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(03%) Pressão Arterial

Sabrina Marques 

Agora 

Amarro o cardaço do meu tênis branco na frente do espelho, ajeito minha calça jeans azul escura e minha blusa branca de seda com decote nas costas, ela não é muito grande e por isso deixa meu umbigo a mostra com meu pircieng vermelho que coloquei um pouco antes do casamento. Toco o pequeno rubi, me pergunto se vou precisar tirá-lo, antes que eu pudesse chegar em alguma resposta sinto as mãos quentes do meu marido rondar minha barriga acompanhado de seus beijos doces tocando meu pescoço. 

— Você é tão cheirosa, no final dessa noite só será nós dois mais uma vez e não posso esperar por isso. 

— Hmm sabia que eu estava pensando nos nomes do nosso bebê? 

— Pensando? Pra quê? Vai se chamar Germino ou Gemima!

Me viro e bato no seu peito, totalmente chocada, ele gargalha. 

— Não esses nomes são feios! 

— São dos meus avós! — ele responde em tom sério e eu faço careta. 

— Mesmo é? 

— Não! Claro que não, você pode escolher o nome do nosso bebê, que seja um nome mais português também, já posso ver que vou amá-lo tanto quanto você.

Ele me solta sentando na cama, está bem arrumado com uma blusa preta de mangas longas, calças jeans e sapatos e a cada minuto confere o relógio. 

— Espero que ele chegue para a luta na televisão, você tinha que ver como era cômico nossa infância, mesmo ele sempre sendo tão quieto. 

— Eu posso imaginar, quer dizer, não tão bem, mas da para sentir! Esse seu amigo, você está mais ansioso por ele do que pelo seus pais! 

— Não é verdade, pimentinha. Só não vejo-o a um bom tempo, e hoje vai ser um dia marcante. Só isso. 

Volto até minha penteadeira rosa e abro a caixa de tiaras, pegando uma branca de lacinho e colocando na cabeça, posso sentir os olhos de Victor em mim e mentalmente agradeço a todos os deuses e santos por ter esse amor totalmente presente! O que mais eu poderia desejar em minha vida? Todas as tabelas estão preenchidas. ✔️

— Não se preocupe! Eu arrumei a sua sala. Tem pipoca, cerveja! Ahh eu adoro vinho, agora só vou poder beber a daqui nove meses! Mas enfim, vocês dois vão poder assistir a luta tranquilamente, ou não já que você sabe como é a Renata. 

— Por falar nela...

Nós dois damos risada quando escutamos o som alto de um carro tocando CandyShop se aproximando, era quase inevitável sua chegada alucinante em todos os lugares, e se ela não viesse comigo no carro até a capela no dia do meu casamento, seria bem desta forma como uma apresentação ilustre. 

— Não se preocupe, vou atender! Te amo!!!

— Também te amo, pimenta!

Beijo seus lábios e corro até a porta em risos logo escutando aquelas vozes familiares, assim que abro a porta dou de cara com Renata segurando balões de corações com desenhos de chupeta e mamadeira, com mais duas amigas que estivera no casamento.  Felipe o namorado loiro dela, está segurando um compartimento de cerveja e luzes coloridas, mas nem é isso que me choca e sim uma Van com pessoas chegando. 

— Ai meu Deus, Renata! Isso não era pra ser uma balada. 

— Ores só! Por que não? Podes ser a BALADA DO BEBÊ! O que achares do nome, Felipe? Ou dos bebês! Que pode ser gêmeos, trigêmeos... 

— Não, não! — rio abrindo a porta para todos. — um só! Ou dois... 

— É eu disse pra ela. — Felipe comunica. 

Minha nossa já estou vendo a bagunça penso rapidamente, saio para fora e sorrio ao ver o carro dos pais de Victor chegando e como de se esperado minha mãe chegara com eles. 

— Mãe!!! — recebo minha mãezinha com um abraço forte assim que ela chega até a porta, segurando pratinhos com Beijinhos, Salame de chocolate e Serradura! 

— Mamãe! Adoro Serradura é meu favorito! 

— Sei disso, por isso trouxe! 

— Ahh fixe, fixe! 

Seguro os pratinhos e pego a bolsa que minha mãe, uma senhorinha ruiva, estava usando. No entanto logo escutei a voz de Nahomi, a mãe de Victor. 

— Esses doces serão uma diversão para você não é, menina? — pode até parecer gentil, mas a voz grosseira de Nahomi não me enganava, ela nunca foi afavor do meu relacionamento com seu filho, e só aceitou o casamento graças a James o pai de Victor, um advogado aposentado e muito gentil. 

— Seja mais calma, amor — ele diz pra esposa que bufa arrumando a gola do seu blazer preto.

— Pais! Que bom que vinheram e não linguem pra bagunça, não vai ter drogas... Eu espero — Victor chega comprimentando nossos pais e me olhando de soslaio para a bagunça que Renata fazia na sala. 

— Eu cuido disso, agora cuide deles!  

Renata e eu arrumamos os balões, e as luzes coloridas e led's colocadas para brilhar em meio a escuridão, adverti apenas que cada um poderia tomar apenas três cervejas para não criar bagunça por conta de todos os convidados, e a música teria que ser mais baixa. Até que não foi difícil de controlar, inventamos jogos e demos risadas com piadas. Era quase o início da noite, quando Victor me chamou para a Varanda que estava Sophia, minha mãe e, os pais deles conversando. 

Fiz questão de levar uma lasanha que preparei mais cedo, a qual, Nahomi negou totalmente. 

— Sabe que não posso comer e não gosto! 

— Ah me desculpe senhora, eu realmente... 

— Tudo bem, é de se esperar de jovens como você, olha só a bagunça que estão fazendo. Em um momento desses. — ela responde com a voz evasiva de sempre. Respiro fundo e coloco a lasanha na mesa de varanda na qual mamãe estava. 

— Deixe disso Nahomi, Sabrina está tentando ser simpática. — James retrocede e Victor volta a conversar com os pais, eu por outro lado volto a atenção a minha mãe:

— E como está Caleb, mamãe? 

— Seu irmão? Eu não tenho ideia, deve estar fazendo besteiras por aí eu já não tento ligar pra ele a tempos. 

— Espero que não, mesmo ele sendo difícil eu gosto dele...

— Claro meu amor, agora você tome cuidado com Nahomi — ela sussurra as últimas palavras, tirando risos de mim. 

Sorrio levemente para mãe de Victor que como sempre me ignora, mas eu não levo rancor, ela só toma cuidado com o que mais ama na vida, o único filho. 

— Bem pessoal, vocês já sabem! Estamos casados e vamos ter um filho, então espero que todos... Eu digo todos respeitem a mulher que eu escolhi pra vida, pois não vou abandoná-la nunca. 

Victor me puxa pela cintura na frente dos pais e aquele momento como todos os últimos me parece, mágico! Ele sempre demonstra nosso amor quando aparece oportunidade. 

— É sabemos... Mas bem que poderia escolher uma mulher menos... 

— Menos o quê, mãe? Ela é minha mulher, eu a amo! 

— Nahomi... 

— James! Eu só digo que nunca aceitarei isso, já suportei o casamento e agora tenho que ficar calada? Eu vejo que essa mulher será a destruição do meu filho. 

— Não fale assim da minha filha, ela é uma menina honrada! Eu realmente não entendo, Sabrina nunca demonstrou nada ruim. 

— Esse seu preconceito idiota vai acabar com essa família, isso sim Nahomi! — James se irrita com a esposa e Victor assim como eu ficou desnorteado, já estava pra partir com grosseria com sua própria mãe e se não fosse a música todos escutariam o escândalo. 

Eu apenas saí do local, corri para cozinha vazia. Acendi as luzes e peguei um copo de água gelada, mas logo Victor veio atrás de mim. 

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