Um jovem casal apaixonado vive um caloroso romance em solo capixaba. De um lado, além do rio Santa Maria, está Guaraci, um jovem temininó. Do lado cariaciquense, está Jaciara, representante dos botocudos.
O casal se conheceu quando suas tribos cruzaram o rio Santa Maria juntos, num lugar chamado Jacuí (rio de Jacu – uma ave muito comum na região). Pela terminologia indígena, acredita-se que o nome do rio Santa Maria era Jacuí. Contudo, carece de fontes históricas para confirmar essa informação.
O local era muito visitado pelas duas tribos que buscavam as águas mais limpas. Ao redor do rio Santa Maria, as águas se mostravam mais turvas. Somente ali no encontro com a Baía de Vitória é que as águas se mostravam mais limpas, no encontro com rochas depositadas nas margens.
Ambas as tribos visitavam normalmente o lugar, sem que houvesse disputas de espaço. Apesar da rivalidade entre elas, aquele local era dividido sem brigas. Cada tribo tinha um horário específico para buscar água ali.
Num desses encontros, Guaraci e Jaciara se conheceram. Ele estava descansando com sua tribo, enquanto ela buscava água com os botocudos. Jaciara retirava água com uma cuia, feita com fruto seco da cuieira (cuietê), quando ergueu sua cabeça e seus olhos cruzaram o horizonte. Ali estava Guaraci, de pé, postura firme e olhar fixo, seus olhares se cruzaram de forma penetrante.
Em seu interior, Jaciara sentiu um desejo ardendo como uma fogueira acesa, seu corpo já estava fervilhando em chamas num desejo que ela nunca teve antes. Guaraci permaneceu firme, imóvel, seu olhar não se desviou nenhum segundo. Até que um sorriso mútuo os conectou numa atmosfera de emoção sem igual. Não sabiam o que estava acontecendo, mas tinham a certeza de que era algo muito bom.
Mas esse clima diferente entre os dois logo foi quebrado. Jaciara tinha que seguir trabalhando, retirando água para sua tribo e Guaraci tinha que voltar com sua tribo para sua aldeia.
O Sol se punha por detrás da mata e a Lua na companhia das estrelas dava seu brilho. Os olhos de Guaraci refletiam a luz da Lua que acendia nele uma paixão desconhecida. Quem era aquela menina que o encantara às margens do rio? Ele desconhecia sobre a sua identidade, mas sabia que seria difícil alimentar um romance entre tribos rivais.
Jaciara estava exausta de tanto retirar água. Agora estava voltando com o seu povo para suas terras em Cariacica. Apesar do cansaço, aquela jornada valeu a pena, pois encontrou um jovem alto, formoso, com um belo sorriso no rosto. Não sabia o que era paixão, mas estava apaixonada por aquele olhar.
Demoraria um pouco para que os jovens se reencontrassem. Nem sempre os botocudos retiravam água ali em Jacuí. Também não era muito comum as duas tribos permanecerem “juntas”, dividindo o mesmo espaço por muito tempo, pois eram inimigas.
Cerca de duas semanas depois do primeiro “encontro” dos jovens, eles se reencontram novamente às margens do Jacuí (Rio Santa Maria). Ali estavam as tribos revezando para buscar água. Os botocudos, como sempre, ficavam pra depois.
Guaraci olhou atentamente para a sua amada. Era uma jovem de cabelos longos que batiam na cintura, sempre soltos sobre o ombro. Seu corpo jeitoso mostrava suas belas curvas que faziam dela uma linda garota à flor da idade.
– Guaraci. Guaraci! – Chamava sua mãe. Guaraci estava entorpecido com a beleza de Jaciara, que ele exaltava com um brilho no olhar e tamanha admiração. – Vamos, já está ficando tarde. – Chamou-o novamente.
Os temininós já estavam regressando para a aldeia, enquanto os botocudos ficariam por ali mais um tempo. Guaraci queria poder passar mais tempo à vista de sua amada, mas o tempo era curto e precisavam partir. As mulheres do seu povo ainda iriam preparar o mbyú (beiju) como refeição antes de todos irem dormir.
Ao caminhar de volta com sua tribo, Guaraci passou por Jaciara. Ela o viu. Os dois ficaram namorando olhares e se despediram com um lindo sorriso. Era tudo o que, por enquanto, poderiam ter.
Mais uma noite estrelada, a brisa batia levemente pelo rosto de Guaraci que sentia seu coração palpitar bem forte, inquieto em seu peito. Estava deitado sobre a relva, pensando no rosto de sua amada. Queria buscar um jeito de poder encontra-la, falar com ela, passar um tempo a sós com ela. “Ah, isso seria impossível!” – pensou.
Na verdade, não há nada impossível quando dois corações se amam de verdade e estão dispostos a lutar por um grande amor. Valeria muito a pena arriscar por um encontro às escondidas.
Do lado dos botocudos, começam a aprontar os corantes para a manhã seguinte. Eles pintariam seus rostos. Geralmente faziam isso em duas ocasiões: em caso de festa ou guerra. Tudo indicava que estariam anunciando uma guerra, pois não estava em época de nenhuma cerimônia festiva.
Em caso de guerra, o alvo seria a tribo do jovem Guaraci. E isso se justificava por causa da disputa pela água em Jacuí.
Essas guerras não eram pré-anunciadas. Portanto, o exército inimigo sempre era pego de surpresa. Seria um tanto arriscado enfrentar os valentes temininós.
Os jovens guerreiros da tribo dos temininós eram bravos valentes, de estatura maior da dos botocudos. Estes precisariam de uma boa estratégia para vencê-los.
Um novo amanhecer os esperava. Jaciara despertou logo cedo, junto com o nascer do Sol, como de costume. As mulheres estavam bem ativas cuidando dos corantes que mais tarde seriam usados.
Um calafrio a tomou e a comida matinal queimou em seu estômago. Ela ficava assim sempre quando muito ansiosa ou preocupada com algo. E, sim, ela estava preocupada. Sua tribo declararia guerra contra a tribo de seu amado. Isso a deixava inquieta e bastante pensativa.
Juntou-se às mulheres para preparar as tinturas. O urucum, que era muito comum na região, era um dos principais corantes utilizados pelos povos indígenas. O açafrão e o jenipapo também eram bastante usados entre os indígenas.
Os botocudos também eram conhecidos como Aimorés. Suas características principais eram o hábito de usar um tipo de bambu taquara para confeccionar uma peça que ia em seus lábios. Os mais jovens nem sempre usavam esse adorno. Jaciara ainda não havia marcado a boca com o uso do botoque.
Raramente usavam tintura branca, dando preferência às cores preto (do jenipapo misturado à fuligem) e vermelho (do urucum).
Em seu sangue, os aimorés carregavam as origens polinésias. Um estudo do genoma de crânios de botocudos que viveram em Minas Gerais provou que o material genético deles era totalmente polinésio.
A origem e como chegaram no continente sul americano são ainda incertos. Supostamente, vieram da Polinésia atravessando o oceano Pacífico e atingindo a costa da América do Sul, onde se dispersaram. Talvez eles vieram de Tonga, onde era o centro da cultura polinésia.
A língua krenak, dos botocudos, carrega traços de idiomas malaio-polinésios. Tupã, Deus é chamado de Senhor (Tuhan) pelos malaios.
Pintar os rostos, como em dias de guerra, não significava que os guerrilheiros estariam prontos para o combate ou que já se levantariam para a guerra. Na verdade, estavam se preparando como num ritual de iniciação para a batalha. Não se sabia quanto tempo demorariam para investirem um ataque além do rio Santa Maria.
Os rapazes estavam pintados de listras pretas em seus braços e antebraços. Os seus rostos estavam tingidos de vermelho e preto em desenhos zebrados. Jaciara, apreensiva, desejava que um levante da sua tribo jamais ocorresse contra os temininós.
Ela queria, em breve, poder rever o seu amado com seu peito de fora, robusto, em sua vívida cor de pele, brilhando à luz do Sol. Desejava ter um tempo só com ele, longe dos demais, queria toca-lo, senti-lo. Isso só lhe era possível nos sonhos.
Era uma tarde quente. Jaciara enxugava seu rosto molhado de suor. Seu coração pulsava forte de esperança em reencontrar o seu amado. Ela sequer sabia o seu nome. Os dois não tiveram nenhum contato, mas o sentimento que alimentavam era o suficiente para inflamar a chama de uma paixão descontrolada que lhes arrebatava em pensamentos férteis.
Do outro lado do rio Santa Maria estava Guaraci e sua tribo. Todos muito tranquilos, despreocupados com qualquer ameaça. Fazia tempo que ninguém ousava enfrenta-los. Juntamente com os aimorés, eram os índios mais temidos da região.
Guaraci estava sentado sobre a terra, com a mão direita levada ao chão, onde usava a ponta do dedo indicador para fazer rabiscos na areia. Era um momento vago em que seus pensamentos viajavam até a aldeia dos botocudos.
Sua esperança era poder conversar com a jovem do povo inimigo – mesmo sabendo que seria uma tarefa arriscada. – longe da vista de todos. Ele estava disposto a arriscar sua própria vida com um encontro.
Demoraria uns dias para os botocudos se levantarem contra os temininós. Jaciara e as mulheres vão até Jacuí buscar água. Desta vez, os homens do povo não vão. Isso colocava em risco as mulheres, elas poderiam ser raptadas pelo povo inimigo.Era uma manhã quente. Saíram bem cedo, num grupo de cerca de vinte mulheres. Jaciara aprendia com as mais velhas sobre lendas e toda a sorte de assunto sobre mulheres.Estavam todas rindo às margens do rio Santa Maria quando alguns da tribo inimiga chegaram. Homens e mulheres e entre eles um rosto conhecido por Jaciara, era ele.Guaraci chegou e discretamente acenou para ela. A sua reação foi sorrir timidamente. Aquela manhã parecia mais tranquila do que o costume. As mulheres dos botocudos pareciam estar ali mais para se banhar do que coletar água. Jaciara comunicou suas companheiras de que ir
Alguns dias se passaram após os jovens botocudos serem pintados. Estavam prontos para a guerra e agora recebiam as ordens do cacique.Eles se levantariam bem cedo e atravessariam o rio Santa Maria para encontrar desprevenido o povo inimigo. Todos os jovens, rapazes, estavam convocados para a batalha.Ao ouvir isso, Jaciara entristeceu-se e uma lágrima ameaçou rolar por um de seus olhos. Ela não podia imaginar seu amado em perigo, correndo o risco de ser morto por seu povo. Ela queria fugir daquela realidade, mas deveria encarar sem saber o que fazer – se é que ela poderia fazer algo.Estava decidido. Os aimorés iriam se levantar contra os temininós logo cedo. Nada poderia mudar a decisão do cacique – que era a autoridade máxima do seu povo.Jaciara aguardava por notícias aflita. Os jovens do seu povo já haviam partido para as outras bandas d
No ano em que as caravelas portuguesas de Vasco Coutinho encontraram a costa capixaba, índios de todo o estado do Espírito Santo mantinham seu estilo de vida caçador-coletor. A preocupação com o meio ambiente era de grande importância para os nativos. Toda a Terra representava para eles a deusa mãe. Deveriam preservar essa grande casa, cuidando da manutenção do ecossistema.Antes da chegada dos portugueses, Cariacica era uma cidade de grande preservação ambiental. Muitas árvores cobriam seu relevo de morros, apresentando algumas campinas, onde muitas das lendas aconteciam.No dia 23 de maio de 1535, Vasco Coutinho, fidalgo português, desembarca no inexplorado solo capixaba. Agora o sossego dos povos nativos estava dando lugar a um cenário de disputa e negociação.Por volta de junho daquele ano, algo surpreendente tomou a atenção dos í
Ajaw estava viajando ao redor das Américas com seus companheiros. Precisavam espalhar o segredo milenar com mais povos e repartir os tesouros dos maias, pois temia ser apanhado pelos espanhóis. Não queria jamais que toda essa preciosidade se perdesse nas mãos dos europeus. Portanto, havia idealizado dispersar o tesouro com os povos. Isso não ocorreria apenas nas Américas como, também, bem distante dali, em Bali – na Indonésia.– Vejam. Temendo a destruição da história do meu wínik (povo) após a derrocada de nosso império para os homens brancos, decidimos separar os nossos mais nobres tesouros e reparti-los com os povos suku'un (irmãos). Trouxemos algo para vocês esconderem em locais extremamente protegidos e que não correm o risco de nunca serem violados. Vocês também não podem contar esse mukul ts
No ano de 2016, um jovem se aventurou na mata da Serra do Anil, às margens da BR-101. A mata é de vegetação rasteira, com gramíneas, algumas delas espinhosas, bromélias e algumas árvores.A área está próxima à pedreira, também se trata de uma área particular (sítio) inabitada. Não há praticamente nada ali.Mas a movimentação do jovem foi notada por quem se encontrava aos pés da serra, do lado de Cangaíba. Logo, informaram à polícia que alguém estava dentro da área particular.O jovem adentra na mata e começa a subir a serra. O local não apresenta marca de que foi visitado nos últimos dias. “Tudo indica que é um lugar de pouca importância.” – Pensou o jovem.De longe, se ouvia som de cachorros latindo, muito agitados. O som vinha d
GRAÚNA, agosto de 1998.Durante a noite do dia 12 de agosto de 1998, o céu foi iluminado por clarões. A Terra estava cruzando a trajetória do cometa Swift-Tuttle. O mesmo que ocorrera no ano de 1992, agora se repetia, sendo visto e narrado em Graúna – um bairro de Cariacica.As famosas estrelas cadentes são vistas todas as noites, solitárias, mas com pouca frequência. Quando há algum comportamento eletromagnético distinto ou quando ocorre alguma aproximação de um cometa, pode acontecer de as estrelas cadentes se mostrarem em maior escala.Uma chuva delas foi vista naquela noite, em Graúna. O interessante é que não somente foram vistos os fragmentos tocando nosso Planeta nos ares como, também, pedacinhos desses fragmentos tocaram nosso solo.Graúna foi atingido por algumas dessas pedras. Felizmente, ningué
OVNI NO MOXUARA, data incerta.Relatos de moradores do Vale do Moxuara nos falam de objetos voadores sobre o monte. Objetos se moviam aleatoriamente dentro das casas, pedras apareciam e desapareciam no telhado das residências. As histórias eram assustadoras e deixavam qualquer um bastante atemorizado.Um antigo morador da região relata que viu um homem correndo entre os canaviais de uma ponta para a outra. Quando buscou avista-lo novamente, não o encontrou. Em outro momento, o mesmo homem foi avistado, portando uma capa.Uma energia diferente paira sobre o Vale do Moxuara, local muito carregado eletricamente. Talvez ali estão enterrados tesouros milenares jamais desbravados pelos europeus. Há ali alguns pontos de conexão de objetos voadores, numa espécie de ponto de parada (pouso).Em fevereiro de 2020, um OVNI foi avistado em Cariacica, próximo ao monte Moxuara. O evento foi foto
REDEMOINHO DA ALDEIA DOS COCOS, data incerta.Na Aldeia dos Cocos, região rural de Nova Campo Grande, um grande redemoinho tomou conta duma tarde de final de inverno.O céu estava limpo e nenhuma nuvem de chuva. Geralmente os ventos fortes, do tipo de tornado, acontecem quando há uma grande nuvem de tempestade (mais precisamente do tipo chapéu) a uma altura próxima do solo.Mas naquela tarde, nenhuma das poucas nuvens no céu aparentava ser uma nuvem de tornado. O vento fresco passava forte a uma velocidade de aproximadamente cinquenta quilômetros por hora.Próximo aos coqueiros, às margens de um riacho, um redemoinho surgiu, espantando os poucos moradores do local.Do meio do redemoinho, surgiu uma figura como a de um homem de branco, de pele negra. Aquele indivíduo ficou no meio do redemoinho por cerca de trinta segundos até desaparecer. Os ventos fortes continuaram ao lon