Enquanto falava, Vitória lançou um olhar para Eunice. Eunice, momentaneamente, engoliu a raiva e não continuou a discussão. Antes de sair, Ademir lançou um olhar a Túlio: — Quem é você? Túlio e Ademir se entreolharam, com uma sensação de hostilidade no ar. Túlio franziu ligeiramente a testa e revelou sua identidade: — Sou Túlio. Amigo da Karina. Ademir fixou o olhar em Túlio por alguns instantes, e então se lembrou. Eles já haviam se encontrado. Naquela noite na travessia da balsa dos Andes, na cozinha do hotel, eles se cruzaram. Ele era aquele que usou a cozinha de madrugada para fazer quiches. Agora, ao refletir, aquelas quiches naquela noite foram feitas para a Karina, não era? Será que o relacionamento deles era tão próximo assim? Ademir ficou um pouco atônito, mas não demonstrou grandes emoções: — A Karina está dormindo. O Sr. Martins quer entrar para vê-la? — Não, não precisa. — Respondeu Túlio. — Se a Karina está dormindo, eu posso esperar aqui. As
Os dois conversavam quando Júlio ligou:— Ademir, a Karina acordou.— Certo. — Ademir respondeu. — Estou a par.Após desligar o telefone, Ademir olhou para Vitória:— A Karina acordou, vou dar uma olhada nela.— Espere. — Vitória segurou o braço de Ademir, sorrindo com doçura. — Vou com você.Ela não queria, nem por um segundo, deixar Ademir a sós com Karina!Ao ouvir isso, Ademir franziu levemente as sobrancelhas.— Pode ficar tranquila. — Vitória disse rapidamente. — Não vou brigar com ela. Tenho certeza de que a Dra. Costa tem seus motivos, afinal, somos todas mulheres e conversar entre nós é mais fácil.O homem a observou por alguns segundos, refletindo.Ademir acabou concordando:— Está bem....Na sala de repouso.Túlio estava sentado ao lado da cama, olhando para Karina com um olhar cheio de preocupação e carinho.— Como você está se sentindo agora?Karina sorriu e respondeu:— Estou bem. Não sou feita de papel, não vou morrer só por cair na água.— Não fale assim. — Túlio franz
...Karina estava sentada no banco próximo à porta, com o celular em mãos, chamando um carro para buscá-la. Depois de tudo o que havia acontecido, não havia como ela continuar ali. No entanto, os problemas ainda estavam longe de terminar.Eunice e Vitória apareceram logo depois.Eunice avançou rapidamente, gritando para Karina:— Karina! Então é você quem está forçando o Ademir a se casar com você! Como você pode ser tão maldosa? Ele é o namorado da Vitória!Karina ficou surpresa por um instante. Elas já sabiam de tudo? Isso foi rápido.— Eunice. — Karina sorriu suavemente e disse com tranquilidade. — Qualquer um tem o direito de dizer isso, menos você. Não se esqueça que a mais maldosa aqui é você! Foi a sua maldade que deu à luz sua filha.Eunice empalideceu, seu rosto ficando vermelho de raiva enquanto retrucava:— Você não pode se comparar a mim! Eu e seu pai nos amávamos de verdade! Diferente de você! O Sr. Ademir nunca quis se casar com você!Karina reprimiu a repulsa que senti
— Ainda tem mais uma coisa. — Júlio continuou. — O Enzo disse que a Srta. Vitória esteve na sala de descanso antes. Ela ficou lá por um tempo e, quando você não apareceu, ela foi embora.O significado das palavras de Júlio era óbvio.Vitória provavelmente já tinha visto aquele vestido.E foi exatamente por ter visto o vestido que ela agarrou Karina à beira da piscina, o que acabou levando as duas a caírem na água!Os lábios finos de Ademir se comprimiram em uma linha reta, e seu olhar ficou gélido. Ele deu longas passadas em direção à saída do salão.No caminho, Ademir encontrou Vitória.Vitória, aflita, se agarrou a ele e perguntou:— Ademir, onde você estava?Mas seu pulso foi rapidamente segurado pelo homem.Foi só então que Vitória percebeu que havia algo errado na expressão de Ademir; ele parecia extremamente frio.Além disso, o aperto de Ademir estava machucando seu pulso.— Ademir, o que aconteceu?Ademir manteve a expressão inalterada e perguntou:— Vou perguntar mais uma vez:
— Por que você desligou o telefone? Era o Sr. Ademir, não era? Ele está preocupado com você.— Como poderia estar? — Karina sorriu levemente. — O Sr. Ademir é meu paciente, é normal que ele demonstre alguma preocupação.Essas palavras soaram como uma desculpa.Mas Karina logo acrescentou:— Há um tempo atrás, na porta do Clube de Lazer Yayoi, o Sr. Ademir foi esfaqueado. Você não ouviu falar? Eu sou a médica dele.Essa história não era exatamente um segredo, e Túlio compreendeu de imediato.— Ah, entendi.No entanto, homens sempre entendiam outros homens de maneira especial.Apertando um pouco mais o volante, Túlio comentou:— Mas eu acho que ele se importa muito com você. Talvez... Ele goste de você.Karina arregalou os olhos, chocada, e respondeu:— Que besteira é essa? Ele tem namorada, é a Vitória. Você não a viu agora há pouco?Túlio soltou um suspiro, dando um sorriso autodepreciativo:— Então, parece que foi só coisa da minha cabeça.Embora dissesse isso, por dentro ele estava i
— Catarino, o que houve?Assim que entraram, viram que Catarino havia jogado o celular sobre a mesa.Túlio pegou o aparelho, olhou para a tela e, em seguida, mostrou para Karina.Na tela, estava claro: Catarino havia completado o jogo!Karina ficou novamente em silêncio.Por dentro, porém, sua mente estava em tumulto, incapaz de permanecer tranquila.Túlio disse:— Há uma pequena porcentagem de pacientes autistas que possuem talentos excepcionais em certas áreas. Acho que o Catarino é um desses casos.Karina levou a mão à boca, e seus olhos rapidamente se encheram de lágrimas.Ela nunca tinha imaginado algo assim.Desde que seu irmão foi diagnosticado com autismo, embora ela o incentivasse a estudar, nunca pensou em algo além disso.Agora, Karina sentia uma pontada de culpa e disse:— Se isso for verdade, será que eu atrasei o desenvolvimento do Catarino?— Não diga isso, você já fez muito por ele.Túlio conhecia Karina por tantos anos e sabia bem o quanto ela se esforçava para cuidar
O belo rosto de Ademir ficou rígido por um momento, e seus olhos estavam cheios de escárnio. Ela realmente não fez nenhuma cena! Mas seu silêncio foi muito mais impactante do que qualquer grito! Era como se tivesse levado um tapa doloroso e barulhento. Com uma voz fria e desdenhosa, o homem disse: — É só um vestido, eu vou comprar um melhor para ela. Karina deu de ombros e respondeu: — Então, estou indo. Ela se virou e começou a caminhar para dentro, sem nem ao menos se despedir de Ademir. Fixando o olhar nas costas dela, Ademir subitamente levantou a mão, querendo jogar com raiva a sacola com o vestido no chão! Mas, de repente, ele parou. "O que eu estou fazendo? Se ela não quer, então não quer. Por que eu estou tão irritado?" Ademir se virou e foi embora, dirigindo de volta para a Mansão Mission Hills. Ao chegar, ele acendeu as luzes e se sentou no sofá da sala de estar. Quando olhou para frente, viu, encostada à parede, uma das pinturas de Fábio. Sobre a me
Ademir atendeu o telefone.— Ademir. — Vitória disse. — Eu não tenho trabalho hoje à noite, minha mãe disse para você vir jantar em casa. A que horas você vai me buscar?Pela entonação, ela parecia certa de que Ademir viria buscá-la.Normalmente, Ademir teria concordado.Mas no momento, sua mente estava longe dali.— Tenho um compromisso hoje à noite, não vou poder ir. — Ademir ainda estava preocupado com seu avô. Assim que terminou de falar, desligou o telefone.Vitória segurava o celular, completamente chocada."Ele desligou na minha cara! Isso nunca aconteceu antes! Como pode ser? Com certeza é por causa da Karina! Ela está ocupando o lugar de esposa, com certeza foi ela que impediu Ademir de vir!"Vitória levantou a mão e jogou o celular com força no chão, que se quebrou em pedaços.Recordando cada palavra que Karina havia dito, Vitória cerrou os dentes de raiva."Karina, você é realmente muito cruel!"...No consultório médico.Felipe e Karina explicaram a situação em detalhes par