As Ilhas Berlengas eram um destino turístico excelente, e o que não faltavam por ali eram hotéis.Ademir tirou as chaves do carro do bolso e entregou ao segurança.— Por favor, me ajudem e tragam o carro até aqui.— Claro, Sr. Ademir.O segurança, muito respeitoso, pegou as chaves e começou a caminhar em direção ao estacionamento. Mas, após alguns passos, ele parou.Engoliu em seco e disse:— Sra. Barbosa...O segurança pensou consigo mesmo, preocupado:"Que dia é hoje? Será que estão me pegando como amante? Por que estou vendo tudo isso?"— Olá. — Karina apareceu, com um sorriso tranquilo no rosto, segurando um guarda-chuva.Ela olhou para Ademir.Nesse momento, Ademir ficou paralisado, o corpo completamente rígido.— Karina...Karina deu uma olhada rápida em Vitória, que estava desorientada nos braços dele, e soltou um sorriso bem sutil:— Vai pegar o carro? Para onde está indo?Ademir sentiu a culpa tomando conta dele. Já que Karina havia chegado, ele não poderia mais levar Vitória
— Vitória! — Ademir reagiu rapidamente, segurando o braço dela para impedi-la de se aproximar. — Ademir? — Vitória ficou paralisada, com uma expressão de dor. — Você me empurrou? Ademir balançou a cabeça lentamente, e disse: — Vitória, aqui é o meu quarto de casamento. Num instante, os ombros de Vitória tremeram levemente, e ela viu Karina, que estava muito próxima do banheiro. Seu olhar imediatamente escureceu. "Isso, sim... Aqui é o Hotel Berlengas." O casamento dele estava prestes a acontecer, e Karina estava ali. Não havia nada de anormal nisso. Ao pensar assim, as lágrimas de Vitória caíram novamente. Ela se levantou sozinha e, com as mãos, enxugou os olhos. — Eu deveria ir embora. Dizia isso enquanto baixava a cabeça e corria para a saída. Foi quando, de repente, colidiu com Karina. Vitória parou, com os olhos vermelhos e, com dificuldade, disse: — Desculpa, eu não devia ter vindo. Eu estava muito triste, bebi demais e minha mente não estava clara, foi
Ademir não sabia o que fazer. Olhou para Karina, procurando alguma resposta. Karina arregalou os olhos e perguntou: — Por que você está me olhando? Não vai querer que eu dê banho nela, vai? Isso não é algo que você deveria fazer? Num instante, o rosto de Ademir se fechou com raiva. — Você pode parar de falar bobagens? Não é isso que eu estou pensando. Karina deu um sorriso de escárnio. Só um tolo acreditaria nas palavras dele. Durante o breve tempo em que estiveram juntos, ele não só a abraçou enquanto tomavam banho, mas a situação com Vitória seria ainda mais íntima. Pensando nisso, Karina torceu o rosto com desgosto. — Karina. — Ademir a chamou, apontando para a mesa. — Me passe o celular. "O que ele vai fazer?" Karina estava irritada e não queria questionar mais, então pegou o celular e lhe entregou. Ademir pegou o celular e fez uma ligação: — Sou eu. Sim, isso não é parte das suas responsabilidades, mas vou pagar a mais por isso. Karina, curiosa, escutava
Ademir estava com o rosto tenso, mas assentiu: — Alguém vai levar até lá para ela. — Imagino que seja assim. A sopa de alho e gengibre claramente não foi feita para ela. Quem tinha se molhado na chuva foi a Vitória, e foi por causa dela que Karina estava recebendo aquela sopa. Karina sorriu, mas não pegou a tigela de sopa de alho e gengibre. — Você pode levar para ela, eu não preciso. — Karina balançou a cabeça, pegando o cobertor, querendo deitar novamente. — Não precisa de quê? — Ademir foi rápido, segurando-a. — Tome primeiro, depois pode dormir! — Eu não vou tomar. — Karina não entendia por que ele estava insistindo tanto. — Você fez para ela, então é ela quem deve tomar, por que você quer que eu também tome a sopa? Ela estava questionando. Afinal, a sopa de alho e gengibre era para quem? Ademir também estava confuso: — Porque ela também tem, então você não quer tomar? Ela tinha esse tipo de hábito. Ademir se lembrou da primeira vez que ela recebeu uma pulse
Ela virou a cabeça, tentando se livrar do controle dele. Puxou o cobertor e o enrolou em volta de si, se virando na cama e se deitando, sem mais olhar para ele.Não disse para ele ir embora, nem pediu para ele ficar. Ela havia, de alguma forma, permitido que ele ficasse? Não importava, Ademir não iria embora. Levantou o cobertor e, sem hesitar, se deitou ao lado de Karina novamente, abraçando-a.Karina se irritou na hora, se levantando bruscamente da cama. Dessa vez, saiu diretamente da cama.— Fique onde está! — Ademir segurou seu pulso. — Onde você vai?Se ela ousasse dizer que ia dormir no sofá...Mas Karina não disse isso:— Vou pegar outro cobertor.Era claro que ela queria dormir separada dele.Ademir riu, sem deixar de segui-la. Segurou-a firme e não a soltou:— Não, não vou deixar. Vai dormir assim, comigo!Ele usou força, e Karina sentiu um leve desconforto. Não conseguia se soltar, e logo foi puxada de volta para a cama, caindo no travesseiro e sendo envolvida por ele nos bra
Às dez da noite, no Hotel Dynasty.Karina Costa olhou para o número na porta: Suíte Presidencial 7203.“É aqui.”Seu celular vibrou com uma mensagem de Lucas Costa: [Karina, sua tia concordou. Contanto que você acompanhe bem o Sr. Francisco, eu pago imediatamente as despesas médicas do seu irmão.]Karina leu a mensagem, com uma expressão neutra em seu rosto pálido.Ela já estava entorpecida, incapaz de sentir dor.Depois que seu pai se casou novamente, ele deixou de se importar com ela e seu irmão. Durante mais de dez anos, eles foram deixados à mercê dos maus-tratos e até abusos da madrasta.Faltar roupas e comida era normal; insultos e espancamentos eram frequentes.Desta vez, devido a dívidas de negócios, eles a forçaram a dormir com um homem!Quando Karina se recusou, eles ameaçaram cortar o tratamento do irmão dela.Seu irmão tinha autismo, e o tratamento não podia ser interrompido.Mesmo os tigres, por mais ferozes que sejam, não comem seus filhotes. Lucas era pior que um animal!
Karina se apressou para voltar para casa.Um homem de meia-idade, gordo e com a cabeça semi-careca, estava sentado no sofá da sala, olhando furioso para Vitória.— Uma estrela em ascensão, eu prometi que me casaria com você! Como ousa me enganar e me deixar esperando a noite toda?Vitória aguentava a humilhação. Nem se falava que Francisco usava essa desculpa todas as vezes para se aproveitar das mulheres. Mesmo que ele estivesse realmente disposto a se casar com Vitória, isso seria uma armadilha! Quem se atreveria a se casar com ele?Vitória teve o azar de ser notada por ele.Mas seus pais, preocupados com ela, fizeram Karina substituir Vitória.Só que não esperavam que Karina fugisse na última hora!Eunice falou cuidadosamente:— Sr. Francisco, sinto muito, a menina não entende as coisas, por favor, perdoe ela.Lucas falou timidamente:— Por favor, não fique zangado.— Não ficar zangado? — Francisco disse muito irritado. — Impossível! Já que Srta. Vitória não está disposta, eu não a
— Sr. Ademir. — Francisco de repente parou de andar. No círculo comercial, todos que tinham algum status conheciam Ademir. — O que o senhor está fazendo aqui?Ademir nem olhou para ele, com os olhos fixos em Vitória, que não parava de chorar.Essa mulher era a garota que na noite passada chorava delicadamente em seus braços...De repente, ele levantou a mão e deu um tapa forte em Francisco, jogando-o no chão!Francisco imediatamente cuspiu um dente, ainda coberto de sangue.A família de Vitória estava tão assustada que nem ousava respirar.Os lábios finos de Ademir se curvaram em um sorriso sarcástico. Sua voz, indiferente, era como uma lâmina fina e afiada:— Você ousa tocar na minha pessoa?!Francisco, caído no chão, cobria a boca, falando tremulamente:— Sr. Ademir, eu não sabia que ela era sua pessoa, eu não a toquei, juro! Por favor, me perdoe!Ademir não acreditou em suas palavras e olhou para Vitória.— É verdade?Vitória balançou a cabeça, atordoada:— Não, não é...— Saia daqu