Sarah lavou roupa, limpou a casa e fez almoço. Olhando na dispensa e na geladeira, ela concluiu que precisava ir ao mercado com urgência. E também precisava comprar roupas, calçados e produtos de higiene pessoal para Tay. E por último, mas não menos importante. Sarah precisava de respostas. Tay não caiu do céu. Depois que ele almoçou, escovou os dentes e usou o banheiro, Sarah o levou para o seu quarto. A cama do quarto de hóspedes estava sem o colchão que teve perda total. O plástico não suportou a quantidade de urina que vazou pelas beiradas. Sarah colocou uma quantidade segura de Lorazepam no suco de Tay sem ele saber. Ele iria dormir por algumas horas e ela poderia sair.
Gabriel recebeu Sarah em seu escritório. Ele sorriu ao vê-la.
- Como Tay Borden passou?- Bem. Como você disse, ele é um garoto esperto.Gabriel e Sarah sentaram no sofá de frente um para o outro.- De folga hoje?Sarah cruzou as pernas. Por baixo tudo doeu. Ela sorriu.Sarah entrou na floresta de mata fechada. As histórias contadas sobre o lugar assustador pareciam ganhar vida com os sons estranhos vindos de seu interior. A luz do sol quase não penetrava por entre a vegetação. Conforme avançava mata adentro uma sensação claustrofóbica tornou-se palpável à cada passo que Sarah dava. Ela procurava por pegadas, marcas, objetos. Qualquer coisa. Só de pensar que Tay esteve ali sozinho e perdido, Sarah sentiu um aperto no coração.Destemida, Sarah tomava cuidado para não pisar em uma cobra e não perder o caminho de volta. As folhas úmidas da chuva recente deixavam o terreno irregular escorregadio. Era como procurar uma agulha no palheiro. Sarah sofreu alguns cortes e arranhões nos braços e pernas ao abrir caminho por entre os galhos das árvores. Ela avistou uma pequena clareira e escorregou em uma gosma verde ao adentrar o local. Sarah caiu de bunda no chão. A dor da queda somada ao fato de ainda estar se recuperando da manhã d
Sarah acordou na cama. A sua boca estava seca e o seu corpo inteiro doía. Principalmente a garganta. Tay sentado ao lado dela, a olhava com preocupação. Sarah disse asperamente:- Você podia ter me matado. Você dormiu e eu sai por algumas horas. Eu comprei roupas e calçados para você e também comprei comida.Sarah não mencionou o cartão encontrado. Ela iria investigar primeiro. O nome Brian Jones não lhe era estranho.Ainda bravo, Tay apontou para a roupa suja de Sarah.- O que aconteceu?- Eu cai tentando pegar umas plantas.Sarah buscou no íntimo do seu ser compreender os motivos que levaram Tay a agir de forma tão brutal. De uma coisa, ela tinha certeza. Ele tem traços físicos e características evidentes de algum tipo de animal selvagem. Confusa e dolorida, Sarah sentou na cama.- Eu preciso tomar banho. Vá pegar as sacolas que estão no carro.Sarah sabia que Tay era perfeitamente capaz de entender o que ela tinha acabado de dizer.
Sarah só ficou lá parada. Apenas olhando para Tay e juntando algumas peças do quebra cabeça. Não adiantava ela compartilhar as suas suspeitas com ele. Se para ela ainda não fazia sentido, muito menos faria para Tay. Sarah precisava de algo mais concreto. Ela viu Tay engatinhar. Ele ajoelhou na sua frente, a abraçou pela cintura e encostou o rosto angelical na sua barriga.- Eu posso sair agora?Sarah suspirou e acariciou os cabelos brancos. Tay não fazia ideia do que significava a palavra pai. Ele parece ter pequenos flashes de lembranças e em seguida tudo volta a estaca zero.O raciocínio lógico de Sarah é que Brian Jones trabalha para a MadaCorp, um laboratório de genética molecular e abandonou Tay Borden na floresta. Um garoto que claramente sofreu algum tipo de mutação genética. Na pressa, Brian perdeu o cartão de identificação. E aquele número três no colar de Tay? Sarah olhou para baixo. Estaria diante de um projeto fracassado? A id
Sarah acordou com a sensação de ter sido atropelada por um trem desgovernado. Ela estava moída. Tay ficou por cima durante o sexo e ele se aproveitou da situação para entrar inteiro dentro dela e mover o seu corpo quente e musculoso com rapidez e violência. Resultado, as coisas saíram do controle e a corda arrebentou do lado mais fraco.Sarah olhou para o lado. Tay nu, dormia de bruços. O sol da manhã tocava os cabelos brancos e as bochechas rosadas. Sarah sabia que ao menor ruído ele acordaria. Ela precisava de um banho e um tempo só para ela. No celular, três ligações perdidas de Scott. Ela precisava retornar antes que ele batesse na sua porta, que aliás estava sem fechadura.Exausto, Tay abriu os olhos azuis ao ouvir Sarah levantar. Em seguida, ele voltou a dormir. Sarah tomou banho, lavou os cabelos escuros e teve o cuidado de colocar uma roupa mais comportada. Camiseta branca e shorts jeans claro. Vestido estava fora de questão.
Brian Jones voltou a MadaCorp dois dias depois do acidente fatídico. Responsável por desaparecer com o corpo de Tay Borden, ele foi o mais longe possível para dar uma segunda chance ao filho. Sim, Tay foi ideia sua e ele carrega o seu DNA, juntamente com o DNA de um lobo raro e exótico.O lobo branco foi trazido especialmente do Arquipélago Ártico Canadense, há dezoito anos, para dar vida ao sonho de Brian Jones. Criar uma Nova Espécie de seres humanos a partir do zero e os manter em câmeras de conservação, como um feto no ventre de sua mãe. As câmeras, ou tanques, como costumam chamar, funcionam como um útero artificial. Através de uma espécie de cordão umbilical, as criações recebem nutrientes e drogas constantes para se desenvolverem fortes e letais. Metade humano. Metade animal.O objetivo, integrar o Exército como uma verdadeira máquina de guerra. Dotados de visão noturna, audição e olfato aguçados,
Após uma longa e educativa conversa com Tay, Sarah conseguiu um pequeno progresso. Ele entendeu que ela precisava sair e aceitou ficar sozinho por algumas horas. Sarah precisava comprar alguns itens para a viagem de quatro horas até Las Vegas, Nevada. O carro precisava passar por uma revisão geral e a porta da casa precisava de reparo. Antes de sair, Sarah alertou Tay duramente.- Você não vai mostrar os dentes, não vai rosnar e muito menos vai avançar no marceneiro. Você vai se comportar como uma pessoa civilizada.Tay sorriu.- Eu vou me comportar como uma pessoa normal. Não se preocupe. Eu estou aprendendo a controlar o animal dentro de mim. - Tay pegou Sarah pela cintura e a beijou. - Não demora.Sarah sorriu e acariciou o peito largo e musculoso.- Eu não vou. Eu prometo.Sarah passou na marcenaria e falou com Mike. Ele está acostumado a fazer pequenos reparos na casa e se prontificou em ir consertar a porta. Sarah avisou so
Sarah se sentiu muito mais aliviada depois de conversar com Scott. Ele também a criticou duramente e a trouxe de volta para a realidade. Era loucura ir para Nevada atrás de Brian Jones. Ele teve motivos para fazer o que fez. E o mais óbvio, era a segurança de Tay. Sarah quase os colocou em perigo com a sua imaturidade.A coisa certa a se fazer, é esperar. Tay está seguro e fazendo pequenos progressos. Sarah também ouviu os sábios conselhos de Scott e voltou atrás no seu pedido de demissão feito em um momento de devaneio. Ele disse que ela não mediu o tamanho da decepção que causaria aos pais, aos seus pacientes, a ela mesma, e claro, ao próprio Scott.Ele lhe concedeu quinze dias de férias por direito. Sarah vai levar Tay para fazer alguns exames físicos e neurológicos. E por alguma razão, ele ficou feliz da viagem a Nevada ter sido cancelada.A previsão do tempo estava certa. Sarah guardou o carro na garagem antes que o céu desabasse em
Após o fim de semana, Sarah levou Tay ao hospital na segunda feira para fazer exames de sangue, urina e uma Ressonância Magnética do Cérebro.Ele não estava contente por sair de casa e ter contato com outras pessoas.Ao chegarem no Medical Center, Tay se tornou o centro das atenções. Era impossível não reparar no garoto alto, musculoso, de pele translúcida, cabelos brancos, olhos azuis e beleza exótica. Isso incomodou Tay profundamente. E considerando o fato que ele estava de jejum até fazer os exames, o deixou ainda mais irritado.Sarah e Scott, como responsáveis pelo hospital, tinham combinado que só os dois teriam conhecimento dos exames físicos e neurológicos realizados em Tay. Quanto menos pessoas soubessem, melhor. Sarah levou Tay para a sua sala no quinto andar. Ele se recusou a entrar no elevador e eles subiram de escada. Sedentária, Sarah parou antes mesmo de chegarem no segundo andar.Ela sentou na escada e inalou fundo a pro