— Karina! — Ademir perdeu completamente o controle de suas expressões ao ver a cena, pegando Karina nos braços. — Vamos para o hospital!A dor era tão intensa que Karina não conseguia recusar a ajuda de Ademir.Desde o início da gravidez, Karina nunca havia se sentido tão mal.Ela até começou a pensar que talvez o bebê já não pudesse mais esperar por sua decisão, e que ele mesmo já havia tomado a sua própria.O pai da criança não sabia de sua existência, e talvez nem estivesse preparado para recebê-la.E a mãe... Era tão frágil.Karina mal conseguia se manter firme na própria vida...Será que, então, o bebê estava se despedindo de sua mãe?De repente, Karina agarrou a camisa de Ademir com tanta força que os músculos de seu pescoço ficaram visíveis, tensos.— Ademir! — Ela chamou o nome dele, desesperada.— Diga.Talvez fosse o efeito da dor, mas Karina sentiu uma suavidade incomum naquele homem, uma gentileza em seu olhar e em sua voz que nunca havia notado antes.— O bebê... — Começou
Karina teve um sonho muito longo.Era um pesadelo após o outro, cada um pior que o anterior.Uma sensação de desespero, como se o ar estivesse se esvaindo, tomou conta dela.Despertou com um grito, coberta de suor frio, sentindo o gelo penetrar cada poro de seu corpo.— Karina.Uma voz masculina e grave chamou suavemente seu nome. Karina, ainda atordoada, pensou que continuava sonhando. No instante seguinte, foi envolvida por um abraço quente.Por alguns segundos, ficou nos braços daquele homem, até que, aos poucos, recobrou seus sentidos.Ergueu a cabeça, os olhos secos, sem qualquer traço da fragilidade que demonstrou na noite anterior.— Karina. — Ademir murmurou em tom baixo. — Como você está se sentindo agora? Algum desconforto?Naturalmente, Ademir ergueu a mão para tocar sua testa, se lembrando de que na noite passada Karina apresentava febre.Contudo, ela rapidamente virou o rosto, se esquivando com precisão do toque de Ademir.Surpreso, ele congelou por um instante, como se ti
No dia seguinte, ao meio-dia, Karina marcou um almoço com Patrícia.Patrícia estava tão furiosa que mal conseguia controlar suas expressões. O garfo em sua mão quase perfurava o prato enquanto ela falava:— Isso é assustador demais! Se não tivesse acontecido com você, eu nem acreditaria que existe uma família tão horrível neste mundo!Karina sorriu com indiferença. Já havia superado a fase mais intensa de sua raiva.A vida precisava seguir.— Ah, e outra coisa. — Karina disse a Patrícia. — Fique sabendo disso, mas não conte ao Simão.Patrícia assentiu.O Sr. Nogueira era conhecido por sua impulsividade e temperamento explosivo. Se soubesse das humilhações que Karina enfrentou, provavelmente sairia por aí brigando.A questão da "garantia de mestrado" já não tinha solução, e não havia necessidade de envolver o Sr. Nogueira em mais confusões por sua causa....Naquela noite, Karina voltou à Mansão da família Barbosa e trabalhou até tarde, antes de finalmente ir dormir.Ela estava correndo
— Túlio... — Júlia ficou boquiaberta, sem acreditar no que via. Estava tendo alucinações?A mulher andando ao lado do filho... Era Karina?Sem perder um segundo, Júlia seguiu-os de perto....Ao entrar na doceria, Túlio pediu um bolinho de chocolate e um suco de laranja para Karina.— Está bom assim?— Está, sim. — Karina assentiu.Claro que estava. Túlio se lembrava muito bem dos gostos de Karina.— Está gostoso?Karina comia devagar, com pequenos pedaços, e sorriu:— Está gostoso.— Que bom. — Túlio abaixou a cabeça e tomou um gole de água.De repente, Karina perguntou:— Túlio, e sua namorada? Vocês ainda estão bem?Túlio levantou a cabeça bruscamente, sem saber como responder. Disse:— Estamos bem, por que está perguntando sobre ela?Karina largou a colher, olhando para ele por um momento, e então disse lentamente:— Túlio, você não tem namorada, não é?Depois de tantos anos de relacionamento, Karina conhecia bem Túlio.Ele não era o tipo de homem que ficava com várias mulheres. Se
As mãos de Karina tremiam levemente enquanto apertava a bolsa, e ela disse:— Eu tenho que ir, tenho outras coisas para fazer.Sem esperar que Júlia respondesse, Karina abaixou a cabeça e rapidamente desceu as escadas.Lá dentro, Túlio saiu correndo atrás dela.— Karina!— Túlio! — Túlio nem sequer notou a presença de Júlia, mas ela o agarrou com força. — Onde você pensa que vai? Não me diga que vai atrás da Karina!Foi só então que Túlio viu sua mãe e, assustado, exclamou:— Mãe? O que você está fazendo aqui?De repente, sua expressão se transformou em raiva, e ele gritou:— O que você disse para a Karina? Você foi falar bobagens para ela de novo, não foi?O rosto de Júlia também mostrava indignação, e ela gritou de volta:— Bobagens? Túlio, você nunca aprende! Será que não pode ser mais sensato? O irmão dela tem autismo! E você ainda quer ficar com ela? Quer ter um filho autista para me matar e matar seu pai de desgosto?As mesmas palavras de sempre, como se fosse uma repetição dos a
Durante o jantar, Ademir notou que Karina comia tudo o que Otávio colocava em seu prato. Quando os legumes acabavam, ela comia apenas o arroz.— O que está olhando? — Otávio, irritado ao perceber o olhar de Ademir sobre Karina, ralhou. — Não sabe cuidar da sua esposa e do seu filho!Ademir ergueu as sobrancelhas, mas fingiu não ter escutado as palavras de Otávio.Mais tarde, de volta ao quarto, Ademir foi direto ao closet para trocar de roupa. Ao entrar, ele viu Karina de pé, em frente ao espelho, com as mãos suavemente acariciando o ventre.Embora estivesse prestes a completar três meses de gravidez, não havia nenhum sinal visível; sua barriga continuava plana.Ademir passou por ela, mas foi interrompido por sua voz repentina:— Quase três meses.Ele parou, confuso, e olhou para Karina, perguntando:— O quê?Karina não repetiu. Em vez disso, olhou profundamente nos olhos de Ademir e, com suavidade, disse:— Estou pensando... Talvez esse bebê não devesse nascer. O que você acha, Ademir
Era tarde da noite. Antes de sair, Ademir, ao passar pela porta do quarto, decidiu entrar de repente. Sua visão era excelente, mesmo na escuridão ele conseguia enxergar com clareza. Ademir se aproximou da cama. Karina já estava dormindo profundamente. Ademir se sentou à beira da cama, observando o rosto de Karina com atenção. Por que a Karina fez aquela pergunta para o Ademir esta noite? Será que o Túlio não queria esse bebê? Karina está triste? Uma inquietação começou a se formar dentro dele, como se formigas estivessem caminhando pelo seu coração. Repentinamente, Ademir se levantou e saiu do quarto. Afinal, esse era um problema entre Karina e Túlio, e não tinha nada a ver com ele. ...No almoço, Karina estava comendo com Patrícia. Elas conversavam sobre seus planos para o futuro. Com a boca cheia de comida, Patrícia disse: — O estágio está quase no fim. Estou planejando voltar para a faculdade antes para me preparar para os exames de pós-graduação. E você, Karin
As coisas continuavam a se desenrolar. Karina ficou paralisada, sem saber como reagir. Para sua surpresa, Lucas pegou a carteira. Ele ainda tinha o hábito de carregar dinheiro vivo, algo incomum para pessoas da sua idade. Com um gesto rápido, ele tirou uma grande quantia de dinheiro e a estendeu para Karina, dizendo:— Está faltando dinheiro? O papai tem aqui. Pegue, se não for suficiente, eu te dou mais.Karina não se moveu.O que estava acontecendo? O pai que, desde os oito anos, nunca mais se importou com ela, agora se preocupava?Vendo que ela não aceitava o dinheiro, Lucas segurou sua mão e forçou o dinheiro nela.— Pegue, fique com o dinheiro.Karina franziu a testa e puxou a mão bruscamente. Seu olhar era frio, indiferente. Não importava o motivo pelo qual Lucas estivesse fazendo isso, Karina não aceitaria sua preocupação.— Leve isso embora! Eu não quero! — Disse ela, já se preparando para ir embora.— Karina, não vá!Lucas, no entanto, a segurou com força, insistindo em lhe