O silêncio só era interrompido pelos breves piados dos pássaros, pelo suave movimento das folhas das árvores com o vento. Era um lugar tão tranquilo que mesmo os animais, os menores que fossem, não eram muitos, mesmo o vento, não era nem forte, nem constante.
O Sol, por conta do formato daquele planeta, em alguns momentos do dia parecia mais forte e próximo, em outros mais distante. A atmosfera, composta por uma combinação de gases incomum, filtrava a luz solar, de forma que o céu tinha um colorido muito belo, durante boa parte do dia. Naquela região, praticamente desabitada por conta da dificuldade de se chegar até ali, esse espetáculo de cores era particularmente mais bonito e também mais variado. Se alguém pudesse descrever um paraíso, aquele local poderia ser uma ótima possibilidade de descrição. Embora, o paraíso seja relativo para cada experiência de vida, depois de uma boa dose de tumulto, guerras, conflitos, luta de classes, massacres, destruição e caos, possivelmente aquela seria a melhor pedida.Num conjunto de árvores, nem no topo delas, nem muito próxima do solo, foi construída uma casa. Muito provavelmente, a ideia da construção de uma casa na árvore nos leva a percepção de uma obra de madeira, rudimentar, que por mais tecnologia que pudesse estar envolvida, teria a aparência de um complemento da natureza. Esse pensamento faz todo sentido, principalmente quando alguém não pretende ser notado, seja por seus semelhantes, seja pelo restante da natureza. Mas aquele que criou aquela casa não se preocupava com essas questões. Havia uma certeza muito grande na paz que ele possuía e poder desenvolver pequenos luxos para si mesmo e não tê-los, parecia um pouco demais para Athos.Na verdade, sua morada era um verdadeiro complexo. Repleto de mecanismos automatizados que criavam proteção de luz quando necessário ou que aproveitavam a iluminação quando assim ele quisesse, a casa também girava no seu eixo, deixando cômodos mais próximos ou mais distantes, conforme a sua vontade. Apesar de muitos elementos de suas outras vidas não estarem presentes nesse planeta, como transmissões via satélite, equipamentos de comunicação, de entretenimento, Athos, mesmo sendo considerado em muitas ocasiões "antiquado", fazia questão de possuir telas espalhadas pela sua casa, que eram capazes de reproduzir alguns de seus pensamentos, algumas lembranças, até as mais profundas. Essas telas também exibiam a existência de uma inteligência artificial simples, também criada e comandada pelo seu pensamento, que fazia a execução de tarefas práticas. Apesar dele não ter a necessidade da alimentação tradicional, como os detentores de primeira vida, que também habitavam aquele planeta, ainda assim, gostava de sentir o prazer dos sabores, vez por outra, mas apesar de todo seu poder, de todo tempo que tinha disponível, diante do quanto já tinha existido nesse universo, atividades como a culinária não eram suas favoritas.Também se exercitava mesmo sem seu corpo precisar disso, sentia prazer com atividades braçais e principalmente em voar. Detentor de asas, que, para algumas comunidades em determinados planetas, lhe renderam o apelido de "anjo", sentia uma enorme alegria em movimentar seu corpo pelo ar, fazer manobras, sentir o céu. Eram momentos que ele sabia que deveria aproveitar pois seriam rapidamente interrompidos, como um curto período de férias, tão raro em sua longa existência.O choque elétrico pode ser sentido em sua visão. Calmamente, ele suspirou, aguardou um pouco mais tomando seu chá, que acabara de ficar pronto e desviou da onda de eletricidade que em sua visão o teria atingido.- Trovar, sei que você acredita que nunca irá me atingir, que eu posso ver sua chegada antes mesmo de você estar aqui, mas poderia ser um pouco mais cuidadoso, não é mesmo? Em todo caso, até que tomar um choque numa visão possa ser algo diferente do comum. - Athos conversava com o recém chegado como se aquela aparição explosiva fosse algo trivial e como se o fato de não ver um dos seus três únicos amigos naquele planeta, depois de tanto tempo, fosse como rever alguém que saiu de casa a poucas horas.- Athos, parece que o momento chegou. A garota finalmente apareceu! - Trovar respondia já indo direto ao assunto.- Sabe o que me entristece, meu amigo? Eu sabia que você ia me dizer isso, nesse exato momento, desde quando nos separamos, mas eu não conseguia enxergar onde a garota estaria, nem como será nosso encontro. O fato de eu poder ver o que vai acontecer, mas não poder ver coisas relacionadas a algumas outras pessoas em específico me deixa frustrado... - dizia Athos, aparentemente transtornado - Mas ao mesmo tempo empolgado! - Concluía, retomando seu tradicional semblante alegre em sua face.- Podemos ir de encontro a Sussurro e Silency? - Trovar realmente era alguém que não gostava de perder tempo, nem parecia que também já carregava algumas Eras em suas costas.- Não será o caso, Trovar. Você vai me levar até o local onde sua pista o deixou e lá nossos amigos nos encontrarão inevitavelmente. - Athos era calmo, charmoso, falava sempre como se estivesse tentando conquistar alguém, mas era seu jeito natural.- Sei que vai parecer extremamente estúpido da minha parte perguntar, mas afinal, você já sabe que vou perguntar... - Trovar tentava formular a questão mas foi interrompido por Athos.- Sim, Trovar, não teremos problemas para onde iremos, já sei que muitos desafetos nossos estarão lá, mas são só pessoas que nos temem, por mais poderoso que possa ser alguém por lá, ainda assim poderemos passar apenas utilizando nossa intimidação, sem demonstrar realmente quem somos.O que também preocupava Trovar era o fato de ter que passar pelo lado oposto daquele paraíso. Ele fazia o caminho mais longo para chegar até ali, pois o mais rápido criava sérios incômodos a ele e com certeza Athos não iria pelo caminho mais longo.- É claro que eu vou dar risada quando passarmos pelo trecho do campo magnético que faz toda a lama da floresta grudar em você e ficar explodindo na sua cara, essa é outra pergunta que você não precisará me fazer.A calma daquele lugar fantástico estava por ficar pra trás, o único alento de Athos era que o retorno para algo parecido se fazia possível, pois ele não conseguia enxergar praticamente nada do seu caminho, senão pequenos lampejos do futuro sem sentido e desencontrados.Como parte do pacote de férias e descontração, ver Trovar sofrendo com os campos de lama, que eram atraídos pela estática da energia criada pelo corpo dele, Athos ria alto a cada susto do companheiro. Aquela região tinha campos magnéticos instáveis, algo que dentre as anormalidades daquela região era até simples.O planeta Key era belíssimo, tinha uma estrutura de formação vegetal incrível, grandes quantidades de água potável, quase na a mesma proporção de terra. A água salgada, os oceanos, eram pequenos e com pouca quantidade de sal. O planeta dentre os conhecidos para abrigar vida primária era dos mais perfeitos. Porém, havia uma falha geológica em seu formato que criava desníveis gravitacionais e instabilidades químicas e físicas, principalmente naquela regi&
- Verto, não sei se agora é uma boa hora! - A voz feminina suave antecipava a chegada da figura religiosa, que do alto de sua batina suntuosa podia se perceber o suor, os calafrios e consequentes tremores de quem tinha um deus-demônio alado em suas costas.Adwig havia procurado pelo reverendo para se aconselhar. Buscava figuras na sua memória, os mais antigos naquele planeta, experientes, que realmente conheciam seu pai, pra entender, saber o que fazer.- Majestade, sei que pediu um tempo pra refletir, minha amada rainha, mas parece que não tinha outra saída, não sei se conhece Athos, ele foi muito convincente com seus argumentos para encontra-la.Adwig rapidamente virou para a porta de seus aposentos, abandonando a visão do espelho que tinha a sua frente.Apesar das visões de Athos, ele nunca tinha visto a aparência da "garota" que procurava. Notava agora que, mesmo com a aparência jovial, não se tratava mais de uma garota. F
- Pela misericórdia, Athos! Pra onde você nos trouxe dessa vez? - A exclamação de Trovar refletia o susto de todos eles, incluindo o próprio Athos.A visão do elfo supremo era bem clara. Era ali mesmo que eles deveriam estar. E não tinha muito tempo, tudo ia acontecer muito rápido. Estavam em cima de uma montanha coberta por gelo e o horizonte podia ser visto, não estava obscuro pela névoa. Mas antes estivesse. Aquele mundo estava sendo destruído. Era uma grande guerra acontecendo. Raios, jatos de água, esquifes de gelo, neve, mas também haviam armas, tanto de fogo, de explosão, quanto frias, de lâminas. Catapultas, flechas. O cenário era caótico. Haviam 3 frentes de campo de batalha, vendo dali.- Não sei não, mas pra mim, eles nem sabem quem está sendo atacado, nem quem está atacando.
Aquilo tudo havia sido uma visão de Athos. Uma visão de um tipo que Athos nunca teve, nem a própria visão da Adwig foi assim. Longa, mas contínua, repleta de detalhes.Ele, àquela altura já havia levado Adwig para seu planeta de nível 6, Tânatos o deserto vermelho, após ela aceitar o convite do alado. Queria mostrar para a princesa um pouco do que havia passado por milênios preso naquele inferno, sozinho, sem conseguir morrer, sem conseguir sair. Demonstrou a ela seu poder e conhecimento. Até que, com o desenrolar da conversa, descobriram que algo não encaixava no que sabiam do Universo. Athos não sabia que o pai de Adwig havia criado o planeta Key e que ele também estava no nível 6 como ele. Não sabia da existência de um outro planeta desse nível. Tampouco entendeu o motivo deles acharem que eram os &uacu
Athos tocou na testa de Dafa e acessou todas as memórias dela. Ela provavelmente sentiu isso e empurrou ele para trás e o rapaz que estava com ela, pensando em protegê-la, provavelmente, pulou na direção de Athos desferindo um soco na boca. O elfo foi para trás com o forte impacto, cuspiu sangue e passou a mão na boca curando seu próprio ferimento. Dafa ficou indignada com a invasão a sua mente estava Athos explicou que não tinha acesso a memórias específicas, precisava acessar por completo, mas ao fazer isso descobriu uma revelação muito mais impressionante. Ele percebeu que o universo que Dafa conhecia era outro completamente diferente que o que ele conhecia. Chegou a conclusão que o planeta Key deveria dividir o universo exatamente em dois e como ele não é um planeta natural, conseguiam acesso a ele, mas algo os impedia de conseguir ir para
O Olimpo estava deserto. Não havia sobrado mais ninguém. A gravidade do planeta era diferente e usando seu poder de eletricidade, Trovar conseguia voar. A Cidade Luz, diferente do grande movimento de pessoas que costumava ter, lembrava um cenário pós-apocalíptico. Construções incríveis em ruínas. Voltou para onde os outros estavam desacordados, após fazer o reconhecimento aéreo. Ninguém ainda havia acordado. Ele não tinha a habilidade de recuperação de Silency e de Sussurro. Começava a se preocupar, pois Athena mal respirava e ninguém despertava.De repente, um terremoto começou. O chão tremia tanto que iam se abrindo rachaduras nele, por todos os lados. Trovar precisou ser rápido para colocar os quatro em uma espécie estrutura de carroça que estava por perto e conseguiu fazê-
Ninguém sabe ao certo como a sociedade dos Vampiros começou. A memória de Drácula sobre tempos onde existiam poucos vampiros era fraca. De Eras em Eras, ele contava histórias diferentes, mudando de acordo com quem escutava, de acordo com as mudanças dos tempos, com as modernidades, com novas culturas. Com os séculos, ele já não odeia precisar ao certo mais o que era verdade e o que tinha inventado. Ele era o único ainda vivo daqueles tempos. Por algum motivo, quanto mais seres surgiam no planeta, menor era sua necessidade de sangue, mais resistente a luz solar ele se tornava, mais forte e poderoso também, manipulando o fogo e até mesmo outros elementos, com muito mais facilidade. Aos poucos ele foi se tornando alguém a ser temido e respeitado. Inimigos que tentassem atacá-lo buscando com isso, demonstrar força, fracassavam. Alguns que buscavam ajuda, que eram mais fracos ou não tinham coragem de ferir outras pessoas para se alimentarem, eram bem recebidos e auxiliados. Em pouco temp
O plano de Drácula era complexo. Consistia em se tornar alvo, subindo na Torre do Castelo e trazendo a atenção para si. O objetivo das tropas desde o começo, aparentemente, era destruir tudo e todos, mas capturá-lo vivo. Enquanto isso, os Guardiões do Sangue iriam tentar passar camuflados, voando invisíveis por cima do exército e se posicionando de forma circular, cercando as tropas. Athos e Athena tentariam passar camuflados da mesma forma, usando Silency e Sussurro com eles. Muitos Vampiros mais poderosos conseguem desenvolver o poder da invisibilidade. Essa técnica cria uma camada no ar que reflete os raios solares de tal forma que cria uma espécie de espelho, fazendo com que algo pareça invisível. Esse poder tem um alto gasto de energia e manter por muito tempo é algo muito difícil. Ao morrer, Athos deixou de ter esse poder e Athena nunca fora uma vampira. Era Silency que podia criar algo parecido, um sistema de camuflagem. E para os Guardiões do Sangue també