Charles estava bebendo água quando ouviu Benjamin falando sobre voltar para casa para cozinhar. Ele quase se engasgou com a água, contendo uma tosse. — Benjamin, você tem certeza de que está com a cabeça no lugar? Se houver algum problema, peça para Vivia dar uma olhada, não atrapalhe minha irmãzinha.Olívia estava sentada no sofá, com as pernas cruzadas, observando Benjamin com um olhar de desdém.— Ora, ora, você está virando um bom moço depois de uma vida de bagunça, hein? Bem, é quase como se uma ex-prostituta se tornasse uma pessoa direita. Dá até pra respeitar.— Ah, eu... Eu estou um pouco nervoso, é a primeira vez que faço isso. — Benjamin, com seus 28 anos, nunca havia sequer visto a cozinha de casa.— Benjamin, não se force demais, ok? — Samara puxou a borda da camisa dele, um pouco preocupada.Olívia fez uma expressão de desconfiança.— É, você pode arriscar a sua vida se quiser, mas não leve minha Samara com você.Charles apertou os lábios e acrescentou:— Se o óleo começa
Porque a mulher dela era capaz de fazer qualquer coisa. Mas não importava, não importava o que ela fizesse, ele a apoiaria e a protegeria.— Eu sei que você quer se vingar, mas não é preciso apressar as coisas. O verdadeiro culpado não vai escapar. — Disse Charles.Os lábios corados de Olívia se curvaram para baixo, e seus olhos brilharam com uma emoção diferente. Na verdade, havia outro motivo que ela não podia revelar e que nunca diria na frente dele.O motivo era que o agressor, o vilão que se escondia atrás das sombras, quase havia matado Charles. Se não fosse por Priscila, Charles teria estado em sérios apuros.Essa raiva havia se acumulado no peito dela por vários dias, atormentando-a ao ponto de não conseguir dormir bem nem comer direito. Se não se vingasse logo, ela mesma explodiria de frustração!— Charles, embora você tenha bloqueado esse golpe para mim e para tia Glória, no final das contas, isso é um problema da nossa família Bastos. Você deve se concentrar em se recuper
Após se apaixonar por Olívia, Charles percebeu uma coisa. Olívia era como um ouriço: sempre com uma expressão fechada e espinhos por todos os lados, mas, na verdade, seu coração era macio, sincero e gentil.Ele não tinha mais nada que pudesse atraí-la. Só podia, sem vergonha, usar táticas de sofrimento para ficar ao seu lado, agarrando cada momento que pudesse.Antes, era ela quem estava ao seu lado, fazendo sacrifícios para ficar perto dele, aproveitando cada segundo. Agora, era a vez dele sofrer.No final das contas, Olívia não conseguiu sair do quarto e optou por ficar.— Não me entenda mal, não estou ficando porque você está me pedindo, mas porque prometi ao vovô Haroldo e a Samara que cuidaria de você. — Olívia tomou coragem e se levantou da beira da cama. — Vou descansar na sala ao lado. Se precisar de algo, me chame, e eu venho.Os olhos de Charles estavam profundos, e ele agarrou a mão macia dela.— Vivia, durma aqui esta noite.— O sofá é desconfortável, não vou conseguir dor
Ao lembrar dos tempos em que ainda estavam casados, Charles se dava conta de que nunca tivera paciência com Olívia. Quando ela tomava banho, achava que ela demorava demais. Quando cuidava da pele, achava um incômodo. E quando ela preparava um banquete, ele apenas via isso como uma perda de tempo...As cenas do cotidiano, aquelas pequenas coisas que aconteciam dia após dia, passavam diante de seus olhos, e cada lembrança fazia seu coração doer profundamente.A porta do banheiro se abriu. Olívia saiu com os longos cabelos enrolados em uma toalha branca, com o rosto fresco e radiante, ainda com um leve vapor de água. Ela caminhava com uma aura de serenidade.Os olhos de Charles se arregalaram ao ver aquele rosto jovem, belo e cheio de vida. Seu coração bateu acelerado e a garganta se contraiu.— Você ainda fica mais bonita sem maquiagem.— Já ouvi isso antes, não precisa ficar repetindo. — Olívia segurou a toalha na cabeça e se sentou no sofá, com um olhar meio frustrado. — E, se você não
Do lado de fora, o vento cortante do inverno soprava forte. Dentro do quarto, o silêncio predominava, criando um ambiente acolhedor e confortável.As camas dos dois estavam próximas uma da outra. Embora houvesse um espaço considerável entre elas, Charles já sentia como se estivessem compartilhando a mesma cama. Além disso, Dante foi especialmente perspicaz e aproximou as camas o máximo possível.Quando Olívia percebeu, já era tarde demais. Os três haviam saído rapidamente, e ela sozinha não conseguiria mover a cama. Deixaram Charles, seu ex-marido, ali, fraco e incapaz de ajudá-la.Olívia deitou-se de costas na cama, fechou os olhos e respirou de forma uniforme. Charles também estava deitado de costas, respirando o aroma suave dos cabelos dela. Seu coração acelerava, e o teto simples parecia estar coberto por estrelas românticas e brilhantes.Suas mãos estavam quentes e húmidas, e seus dedos tremiam ligeiramente enquanto se moviam em direção a Olívia...— Fique quieto. — A voz clara
Breno, cheio de culpa, não parava de se desculpar:— Desculpe, Srta. Olívia. Desculpe, é minha falha cuidar da Srta. Hebe. Me puna como achar melhor.— Irmã... Irmã, não castigue o Sr. Breno! Ele já está muito cansado e fez o máximo que pôde para me cuidar. Por favor, não o culpe, tá? — Hebe, com o rosto pálido de medo, implorava para que Breno não fosse punido.— Hmph, erro é erro. Breno, sua punição é levar Hebe para passear, jantar no melhor restaurante de Matear e depois levá-la para a confeitaria que ela mais gosta. Só pode voltar para casa quando escurecer, entendeu? — Olívia dizia com uma expressão firme e inflexível.Hebe ficou atônita:— Irmã, irmã...Breno, com o coração apertado e um sorriso suave nos olhos, olhou para Hebe:— Srta. Hebe, hoje você terá que aguentar isso.Isso não era um castigo. Poder ter um encontro a sós com Breno era algo que Hebe jamais tinha imaginado, nem em seus sonhos!Mas...— Hebe, não se preocupe. — Olívia percebia o que Hebe estava pensando e ac
Maia não ousava incomodar Bernardo, pois sabia muito bem que ele nutria um profundo ressentimento contra ela e contra a família. Apesar de ter dedicado sua vida àquele lar e de amar Érico e seus filhos com sinceridade, aos olhos de Bernardo, ela sempre foi a terceira pessoa que quebrou o princípio da monogamia do pai dele. Foi somente depois dela que Érico teve Glória e Aurora.Se ela não tivesse sido a intrusa, talvez Érico não tivesse tantas mulheres em sua vida.O primeiro a aparecer sempre carrega o maior peso de críticas e pressão, sentindo uma enorme culpa.— Não podemos perder tempo. Vou ligar para Gabriel agora mesmo.Sempre que Olívia pedia algo, Maia fazia questão de resolver imediatamente. Pegou o celular e ligou para o sobrinho.Após alguns toques, uma voz jovem e clara atendeu do outro lado da linha:— Tia, quanto tempo! Eu estava com saudades!— Gabriel, você anda muito ocupado? Não é que você tenha esquecido de me ligar, né? — Maia fingiu um tom de reprovação.— Como po
— Você sabe para quem acabou indo o coração que deveria ser transplantado na filha deles? Para o filho de Jacó, um figurão da Yexnard! E aquela pobre menina acabou morrendo em agonia, esperando por outro doador que nunca chegou!A indignação de Gabriel, palavra por palavra, era como uma lâmina, e Olívia sentia uma dor profunda ao ouvir. Ela também era médica e podia compreender perfeitamente a angústia dele.— Gabriel, eu entendo como você se sente, mas...— Tia, minha regra é clara: eu nunca, jamais, atendo oficiais, magnatas ou ricos poderosos. Eles têm dinheiro de sobra, podem encontrar qualquer médico que quiserem. Eu sou temperamental e difícil de lidar, meu tratamento pode acabar sendo uma sentença de morte. É melhor procurar outro especialista!Maia abriu a boca para falar, mas antes que conseguisse dizer algo, Gabriel já tinha desligado o telefone.— Vivia, me desculpe. Meu sobrinho... Nem os pais dele conseguem lidar com ele, eu realmente não tenho o que fazer. — Maia suspirou