Lembro-me daquele sonho sempre que vejo nuvens escuras carregadas de água. Tive aquele sonho tantas vezes que seria quase impossível não me recordar com detalhes. Eu corria por uma rua larga com objetos plásticos e papéis voando por todos os lados. A ventania contra mim, o céu escuro, devido às nuvens de chuva... Os raios caíam por todos os lados e, muito longe, cerca de sessenta quilômetros à frente, vi nuvens densas que saíam do chão, como fumaça de uma fogueira, mas em proporção gigantesca. Eu alcançava o topo da rua, um raio caía sobre mim e eu acordava... Nunca soube o porquê sonhava tanto com aquele sonho, mas eu sonhava, e sonhei novamente enquanto dormia na nave durante o percurso à ilha de Tristão.
Não sei por quanto tempo dormi, mas acredito que não fora por mais
— Quanto tempo nós ficamos na Terra? — perguntou Elgie.— De acordo com nosso modelo de contá-lo, ficamos quase dois dias, Elgie — respondi, e Elgie pôs-se a fazer cálculos.— Então se passaram quase cinco minutos em Ghore. O que nos dá vantagem, já que não daria tempo de Cerilax ter encontrado o Exílio de Otiron — disse Elgie otimista.— Sim, mas lembrem-se de que ele não trabalha sozinho — lembrou Joel.— Baboo, para o Exilio de Otiron? — direcionei-a.— Sim, Rick, para o Exilio de Otiron — confirmou Baboo. — Sentem-se e coloquem os cintos, vamos partir agora.
Serei o mais forte que o mundo já viu... Serei o melhor... Serei fabuloso... Serei único... Serei uma lenda! — Ouvi Danton falar sozinho enquanto eu entrava em nosso quarto.— Se o desejo em seu íntimo for bom, você se tornará, sem dúvidas... — comentei dando pouca atenção.— E se não for? — questionou Danton olhando para mim, curioso.— Se não for, se isso não vier de um desejo bom, você também se tornará o que quer ser — disse enquanto fuçava algumas coisas em meu armário. — A diferença é que se tornará sua maldição — disse parando tudo e olhando em seus olhos.
Subimos na nave rapidamente quando chegamos até ela. Então vimos os monstros retornando com a mesma pressa para onde estavam. Lembrei então que Fragor havia pegado o medalhão de Niur.Quando pudemos ver o que estava havendo lá embaixo, ficamos paralisados e pasmos.Fragor, com o poder do medalhão Niur, abrira diversos portais e as criaturas entravam por eles aos montes. Entravam dezenas de monstros, enviando-os a todos os planetas existentes em Ghore.— Atirem neles! — gritei desesperado. — Atirem!Ninguém da equipe se mexeu... Corri eu mesmo até a cabine das metralhadoras externas e comecei a atirar contra aqueles monstros, acertando um ou outro. Eles, porém, não ligavam, pois eram muitos e estavam desesperados para sair daquela prisão obscura.
Mamãe, o que é isso? — perguntaram as crianças.— É um bebê! — responde a mulher.— Um bebê? Onde você conseguiu um bebê a essas horas da noite? — questionam as crianças.— Estava andando de volta para casa e vi essa roda de cães e gatos sentados cuidando de algo. Quando me aproximei vi que havia um bebê num caixote no chão, então a peguei — respondeu a mulher.— Ela vai ficar conosco mamãe? — perguntaram as crianças novamente, extremamente curiosas.— Vai sim. Vamos cuidar bem dela... — disse a mulher acariciando se
Para mim não havia dúvidas de que Anza escondia algo de nós. Apenas neste momento, nesta infortuna situação, e em um breve deslize é que pude perceber. Ao certificar-se de que Baboo havia traçado a rota para Martágue, Anza deixou a cabine.— Vocês perceberam isso? Ou fui apenas eu? — questionou Baboo intrigada.— Eu percebi também — comentou Léa, que estava parada observando tudo do canto da sala com sua camuflagem.— Droga, Léa! Que susto! Espero me acostumar em ter você escondida por perto! — disse em tom rude pelo susto tomado e prossegui falando. — Ele não soube disfarçar. Estava muito evidente que, ou ele realmente tem assuntos mal resolvidos em Vortum, ou ele queria nos levar a Mar
Relâmpagos rolavam nos céus enquanto sons de trovões arrepiavam-me e raios me intimidavam com sua força. Entre o som das gotas da chuva e os trovões, ouvia aquela conversa que afetava não só meus ouvidos, mas a alma. Ela falava de nós como se fossemos meros animais irracionais sem destino, sem propósito, sem um objetivo, apenas animais... O céu escuro sempre trazia com ele a chuva, a esperança de que o amanhã seria diferente. Esperança de que amanhã eu me sentiria melhor ou que, de algum modo aquelas palavras ofensivas, sem cuidado ou sentimentos, pudessem não me ferir novamente. Ela tinha um papel insistente e maligno de tornar nossos amanhãs sempre piores do que o ontem. Ela dilacerava a carne de um menino, mas nele crescia um homem destemido, com destinos inimagináveis e inexplorados. Mas ele era ainda, apenas um menino.
Danton e eu gritamos... Danton, com raiva e medo de ter perdido sua irmã... E eu, com raiva daquele monstro. Ele já havia tirado vida de muitos martágos, e agora da minha pequena irmã? Não... Isso não podia ser verdade. Havia eu trazido minha irmã mais nova para morrer em um planeta distante de ser nosso planeta lar? Havia eu depositado confiança demais em suas habilidades e dons? Naquele momento, querendo me livrar de qualquer culpa que minha consciência estivesse tentando me atribuir, meu ser se envolveu em raiva e intolerância, que me gerou mais força e energia.O grande escorpião imperador estava lá parado procurando Naara após haver lançado seu pior golpe e, quando se virou Danton acertou-lhe dois tiros em seu rosto, que o deixou completamente cego... E foi nesse momento que pulei, pisando em sua cabeça, impulsionando-
Já estávamos nos acostumando com aquela rotina... Matar monstros, levantar recursos, descobrir lugares, desvendar mistérios... Isso havia se tornado nosso dia a dia... Nossa rotina.— Para Belácia, pai? — perguntou Isabela, chamando-me novamente de pai.— Sim, filha... Mas por que agora me chama de "pai" ou "Rick"?! Por que a mudança grotesca?! — perguntei quase me sentindo ofendido.— Não é grotesca, pai! É mais madura... E fique tranquilo, eu sempre vou ter o mesmo apreço por você! — disse Isabela sorrindo agradavelmente.— Hum, ok minha menina... — disse com um aperto no coração, abraçando-a carinhosamente.
Último capítulo