De banho tomado e se sentindo viva novamente, Sarah desceu para preparar o café da manhã. Brian a esperava na mesa da cozinha. A sua expressão sombria, deixou Sarah ainda mais sem graça.
- Eu liguei para o Scott. Ele vai trazer Jesse quando estiver indo para o hospital. Não deve demorar.- E Tay?- No banho.- Eu fico surpreso em saber que ele toma banho sozinho.Sarah percebeu a ironia na voz de Brian. Ela olhou para ele e tentou se justificar.
- Tay mal sabia falar quando foi encontrado. Ele estava assustado e indefeso.- Ele não me parece assustado e muito menos indefeso agora. Ontem durante o jantar você chegou a cortar a carne para ele.- Ele enfia tudo na boca de uma vez se não estiver em pedaços.Brian riu e inclinou a cabeça para trás. Porém, ele foi direto ao ponto.
- Se você continuar tratando ele como um animal de estimação ou como um bebê, ele nunca vai progredir. Você está ensinando a Tay que basta ele roJesse deitou na cama e alisou a barriga cheia. Ele arrotou e ganhou um olhar de reprovação do pai, que tinha sentado aos pés da cama.- Tenha modos. Não vá fazer uma coisa dessas na frente do seu doutorzinho.Jesse sorriu.- Vamos ao que interessa, coroa. O quê tá pegando?- Eu estou indo para Washington me encontrar com o Presidente. Vamos fazer a troca. O projeto Novas Espécies pelo Indulto de Liberdade.Jesse arqueou a sobrancelha ruiva.- Confia mesmo nele?- É claro que não. Eu sei que não posso te pedir isso ...- Relaxa, pai. Eu vou com você.Brian sorriu para o filho.- Obrigado.Jesse disfarçou outro arroto.- Você sabe que é uma armadilha, né? O Presidente conceder o indulto é a mesma coisa de dizer que estava ciente dos experimentos ilegais realizados pela MadaCorp.- Sim, eu sei. Ele disse que está com Jason e Dolph. Vamos resgata-los.- Eu sonhei com dois lobos selvagens e eles estavam em fúri
Tay poderia facilmente ter se livrado de Jesse que se colocou entre ele e Sarah. O irmão chegou a ficar em posição de luta e Tay entendeu que Jesse protegeria Sarah com unhas e dentes. Ele viu o pavor nos olhos dela e congelou. Tay abaixou a cabeça em um gesto de submissão.- Eu não ia te machucar muito.Trêmula, Sarah se afastou ainda mais. Não havia uma distância segura e os olhos azuis brilhantes com as lágrimas não derramadas, a encontraram.- Você não me ama. Mas eu amo você. Do meu jeito grosseiro e atribulado. Eu só queria marca-la como minha.Sarah colocou a mão no seu pescoço que esteve muito perto de ser mordido.- Você podia ter me matado!Os olhos azuis ganharam uma tonalidade de castanho escuro.- Eu nunca faria isso!Jesse interveio, colocando a mão no ombro de Tay e olhando em seus olhos, disse com carinho:- Você não precisa fazer isso. Sarah é sua fêmea. Você está todo fodido da cabeça, irmã
Tay entrou no quarto e Sarah estava trocando de roupa.- Aonde pensa que vai? - Ao ver o olhar duro de Sarah, Tay limpou a garganta e recuou. - Você vai sair?- Eu vou ao hospital. O seu pai precisa de alguns medicamentos, agulhas, seringas e outras coisas.A vontade de Tay era avançar em Sarah e beija-la com paixão, até que ambos ficassem sem fôlego. Suas narinas dilataram, enquanto ele respirava fundo diversas vezes, até se controlar.- Meu pai e Jesse vão resgatar os dois Novas Espécies. Eu vou com eles.Sarah não conseguiu disfarçar o pânico que a dominou.- Você o quê?- Eles vão precisar de toda a ajuda possível.- Você não pode ir! Você não pode me deixar! Isso não é problema seu!Sarah surtou e não se importou. Ela venceu a distância entre os dois e passou os braços em volta do pescoço de Tay. Imediatamente, ele a segurou pela cintura.- Por favor, Tay. Não vá. É muito perigoso. Eu tentei convence
A garrafa de café caiu no piso cinzento com um baque surdo. Mike pegou o fuzil e atordoado pelo ataque surpresa, foi imobilizado por um animal selvagem, antes que pudesse engatilhar e atirar.Ele foi jogado no chão e arregalou os olhos escuros ao ver um par de presas afiadas e brilhantes a centímetros do seu rosto negro. O rosnado furioso do Nova Espécie ruivo, fez Mike tapar os ouvidos e fechar os olhos com força. Era o fim.- Por favor, não me mate. - Sua voz não passou de um murmúrio fraco, saindo dos seus lábios trêmulos. - A chave da porta está no bolso da frente da minha calça.Jesse olhou para a veia pulsante no pescoço do oficial. As batidas do seu coração soavam como tambores e o cheiro de medo que exalava dele, fedia. Jesse torceu o nariz.- Você é tão covarde que não merece uma morte súbita.Jesse deslizou a mão entre o seu corpo e o corpo de Mike. Ele pegou a chave, levantou trazendo o oficial pela gola do u
Brian tomou a decisão de dar um fim a vida de Jason e Dolph um dia antes. Não era seguro deixar os dois viverem. Eles seriam uma ameaça constante a Tay e Jesse. Eram animais indomáveis, criados apenas para matar e nada mais.Brian não podia colocar em risco a segurança dos filhos por causa de dois Novas Espécies que não carregavam o seu sangue. Em posse dos medicamentos, era só fazer a combinação letal e esperar o momento certo para agir.Foi com alegria que ele recebeu a notícia que Jason e Dolph estavam na área 55, e ainda por cima, acorrentados. Brian pretendia fugir antes da chegada do Presidente.Ele só não contava com o senso de honra e justiça dos próprios filhos. Ao amanhecer, Brian estava sentado no banco dos réus. Seu estoque de justificativas tinha chegado ao fim e ele aguardava a sentença.Horas mais tarde, o vice presidente dos Estados Unidos estava na Casa Branca reunido com membros das Forças Ar
Tay e Jesse encontraram alguns caminhões do exército que foram deixados para trás na Área 55.Estavam em péssimas condições, mas Jesse conseguiu fazer ligação direta em um deles. Rapidamente colocaram os corpos dos seguranças, do oficial e de Jason e Dolph dentro do veículo. Foi necessário fazer um esforço físico sobrenatural.Os irmãos limparam os rastros de sangue e deixaram a base abandonada para trás. Brian já tinha ido embora de coração partido. Os dois optaram por não abrirem o carro para pegar as chaves das correntes que estavam com o Presidente. Juntos, Tay e Jesse soltaram Jason e Dolph.O país estava devastado e a polícia estava ocupada demais para notar um caminhão do exército indo em direção aos penhascos. Jesse estacionou o caminhão na beira da estrada íngrime e deserta. Sob um céu azul maravilhoso, ele observou as montanhas e as corredeiras de águas cristalinas a uns quinhentos metros abaixo. Era uma altura e tanto. Com a qu
Sarah acordou e a primeira coisa que ela sentiu foi um peso extra sobre o seu corpo e alguma coisa quente e molhada sobre os seus lábios. Ela abriu os olhos. Esperou tanto por aquele reencontro que o momento tirou todo o ar dos seus pulmões. Grande, musculoso, exótico, bonito... e perigoso, Tay olhava para ela com um brilho intenso nos olhos azuis. Ele a cheirou e lambeu por todo o seu rosto negro e delicado. Erguendo a cabeça, Tay sorriu para Sarah.- Oi.- Oi, bebê. Como você está?Por um momento muito rápido uma sombra de tristeza escureceu os lindos olhos azuis.- Agora eu estou bem. Eu estou com você. Isso é tudo que importa. Eu não quero mais passar um dia sequer longe de você, Sarah. Eu te amo tanto.Sarah levou as duas mãos ao rosto de Tay e pressionou as suas bochechas rosadas.- Eu não vou deixar você se afastar de mim nunca mais. Eu amo muito você. E eu quero saber nos mínimos detalhes tudo o que aconteceu.- Depois
Alguns anos depois ...Vestido com o uniforme azul marinho do Medical Center Los Angeles e com o crachá de identificação pendurado no pescoço, Tay Borden empurrava a cadeira de rodas da senhora Anne pelos corredores do hospital. Aos oitenta anos, ela estava internada pela terceira vez em menos de dois meses com uma pneumonia recorrente. Tay a levava para tirar um raio-x do tórax.Técnico de Radiologia há cinco anos, ele é o queridinho dos pacientes por sua paciência e bom humor.Enquanto passavam pela ala de oncologia, Tay olhou para baixo e viu os cabelos brancos da senhora Anne.- É para cá que vem os fumantes.- Eu não sei do que você está falando.- Eu senti um cheiro de cigarro no seu banheiro.Anne virou a cabeça e olh