Ao norte de Athia e a leste de Pantinus, Cassiana estava chegando na cidade de Majorin. De longe, dava para ver que a cidade havia crescido na paisagem. Seu primo, Rubeo Marconi, aparentemente estava cuidando muito bem da pólis. Porém, ao chegar, não ficou muito encantada com o que viu.
Era dia, o comércio estava fervilhante na entrada da cidade e, como de costume, Cassiana ordenou que o escravo diminuísse a velocidade, de modo que ela leu alguns epitáfios dos túmulos que ali estavam na entrada da cidade, como sempre fazia quando passava pela entrada de uma pólis. Várias lápides eram de pessoas que ela conhecia quando comandava a cidade.
Fazia três anos que não passava por lá, mas achou estranho que alguns túmulos estavam revirados, a quantidade de homens nas ruas era muito maior que a quantidade de mulheres e novas covas estavam sendo abertas para receber corpos dos camponeses. Aquela visão, de alguma forma, lhe aturdiu. Ordenou que o escravo andas
Ao fim do dia, os senadores estavam indo para casa pensando em quem votariam ser o próximo cônsul no lugar de Petrônio. Petrônio, por sua vez, pediu uma audiência com Damião em seus aposentos particulares. Não foi necessário esperar. Petrônio, discretamente, o convidou em voz baixa, segurando tão forte no braço de Damião que parecia querer quebrá-lo. Seguiram com discrição para os aposentos do cônsul. A saleta de Petrônio era de tamanho razoável, naturalmente maior do que as saletas dos senadores. O pé direito alto e a decoração rebuscada trazia motivos bucólicos. O cortinado branco fazia com que a luz do sol se espalhasse pelo cômodo de forma tênue. Nas prateleiras, pergaminhos enrolados e muito bem organizados por tamanho davam o tom de profissionalismo ao local de trabalho do cônsul.- Fique à vontade -
A residência dos Domenicus estava agitada desde cedo. Os escravos andavam de um lado para o outro, organizado e arrumando todos os preparativos para a festa que estava para acontecer naquela mesma noite. Os divãs estavam distribuídos pelo átrio da residência principal. Enormes tecidos finos multicoloridos foram presos por todo o teto do salão, que seguiam com caimento até o piso do salão, adornando também as paredes com tecidos menores entrecortando uns aos outros em variado drapejamento. Tapetes se espalhavam por todo o piso, demarcando espaços. Um pequeno palco estava sendo montado. Flauta, lira, cítara e percussão estavam sendo checadas. Na cozinha, o cheiro delicioso de comida podia ser sentido de longe.Petrônio havia enviado seus escravos para ajudar na organização festa. Afinal de contas, ele estava patrocinando a campanha eleitoral de Damião. De certa forma, o interesse de Petrônio era, através de Damião, continuar no poder. Ah, o poder! Aquela pequena parcela de energia permis
Foram os Deuses quem construíram este planeta. Gaia, que se nomeia. Em Gaia as coisas funcionavam devagar. O dia passava devagar. A noite vinha a se arrastar. Phebo, o Deus sol, irmão gêmeo de Diana, a Deusa da lua, conversavam entre si numa vagareza sem igual, porém poucas vezes marcavam encontro à luz do dia. A natureza de Gaia era exuberante: árvores frondosas espalhadas por todo lado, florestas e campos largos cheios de grama verde, mas também havia o espaço designado ao deserto e aos rios. Os animais viviam em pura harmonia. Aves, insetos, felinos, répteis, peixes, baleias, entre outros. Tudo era perfeito, cada qual em seu lugar, porém todos conectados entre si por forças invisíveis. Entediado, Júpiter, o Deus dos Deuses, resolveu criar um outro tipo de animal. Um mais parecido com os Deuses. Fortes, com duas cabeças e quatro pernas, quatro braços e inteligência além do comum das raças já existentes em Gaia. Entretanto, quando Júpiter criou os homens, mal sabia
Athia era uma pólis muito movimentada, especialmente na parte sul, onde Camila estava. O comércio de barro, peixes, frutas e verduras era gigantesco, vez que a maior parte dos agricultores ficava ao sul da cidade. Então, se alguém queria algo fresco para o almoço ou o jantar, era ali que iria encontrar. O burburinho da feira era vibrante e o aroma de condimentos se espalhava pelo ar. A quantidade de escravos de famílias notáveis no local era enorme e era ali que eles tinham algum descanso. Podiam demorar-se quanto tempo desejassem nas feiras sulistas, desde que trouxessem os melhores produtos para a casa. Havia até leilões de javalis gigantescos partidos ao meio. Monte estava num dos leilões, parado entre os outros concorrentes, o carrinho de mão que empurrava já estava cheio dos vegetais e frutas mais apreciados por sua senhora e, quando ele arrematou o javali, a compra do dia estava completa. Havia troco em suas mãos. A tentação era grande, mas roubar de um senhor
Pantinus, do outro lado do platô que era o mundo, próximo às cachoeiras do final da tábua de Gaia, era governada por dois cônsules. Mas a cultura era diferente de Athia, acreditava-se muito mais nos Deuses. As vestes dos cônsules eram púrpura e o senado se vestia de puro dourado, demonstrando quão poderosos eram. E eram apenas doze, contando com os cônsules, face aos duzentos senadores que Athia tinha. Maya acordou de um pesadelo. Ela tinha apenas sete anos e, quando se levantou de sua cama de palha, viu uma mancha vermelha nos trapos em que se cobria, o que significava que sua flor havia desabrochado. Mas isso era para acontecer quando tivesse mais ou menos quatorze anos. Ela correu as mãos até seu item mais valioso, um espelho, que ficava em cima de uma cômoda ao lado da vela que já havia se esquecido de ficar acesa pelo decorrer do tempo. Hélios, o Deus Sol, espiava vagarosamente pela janela interna da casa e, quando olhou para si mesma no espelho, Maya deu um gri