Atraídos pela Essência
Atraídos pela Essência
Por: Dona Morena
Capítulo 1

Linda

Hoje será o dia que iniciarei uma nova etapa da minha vida, estou confiante, focada, e determinada. Preciso juntar dinheiro, terminar minha casa no Brasil que está 70% concluída, programar minha mudança e ir embora de vez de um lugar que só me faz lembrar do que perdi.

Olho à minha volta e percebo o quanto a minha vida mudou, foi da água para o vinho, pois antes eu tinha uma casa padrão confortável, num bairro residencial tranquilo, fazia faculdade, tinha em mente o que fazer assim que terminasse os estudos, para assim ter meu espaço no mundo, e uma família feliz que me amava. Hoje luto todos os dias para sobreviver em meio a solidão que me resta.

Nasci e me criei nos Estados Unidos, antes dos meus pais falecerem, estávamos com planos de construir uma casa de férias para a família, pois minha mãe era brasileira e sentia falta da sua família. Agora que não tenho mais ninguém e acabei de descobrir que meu namorado era um safado traidor. Então não tenho mais motivos para ficar aqui, e lá no Brasil pelo menos tem alguns tios e primos que não conheci pessoalmente porque o destino acabou com a minha raça, mas terei familiares por perto e vou procurar seguir minha vida e aproveitar a minha juventude.

Hoje vou mandar uma boa parte do meu salário para meu tio Jorge no Brasil para ir dando continuidade na casa. Fico feliz dele não cobrar tão caro na mão de obra, assim economizo e mais pra frente vou recompensar ele, pelo esforço e apoio a minha mãe.

Como sempre eu acordo antes do despertador, e me preparo para mais um dia de trabalho, no momento estou trabalhando na clínica da família do meu ex namorado, Oscar Carlton. Eu ocupei essa vaga que minha mãe trabalhava antes de.... Bom, não vamos lembrar de momentos ruins. Coloco meu uniforme me olho no espelho e digo sempre palavras positivas.

— Hoje o dia vai ser ótimo! Você consegue Linda, você é forte, guerreira, inteligente e nada vai atrapalhar seu dia.— Digo a mim mesma olhando meu reflexo no pequeno espelho da minha pequena Kitnet.

Confiro minha aparência, tenho 1,60 cabelos longos e ondulado de cor loiro avermelhado, olhos azuis claro, seios fartos, pele clara e curvas digna de uma "brasileira" infelizmente o que no Brasil é padrão, aqui é gordinha rsrs mas não me importo, gosto do meu corpo do jeito que ele é.

Saio para o trabalho e torço para Oscar não me importunar mais uma vez, pois já estou sobre aviso do meu ex-sogro a respeito dessas visitas inoportunas e inesperadas dele, querendo fazer escândalo no meu ambiente de trabalho.

Chego na clínica, cumprimento os meu colegas de trabalho, começo meu expediente com um belo sorriso no rosto, pois trabalho na recepção e quem chega merece ser bem atendido.

Chega a hora do almoço, pego minha bolsa e vou para a cantina almoçar com minha amiga Jenna, ela é prima de Oscar e trabalhamos juntas, não porque ela precise, essa foi uma forma dos pais a puniram pelos gastos exagerados dela e fazer com que ela dê valor ao dinheiro ganho pelo seu trabalho.

— Linda! Senta aqui, você vai pedir o que? vou comer salada, estou me sentindo muito gorda ultimamente.— Diz Jenna, tentando apanhar a gordura onde só tem pele na barriga.

— Você está cheia, mas de graça né, se acha que está gorda, então significa que sou o quê? — Faço cara de brava pra ela e coloco a mão na cintura me fazendo de ofendida.

— Não amiga, você é perfeita e bem distribuída, eu quis dizer… — Começo a rir da cara dela e acalmo essa maluca, que fica vermelha tentando se explicar.

— Estou brincando Jenna, cada um com seu corpo e você é linda, não se preocupe tanto com isso. Eu não vou pedir nada, trouxe um sanduíche de casa, estou economizando para...

— Eu sei, já sei! Você está economizando para a construção da casa, mas amiga, você não acha radical se mudar de vez? Tenho certeza que poderia ir para outra cidade ou estado, mas não mudar de país, eu vou sentir sua falta. — Jenna diz fazendo beicinho.

— Você sempre pode me visitar e iremos à muitas praias, cachoeiras, não significa que não nos veremos novamente.

— Está bem, não vamos falar disso agora. Mas me conta aí, meu primo ainda está pegando no seu pé? Não vi ele esses dias.

— Nem me fala, está bom demais para ser verdade, depois de me trair ainda se sente ofendido com o término. O que ele quer que eu faça? Perdoe ele e finjo que nada aconteceu? Eu tenho o meu orgulho e não vou perder meu tempo com ele e com ninguém mais, se eu for namorar, vai ser um moreno brasileiro com muito gingado.

Começamos a dar risada, e quando estava quase faltando ar de tanto rir, sou interrompida com bater de palmas bem calmas, olhei na direção do aplauso e vejo Oscar balançando a cabeça de um lado pro outro com cara de poucos amigos.

— Será que escutei direito? Espero que tenha uma boa explicação sobre o que acabei de ouvir, Linda. Quem é o brasileiro que

você está fodendo, é por isso que não quer mais me atender? — Oscar cospe as palavras com ödio.

— Oscar, não se intromete no assunto dos outros, não te ensinaram que é feio ouvir a conversa das pessoas ? — Diz Jenna, provocando mais a ira de Oscar.

Em seguida, Oscar puxa meu braço, me arrastando pela cantina. Jenna tenta me segurar mas é em vão. Chegamos numa sala do almoxarifado e puxo meu braço do seu aperto e o fuzilo com os olhos.

— Nunca mais na sua vida me segura dessa maneira, não vou tolerar esse comportamento nem de você e nem de ninguém.

Oscar me olha e suspira tentando se acalmar, finjo que meu braço não está doendo pelo aperto, pois não vou dar esse gosto a ele.

— Me desculpe, Linda, mas eu quero saber de quem estava falando, me diz agora antes que eu perca minha paciência.

— Não é da sua conta, perdeu o direito de saber qualquer coisa da minha vida, a partir do momento em que te encontrei atolado entre as pernas de outra mulher. — Falo mais alto que o necessário.

— Você estava me negligenciando, não estava me dando a atenção que eu precisava, primeiro estava dando todo seu tempo a sua mãe, e depois foi pelo luto que quase não acabava mais, eu deveria ser sua prioridade agora. Procurei fora o que não estava tendo com você. — Diz Oscar, me deixando indignada.

— Bom Oscar, eu precisei do seu apoio e compreensão e o que você fez foi só me cobrar e me trair. Se não estava satisfeito que terminasse tudo, não precisava me trair. — Falo com uma falsa calma olhando no fundo dos olhos azuis esverdeados de Oscar.

Ele é bonito, parece um anjo, de cabelos liso escuro, boca carnuda, sobrancelhas espessas porém bem feitas e corpo de 1,75 de altura e magro. Me conquistou com um sorriso encantador, piadas ruins que me faziam rir e toques carinhosos, mas com o tempo, vi que ele era falso e o sorriso e a lábia usava para conseguir o que queria, e a maioria das pessoas eu caia nessa. Muitas vezes eu pensei no que ele viu em mim, para se esforçar tanto para ficarmos juntos.

— Você nem me deu a chance de explicar, todos temos direito a uma segunda chance Linda, você mudou de endereço nem conversar quer mais.

— Então fala agora Oscar, estou te dando essa chance de falar agora, então aproveite! — Digo dando espaço para uma explicação que acredito não existir.

— Não quero que seja aqui, vamos sair para um jantar, ou me passa o seu endereço novo. Precisamos nos dar outra chance, Linda!

— as foi você quem me trouxe aqui, nesse almoxarifado! Olha Oscar, se eu fosse você deixava como tudo está, dê uma chance para a garota que você ficou, entre nós não terá outra vez.

Oscar deu uma risada que acabou me assustando, parecia uma promessa de que não viria nada bom dali.

— Espera e verá Linda, isso ainda não acabou, você vai voltar pra mim, nem que seja se arrastando. — Dizendo isso ele sai batendo a porta.

“Esse dia não está sendo ótimo”

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