Capítulo 2

Atire Mais Uma Vez - Vanessa Matos

Quando ela subiu no deck, ela comunicou a um dos funcionários que estavam próximo à lancha que ela gostaria de dar uma volta com ela, cerca de dois homens que trabalhavam naquele local se aproximaram dela, pegando a sua mão, a fim de oferecer ajuda para subir na lancha. E no momento em que ela entrou naquele espaço que tinha televisão embutida à uma bancada que ficava de frente para um sofá branco, ela se sentiu feliz por ter todo aquele conforto a qualquer hora que ela quisesse. Caminhando até o frigobar, ela pegou uma garrafa de champagne e uma taça. E subindo os degraus a fim de chegar à parte externa e frontal da lancha, ela se sentou para contemplar a paisagem.

Enquanto Suzana observava cada detalhe daquele mar azul e daquelas ilhas cheias de árvores com verdes vibrantes, ela sentia a brisa marítima e fresca tocando o seu rosto, ao mesmo tempo em que levava até a sua boca constantemente a taça estreita, a qual ela preenchia com um delicioso champagne, que era a sua bebida favorita e que era a escolhida quando ela precisava refletir sobre algumas ideias. Conforme as horas se passavam e ela se deliciava cada vez mais com a vista e com a bebida, ela se lembrava do rosto dos seus amigos e de como era o caráter de cada um deles. E por ela sempre ter desconfiado de todas as pessoas que andavam ao seu redor, ela pensou que nenhum deles seria o funcionário ideal para trabalhar em prol de sua segurança e dos seus bens.

Mas de repente ela se surpreendeu com algumas vozes, as quais eram de uma conversa desenvolvida entre os tripulantes da lancha, que foram o suficiente para tirá-la de seu devaneio, pois eles falavam a respeito do morador misterioso que se chamava Kevin. Os tripulantes diziam que ele era tão enigmático que ao passar pelas ruas, ele apenas cumprimentava as pessoas com um aceno de cabeça, de modo a não dar margem para que ninguém falasse com ele ou perguntasse sobre a sua vida.

Essa conversa foi bem pequena e rasa, mas foi o suficiente para que Suzana decidisse fazer uma proposta de emprego para esse morador que se chamava Kevin. E como Suzana era uma pessoa muito otimista, ela já estava certa de que ele aceitaria a oferta, e para que a contratação ocorresse depressa, ela começou a pensar em possíveis questões que seriam feitas a ele durante a entrevista.

Quando o passeio de lancha terminou, Suzana se levantou e foi caminhando até o seu carro, e após dar partida no veículo, ela se dirigiu até a sua casa a fim de tomar um banho. Depois de tirar de sua pele o sal que outrora foi depositado pela maresia, ela saiu do banheiro e abrindo a porta do seu closet, ela optou por vestir uma roupa, a qual era uma blusa de cetim rosa, uma calça jeans e calçou uma sandália de salto. Ao caminhar até a garagem, ela ligou o seu carro, o qual era completamente automático e que lhe proporcionava muito conforto, e foi dirigindo rumo à delegacia de polícia, a fim de tentar descobrir mais informações a respeito de Kevin, inclusive um telefone de contato ou o endereço de modo que ela o encontrasse com maior facilidade.

Quando ela estacionou em frente à delegacia, ela passou por uma porta de vidro e avistou um policial, que era um grande amigo seu e perguntou:

– Boa tarde! Saberia me informar onde eu poderia encontrar o Kevin? Eu acredito que ele seja um morador novo.

Esse policial era um homem alto, de cabelo curto, na cor castanha escura e olhos esverdeados. Ele já conhecia Suzana há muito tempo, mas se sentiu surpreso com a sua pergunta, visto que as pessoas, geralmente, preferiam fugir de Kevin ao invés de se encontrar com ele, o policial mostrou um semblante de quem não sabia o que dizer, mas como ele já conhecia a índole de Suzana, ele resolveu atender ao seu pedido:

– Oi, minha amiga! Então, na verdade ele já mora aqui em Porto há alguns anos, mas ele é muito tímido, então as pessoas não o conhecem muito bem. Mas respondendo à sua pergunta, a casa dele fica depois do segundo quarteirão. Não vai ser difícil de encontrar.

Depois que ela agradeceu pelas informações prestadas, ela saiu da delegacia, e caminhando até o carro, deu partida no veículo e se dirigiu àquele destino.

Ao longe, Suzana conseguia ver uma casa de esquina, a qual parecia ser um tanto estranha, visto que ela estava sempre com as janelas e cortinas fechadas, dando a impressão de que o morador estivesse sempre viajando.

Encostando o carro em cima da calçada, ela abriu a porta do motorista e saiu do carro. E ao chegar em frente à porta da casa, estendeu o seu braço direito e apertou um botão, o qual era o responsável por emitir um som no interior da casa, informando que tinha alguém do lado de fora que desejava falar com o morador. E vendo que o tempo passava e que ninguém a atendia, ela deslizou a mão pelo bolso da calça jeans e pegou o seu celular, apertando um botão e olhando a tela, que por sua vez indicava que ainda era por volta de quatro horas da tarde, e que por ser cedo, Kevin poderia estar em casa, mas ocupado com alguma coisa.

Enquanto ela permanecia parada em frente ao portão da casa de Kevin, aguardando para ser atendida por ele, através da sua visão periférica ela conseguiu observar uma mulher que deveria ter por volta de seus cinquenta anos, que possuía cabelo curto e ruivo, que saía de um portão que se localizava em uma das casas ao lado da residência de Kevin. E na tentativa de ter mais informações a respeito de seu possível novo funcionário, ela se direcionou à mulher e perguntou:

– Oi, boa tarde! A senhora conhece o Kevin?

A mulher se sentiu um tanto surpresa por uma mulher rica quanto Suzana estar dirigindo a palavra a ela, e principalmente, perguntando a respeito de uma pessoa tão misteriosa e que causa medo em tantos moradores daquela cidade. Tomada pelos sentimentos como surpresa ou medo, os quais nem ela mesma conseguia identificar, pois eles se misturavam dentro de seu coração, a mulher apenas respondeu:

– Boa tarde! Eu o conheço apenas de vista, pois eu nunca conversei com ele.

Sentindo-se determinada a conseguir falar com aquele homem, Suzana insistiu, perguntando: – Sabe me dizer a que horas ele estará em casa?

– As poucas vezes que eu o vi foram depois das sete horas da noite. Mesmo assim foram raros esses momentos que Kevin apareceu nas ruas da cidade.

Sentindo que as suas expectativas, aos poucos, estavam se frustrando, Suzana resolveu agradecer àquela mulher pelas poucas informações, e caminhando em direção ao seu carro, ela abriu a porta do motorista, entrou, e girando a chave, ouviu o ronco do motor e se dirigiu de volta para a sua casa.

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