Capítulo 7 Memórias Amargas
Ponto de vista de Scarlett

Meu celular vibrou com uma nova mensagem. Quando a abri, meu sangue gelou.

Havia algumas fotos na tela que Lily enviara.

A primeira foto mostrava Lucian e ela na cama, dois corpos nus entrelaçados nos lençóis brancos, como vermes. Ele estava deitado sobre ela, seus dedos enredados nos longos cabelos dela, seus lábios descendo pelo pescoço dela.

A outra foto era deles em um restaurante sofisticado. Lucian estava usando o terno azul que eu tinha passado para ele na semana passada. Ele segurava um garfo, alimentando Lily com um pedaço de bolo de chocolate. Seus olhares estavam fixos um no outro, ambos sorrindo intimamente.

A terceira foto fez meu estômago se revirar. Lily montada em Lucian no sofá de seu escritório, seu vestido vermelho amontoado ao redor da cintura, as mãos dele em suas coxas, o rosto dele enterrado entre seus seios. Uma vez, bem neste escritório, eu havia levado o almoço para ele inúmeras vezes, e nós nos sentávamos juntos no sofá, compartilhando a refeição.

Minhas mãos tremiam tanto que quase deixei o celular cair. Bobby gemeu, sentindo meu sofrimento, e pressionou seu corpinho quente contra minhas pernas.

A maldição aproveitou a oportunidade, a magia negra se espalhando por minhas veias. Procurei desesperadamente o frasco de remédio, mal conseguindo engolir as pílulas.

Bobby lambeu minha mão enquanto eu escorregava para o chão, esperando o efeito do remédio. Seus grandes olhos castanhos estavam cheios de preocupação.

Ao ver seus olhos inocentes, minhas lágrimas não conseguiam mais parar de cair.

— Eu estou bem, pequenino. — Sussurrei, embora soubéssemos que isso era uma mentira.

A porta da frente se abriu, e eu ouvi os passos familiares de Lucian. Rapidamente, limpei os olhos e me levantei, guardando o celular.

— Scarlett? — Sua voz estava suave quando ele entrou no escritório. Parou abruptamente ao ver meu rosto. — Amor, você está tão pálida... O que aconteceu?

Forcei um sorriso.

— Só cansaço.

— Não, algo está errado. — Ele atravessou a sala em dois passos, suas mãos envolvendo meu rosto. — Me conta o que está te incomodando, meu coração.

A ternura em seu toque quase me quebrou. Como ele podia ser tão gentil comigo, enquanto me traía ao mesmo tempo?

Ele desapareceu por um momento, voltando logo depois com algo que fez meu peito apertar. — O velho ursinho de pelúcia que ele me deu durante nossos dias mais sombrios.

— Lembra do Sr. Abraço? — Ele colocou o ursinho em meus braços, seu polegar limpando uma lágrima que eu não tinha percebido que caíra. — Ele sempre soube como te fazer sorrir.

— Você guardou ele todo esse tempo? — Minha voz tremeu.

— Claro. — Lucian me puxou para perto, seu queixo repousando sobre minha cabeça. — Eu guardo tudo o que me lembra de nós. De como chegamos até aqui.

Eu me lembrava. As memórias vieram de forma incontrolável.

Nós éramos prisioneiros naquela época, presos nas masmorras da Matilha da Sombra. Lucian se humilhava diante dos guardas Ômega, implorando para que eles nos dessem uma comida melhor.

— Você lembra o que você costumava fazer? — Perguntei suavemente. — Quando a comida estava dura demais para comer?

Ele riu, o som rumorejando em seu peito.

— As críticas gastronômicas do Sr. Abraço? "Esse mingau é simplesmente divino, querida, amadurecido à perfeição em um ambiente rústico de masmorra."

Apesar de tudo, me vi sorrindo com a lembrança.

— E olha o que mais eu trouxe. — Ele tirou uma caixa preta familiar. — Seu favorito: bolo Floresta Negra. Aquele da padaria que você adora.

O olhar para o bolo fez meu estômago se revirar. Quantas vezes ele havia comprado o mesmo bolo para Lily? Será que ele também a alimentava assim, do jeito que fez naquela foto?

— Scarlett? — Ele se aproximou, preocupado. — O que aconteceu?

Olhei para o ursinho em meus braços, lembrando de uma promessa feita há muito tempo.

— Você lembra o que eu te disse? — Minha voz mal era um sussurro. — Eu disse que, se você me traísse, não haveria segunda chance.

Vi o pânico passar por seus olhos antes que ele rapidamente o mascarasse. Claro, ele pensou que eu não conseguiria perceber sua infidelidade sem ter uma loba. Achava que seu segredo estava seguro.

— Scarlett, meu amor. — Ele pegou minhas mãos nas dele. — Você é minha única Luna, meu coração. Eu nunca te trairia. Vou te amar apenas a você pelo resto da minha vida.

As mentiras saíam tão facilmente de seus lábios. Assim como naquele tempo na masmorra, quando ele jurou me proteger para sempre.

Na manhã seguinte, acordei com Lucian suavemente afastando os cabelos do meu rosto.

— Acorda, minha Luna. — Ele sorriu. — Tenho uma surpresa para você.

Ele tinha organizado uma grande cerimônia de sacrifício. — Para rezar pela minha saúde e pelo nosso futuro. Meu coração afundou quando vi Lily entre os presentes, mas mantive a compostura.

Antes da cerimônia começar, Lily de repente desabou, levando a mão ao estômago.

— O bebê! — Gritou ela. — Algo está errado! Está doendo!

O médico da Matilha correu até ela.

— Ela foi envenenada! Precisamos de magia de cura forte imediatamente!

Os olhos de Lily encontraram os meus.

— Luna Scarlett — Ofegou ela. — Seu anel... Eu ouvi que ele tem propriedades poderosas de cura. Por favor... meu bebê...

Vi o conflito tomando conta do rosto de Lucian. Seus olhos se moviam entre mim e a barriga de Lily, onde o filho dele estava crescendo.

— Scarlett, não. — Disse ele com firmeza. — O anel é seu. Vamos encontrar outra maneira.

— Por favor. — Gemeu Lily. — Eu sinto o veneno se espalhando...

— Tem que haver outra solução. — Insistiu Lucian, sua mão cobrindo a minha de maneira protetora. — Esse anel é para te manter segura.

Olhei para sua expressão atormentada. Mesmo agora, ele tentava me proteger. Mas ambos sabíamos que ele não poderia deixar seu filho morrer.

Com os dedos trêmulos, tirei o anel que me mantinha viva.

— Toma. — Disse suavemente. — Salve o bebê.

— Scarlett... — Lucian começou.

— Está tudo bem. — cortei-o gentilmente. — A vida de uma criança é mais importante.

Lily agarrou o anel com gratidão. No momento em que ele saiu do meu dedo, senti a escuridão da maldição se intensificar.

Fiz minhas desculpas e fugi para casa, sabendo que não poderia mais assistir a isso.

Quando meu celular vibrou novamente, quase ignorei a mensagem. Mas algo me fez olhar.

Era um vídeo desta vez. Meu coração parou quando apertei o play.

Lily e Lucian estavam entrelaçados na cama, seus corpos se fundindo em um só. À medida que ele a penetrava, os gemidos dela preenchiam o ar.

— Oh, Lucian, você é tão bom. Ainda bem que você me deu o anel. Espero que Scarlett não fique com raiva. — Lily mordeu suavemente o dedo com o anel, ofegante.

— Scarlett é a mais atenciosa. Se ela soubesse que você está carregando o meu filho, com certeza ela te daria isso, querida. — Lucian pressionou seus lábios contra os seios dela.

— Isso é bom, eu tinha medo de a Scarlett me matar. — Lily abraçou o pescoço dele.

— Não fala da Scarlett, amor, por favor, vamos lá, desça. — Lucian puxou Lily para cima.

Quando as mãos dela acariciaram o peito do meu parceiro, o anel em seu dedo brilhou. — Esse anel era para me proteger, mas agora está na mão da mulher que destruiu minha vida.
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