— Mãe, não se preocupe. Eu tenho uma solução. — Chica sussurrou no ouvido dela. — Você pode usar uma fralda geriátrica. Assim, não terá com o que se preocupar!— Fra-Fralda? — Tânia ficou vermelha de vergonha.— Além de mim, ninguém vai saber. Pode usar sem medo! O papai mal começou a mudar de ideia sobre você, e esse evento do hipódromo é a chance perfeita para você brilhar, estar deslumbrante, e reconquistar o coração dele!Era verdade. Chica tinha razão. A oportunidade era rara, e Tânia precisava se esforçar para restaurar sua relação com Felipe.— No fim das contas... Vai ter que ser assim mesmo.Fralda geriátrica ou não, ela precisava fazer isso. Afinal, adultos usavam fralda em casos especiais, não era algo tão incomum. Enquanto Chica mantivesse o segredo, ninguém jamais saberia.— Mãe, será que você poderia me ajudar com uma coisa? — Chica aproveitou o momento para fazer um pedido.— Sua pirralha! Já vem você com condições de novo? — Tânia a encarou com raiva. Achava que sua fil
Charles guardava com carinho o terno que Olívia tinha feito para ele. Estava cheio de marcas do tempo e de batalhas, mas ninguém podia tocar nele. Agora, ele queria um novo. Algo que simbolizasse um recomeço, um início promissor ao lado dela.— Você realmente gosta das roupas que eu faço? — Olívia perguntou, piscando seus grandes olhos brilhantes. Seus dedos traçaram uma linha suave no queixo dele. — Eu posso fazer outro, mas se não for seu estilo, não precisa usar, tá? Não quero que você se force a nada, nem mesmo por uma roupa.Charles sentiu um nó na garganta. Seus olhos ficaram subitamente húmidos.Ele ficou em silêncio por um tempo, lutando contra a emoção que ameaçava transbordar. Finalmente, com a voz rouca, ele disse:— Sempre gostei das coisas que você faz. Eu era teimoso e imaturo, não sabia reconhecer isso na época. Vivia, eu sei que estou pedindo muito, mas... Será que posso ter uma segunda chance?— Não é tão sério assim. É só um terno. — Disse ela com um sorriso leve. Ol
As três tias tinham ido a uma festa, e depois, eufóricas, foram fazer compras e marcar presença num famoso café da tarde antes de voltarem satisfeitas para a Villa Werland.Para quem olhava de fora, a relação delas podia parecer complicada. Muitas pessoas imaginavam que as três viviam numa eterna disputa, competindo pela atenção de Érico. No entanto, a realidade era outra: elas se davam tão bem que pareciam amigas de longa data. Às vezes, até Olívia sentia uma pontinha de ciúmes da amizade que elas compartilhavam.Érico, com certeza, devia ter salvado a galáxia em outra vida para, nesta, ter essas três mulheres tão dedicadas a ele.— Puxa! Vocês saíram para se divertir e nem me chamaram! Fiquei chateada, viu? — Olívia reclamou, sentada no balanço do jardim, com os pés tocando levemente o chão, balançando-se com a leveza e a jovialidade de uma menina.— Ah, nossa querida Vivia! Não é que não quisemos te chamar! — Aurora aproximou-se e abraçou Olívia carinhosamente por trás, tentando apa
Após alguns segundos, as três tias assentiram com a cabeça ao mesmo tempo.— Agora entendi. Seu pai não explodiu a família Marques e não transformou o Charles em um saco de pancadas... Isso é o que eu chamo de pegar leve. — Disse Aurora, com um tom de ironia.Mas antes que pudessem continuar a conversa, o mordomo apareceu apressado:— Srta. Olívia, o Sr. Érico voltou. Ele pediu que a senhorita fosse até o escritório.— Entendido.Olívia respirou fundo e começou a caminhar em direção ao escritório. As três tias, com medo do que Érico poderia fazer, insistiram em acompanhá-la.No escritório, Érico estava sentado no sofá, com uma expressão sombria, tomando seu café.Normalmente, os encontros entre pai e filha eram leves, cheios de brincadeiras e risadas. A atmosfera sempre era alegre e calorosa. Mas, naquele momento, o ar estava pesado e tenso, algo raro entre eles.— Quero falar com a Vivia sozinho. Por que vocês vieram atrás? — Érico lançou um olhar descontente para as três mulheres e c
Depois, soube-se que a garota saiu da escola três dias depois. A família dela faliu, seu pai foi preso e, sabendo que havia ofendido a filha de Érico, a mãe, tomada pelo medo e desespero, adoeceu gravemente e não resistiu, vindo a falecer.Era evidente que o fato de Érico não ter tomado nenhuma atitude contra Charles até agora já era um verdadeiro milagre. E esse milagre só aconteceu por causa de sua filha.Se não fosse por Olívia, que repetidamente implorava para que ele não fizesse nada contra Charles, Érico já teria mandado alguém acabar com ele! Talvez nem precisasse sujar as mãos, Gilbert e os outros já teriam dado fim ao rapaz há muito tempo!— Pai, o fracasso do meu casamento com o Charles... Eu também tenho minha parcela de culpa. — Disse Olívia, com uma seriedade que mostrava o quanto ela estava comprometida com esse sentimento. — Fui eu que, naquela época, insisti demais em ficar com ele, que queria tanto tê-lo ao meu lado. Mesmo sabendo que ele não me amava, eu forcei esse c
Olívia pegou um dos frascos de remédio e, ao ler o rótulo, ela ficou paralisada, levando a mão à boca, enquanto as lágrimas ameaçavam cair.— Derrame cerebral...— É o remédio para tratar derrame, um dos novos medicamentos desenvolvidos pelo Grupo Souza. A produção anual é muito limitada, e muitos pagam fortunas para consegui-lo. — Maia olhou para Érico, que ainda mostrava sinais de dor, e não conseguiu esconder seu sofrimento. — Mas, desde o início deste ano, o remédio já não está surtindo tanto efeito. Na verdade, no começo do ano passado, seu pai teve dois episódios, e foi o remédio que o salvou.— Vocês... Todos sabiam? Só eu não sabia? — As lágrimas começaram a cair dos olhos de Olívia, seu coração se partindo em pedaços.— Não, nem o Gilbert nem o Pietro sabem. Seu pai proibiu a gente de contar a vocês, com medo de que ficassem preocupados, com medo do que poderia acontecer.Maia também se ajoelhou ao lado de Érico, pegando um lenço delicado para limpar o suor frio da testa dele.
Os cílios de Olívia lançavam sombras sobre seus olhos baixos.Antes, ela acreditaria que Diogo realmente estava preocupado com seu pai. Agora, só conseguia ver a malícia por trás de cada gesto. Ele havia sido capaz de tentar matar sua irmã e seu cunhado. O que seu pai representaria para ele?Diogo sempre fora cruel. Apenas a cobiça que sentia por Olívia o impedia de tomar qualquer atitude contra ela. Até satisfazer seus desejos, ele não ousaria machucá-la.— Meu pai está bem, está em casa, cheio de energia. — Disse Olívia, com um sorriso frio nos lábios. — Ele come demais e tem um estômago sensível, vive comendo o que não deve. Aposto que foi só uma dor de barriga. Não é nada sério. Pode ir embora.— É mesmo? Mas eu o vi, Vivia. Ele estava com uma aparência péssima, e a dor de cabeça parecia muito forte. Não pode ser algo como um derrame...— Sr. Diogo, você está desejando a morte do meu pai? — Olívia interrompeu, sua voz afiada como uma lâmina. — Ou você só está tentando descobrir alg
Os olhos de Diogo se encheram de lágrimas, e seus lábios ficaram pálidos de tanto que ele os mordia.Ele havia se encaixado perfeitamente no papel de vítima, de alguém injustiçado pelo mal-entendido com a pessoa que mais amava. Estava tão imerso no personagem que esquecia que todos os problemas que Olívia enfrentava vinham dele.Olívia o encarava, seu olhar impenetrável, mas com emoções conflitantes borbulhando por dentro.— O que aconteceu? Vivia, o que fiz para você pensar assim de mim? Se você quer me ver morto, pelo menos me diga o motivo, para que eu possa morrer em paz! — Diogo suava frio, sentindo a pressão aumentar.Ele, sempre tão controlado e altivo, nunca estivera tão desamparado.Olívia sabia que não obteria respostas. Ela só queria pressioná-lo, colocar medo nele e talvez fazê-lo cometer um erro. Também queria, de uma vez por todas, deixar claro que não restava mais nenhuma esperança para ele. Nem mesmo amizade.— Tudo bem, se você não quer falar sobre Mateo, vamos falar s