Capítulo 5 Desembrulhe Seu Presente
Ponto de Vista de Scarlett

Eu não consegui me controlar. Mesmo sabendo que aquilo ia partir meu coração novamente, segui a figura de Lily balançando enquanto ela entrava no Hall da Matilha.

O vestido vermelho dela se ajustava às suas curvas, claramente escolhido de propósito para chamar atenção. Minhas mãos se fecharam em punhos enquanto a observava à distância.

O som dos saltos dela ecoava pelo corredor conforme se aproximava do escritório de Lucian. Sem sequer bater, ela empurrou a porta, deixando-a entreaberta.

Me encostei na parede ao lado da porta, meu coração batendo forte no peito.

— Já está com saudades de mim, meu poderoso Alfa? — A voz de Lily transbordava mel. — Trouxe uma surpresa especial para você... Adivinha de que cor é a minha lingerie hoje?

Meu estômago revirou novamente, senti uma náusea intensa, queria vomitar.

— Lily... — A voz de Lucian soava como um aviso, mas eu podia perceber o desejo por baixo dela. — Alguém pode nos ver.

— Que vejam — O som de tecido sendo mexido. — Querido, você não vai desembrulhar o seu presente?

Meu peito apertou enquanto a magia negra da maldição pulsava sob minha pele.

Eu deveria sair dali. Não deveria me torturar desse jeito. Mas meus pés se recusaram a se mover.

— Precisamos ser mais cuidadosos. — Lucian disse, sua voz rouca. — A reunião do conselho é daqui a uma hora.

O riso de Lily foi como vidro quebrando.

— Sempre tão responsável. Me diga uma coisa, meu Alfa... quem é melhor na cama, eu ou a sua preciosa Luna?

O silêncio que se seguiu fez meu coração parar.

Quando Lucian finalmente falou, sua voz estava fria e severa.

— Nunca se compare a Scarlett. — Ele rosnou. — Você não é digna de falar o nome dela.

Por um momento, a esperança bateu em meu peito como um pássaro ferido. Mas Lily apenas riu novamente.

— Ah, é mesmo? — O tecido se mexeu novamente. — Se você gosta tanto dela, por que continua voltando para mim? Por que geme o meu nome quando está dentro de mim?

— Lily... — A voz dele agora estava tensa. — Para...

— Parar com o quê? — A voz dela se tornou sensual. — Parar de te lembrar o quanto você me deseja? Parar de fazer isso?

A voz de Lily foi interrompida subitamente.

O som de uma pasta caindo no chão veio de dentro, enquanto Lily sussurrava em reprovação:

— Lucian, não seja tão rude.

Um gemido profundo de Lucian fez meu estômago revirar. Contra o meu melhor julgamento, me movi um pouco para espiar pela fresta da porta.

Essa cena ficou gravada em minha memória.

Lily estava deitada sobre a mesa de Lucian, o vestido vermelho caindo frouxamente ao redor de sua cintura. Lucian estava entre suas pernas, inclinado sobre ela, uma das mãos apertando seu seio. Os dois estavam colados, como dois cães no cio.

— Você me enlouquece com esses seus jeitinhos de vagabunda. — Ele gemeu, atacando o pescoço dela com beijos. — Não consigo resistir a você.

— Então não resista. — Ela ronronou. — Me pegue bem aqui, bem agora. Mostre quem é melhor, sua fraca e pequena Luna ou eu.

— Lily... Sua v*dia! — As mãos dele subiram mais pelas coxas dela.

Ele a penetrou com força e começou a estocá-la violentamente.

— Vai, Alfa. — Ela provocou. — Mostre o que um verdadeiro lobo pode fazer. Não como aquela desculpa patética de Luna que nem consegue se transformar.

A maldição aproveitou meu momento de fraqueza, enviando ondas de dor ardente pelo meu peito.

Cambaleei para trás, minha visão ficando turva.

— Isso mesmo. — A voz de Lily me seguia. — Me faça gritar seu nome. Deixe todo mundo saber quem é que você realmente quer...

Eles eram como dois vermes brancos se contorcendo juntos.

Meu marido, Lucian, o Lucian que sempre foi gentil e educado na minha frente, acabava de mostrar esse lado sujo e lascivo.

Os gemidos deles ecoaram nos meus ouvidos enquanto eu fugia pelo corredor.

Cada passo enviava novas ondas de agonia pelo meu corpo. As veias negras pulsavam violentamente sob minha pele, alimentando-se da minha dor.

Mal consegui chegar ao carro, praticamente caindo no banco de trás.

Senti minhas mãos tremendo.

— Luna Scarlett? — O rosto preocupado de Tommy apareceu no espelho retrovisor. — Está bem? Você está pálida como a morte!

Eu mal conseguia respirar de tanta dor.

— Estou bem... só me leve para casa. E Tommy... não conte ao Alfa que eu estive aqui.

Ele hesitou, a preocupação clara nos olhos.

— Claro, Luna. Mas devo chamar o Dr. Kane?

— Não! — A palavra saiu mais dura do que eu pretendia. — Só... para casa. Por favor.

A viagem de volta foi uma tortura. Cada buraco na estrada enviava novas agulhadas de dor pelo meu corpo amaldiçoado. Mas pior do que a dor física era o eco das vozes deles na minha cabeça.

— Desculpa patética para uma Luna...

— Me mostre quem é melhor...

— Não consigo resistir a você...

De volta à casa da Matilha, me tranquei no meu escritório. Minhas mãos tremiam enquanto eu puxava uma folha de papel nova. As palavras fluíam de mim enquanto escrevia a terceira carta para juntar às outras; uma escrita com amor, outra com raiva, e agora uma com pura dor no coração.

Enquanto escrevo, sinto a magia negra fluindo pelas minhas veias, mas o que embaça minha visão são minhas lágrimas. Lágrima após lágrima caía sobre o papel da carta, mas ainda assim me forcei a continuar escrevendo. Daqui a três meses, ele precisa entender o que perdeu.

Quando terminei de escrever a carta, respirei fundo e senti um aperto repentino no meu peito. A escuridão amaldiçoada se espalhou como veneno pelo meu corpo. Tremi e quis ir até ao quarto pegar o frasco de remédio.

Lutei para me levantar, mas de repente senti o quarto começar a girar. Agarrei a mesa, mas meu corpo estava fraco e sem forças. Aos poucos, deslizei para o chão e tudo ficou escuro.

De repente, senti uma força suave se espalhando pelas minhas pontas dos dedos, era a magia do anel.

Que absurdo, o homem que me traiu, o homem que me fez sofrer, mas também foi quem me deu o instrumento divino para curar minha dor.

Lentamente, parte da minha força foi voltando. Tremendo, alcancei o frasco de remédio na mesa de cabeceira, apenas para encontrá-lo vazio.
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