Capítulo 7

Linda

Hoje fui na agência para ver se conseguia preencher os três dias que tenho disponíveis na semana. Chegando lá, fui chamada na sala da agente e pede para eu esperar.

— Bom dia Senhorita Blake, acho que tenho uma vaga boa para você preencher e acredito que vai gostar. É no mesmo segmento de limpeza, só vou fazer uma ligação e ja falo com você.

Ela sai da sala e retorna minutos depois com um papel na mão.

— Se aceitar vai continuar com o mesmo empregador, o Sr Liam Harris. Ele está procurando alguém para ir limpar a sua residência 2x por semana, mas você vai ir 3x segunda, quarta e sexta-feira na casa e terça, quinta na academia. O Sr Harris ficou feliz em ser você a pessoa de confiança que vai estar em sua casa. Se te interessar começa depois de amanhã. E detalhe, ele está pagando mais que os outros empregadores.

Fico sem saber o que dizer sobre isso, mas não vou perder essa oportunidade, espero que ele não pense que vai rolar alguma coisa entre nós, pois está redondamente enganado.

— Sim, isso é ótimo, estou feliz por encontrar a vaga tão rapidamente. Obrigada!

___________________

Mais tarde, chego em casa e começo uma faxina novamente, pois sei que não terei tempo de fazer nada durante a semana e final de semana quero descansar durante o dia, para trabalhar a noite.

Limpo a kitnet, pego a roupa suja e vou para a lavanderia, que fica a uma quadra de distância, pois no meu prédio não temos lavanderia e mesmo se eu pudesse, não teria como colocar uma lava e seca na minha kitnet. Levo meus fones de ouvido e meu celular, vou escutar música enquanto a roupa lava, separo as roupas escuras das claras e ligo as máquinas depois de colocar as moedas. Coloco os fones de ouvido, e sento no banco de madeira que tem na lavanderia, coloco os pés em cima do cesto de roupas e fecho os olhos ouvindo música.

[...]

Me assusta ao perceber que acabei cochilando no banco da lavanderia, quando procuro meu celular vejo que sumiu...

“Putaqueopariu, roubaram meu celular enquanto dormia. Era só o que me faltava.”

Olho em volta para ver se tem câmera de segurança, mas como imaginava, não tem nenhuma, pergunto às poucas pessoas que estavam no local mas ninguém viu nada. E se visse não falariam... pego minha roupa limpa, e volto para a kitnet, estou tão revoltada e chateada, mas não posso desanimar. Olho o saldo da minha conta pelo meu velho notebook, preciso decidir se compro um celular agora ou espero o meu pagamento.

Deixo isso pra amanhã, o estranho é procurar o tempo todo o aparelho que não está mais aqui. É como se fosse membrö fantasma, tipo quando se perde uma perna e você ainda sente dor no local. Infelizmente o celular não é só pra distração e sim útil para tudo.

Chegando a porta do prédio, noto um carro familiar... parece muito com do Oscar, mas não sou apegada a detalhes, o Mercedes sedan prata está com o vidro fechados e estacionado do outro lado da rua, não é um carro comum da vizinhança. Mas nem me preocupo muito pois ele não sabe onde moro e ninguém que conheço contaria para ele, pois somente Jenna, Big Dean e Emmy sabem.

Entro no prédio e vou subindo os benditos 3 lances de escadas até chegar em casa. Sou puxada bruscamente pelo braço, fazendo o cesto de roupas cair no chão, quando olho a pessoa me espanto em saber que é Oscar.

— Pensou mesmo que eu não iria descobrir em que buraco você se esconde?

— Me solta Oscar, o que está fazendo aqui? Você está me machucando.

— Machucando? Você nem imagina do que sou capaz, é bom pra você ficar quietinha, e se acalmar vamos conversar.

Apertando mais meu braço, começa a arder minha pele, em seguida ele me solta, como se tivesse caindo em si. Se abaixa para pegar meu cesto de roupas caído no chão.

— Me desculpe, Linda! Eu… eu quero falar com você.

— Precisava mesmo me abordar dessa maneira? Essa sua atitude só me faz ter mais asco de você Oscar. — Digo furiosa com essa pessoa que parece até um desconhecido.

— Eu fiquei esperando por você como um idiota, tentei pedir outra chance e você simplesmente me ignora, não atende o telefone, e até largou o emprego.

— Como assim larguei o emprego? Seu pai me demitiu porque VOCÊ não sabe se controlar, fazendo escândalos e causando problemas no meu ambiente de trabalho.

Ele me olha com fúria, quando tentou se aproximar tento fugir dele, mas tenho pouco espaço para me afastar.

— Porque está se afastando de mim? Eu não sou um monstro, Linda!

— O que esperar de você chegando aqui e me segurando desta maneira?

— Me dê outra chance Linda, prometo que será diferente, eu estou passando por problemas e não queria te magoar, só peço isso, uma última chance.

Oscar começa a chorar e tenta me abraçar, mas me esquivo do seu abraço.

— Por favor Linda, por favor! — Seus olhos transbordam de lágrimas e fico sem saber como agir, não sei se sinto medo, räivä ou pena.

— Olha, Oscar, eu só quero viver a minha vida em paz, não tenho tempo para te dar atenção, não quero mais relacionamentos. E como você mesmo disse, o nosso namoro esfriou pois não tínhamos tempo... vamos ser amigos, é tudo que posso oferecer, não vou correr o risco de ser traída novamente.

— Mas não quero ser seu amigo, quero uma última chance. Olha só para onde você mora. — Diz ele reparando minha moradia — Você poderia estar morando comigo no meu apartamento, não nesse mausoléu... cabe mäl você aqui dentro.

— Mais um motivo para não estarmos juntos Oscar... Olha, eu te perdoo pelo que você fez, mas pra mim não tem mais volta.

— Você não gosta mais de mim, é isso? Esqueceu tudo de bom que vivemos juntos?

— Oscar eu…

Oscar anda de um lado a outro me encarando, parecendo um animal enjaulado. De repente a feição dele muda e fica mais suave e ele sorri.

— Ok, Linda! Eu aceito sua amizade, nada vai me fazer parar de reconquistar você. Nem que leve muito tempo. Posso te dar um abraço?

Sem ação aceno com a cabeça que sim, para ver se ele vai logo embora. Oscar me abraça forte do jeito que nunca me abraçou, mas não é um abraço caloroso e sim sufocante, ele beija meu pescoço e tento me afastar dele e peço da maneira mais educada possível.

— Está bom Oscar, agora realmente preciso descansar, pois vou acordar cedo amanhã para trabalhar.

— Onde você está trabalhando agora? - Pergunta sem me soltar, mas acaba se afastando.

— Estou prestando serviço de limpeza numa academia e vou começar numa casa amanhã então....

Ele me olha chocado com a informação, e espragueja.

— Vai se rebaixar mesmo dessa forma? Eu não entendo do porque você não aceitar a minha ajuda, poderia muito bem trabalhar comigo, teria benefícios, um bom salário e não precisaria se rebaixar tanto.

— Oscar eu preciso descansar! — Falo não deixando margem para mais uma discussão.

— Ok, se precisar de mim é só ligar. — Fala saindo da casa sem olhar para trás.

Fecho a porta, e fico indignada com a mudança de comportamento de Oscar. Agora preciso realmente me preparar para começar meu novo trabalho amanhã. E a pergunta que não quer calar é:

"Como foi que ele achou meu endereço?"

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