra ela não. Ei, você é nova por aqui?

— Claro que a menina é nova, você parece idiota. – O menino que é muito parecido com a menina diz.

— Obrigada pela ajuda, sou nova sim. Chamo-me Allyanna, mas vocês podem me chamar de Ally.

— Oi Ally, eu sou Catarina e este aqui é meu irmão Caio. Prazer em conhecê-la. Você veio transferida para qual turma? Onde você estudava?

— Segundo ano eu estudava no exterior, em um colégio na Suíça.

— Arrasou! Nós somos do segundo ano também, estudamos aqui desde sempre, que bom que teremos uma nova amiga assim não ficaremos só Caio e eu.

— Meu primeiro dia de aula  e eu já faço besteira, tentei me desculpar com a menina, mas não consegui.

— Aquela coisa, ou melhor, garota, que você acidentalmente derramou seu café é a “rainha do pedaço” Emili. Ela se acha a tal só porque o papai dela é um político famoso. Como se ser corrupto fosse grande coisa. E seus pais fazem o quê? Os nossos pais são donos do hospital mais famoso do Rio de Janeiro, o RJ Centar.

— Bom, os meus pais... – penso se falo ou não, mas sei que não posso mentir a respeito disso, pelo menos não para eles que me ajudaram. — São donos das empresas Fontes Models.

Catarina dá um grito ensurdecedor. Eu sabia, ela deve ser mais uma do fã clube da minha mãe ou da Maddie.

— Não creio que sua mãe seja Alice Fontes, a única a ganhar cinco vezes o concurso Rainha da Beleza. Então espera, se você é filha da Alice, você é irmã da Meddie? A sua irmã é tão linda, eu sigo ela no i***a e sei cada passo que ela vai dá, aquele namorado dela Allain é um sonho de consumo.

— Já vi que você é mais uma das fãs da minha irmã. – Digo revirando os olhos.

— Tá brincando! Ela tem milhares de  fotos da sua irmã  espalhadas pelo quarto – diz Caio, o que para mim não é surpresa.

— Nossa, que legal – digo com cara de tédio.

— Ally, acho que você não gosta muito de falar da sua família, né?

— Não é isso, amo a minha família. Só que olhem para mim, não me pareço com eles e todos se aproximam de mim por conta do meu parentesco e não por quem eu sou.

— Bom! Nós nos aproximamos de você porque vimos o que a Emili estava fazendo. Deixa a minha irmã pra lá se ela te encher por conta da sua irmã e sua mãe, eu te puxo e nós nos escondemos. Tenho um cantinho especial que só eu sei onde fica. – Caio fala e dá uma piscadela e no mesmo instante eu fico carmim.

Ficamos um bom tempo conversando sobre a escola e eles me informam que aqui tem muitas aulas extras curriculares e que eu iria gostar bastante e se empolgam ao falar do show de talentos que há na escola, eles dizem que muitas pessoas sonham em participar. Os dois continuam falando animadamente e eu os olho ambos são idênticos, Catarina é esguia e tem curvas nos lugares certos, com certeza daria uma modelo em tanto, se minha mãe a conhecer com certeza vai querer apadrinhá-la, Caio já é bem mais alto que a irmã e tem alguns músculos, seus olhos marrom são brilhantes, para Ally não vai se apaixonar pelo seu  colega de escola no primeiro dia de aula, isso seria ridículo e clichê. Meu subconsciente ralhou comigo.

— Vamos ver em que sala você vai ficar e se não formos da mesma sala, nós pedimos para trocar. – Catarina diz empolgada pegando em minha mão.

— Obrigada! É muito bom já fazer amizades legais no primeiro dia de aula. Espero que todos os dias sejam bons.

— E vai ser. Agora vamos lá. – Caio emendou e corremos para ver a listagem no corredor.

Por sorte, éramos da mesma sala e naquele momento senti que as coisas poderiam realmente ser legais naquele colégio.

Chegamos à sala de aula e ficamos contentes por ela estar vazia e decidimos escolher os nossos lugares bem no meio da sala, nesse colégio eu decidi que não sentaria na frente porque não queria ser chamada de nerd e também não queria sentar muito atrás. Meus novos amigos e eu estávamos conversando animadamente quando vemos Emili e a mancha de café entrar na sala e assim que me vê, pude ver chamas em seus olhos e eu não sabia como sair daquela situação.

— Não acredito que vou ter que estudar um ano inteiro com esse mostrengo arruinador de blusas de marca. Quero uma blusa nova e só para te avisar, ela é bem cara e a julgar por suas roupas você deve ser uma das bolsistas, ninguém merece estudar com isso aqui. – Ela diz e aponta para mim que me encolho.

— Você não sabe com quem está falando? Ela é filha de...

— Tudo bem, Emili. Eu te dou uma blusa nova – Interrompi Catarina antes que ela contasse de quem eu era filha e irmã, se Emili descobrir isso se tornaria um inferno.

— Acho bom. Agora sai daí que esse é o meu lugar. – Ela ergue a sobrancelha e espera que eu levante.

— Não vejo o seu nome na carteira – Catarina responde Emili que a olha irritada. Ela é bem corajosa.

— Oh Tweedledee, vê se faz a Tweedledum calar a boca. – Emili apontou para Caio que fechou a cara na hora.

— Olha aqui sua rainha de copas...

— Não irmãozinho, com o tanto de maquiagem que ela usa está mais para o coringa. – Catarina diz e começamos a rir.

— Como ousa me chamar de coringa? Por algum acaso já se esqueceu quem é meu pai.

— Claro que não,você não nos deixa esquecer, mas eu sei quem é seu pai, ele  é um corrupto qualquer que uma hora vai ser preso.

As duas começam a discutir enquanto Caio e eu tentamos separar elas sem sucesso, pelo andar da discussão não me surpreenderia se Catarina avançasse em Emili.

— Meninas, o ano letivo nem começou e vocês já estão brigando. Emili, sente-se já. – Quando vimos, a professora de biologia tinha acabado de chegar e a sala estava repleta de alunos que observavam a discussão.

— Professora, eu estava sentada, mas essa menina nova sentou no meu lugar. – A professora nos olha entediada e logo em seguida olha para mim, ela analisou meu rosto por algum tempo e depois desviou o olhar, achei bem estranho o que ela fez, mas não disse nada.

— Novata, esse lugar é da Emili, levanta daí agora. – Estava prestes a me levantar, quando Catarina põe a mão no meu ombro e diz para continuar sentada.

— Professora, quando chegamos aqui a sala estava vazia e não é justo a Ally sair daqui, já que ela sentou primeiro, outra coisa não tem nenhuma placa com o nome da Emili aqui e se ela quiser sentar que procure um lugar vago. – Ela falou olhando para a professora.

— Está me respondendo Catarine? Quer ir para a direção no seu primeiro dia? – O rosto da professora estava vermelho e transbordando raiva.

— É Catarina – ela diz, sustentando o olhar da professora, a tensão entre as duas dá pra cortar com uma faca.

— Que seja! – A professora dá de ombros.

Eu sabia que Catarina iria responder a professora mais uma vez e temendo que ela fosse para a sala da direção no primeiro dia de aula principalmente por uma coisa que aconteceu por conta de um erro meu, me levantei e dei o lugar para Emili e como se não bastasse mexer comigo, ela ainda falou com a professora que Catarina e Caio estavam nos lugares das amigas dela então a professora os fez sair.

Sentamos nas cadeiras da frente e Catarina veio cochichar para mim.

— Você não pode deixá-la vencer sempre, senão ela vai ficar o ano inteiro no seu pé.

Apenas assenti e peguei o caderno para começar a tomar notas do que a professora estava anotando na lousa.

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