Por causa da conduta de Felipe, o clima do quarto de hospital ficou ainda mais pesado. Todos lançaram olhares, primeiramente a Ademir, e depois ao respeitoso Felipe. Por um momento, as expressões eram de incredulidade, cheias de espanto silencioso. Era difícil acreditar que alguém tão ordinário como Ademir pudesse ser amigo de uma figura importante como Felipe.- Não pode ser! Ademir conhece Felipe? Isso é impossível!- Meu Deus, não consigo acreditar! Há três horas atrás o Ademir era somente um jovem medíocre, agora ele é amigo de Felipe? E ainda fez ele se desculpar?- Estou vendo isso direito? – Eduarda mal podia acreditar. Felipe era uma autoridade na medicina, alguém que comandava, alguém que possuía o respeito de todos na área. O fato dele se desculpar com Ademir era verdadeiramente surpreendente. "Será que o pó antídoto de Ademir foi realmente dado por Felipe?". Beatriz permanecia perplexa. Para dizer a verdade, desde que se divorciaram, ela percebeu que Ademir se tornou cada ve
- Ademir! Por que você está se achando tanto? Só teve sorte de salvar o vovô uma vez, e agora pensa que é o quê - Eduarda estava terrivelmente incomodada. "Pensa que é alguém só porque ousou olhar para minha filha com desdém?"- Pelo menos eu pude salvar o vovô. E vocês? Quase mataram ele! - Ademir respondeu, friamente.- Que atitude é essa?! – Eduarda gritou de maneira furiosa, a sua intenção era começar uma confusão para enfim poder culpar Ademir de algum feito e acabar com a imagem positiva que há pouco ele havia criado. - Chega! O que é isso? Fazendo escândalo em família, que figura estamos fazendo?! - Bruno interveio. - Eduarda, todos vocês saiam. Tenho algo para discutir com Ademir.Embora insatisfeita, Eduarda não teve escolha senão sair. Logo que saíram do quarto do hospital, o grupo começou a cumprir com a função que exerciam com tanta aspiração: bisbilhoteiros. - Vocês acham que o vovô vai deixar algo em testamento para Ademir? - É bem possível. Afinal, Ademir sempre cons
Naquele momento, o bar já estava repleto de pessoas. Alguns eram espectadores curiosos, outros eram seguranças do bar. O grupo mais notado era liderado por Carlos, todos jovens com rostos inchados e ensanguentados, todos ajoelhados em uma postura que sugeria que estavam à espera de um julgamento.- Carlos, como você ficou tão machucado? - Ao ver Carlos todo ferido, Beatriz franziu as sobrancelhas imediatamente.- Irmã! Vocês finalmente chegaram! - Carlos se levantou cambaleante, como se tivesse visto um salvador.- Meu filho! Quem te machucou assim? Diga para a mamãe, eu vou te vingar! - Eduarda estava destroçada. Normalmente, mesmo quando seu filho cometia um erro, ela não tinha coragem de encostar um dedo nele. Como poderia tolerar que outros o maltratassem?- Mãe! Foi aquela vadia que me bateu! - Carlos apontou ferozmente para trás. Eduarda e os outros olharam na direção e viram uma mulher vestida de vermelho, muito atraente, sentada casualmente numa cabine. Atrás dela, um grupo de
Ao saber da identidade de Keila, um burburinho encheu o bar inteiro. - Não acredito que Keila é a mulher do Sr. Cobra, não é à toa que ninguém se atreve a causar problemas aqui. – Alguém disse no canto do bar. - Não é que ninguém se atreva, é que aqueles que se atreveram já morreram! Um tempo atrás, um bilionário tentou assediar Keila. O Sr. Cobra cortou as mãos e as pernas do homem ali mesmo, e o cara teve que ir pessoalmente pedir desculpas depois! – Ademir responde.- Nossa! Isso é sério? – Beatriz perguntou.- Claro, Sr. Cobra é o dono do sul da cidade, quem ousaria desafiar ele? – Ademir completou.Algumas pessoas estavam surpresas, outras reverentes, e ainda havia aqueles que, mesmo diante de tudo o que foi feito, ainda achava graça com a desgraça alheia.- Estamos em apuros agora! - Carlos engolia seco, suando frio. Afinal, se ele soubesse que esse lugar estava sob a proteção do Sr. Cobra, nunca ousaria causar confusão.- Como fomos nos meter com alguém assim? - Eduarda encolh
Ninguém esperava que Cobra fosse tão cruel. Ele atacou sem nem mesmo discutir, e ainda por cima, o alvo era um nobre vindo da capital do estado. Este era o temido Sr. Cobra!- Você ousa me bater? - Gustavo segurava seu rosto, se sentindo humilhado. Não conseguia acreditar que um caipira como pudesse se atrever bater nele? Ele era o jovem mestre da família Cunha!- E daí se eu te bati? Você me desafiou no meu próprio território. Claro que você merece ser espancado! - Cobra retrucou com um sorriso frio.- Você sabe quem eu sou? Sou da família Cunha! - Gustavo estava com o rosto sombrio. Ter seu rosto estapeado em público era a maior humilhação de sua vida!- Família Cunha? E daí? - Cobra riu sarcasticamente.- Você sabe o que significa "o dragão não oprime a serpente local"? Na minha terra, se você é um dragão, você tem que se curvar a mim. Se você é um tigre, deve se deitar! Entendeu?! - O passado glorioso da família Cunha fazia até mesmo os chefões darem alguma consideração a eles. Ago
O semblante de Cobra se tornou sombrio, seus olhos aguçados percorriam o ambiente. No entanto, o que ele recebeu em troca foram garrafas de cerveja, uma após a outra. As garrafas foram lançadas como se fossem projéteis, acertando precisamente, e derrubando todos os brutamontes no chão. Uma garrafa para cada um, nem mais nem menos, a precisão era assustadora. Quem estava por trás disso, não perdia uma oportunidade, assim que algum dos homens se distraía, em segundos, a garrafa era lançada!- Quem está se escondendo? Apareça se tiver coragem! - Cobra rugiu. Claramente, quem podia derrubar uma dúzia de pessoas com garrafas de cerveja não era qualquer um.- Sr. Cobra, melhor perdoar quando é possível, por que ser tão implacável? - Ademir saiu como se fosse um estranho do meio da multidão, capturando instantaneamente a atenção de todos.Imediatamente, o público começou a comentar e apontar. Alguns estavam surpresos, outros admirados, e ainda havia quem zombasse.- Quem é esse sujeito? Como
- Como você ousa levantar a mão contra mim?! - Cobra estava atordoado, tocou a cabeça incrédulo, e suas mãos ficaram cobertas de sangue. Havia anos que, desde que tomou os territórios do Oeste da cidade, ninguém jamais o desrespeitou, muito menos atingiu sua cabeça com uma garrafa. Esse cara estava simplesmente pedindo para morrer!- Sr. Cobra, escute um conselho, deixe pra lá. - Disse Ademir, casualmente.- Você está morto, moleque! Vou te despedaçar! – Neste momento Cobra já tinha recuperado os sentidos e rosnava furiosamente, andando sem parar de um lado pro outro. No entanto, mal terminou de falar e uma faca já estava em sua garganta.A lâmina afiada perfurou a pele, e o sangue começou a jorrar. Se a lâmina fosse um centímetro mais profunda, cortaria sua artéria carótida.O bar inteiro de repente ficou em silêncio.Neste exato momento, os rosnados de Cobra pararam, assim como os murmúrios da multidão. Todos olhavam para Ademir, que segurava a faca. Se você ataca alguém com uma garr
Quando viram o Sr. Sergio aparecer, todos acharam que Ademir estava fadado a morrer. No entanto, se surpreenderam, quando os dois não apenas evitaram um confronto direto, mas também começaram a conversar de forma descontraída, como se fossem amigos próximos.Isso assustou consideravelmente o grupo de Cobra. E, por consequência, a família de Beatriz também ficou boquiaberta, todos sussurrando entre si, com os olhos arregalados, perplexos.- Não pode ser, esse moleque conhece o Sr. Sergio?- Meu Deus, quem é esse sujeito afinal? Como pode estar à vontade falando com o Sr. Sergio?.- Sr. Sergio, o Sr. conhece esse rapaz? - Cobra engoliu em seco, visivelmente nervoso.- Este Ademir é amigo da Gabriela. Você tem coragem de mexer com ele? - A expressão de Sergio se tornou fria.- O quê? Amigo da Srta. Gabriela? - Cobra sentiu um calafrio. Gabriela não era apenas uma das três grandes figuras de Cidade A, mas atrás dela também havia uma poderosa família da capital, no mesmo patamar de influên