No entanto, Helena, sendo bastante inteligente, temendo envergonhar Karina, optou por permanecer em silêncio. Como esperado, Karina fixou os olhos em Eunice com firmeza, antes de dizer: — Minha mãe... Morreu há mais de dez anos! Como é que hoje alguém está dizendo que é minha mãe? Helena rapidamente entendeu a situação. — Certo! Vou logo contatar o mestre! — Vai rápido! As duas garotas pareciam estar encenando uma peça de teatro. E isso fez Eunice quase perder a paciência: — Karina! Que falta de educação! — Pois é. — Karina soltou uma risada sarcástica. — Minha mãe morreu cedo, e meu pai é quase um morto-vivo. Ninguém me ensinou nada, então de onde eu tiraria educação? Karina ergueu o braço e apontou para a porta: — Eu não sei qual é a razão de você estar aqui hoje, mas saia agora! E, da próxima vez, se ousar dizer que é minha mãe, vou te dar um tapa na boca! Os olhos de Karina ficaram afiados, e ela disse com ferocidade: — Melhor você não tentar! — Você, vo
Ademir franziu a testa, seus olhos negros, profundos, fixos em Karina.Com uma frieza implacável, disse:— Sobre o transplante de fígado, você já perguntou ao Catarino?O quê?Karina ficou chocada, não imaginava que Ademir fosse fazer uma pergunta assim.Ela parou por dois segundos, depois deu uma risada suave:— Eu sou da família dele, a decisão sobre ele é minha.— Pelo que sei, o Catarino já tem condições de tomar suas próprias decisões. — Ademir respondeu lentamente. — E, além disso, a saúde do Catarino é excelente, ou seja, tanto do ponto de vista psicológico quanto físico, ele tem todas as condições para doar o fígado.As palavras de Ademir tinham lógica.Mas, no fundo, tudo isso era para Vitória!Karina esboçou um sorriso amargo, seus olhos, por um instante, se desviaram para Vitória."Sr. Ademir, por causa da sua amada, você realmente é capaz de dizer qualquer coisa!"— O Catarino, nessa situação, é igual a uma criança normal? — Karina parecia sorrir, mas sua expressão estava a
— Sr. Ademir! — Helena correu até ele, com uma expressão de raiva no rosto. — Você não pode simplesmente ir embora assim!— O quê? — Ademir ergueu uma sobrancelha, olhando ela com um sorriso divertido.— A Karina... — Helena apontou para o interior. — A Karina é sua esposa! Você acha que é apropriado, na frente dela, sair com essa mulher que está destruindo o seu casamento?A mulher que estava destruindo o casamento, naturalmente, era Vitória.De repente, o semblante de Ademir escureceu, e o sorriso desapareceu por completo.— Quem te deu coragem para falar assim dela?Helena ficou assustada com a expressão feroz de Ademir, mas sua raiva só aumentou.— Eu falei alguma mentira? A Vitória é, sim, a mulher que está destruindo o casamento! E você está defendendo ela, mas onde deixa a Karina nessa história?Ademir soltou uma risada fria. E a Karina, onde o colocaria?Porém, essas palavras, Ademir não tinha intenção de dizer a uma estranha.— Saia do meu caminho.— Não! — Respondeu Helena, f
Na tarde daquele dia, Túlio foi à empresa. A secretária informou-lhe sobre a crise que haviam enfrentado nos últimos dias. — O Grupo Barbosa terminou nossa parceria. — Grupo Barbosa? Ou seja, o Ademir? — Mas por que isso aconteceu? A colaboração inicial entre eles havia sido firmada em uma reunião pessoal entre Túlio e Ademir. Nos bastidores, devido à Karina, houve algumas desavenças, era verdade. No entanto, ambos eram profissionais, sabiam separar o pessoal do profissional e nunca deixaram que questões pessoais afetassem os negócios. Túlio não conseguia entender. — A parceria estava sempre gerando lucros. Qual foi o motivo do término, de acordo com o Grupo Barbosa? — Não sei. — A secretária balançou a cabeça, igualmente confusa. — O Grupo Barbosa não explicou nada, mas foi bem firme, dizendo que seguiria o contrato e que a compensação já havia sido enviada. — Tão rápido? Não deram nem mesmo a oportunidade de tentar reverter a decisão. — Mas eu não aceitei o
— Que bom. — Karina soltou um suspiro de alívio, finalmente relaxando depois de dias com o coração apertado.— Ah, antes que eu me esqueça... — Dra. Coelho, enquanto batia levemente com a caneta no manual da gestante, falou de maneira descontraída. — Você já está com seis meses de gestação, a partir de agora entrará no terceiro trimestre. Já pensou em descansar mais?Descansar? Karina ficou surpresa, nunca havia considerado isso.Dra. Coelho continuou, como se conversasse casualmente:— Pense bem, a família Barbosa não depende de você para ganhar dinheiro, e o final da gestação é bem cansativo.Ela olhou discretamente para a barriga de Karina:— O bebê vai crescer rápido, a barriga vai aumentar, o que pode dificultar seus movimentos, além do inchaço e outros desconfortos. Não seria melhor descansar em casa?— Não, obrigada. — Karina ainda balançou a cabeça.— Tem algum motivo específico para não querer? — Dra. Coelho sorriu suavemente. — Com o Sr. Ademir por perto, tenho certeza de que
Karina apertou silenciosamente a palma das mãos.Ademir não havia dito uma mentira: tanto os maus quanto os bons, a vida das pessoas eram iguais...Salvar Lucas ou perdoá-lo não eram a mesma coisa.Deveriam salvar?...Sem ver Ademir, a colaboração com o Grupo Barbosa estava prestes a terminar no final deste mês.Nos últimos dias, Túlio andava apressado, ocupado demais.No entanto, os problemas não se resumiam a isso.Ontem, a Corporação EDP enviou uma mensagem, informando que, após a parceria deste trimestre, não pretendiam renovar o contrato com a Corporação de Tecnologia Hutchinson.Túlio, acompanhado de colegas, foi se reunir com o chefe da Corporação EDP, mas não conseguiu salvar o acordo.Depois de correr para lá e para cá o dia todo, só retornou à Mansão Silver Beach na madrugada.Tomou um banho, tomou os remédios e se deitou, sentindo que mal havia fechado os olhos quando a campainha tocou.Ao abrir a porta, encontrou Júlia.Ela estava com várias sacolas e disse:— Túlio, sua m
— Se fosse por causa da Karina, então, desde o começo, ele não teria escolhido colaborar com a Corporação de Tecnologia Hutchinson. — Isso não é bem assim! — Retrucou o colega. — Você não percebe? O primeiro a romper com a gente foi justamente o Sr. Ademir! E mais, só o Sr. Ademir tem essa capacidade! Túlio ficou em silêncio. A argumentação parecia muito plausível. — Mas eu acho que o Sr. Ademir não é esse tipo de pessoa... De repente, um estrondo vindo de trás fez Túlio se virar instintivamente. Era Júlia, que acabava de derrubar uma marmita. Felizmente, a tampa estava bem apertada e nada se espalhou pelo chão. No entanto, Túlio percebeu que a expressão de sua mãe estava estranha, algo entre o medo e a aflição. — Vou desligar. Ela então encerrou a ligação e Túlio foi até a cozinha para ajudar a mãe a recolher os pedaços da marmita. Antes mesmo de ele perguntar, Júlia não pôde se segurar: — Túlio, o que você estava dizendo sobre o Sr. Ademir no telefone? Túlio fra
Durante o horário de expediente, não era possível entrar nos quartos dos pacientes.Túlio caminhou por um tempo em frente ao prédio de cirurgia, antes de decidir seguir para o pronto-socorro. Ele pensava que, com sorte, Karina poderia estar de plantão no setor de emergência naquele dia.Primeiro, ele foi ao pronto-socorro, mas não a encontrou lá.Depois, se dirigiu à clínica ambulatorial. E, como um sinal de sorte, lá estava ela, Karina.Quando a enfermeira chamou o próximo paciente, a porta se abriu, e Túlio pôde vê-la sentada, perguntando com atenção sobre os sintomas dos pacientes. Às vezes, ela estava em pé ao lado da maca, fazendo um exame físico.Karina estava tão concentrada e dedicada, parecia estar com boa disposição, sem mostrar sinais de preocupação. Tudo parecia bem.Túlio pensou consigo mesmo: "Será que a raiva do Ademir é só contra mim e não afetou a Karina?" Se fosse assim, Ademir ainda poderia ser considerado um homem.Mas, mesmo assim, Túlio não ousou ir embora sem t