- Verto, não sei se agora é uma boa hora! - A voz feminina suave antecipava a chegada da figura religiosa, que do alto de sua batina suntuosa podia se perceber o suor, os calafrios e consequentes tremores de quem tinha um deus-demônio alado em suas costas.
Adwig havia procurado pelo reverendo para se aconselhar. Buscava figuras na sua memória, os mais antigos naquele planeta, experientes, que realmente conheciam seu pai, pra entender, saber o que fazer.- Majestade, sei que pediu um tempo pra refletir, minha amada rainha, mas parece que não tinha outra saída, não sei se conhece Athos, ele foi muito convincente com seus argumentos para encontra-la.Adwig rapidamente virou para a porta de seus aposentos, abandonando a visão do espelho que tinha a sua frente.Apesar das visões de Athos, ele nunca tinha visto a aparência da "garota" que procurava. Notava agora que, mesmo com a aparência jovial, não se tratava mais de uma garota. Ficou perplexo com a confirmação da existência de uma elfa nascida em primeira vida, milenar, sem nunca ter morrido. Athos tinha vários milênios de vida, passou por vários planetas, viveu muitas vidas e tinha flashs, visões do futuro. Pouca coisa poderia surpreende-lo e mais ainda, menos coisas ele iria ver pela primeira vez. A presença de Adwig acabara de fazer as duas coisas para ele. Alta, lindíssima, mas de uma beleza fora do tradicional, uma beleza próxima dos Elfos supremos, que ele conheceu em um planeta de nível 4, um dia, mas com outros traços. Uma mestiça! Poderia haver beleza mais incrível para ele do que o híbrido? A pele clara, gélida, com traços em seu rosto que fugiam do que a maioria dos Elfos eram. Athos ficou por alguns segundos imóvel. Todos fizeram o mesmo, espreitando a surpresa e admiração de Athos e aguardando o desenrolar daquela situação. Um rápido constrangimento sucedeu finalmente na fala de Athos:- Eu me chamo Athos! Estive a sua espera por muito tempo aqui em seu planeta. Sei que não vai ser muito fácil acreditar no que vou dizer, mas, eu vejo o futuro, pequenos pedaços do futuro. Na verdade, uma antevisão, um alerta, tendo em vista que sabendo do que irá acontecer, normalmente eu evito que aconteça. E você será a pessoa fundamental para me ajudar a evitar o fim do Universo.Adwig ficou sem reação por um curto espaço de tempo, na dúvida entre entender o que ele dizia, acreditar naquilo, achar que era piada ou loucura, perceber que tratava-se de alguém que parecia um elfo alado ali e lembrar que estava tentando decidir se assumia seu lugar como rainha há alguns minutos atrás. Começou a rir compulsivamente.Os três ali ficaram sem entender e sem saber como agir. O riso era alto, uma gargalhada que Adwig não soltava a muito tempo. Tudo parecia uma grande ironia, uma piada onde alguém com certeza estaria se divertindo ao ver toda aquela confusão. Resiliente, tímida, exilada e isolada por séculos, com pequenos, raros e rápidos momentos de companhia e de tomada de decisões simples, estava ela ali, decidindo se assumia seu posto como líder de uma nação, de um povo e agora tinha que entender como iria salvar o Universo. Seria a tal profecia de seu pai?- Veja, Sr. Athos, essa história tem alguma coisa a ver com uma tal de profecia? - Perguntou, Adwig se recuperando do seu súbito ataque de riso.- Eu não acredito nessa história de profecias. Elas estão espalhadas por todos os planetas, hora amaldiçoando povos, hora prometendo salvação. Eu vejo o futuro e ainda assim, mesmo acontecendo o que vejo, não acredito no que vejo, até acontecer. Sabe por quê? Porque mesmo vendo o futuro, eu controlo o que eu quero que aconteça ou não. Não existe destino, apenas caminhos. Eu adquiri o poder de ver alguns, o que não significa que um caminho possa ser único e definitivo. - Athos usava seu tom sério que contradizia o riso de Adwig. As palavras dele iam não só trazendo-a de volta a realidade como, de certa forma, conquistando-a. Nunca, ela ouviu alguém dizer aquilo. Um descrente das profecias. Para o reverendo aquilo soava como uma grande blasfêmia e ele fazia gestos, caras e bocas para Athos que provavelmente deveriam ser algum tipo de pedido de afastamento daquele discurso, como se estivesse se protegendo espiritualmente de uma blasfêmia.- Eu sempre quis ouvir isso de alguém, porém, as palavras da profecia foram trazidas por meu pai. E foi ele quem criou esse mundo. Literalmente! Foi ele quem proporcionou condições de vida e trouxe a comunidade de minha mãe para esse paraíso que é o planeta Key. Não acreditar em suas palavras vai contra qualquer noção sobre algo que já desenvolvi em todo meu tempo de vida. - Era incrível como Adwig mudou seu semblante risonho para pesaroso novamente.- E como isso funcionou bem, não é? A mais linda elfa que já vi na minha vida, natural, nascida de primeira vida, milenar, sem nunca ter enfrentado a morte, poderosa a um ponto que ninguém poderia ter a noção de quanto, talvez mais poderosa do que eu mesmo! - Essa última frase fez todos arregalarem os olhos. Adwig por achar impossível Athos se achar tão poderoso assim, Trovar por achar impossível Athos realmente acreditar que ela era mais poderosa que ele e Verto por achar impossível os dois serem tão poderosos assim. Em seguida Adwig assimilou o início da fala de Athos e ruborizou por ele ter achado ela tão linda assim, nunca havia recebido tal elogio, apesar de ter ouvido muitos. - Todo esse tempo você se auto-aprisionou, fugiu, se escondeu. Medo do seu pai? Medo da profecia? Medo de ser quem você é? - Cada palavra passou a ter a sensação de um tapa em Adwig, outra sensação extrema que ela nunca teve.- Eu, não posso, você entende? Não sei quais são seus planos, mas eu tenho que seguir esse caminho, tenho que assumir o reino e preparar meu povo para o que virá. - Respondeu, pela primeira vez decidida sobre o que fazer, completamente contrária ao que realmente desejava.- Então, você assume seu reino e descobre que não é esse seu futuro. Perderemos tempo precioso com isso, mas ainda temos algum sobrando. Talvez seja uma lição que você precise. Mas antes, você me permite te levar para conhecer um outro lugar que pode mudar sua decisão?- Pela misericórdia, Athos! Pra onde você nos trouxe dessa vez? - A exclamação de Trovar refletia o susto de todos eles, incluindo o próprio Athos.A visão do elfo supremo era bem clara. Era ali mesmo que eles deveriam estar. E não tinha muito tempo, tudo ia acontecer muito rápido. Estavam em cima de uma montanha coberta por gelo e o horizonte podia ser visto, não estava obscuro pela névoa. Mas antes estivesse. Aquele mundo estava sendo destruído. Era uma grande guerra acontecendo. Raios, jatos de água, esquifes de gelo, neve, mas também haviam armas, tanto de fogo, de explosão, quanto frias, de lâminas. Catapultas, flechas. O cenário era caótico. Haviam 3 frentes de campo de batalha, vendo dali.- Não sei não, mas pra mim, eles nem sabem quem está sendo atacado, nem quem está atacando.
Aquilo tudo havia sido uma visão de Athos. Uma visão de um tipo que Athos nunca teve, nem a própria visão da Adwig foi assim. Longa, mas contínua, repleta de detalhes.Ele, àquela altura já havia levado Adwig para seu planeta de nível 6, Tânatos o deserto vermelho, após ela aceitar o convite do alado. Queria mostrar para a princesa um pouco do que havia passado por milênios preso naquele inferno, sozinho, sem conseguir morrer, sem conseguir sair. Demonstrou a ela seu poder e conhecimento. Até que, com o desenrolar da conversa, descobriram que algo não encaixava no que sabiam do Universo. Athos não sabia que o pai de Adwig havia criado o planeta Key e que ele também estava no nível 6 como ele. Não sabia da existência de um outro planeta desse nível. Tampouco entendeu o motivo deles acharem que eram os &uacu
Athos tocou na testa de Dafa e acessou todas as memórias dela. Ela provavelmente sentiu isso e empurrou ele para trás e o rapaz que estava com ela, pensando em protegê-la, provavelmente, pulou na direção de Athos desferindo um soco na boca. O elfo foi para trás com o forte impacto, cuspiu sangue e passou a mão na boca curando seu próprio ferimento. Dafa ficou indignada com a invasão a sua mente estava Athos explicou que não tinha acesso a memórias específicas, precisava acessar por completo, mas ao fazer isso descobriu uma revelação muito mais impressionante. Ele percebeu que o universo que Dafa conhecia era outro completamente diferente que o que ele conhecia. Chegou a conclusão que o planeta Key deveria dividir o universo exatamente em dois e como ele não é um planeta natural, conseguiam acesso a ele, mas algo os impedia de conseguir ir para
O Olimpo estava deserto. Não havia sobrado mais ninguém. A gravidade do planeta era diferente e usando seu poder de eletricidade, Trovar conseguia voar. A Cidade Luz, diferente do grande movimento de pessoas que costumava ter, lembrava um cenário pós-apocalíptico. Construções incríveis em ruínas. Voltou para onde os outros estavam desacordados, após fazer o reconhecimento aéreo. Ninguém ainda havia acordado. Ele não tinha a habilidade de recuperação de Silency e de Sussurro. Começava a se preocupar, pois Athena mal respirava e ninguém despertava.De repente, um terremoto começou. O chão tremia tanto que iam se abrindo rachaduras nele, por todos os lados. Trovar precisou ser rápido para colocar os quatro em uma espécie estrutura de carroça que estava por perto e conseguiu fazê-
Ninguém sabe ao certo como a sociedade dos Vampiros começou. A memória de Drácula sobre tempos onde existiam poucos vampiros era fraca. De Eras em Eras, ele contava histórias diferentes, mudando de acordo com quem escutava, de acordo com as mudanças dos tempos, com as modernidades, com novas culturas. Com os séculos, ele já não odeia precisar ao certo mais o que era verdade e o que tinha inventado. Ele era o único ainda vivo daqueles tempos. Por algum motivo, quanto mais seres surgiam no planeta, menor era sua necessidade de sangue, mais resistente a luz solar ele se tornava, mais forte e poderoso também, manipulando o fogo e até mesmo outros elementos, com muito mais facilidade. Aos poucos ele foi se tornando alguém a ser temido e respeitado. Inimigos que tentassem atacá-lo buscando com isso, demonstrar força, fracassavam. Alguns que buscavam ajuda, que eram mais fracos ou não tinham coragem de ferir outras pessoas para se alimentarem, eram bem recebidos e auxiliados. Em pouco temp
O plano de Drácula era complexo. Consistia em se tornar alvo, subindo na Torre do Castelo e trazendo a atenção para si. O objetivo das tropas desde o começo, aparentemente, era destruir tudo e todos, mas capturá-lo vivo. Enquanto isso, os Guardiões do Sangue iriam tentar passar camuflados, voando invisíveis por cima do exército e se posicionando de forma circular, cercando as tropas. Athos e Athena tentariam passar camuflados da mesma forma, usando Silency e Sussurro com eles. Muitos Vampiros mais poderosos conseguem desenvolver o poder da invisibilidade. Essa técnica cria uma camada no ar que reflete os raios solares de tal forma que cria uma espécie de espelho, fazendo com que algo pareça invisível. Esse poder tem um alto gasto de energia e manter por muito tempo é algo muito difícil. Ao morrer, Athos deixou de ter esse poder e Athena nunca fora uma vampira. Era Silency que podia criar algo parecido, um sistema de camuflagem. E para os Guardiões do Sangue també
O dia tinha acabado de começar. O Sol se pondo, a última luz se extinguindo no horizonte e os relógios sinalizando que já era possível sair em segurança.Athos que já tinha feito sua alimentação sanguínea junto com Silency e Sussurro, após mais uma maravilhosa noite de amor com as duas, se preparava para sua viagem. Ele era líder dos Vampiros nas Terras Congeladas de Dracs e passava temporadas distante de suas paixões. Dessa vez ficaria por 10 dias por lá. Existiam, lá, algumas construções tecnológicas que monitoravam a ação magnética e gravitacional dos planetas e satélites ao redor. Essas atividades eram responsáveis por grandes mudanças no planeta, e havia um risco constante, muito grande, de em algum momento, Dracs sair de órbita. A tecnologia desenvolvida p
- Onde está Athos? O que aconteceu? - Perguntou, Athena, depois de despertar e conseguir chegar até onde Silency e Sussurro estavam.- Onde você estava? - Pergunta de volta, Silency, gritando e indo para cima de Athena. - Que tipo de deusa super poderosa é você? Você permitiu a morte de Athos duas vezes! - Ela a empurrou, derrubando-a. - VOCÊ PERMITIU A MORTE DE ATHOS DUAS VEZES! - Gritou muito alto, mas ao invés de atacá-la, como qualquer um, até ela mesma, imaginaria, ela deu um passo para trás e caiu em choro.Sussurro se aproximou sem saber o que fazer ou o que dizer.Athena começou a chorar baixo também, diferente de Silency que soluçava.- Eu nunca pedi perdão a ele, porque sempre achei que no final das contas o evento de sua morte permitiu que ele se tornasse quem ele se tornou. Mas eu nunca pedi perdão a quem eu acho que deveria ter pedido: vo