SELENA NARRANDO
Eu entro dentro do apartamento, chamando por ele.
Gabriel? Gabriel? – eu ando pelo apartamento, mas não o encontro.
Novamente tento ligar para ele só que continua caindo na caixa postal, eu ligo para o restaurante e nada, nem sequer chamava também o telefone do restaurante, começo a ficar preocupada com toda essa situação, em todos os meses junto de Gabriel ele nunca deixou de me atender, sempre me respondia quando precisava e hoje ele acordou muito estranho.
Eu pego a minha bolsa e vou até o restaurante, quando eu chego lá não tinha nem sinal de vida, tudo fechado, eu vejo o carro de uma imobiliária estacionando na frente.
Você veio para alugar o local? – O homem pergunta me vendo na frente.
Não, esse Restaurante é do meu noivo, deve abrir em algumas semanas.
Quem tinha alugado esse local, acabou de me ligar desistindo dele.
Como? – Eu pergunto espantada – Não, não deve ser engano, não deve ser esse local. Meu noivo tem um restaurante aqui, todo equipado.
Sim, ele vai vender os equipamentos, tudo que tem dentro para o próximo locatório, só estamos esperando encontrar alguém que queira abrir um restaurante nesse local.
O senhor está tirando onda comigo né?
Como, senhorita?
Esse lugar está alugado, meu noivo é dono dele, ele estava em reunião com fornecedores aqui.
Senhorita, ele passou com a mãe dele na minha imobiliária desistindo do local, não faz nem uma hora, estou com as chaves – ele me mostra as chaves.
Com a mãe dele? A mãe dele está morta.
Dona Tenório, está vivíssima – Quando o sobrenome dele sai da sua boca, chega a me dar tontura. – A senhorita está bem?
Esse é o cara que desistiu do restaurante? – eu pergunto mostrando a minha tela inicial.
Sim, senhor Gabriel – ele assente – Espera, você não sabia?
Eu falei com ele a algumas horas e ele me disse que estava aqui tendo uma reunião com fornecedores, ele me disse que a mãe dele era morta e que foi criado pelos tios – eu começo a falar sem parar e o moço me encara com um olhar de pena.
Ele saiu da imobiliária direto para o aeroporto – eu o encaro novamente sem acreditar no que estava escutando.
Você disse para o aeroporto?
Essas horas ele já embarcou.
Ele foi embora?
Sim, o que eu entendi é que ele – ele me encara e eu encaro.
É que ele o que?
Olha, eu sinto muito falar isso. Só que a mãe dele deixou bem claro que estava levando o filho dela embora porque ele caiu no golpe da barriga com uma garota.
Golpe da barriga? Ele foi embora? – eu começo a questionar tudo que aquele homem me disse. – Ele me abandonou sozinha em Paris?
Eu sinto muito por te dar essa notícia – ele fala – A senhorita se chama – ele pega seu celular – Selena Hunner?
Sim, sou eu.
Ele deixou o apartamento em que você mora, com os aluguéis pagos para o próximo dois anos.
Isso é uma pegadinha, não é? Cadê o Gabriel? Quando ele vai aparecer aqui para dizer que vocês estão caçoando de com a minha cara? Ele está dentro desse carro – eu aponto para o carro.
Não, senhorita. Ele foi embora, embarcou não faz muito, cancelou o contrato desse local.
Ele começa a falar as coisas e eu saio andando pelas ruas, ele começa a me chamar mas eu não o escuto, eu vou andando e tentando ligar para ele mas ele não me atende, como ele me abandona sozinha em Paris? Como ele é capaz de fazer uma coisa dessa? Eu volto correndo para o nosso apartamento com a esperança que fosse mentira.
Eu entro dentro do apartamento que nem uma maluca, correndo até o quarto e entrando no closet e encontro tudo vazio, eu começo a chorar ainda mais, minhas mãos tremiam, eu abro gaveta por gaveta e nada tinha, está tudo vazio, eu olho para cima da cama e vejo uma pequena maleta encima, eu me aproximo lentamente e quando abro ela, eu não acredito no que eu estava vendo.
‘’ Não me procure nunca mais Selena, você tentou me dar o golpe da barriga. Se realmente você tiver grávida, aqui tem o suficiente para você viver tranquila, não me procure, não ouse fazer isso. Se você fizer isso, eu tiro essa criança de você.’’
Eu jogo aquela mala longe, fazendo com que o dinheiro se espalhe por todo aquele quarto.
Seu filho da mãe – eu falo gritando – não pode ser, não não pode ser. Eu nunca quis dar o golpe em ninguém.
O meu nervosismo era tão grande, que eu começo a passar mal, eu corro para o banheiro e começo a vomitar, eu mando mensagem para o número dele mas nem chega as mensagens que eu envio, ele tinha me abandonado aqui sozinha, em outro país.
Como ele pode achar que eu seria capaz de dar o golpe nele? Como eu acreditei que ele me amava e que ele queria ficar comigo? Agora estou aqui no outro lado do mundo, sozinha e grávida e sem saber o que fazer.
Depois de um tempo jogada no chão da sala, tentando entender o que tinha acontecido, a porta é aberta e era Mariana.
Meu Deus – ela fala correndo em minha direção.
Ele me abandonou.
Eu não acredito que ele fez isso com você.
Ele fez. Ele disse na mensagem que eu dei o golpe da barriga nele, eu nunca faria isso.
Ele é um idiota, para onde ele foi?
Eu não faço idéia, o cara da imobiliária não quis me dizer nada, ele colocou para alugar o restaurante.
Do nada? Do nada ele fez isso tudo? Em algumas horas? Parece que ele já tinha tudo planejado.
Sabe o que o cara da imobiliária me disse?
O que?
Que ele tinha a mãe dele junto dele, a mãe dele.
A mãe dele não era morta Selena? – ela pergunta espantada.
Ele disse que sim! – eu olho para ela e ela limpa as lagrimas – o que eu vou fazer? Ele me deixou dinheiro para viver uma vida tranquila, como vou voltar para o Brasil e dizer para minha vó que eu fui enganada, voltar grávida?
Você não vai voltar – ela fala.
Você está louca? Como vou ficar aqui sozinha? – eu pergunto.
Você tem a mim, não vai desistir da sua bolsa da faculdade, de se formar.
Como vou sobreviver com uma criança?
Você não disse que ele deixou uma mala de dinheiro, então use.
E o apartamento pago durante dois anos.
Então – ela fala – você vai desistir dos seus sonhos por causa daquele filho da puta? Eu não vou admitir que você volte para o Brasil.
Ele me abandonou.
Quem perdeu foi ele.
Eu estou grávida – eu falo para ela – grávida na França.
Dupla cidadania – ela me encara dando de ombros e eu nego com a cabeça.
SELENA NARRANDODois anos depois....Eu desço do ônibus correndo para chegar a tempo de deixar Betina na creche, ela dava risada enquanto seu pequeno corpo balançava em meus braços. Sim, eu continuo em Paris. Mariana foi a chave peça que me fez continuar com os meus sonhos, um pouco mais de um ano e meio eu estaria me formando na minha faculdade e agora estava procurando um emprego na minha área, durante esses dois anos eu usei o dinheiro que aquele traste do Gabriel tinha me deixado, depois comecei a trabalhar meio período e estudar no outro turno que Betina ainda estava na creche e assim consigo me manter com ela por aqui.Betina – A professora fala abrindo um sorriso para ela e Betina acena com a mão. – Selena, mais uma vez quase atrasada novamente.Me perdoe professora, é que é bem corrido, o ônibus passa muito em cima do horário.Por que não pensa em arrumar uma escola mais perto da sua casa?Porque o meu serviço e minha faculdade são aqui do lado, eu não conseguiria chegar a tem
Thiago NARRANDOEu estaciono o carro na frente do jatinho e meu pai desce junto comigo, o piloto começa a tirar as minhas malas e subir para o compartimento de mala do jatinho, eu entrego as chaves para o meu pai.Tenha paciência com sua mãe, você sabe como ela é. – Meu pai fala.Mamãe morre de medo que um de nós fracasse ou faça algo de errado e saia nas revistas.É por isso que ela passa tanto a mão na cabeça do seu irmão e eu sou totalmente contra isso – ele fala.Gabriel parece que está bem papai, com seus restaurantes.Algo aconteceu quando ele esteve fora, a viagem repentina dele para o Brasil e depois vai saber de onde sua mãe trouxe ele.O importante é que agora ele está em casa com a gente. Qualquer coisa me avise e cuide bem do meu carro.Boa sorte meu filho, eu tenho orgulho de você – ele bate no meu ombro e a gente se abraça.Enquanto o jatinho decola, eu vou pensando na minha família, não seria fácil ficar longe deles, eu sempre fui um homem muito da minha família, com po
SELENA NARRANDOAinda sem acreditar sobre a oportunidade que eu acabei de receber, eu saio da faculdade correndo para cafeteria para informar que não trabalharia mais lá, porque tinha conseguido um novo emprego, começa cair uma chuva fina e eu apresso os meus passos.Chegou cedo hoje, por quê? Está pensando em sair mais cedo ou querendo que eu pague horas extra – Mitch que era chines e era dono da cafeteria fala.Não, senhor Mitch. Eu vim informar que não vou mais trabalhar mais aqui.Como?Isso mesmo, eu consegui uma vaga em uma área de Marketing e vou ter que começar amanhã.É isso que dar ficar empregando estrangeiro, larga a gente na mão na primeira oportunidade.O senhor nunca assinou minha carteira, não paga os meus benefíciosVocê é mãe solteira, precisa do emprego e você acha que eu estou errado?O senhor paga uma miséria e explora todos os estrangeiros que estão aqui.Essa empresa que te contratou, vai te demitir em dias e você vai voltar pedir emprego aqui.É um absurdo o qu
Capítulo 8THIAGO NARRANDOEla fica paralisada me encarando e eu tento quebrar o clima que tinha ficado, eu abro um sorriso e me aproximo dela.Ela não ficou não – ela me responde. – Apenas ficou assustada comigo, eu peço desculpa. Eu não estava no melhor dia.Ninguém quer ficar ensopado porque um estranho passa com o carro em cima de uma poça de água, ainda mais naquela chuva toda – eu falo.Serena – ela fala estendendo a sua mão.Thiago – eu falo apertando a sua mão – será um prazer trabalhar com você Serena, Frederico falou muito bem de você.Espero poder retribuir todas as expectativas de ambos.Ele disse que você é Brasileira, mora a quanto tempo na França?Um pouco mais de dois anos.Sua filha é francesa?Sim, senhor.Por favor, senhor não. Você me fez sentir um velho me chamando de senhor.Perdão, é que quando pequena se eu chamasse alguém por você, minha vó me colocava de joelhos no milho – eu abro um sorriso para ela.Sua vó parece minha mãe.Então, ela deve ser legal.É – eu
Selena NARRANDOEu desço do carro com a Betina emmeus braços, eu me abaixo quando coloco ela no chão.— Você precisa se comportarão?— Está bom – ela responde— A mamãe está a trabalho e você precisase comportar, se você se comportar a mamãe te dar aquela boneca que você tantogostou.— Oba – ela fala pulando e depoisencara Thiago – ele vai?— Eu vou sim – ele responde paraela.— Eu ainda acho que podemos desistirdesse jantar e você ir sozinho, você é o Ceo e pode apresentar sozinho.— Você que elaborou o projeto, euquero você junto comigo apresentando-o – ele fala sorrindo.— Vocês têm reserva? – Um homempergunta.— Sim, em nome de Thiago Bragança –ele fala.O metre nos acompanha até a mesa elogo pega uma cadeirinha para Betina, a mesma se senta e começa a conversar ummonte de coisa nada ver, eu entrego seu brinquedo favorito de desenhar e elacomeça a desenhar sem parar. O silêncio toma conta da mesa e confesso que nãoestava tão confort
Selena NARRANDOEu acordo cedo, para não atrasar a entrada da Betina na creche, elaacorda resmungando e depois abre um sorriso quando ver o café da manhã na cama.Eu tentava suprir todas as necessidades que a minha filha tinha, até porque eraeu e ela apenas, eu a tratava da forma que eu queria que quando ela crescesse,ela não aceitasse menos que isso, mas iria fazer ela ser inteligente para nãoacreditar em nenhum Gabriel. Hoje, eu não me arrependo da minha gravidez,Betina se tornou tudo na minha vida e eu não consigo imaginar a minha vida semela.— Bom dia, Betina – A professora fala – é uma dasprimeiras a chegar hoje.— Eu já posso receber a carteirinha da mãe do ano? –eu sorrio.— Vocês são uma graça, sabia?— Eu prometo que não atraso mais e busco ela nohorário.— Eu te entendo, sei que não é fácil. Mas, precisoseguir as regras da escola.— Eu sei, você é maravilhosa para Betina.— Tchau mamãe – ela fala sorrindo— Tchau meu amor, até a noi
Capítulo11Selena NARRANDOEle me leva até a cafeteria onde eu trabalhava e eu paraliso na frentedela e ele me encara sem entender.— Está tudo bem?— Eu não sei se eu quero entrar aqui. – Eu falo— E por que você não quer entrar aqui? – ele pergunta– o café é bom.— Eu trabalhava aqui – ele me encara – e quando vimpedir demissão, ele me humilhou me dizendo que só consegui o emprego porque erabonita.— Ele tem razão – eu arregalo os olhos – você é linda,mas não conseguiu o emprego por causa disso, até porque eu te contratei àscegas.— Você está flertando comigo? Esqueceu que você émeu chef.— Vamos tomar café em outro lugar – ele fala e eu oacompanho.A gente compra algumas coisas e nos sentamos na frente da torre paratomar o café, ficamos ali observando a torre e os casais apaixonados, famílias.— A última vez que eu estive em Paris eu deveria teruns 15 anos – ele fala.— Faz tempo? – eu pergunto— Uns 14 anos – ele fala— Você só
Thiago NARRANDO— Mamãe, fique tranquila. Estou muito bem – eu falona chamada de vídeo.— Você faz falta aqui – ela suspira no outro lado –você não quer voltar antes do Natal?— Irei para o Natal, eu prometo. As coisas aqui estãofluindo muito bem.— Fico feliz. Eu vi sua campanha para aquela empresado suco de laranja, aliás eu amo aquele suco.— Conseguimos conquistar ela e muitas outrasempresas.— Eu tenho orgulho de você – alguém chama ela – eu precisoir, tenho aula de Yoga e depois algumas fotos para fazer.— Tchau mamãe, eu te amo.— Eu também meu filho – ela desliga a chamada.Eu abro o computador vendo os números da empresa aqui na França e cadavez estava crescendo mais e mais, todos os colaboradores aqui dentro estãofazendo um papel incrível e como estamos completando, dois meses de empresaaqui na França, eu resolvi dar uma festa de boas-vindas e de parabéns pelasmetas batidas e seria essa noite. Meu pai sempre me ensinou a valorizar a