Capítulo 1

Atire Mais Uma Vez - Vanessa Matos

Suzana é uma mulher de vinte e dois anos, que possui pele clara, olhos grandes e castanhos escuros, cabelos loiros e lisos, com um aspecto de queimado do sol, o que dá um charme maior ao seu visual. Ela é conhecida na região por ter uma condição financeira bastante confortável, pois ela consegue fazer diversas viagens internacionais dentro do período de um ano, e há menos de dois meses adquiriu uma lancha branca, de grande comprimento, a qual proporciona muito conforto tanto para quem usufrui quanto para quem a dirige, a qual possui um valor consideravelmente alto. A fim de se divertir ao longo de seus finais de semana, ela utiliza esse veículo para fazer inúmeros passeios com os seus amigos, e às vezes sozinha, pelas águas que conectam as ilhas entre si, a fim de observar todas aquelas belas paisagens. Entretanto, nas últimas semanas Suzana não tem se mostrado estar no seu estado psicológico dentro da normalidade, pois há pouco tempo ela recebeu uma ligação de um primo seu que mora na França desde que nasceu. E nessa ligação ele conversou por cerca de uma hora com Suzana, dizendo que precisava de sua ajuda a fim de cuidar de sua mãe, pois ela estava com uma doença, a qual não tinha cura. E como ele sabia que Suzana morava sozinha e não tinha nenhum trabalhão para se preocupar, ele pediu de forma desesperada que ela pegasse um avião o mais breve possível em direção á frança para que eles possam enfrentar juntos essa imensa dificuldade, que é a doença de sua tia.

Como Suzana era uma pessoa que nunca negava ajuda a ninguém, e que se dedicava a oferecer sempre o seu melhor lado em prol da sociedade e, principalmente de sua família e de seus amigos, ela no mesmo instante aceitou abrir mão de sua vida para viajar e dar uma atenção melhor à sua família por tempo indeterminado. Isso deixou o seu primo muito feliz e a sua tia muito aliviada, pois as condições financeiras de Suzana teriam grande utilidade no enfrentamento da doença de grande potencial maligno. Mas todas as vezes que ela se lembrava dessa viagem e de quanto tempo ela deveria ficar afastada do Brasil, da sua cidade de Porto e, principalmente das suas finanças, ela cogitou a ideia de que deveria contratar um advogado que pudesse cuidar de tudo enquanto ela estivesse fora.

Devido à cidade de Porto ser pequena e todos se conhecerem, tornou-se comum as pessoas comentarem a respeito de Suzana devido à forma luxuosa que ela vive e, principalmente, como ela gasta o seu dinheiro, o que gerou muita curiosidade em inúmeras pessoas que tem a mesma idade que ela, mas que não possuem a mesma condição financeira.

Suzana, desde então, tem ficado muito conhecida não só naquela cidade, mas em outros locais também, o que acabou se tornando um ponto negativo, visto que muitos já se aproximaram dela por interesse e não por amizade ou qualquer outro sentimento sincero. E pensando em se proteger e resguardar a sua fortuna, ela sempre procura refletir a respeito da existência de outras formas a fim de manter as pessoas interesseiras longe de sua vida. De tanto agitar a sua mente com tais questionamentos, Suzana se deitou em sua cama aconchegante e logo pegou no sono.

No dia seguinte, Suzana despertou com os raios de sol que atravessaram as finas camadas de cortina que ela mantinha na janela de seu quarto. E observando que a claridade estava aumentando cada vez mais, ela imaginou que as horas do dia estavam se passando e que já poderia ser bem tarde. Entretanto, para a sua surpresa, ela esticou o braço para o criado mudo que ficava localizado ao lado de sua cama, a fim de pegar o seu celular que estava sobre ele. E quando ela olhou a tela iluminada do aparelho, ela viu que se aproximava das onze horas da manhã, e que por isso não seria mais vantagem ela tomar um café da manhã caprichado. Para tanto, ela deu preferência a seguir direto para o almoço, a fim de se alimentar melhor.

Como ela não se adaptava à utilização de nenhum dos equipamentos da cozinha, ela nunca fazia almoço ou jantar. Pelo contrário, ela sempre procurava um dos seus restaurantes favoritos no centro da cidade de Porto, os quais ofereciam uma alimentação muito saborosa, mas por outro lado, muito cara, justificando o refeitório de esses restaurantes estarem sempre com as cadeiras vazias.

Como Suzana acordou sentindo muita fome, ela resolveu tomar um banho rápido, a fim de se dirigir o mais depressa possível para um desses restaurantes. Então, ela foi caminhando até o banheiro e, observando a banheira sobre a plataforma de madeira, ela pensou que levaria muito tempo até que a banheira ficasse completamente cheia, e a sua água fosse misturada a todos os sais de banho, e a água se agitasse o suficiente para que a banheira ficasse cheia de espumas. Depois de imaginar todas essas cenas, Suzana viu que ela não teria esse tempo a seu dispor o qual ela não tinha naquele momento, pois o seu estômago estava reclamando devido à fome que o invadia. Vendo essas dificuldades, ela optou por utilizar o seu chuveiro, o qual não era nada comum, pois ele oferecia diversas opções de temperatura da água, bem como muitas direções dos jatos de água, o que gerava muito conforto em seus banhos.

Enquanto ela ficava embaixo do chuveiro, deixando por cerca de quinze minutos a água morna caindo sobre os seus ombros, Suzana foi invadida por uma lembrança de que ela estava com uma tia doente em outro país e que ela deveria viajar, a fim de fazer companhia e cuidar da doença que aos poucos fazia com que sua tia se tornasse apenas uma memória saudosa. E de modo que ela não se preocupasse durante essa viagem, que não tinha data para acabar, ela teve uma ideia que se referia à proteção de seus bens materiais com os quais ela se preocupava cada dia mais, enquanto ela estivesse fora da cidade de Porto. E de tanto ela refletir a respeito dos prós e contras sobre a sua própria proteção, ela cogitou contratar uma pessoa que cuidasse de suas finanças e de seus negócios, mas ela pensou que um dos critérios de contratação deveria ser uma pessoa tímida, reservada, ou seja, uma pessoa na qual ela pudesse confiar, afinal ela teria que deixar muitos bens a serem administrados por esse novo funcionário.

Sentindo-se cansada de tanto pensar a respeito desse assunto em um momento em que ela deveria estar se sentindo relaxada, e não preocupada, ela resolveu se ensaboar mais rapidamente. E depois de cobrir todo o seu corpo com a espuma daquele sabonete que exalava o perfume de lavanda, ela se enxaguou e depois envolveu o seu corpo em uma toalha que tinha a estampa de um céu azul com muitas gaivotas.

Caminhando até o seu quarto, Suzana abriu o seu closet, o qual se apresentou bem iluminado devido as suas lâmpadas internas, e escolheu um vestido longo e rosa. Ao vesti-lo, ela sentiu que aquele tecido macio deslizava pela pele de seu corpo, e cobrindo cada centímetro, até que ela se olhou no espelho e o ajeitou, sentindo-se elegante. Após procurar uma sandália de salto alto para combinar com o vestido e ficar completamente elegante, ela se olhou no espelho e vendo que estava esplêndida, ela pegou a sua bolsa, na qual tinha a sua carteira cheia repleta de notas de cem reais e foi caminhando até a garagem. Chegando lá, ela clicou em um dos botões do controle de seu carro, e desabilitando o alarme e destravando as portas, ela entrou no seu veículo, e ao acender os faróis, foi acionado automaticamente um sensor que se localizava no portão, fazendo com que o mesmo se levantasse para que o carro passasse, sem ter a necessidade de Suzana sair de dentro do veículo e, usando a força, abri-lo. Com isso, os moradores observavam o imenso luxo que rodeava a vida de Suzana.

Dando partida em seu veículo, Suzana se dirigiu ao centro da cidade de Porto, e chegando em frente a praia, ela estacionou o seu carro de frente para o deck, onde ficavam as lanchas e os barcos de alguns moradores. Ao descer do veículo, ela se atentou ao atravessar a rua e passou por duas portas de vidro que se deslizavam entre si a fim de deixar que ela entrasse. E sentando-se a uma das mesas que se localizavam mais próximas à porta, um homem de baixa estatura e que usava barba e um uniforme preto se aproximou, a fim de atendê-la. Depois que ela analisou com atenção cada um dos pratos daquele cardápio, ela decidiu optar por uma comida mais simples, e pedindo apenas um strogonoff acompanhado de um copo de suco de maracujá, o garçom rapidamente anotou o seu pedido e se direcionou à cozinha de modo a prepará-lo o mais depressa possível.

Cerca de meia hora depois, o garçom voltou com uma bandeja na mão, sobre a qual tinha tanto o prato escolhido por Suzana quanto a sua bebida, além de talheres e guardanapos.

Ao iniciar a sua refeição, ela sentiu que o seu estômago reclamava ainda mais devido ao cheiro de comida temperada que saía daquele prato e invadia as suas narinas. E cada vez que ela levava a comida até a boca, ela era inundada por aquele sabor que somente a comida daquele restaurante poderia lhe oferecer.

Depois de se alimentar, Suzana pediu a conta, a qual não demorou muito para chegar. E retirando o dinheiro de sua carteira, não esperou o seu troco, dizendo para o garçom que poderia ficar com o que restasse daquele pagamento.

Pensando que ainda estava muito cedo para voltar para a sua casa, Suzana resolveu continuar na rua por mais um tempo. E com o objetivo de amadurecer a ideia e raciocinar a respeito do assunto sobre uma possível contratação, Suzana foi caminhando até o deck, onde a sua lancha fica aportada através de uma corda que a amarra em uma parte do cais, em conjunto com uma âncora, a qual é utilizada em dias de tempestade por causar mar agitado.

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