Hana ficou pálida. Ela só tinha dito a verdade. Flávio era um garoto mediano, mas Breno era muito mais inteligente. No entanto, ela não queria provocar Liliane e sorriu constrangida:— Sra. Liliane, o que a senhora está dizendo? Todas as crianças da nossa turma são muito inteligentes.Essas palavras aliviaram um pouco o coração das mães presentes. Afinal, ninguém quer ouvir que seus filhos não são bons o suficiente.Francisca entendeu que Hana estava tentando agradar a todos, sem desagradar ninguém. Francisca pensou que a única coisa que poderia agradar a todos era o dinheiro.A reunião continuou.As mães conversavam sobre seus maridos e filhos, discutindo basicamente as trivialidades do dia a dia. Francisca tinha dificuldade em participar das conversas e lembrar de todos, afinal, nem todos têm a memória fotográfica de Antônio. Hana se aproximou:— Sra. Francisca, não se preocupe. No começo é normal não conhecer todo mundo, com o tempo você se acostuma.Francisca olhou para Hana e teve
Logo, Hana recebeu uma mensagem pedindo que fosse até Liliane. Ela se desculpou com Francisca:— Preciso ir até lá, volto em breve.Afinal, era mais importante para ela não desagradar Liliane do que agradar Francisca.Francisca entendeu e não se importou.A maior parte do tempo seguinte foi preenchida por Liliane e as outras mães conversando e se gabando, enquanto Francisca permanecia num canto.— Sra. Liliane, ouvi dizer que seu marido investiu alguns milhões para monopolizar o mercado de compras coletivas na internet, é verdade? — Perguntou uma das mães.Liliane tomou um gole de café antes de corrigir:— Não são alguns milhões, são cinco bilhões. E isso é só o investimento inicial, quem sabe quanto mais precisaremos?Para monopolizar um setor, alguns bilhões não eram suficientes.Cinco bilhões? E isso em apenas uma semana. Todas ficaram impressionadas.Mesmo uma ramificação da Família Pareira gastava dinheiro sem hesitar. Imaginavam quanto o chefe da família, Admir, gastava em seus p
Liliane não esperava que, mesmo organizando o evento em sua própria casa, Francisca ainda conseguisse roubar a cena. Então, decidiu mudar de assunto e começou a falar sobre as novas reformas que estavam sendo planejadas para a creche.Com a menção das reformas, as mães se animaram e voltaram a discutir fervorosamente com Liliane, deixando Francisca de lado.Atualmente, a competição começava cedo. No jardim de infância internacional onde Breno estudava, as crianças já começavam a aprender inglês, matemática e outras atividades extracurriculares.Para garantir que seus filhos recebessem a melhor educação desde cedo, as mães não hesitavam em bajular Liliane. Francisca ficou surpresa ao ver Liliane organizando os assentos das crianças na hora.A turma do maternal tinha 20 alunos. Liliane, aproveitando a ocasião, decidiu colocar os filhos das mães que mais a elogiavam nos melhores lugares.Liliane então se dirigiu a Francisca:— Sra. Francisca, como o Breno tem um bom desempenho, ele não pr
— Isso tudo é uma decisão do conselho da escola, para garantir a segurança das crianças e manter a limpeza do local. Contamos com a compreensão de vocês. Outras mães também estão na mesma situação. Se vocês tiverem alguma reclamação, podem falar diretamente com a direção. — Explicou Liliane.Aquela escola internacional de educação infantil era maior do que muitas escolas de ensino fundamental e médio, e o nível de ensino era um dos melhores da Cidade C. Joana, claro, não queria que sua filha perdesse a vaga que havia conseguido com tanto esforço.— Não tem problema, eu posso fazer minha filha levantar mais cedo e ir andando para a escola. — Respondeu Joana.Mas dizer isso era fácil. Para uma mãe que cuidava da uma filha de um ano e ainda tinha que levar a filha de quatro anos para a escola, era quase impossível dar conta de tudo.Francisca sentia uma certa pena dela. Tendo cuidado de dois filhos ao mesmo tempo, sabia bem das dificuldades envolvidas.A reunião terminou. Algumas mães se
Francisca olhou e viu Antônio segurando a mão de Fábio, parado na porta.— Mamãe, estou com medo de dormir sozinho. Trouxe o papai. Podemos dormir todos juntos? — Disse Fábio.Francisca quis recusar instintivamente, afinal, ela e Antônio ainda estavam em pé de guerra. No entanto, Antônio não fez cerimônia, pegou Fábio no colo e veio para perto, colocando o menino ao seu lado e deitando-se logo em seguida.— Vamos dormir, amanhã tenho que trabalhar. — Disse Antônio.Antônio soava como se estivesse cumprindo um dever. Francisca olhou para Fábio no meio deles, e Antônio parecia realmente não querer falar com ela. Assim, ela não os mandou sair. Colocou o celular de lado e também se deitou.Enquanto dormia, Francisca teve um sonho. Sonhou que era como uma pequena embarcação em um vasto oceano, balançando ao sabor das ondas. Gemeu em seu sono, o que a fez despertar. Ainda sonolenta, percebeu a presença de uma figura masculina ao seu lado, segurando-a firmemente, com a respiração quente em su
— Então, o que você acha? — Perguntou Breno.— Eu quero continuar sendo seu amigo, mas tenho medo da minha mãe. Se você quiser, podemos ser amigos em segredo, tudo bem? Daulo olhou para Breno com ansiedade, temendo que ele não concordasse.Breno pensou consigo mesmo que Daulo ainda tinha um pouco de consciência, afinal, não havia desperdiçado seu tempo ajudando-o com matemática.— Tudo bem. — Respondeu Breno.Daulo ficou instantaneamente feliz ao ouvir isso. Ele estava prestes a dizer algo quando uma voz infantil e aguda soou:— Daulo, o que você está fazendo aqui, conversando com ele?Flávio se aproximou com um grupo de crianças.— Nada. — Respondeu Daulo, não por medo de Flávio, mas por temor da mãe.A mãe havia dito que a família Serra não poderia se dar ao luxo de ofender a Família de Pareira, e Flávio era o queridinho dessa família. Se Flávio reclamasse com os adultos, os negócios da família Serra poderiam ser prejudicados. Ao perceber isso, Flávio ficou ainda mais arrogante:— S
O grupo de mães estava cheio de reclamações e xingamentos. Francisca leu as mensagens repletas de palavras maldosas, mas como ainda não conhecia todos os detalhes do que havia acontecido, decidiu não responder. Ela resolveu ir diretamente ao jardim de infância para entender a situação e decidiu não ligar para Breno.— Fábio, vou até o jardim de infância do seu irmão. Você e o papai vão para a nova escola, tá bom? — disse Francisca, abaixando-se para falar com Fábio. — Disse Francisca.Fábio, intrigado, perguntou:— Mamãe, aconteceu alguma coisa com o irmão na escola?— Nada, é só que a professora pediu para eu ir lá. — Respondeu Francisca, acariciando o cabelo dele.Fábio percebeu que sua mãe não era muito convincente ao mentir para crianças. Se não fosse nada, por que a professora pediria para ela ir até lá? Algo deveria ter acontecido, mas ela não queria contar para ele.— Tá bom, eu e o papai vamos primeiro. Tchau.— Tchau.Francisca observou enquanto os dois se afastavam. Guilherme
Ao assistir à transmissão ao vivo, todos ficaram surpresos ao ouvir aquelas palavras, e muitos começaram a comentar:[Mesmo que bater em outra criança seja errado, o que essas duas mães querem dizer? O que é essa história de raça inferior e filho de deficientes?][Crianças brigarem entre si é uma coisa, mas essas mães foram cruéis demais com suas palavras!][Nos últimos dias, o Breno tem nos ajudado a aprender a ensinar nossas crianças, como ele poderia ser uma criança má? O que realmente aconteceu aqui?]Os internautas ainda não sabiam o que havia acontecido, então continuaram assistindo. Um dos pais das crianças deu um passo à frente e disse:— Você bateu no meu filho e ainda quer ser tratado com justiça? Que piada! Ajoelhe-se e peça desculpas ao meu filho agora, ou eu mesmo vou te dar uma lição!O homem de meia-idade que chamou Breno de raça inferior era o marido daquela mulher. Breno manteve a coluna ereta e olhou friamente para o homem. Ele sentiu-se imediatamente desrespeitado po