Flávio sentiu que estava começando a entender a situação:— Então, você também é filho do meu tio?Breno ouviu a pergunta, mas não respondeu.Flávio assumiu que ele estava admitindo:— Como você pôde me enganar?— Enganar você sobre o quê? — Retrucou Breno.— Você não disse que o Marcelo era seu pai? Flávio ficou vermelho de raiva.— Foi vocês que disseram isso, não eu. — Breno pegou sua mochila, com um olhar frio. — Mais alguma coisa?Flávio, intimidado pelo olhar de Breno, deu um passo para trás:— Não, nada.Breno colocou a mochila nas costas e saiu. Flávio ficou na sala de aula, cheio de raiva:— Maldito, me enganou! E eu que achei que éramos amigos!Seus olhos brilharam com um toque de malícia:— Ninguém vai tirar meu lugar na Família de Pareira.Na saída da escola, Breno avistou seus pais na multidão.Ele caminhou rapidamente até eles.— Breno! — Chamou Francisca.Chegando perto, Breno sorriu e chamou:— Mamãe.Breno então olhou para Antônio e, em vez de chamá-lo de pai, disse:—
Essa era uma escolha óbvia.Fábio, era claro, queria ir para a escola como Breno.— Quero ir para a escola. — Disse Fábio, se agarrando à perna de Antônio antes que Francisca pudesse responder. — Papai, você é o melhor! Pode me colocar na mesma escola que o Breno?Breno, vendo o irmão tentar agradar Antônio, ficou irritado. Ele não queria Fábio na mesma escola que ele e disse de imediato:— Eu não quero.Fábio, com a mesma aparência que Breno, sempre conseguia mais atenção e carinho de todos ao redor. Onde quer que estivessem, Fábio era sempre o favorito. Bastava ele fazer um charme e Breno era esquecido.Fábio, surpreso com a recusa do irmão, olhou para ele com olhos arregalados:— Por quê, irmão? Você não me ama mais?A testa de Breno se franziu. Ele tinha vontade de rasgar o livro que estava segurando para calar a boca de Fábio.— Se continuar com essa frescura, eu te jogo para fora do carro! — Disse Breno friamente.O olhar e o comportamento de Breno lembravam Antônio quando era ma
— Papai, mamãe, por favor, parem de brigar, tá bom? — Pediu Fábio, com os olhos cheios de lágrimas.Francisca e Antônio se calaram.Fábio olhou para Francisca com um ar triste:— Mamãe, eu não vou mais querer ir para a escola. Não fique brava com o papai. Ele só disse isso porque não quer me ver triste.As palavras do filho tocaram profundamente Francisca. Era que só Antônio se importava com os sentimentos de Fábio? E ela? Ela também não queria vê-lo triste. Ela tinha cuidado do filho por anos, mas parecia que os poucos meses com Antônio tinham mais peso.— Mamãe, não fique brava, tá? — Disse Fábio, tentando desviar a atenção da mãe para acalmar a situação.Fábio acreditava que, com um pouco de carinho, Francisca deixaria de estar brava com Antônio. Mas as coisas não saíram como ele esperava.— Fábio, se você quer ir, pode ir. Mas se qualquer coisa acontecer, você terá que sair imediatamente da escola.Depois de dizer isso, Francisca passou por Fábio sem lhe dar um abraço como costumav
Como pai, Antônio não podia assistir passivamente enquanto algo acontecia com Fábio. Ele acreditava que, com todos os cuidados necessários, não haveria diferença entre Fábio ir para a escola ou ficar em casa.Francisca, ao ouvir isso e lembrar do olhar esperançoso de Fábio, não recusou mais:— Tudo bem.Ela apertou os dedos e não pôde deixar de dar uma última instrução:— Por favor, não deixe nada acontecer com ele.Antônio apertou os lábios e, depois de um momento, respondeu:— Eles são meus filhos. Não precisa me dizer isso.À noite.Antônio mal tocou na comida e, após o jantar, acendeu cigarro após cigarro no quarto. Ele não sabia por que, mas estava especialmente irritado nos últimos dias.Embora ambos os filhos fossem seus e isso devesse trazê-lo alegria, ele não conseguia deixar de sentir raiva ao pensar em Francisca levando as crianças embora e vivendo com outro homem.No outro quarto, Fábio e Breno conversavam.— Não podemos continuar assim. Vou falar com o papai para ele tomar
O restaurante estava reservado exclusivamente para o evento. As mães sentavam-se em torno de uma longa mesa, já discutindo os detalhes para enviar seus filhos ao exterior. Quando Francisca entrou, todas pararam de falar e olharam para ela.Francisca vestia-se de forma discreta, com uma maquiagem leve, mas bem feita. Mesmo com uma cicatriz notável no lado direito do rosto, sua elegância era inegável. Algumas mães, ao verem sua boa forma e beleza, não puderam evitar sentir inveja. Elas investiam em cuidados com a pele, mas não conseguiam ter a mesma pele impecável de Francisca. Por sorte, ela tinha aquela cicatriz.— Olá a todas. — Cumprimentou Francisca educadamente, conferindo que não tinha chegado atrasada.Francisca olhou ao redor e viu Liliane. Flávio e Breno estavam na mesma turma, então não era surpresa Liliane estar ali. Sentada na cabeceira da mesa, Liliane fingiu não notar Francisca e tomou um gole de café.As outras seguiram o exemplo da líder e também ignoraram Francisca. Han
As outras também esperavam que Francisca se envergonhasse, pensando que ela realmente não tinha calculado quanto ainda faltava pagar.No entanto, Francisca respondeu com uma calma surpreendente:— Claro.Francisca tirou um cartão da bolsa e colocou-o na mesa:— Pode passar agora.Seis milhões reais, para ela, não era muito. Ela não usava roupas caras nem carregava bolsas de grife simplesmente porque não gostava, não por falta de dinheiro.Liliane, que planejava envergonhar Francisca hoje, não esperava passar vergonha ela mesma.Francisca, uma mãe nova no grupo, doou seiscentos milhões reais, enquanto ela, presidente do comitê de pais, doou apenas cento e cinquenta milhões.Liliane forçou um sorriso:— Sra. Francisca, você é realmente generosa.Os outros, ao verem que Francisca realmente tinha tanto dinheiro, mudaram seus olhares desdenhosos.Depois da reunião, Hana conversou em particular com Francisca:— Sra. Francisca, você doou tanto dinheiro para as crianças. Não tem medo de que su
Hana ficou surpresa com a ideia de Francisca. Ela puxou Francisca para um canto isolado antes de falar:— Sra. Francisca, você sabe por que Liliane é a presidente do comitê de pais? A Família Pareira doa cento milhões por ano para o jardim de infância. Eu sei que você também é nora da Família Pareira, mas seu marido...Ela não completou a frase, mas Francisca entendeu.— E se eu puder doar mais? — Perguntou Francisca.Hana balançou a cabeça:— A escolha do presidente do comitê é parcialmente feita pela liderança da escola e parcialmente pelas mães do comitê. Você acabou de entrar, elas não vão te deixar ser presidente. Quem se atreveria a enfrentar a Família Pareira? Estamos sempre tentando nos aproximar de Liliane e da Família Pareira, porque uma palavra dela pode garantir negócios para as empresas de nossos maridos.Roberto, mesmo não sendo o líder da Família Pareira, já tinha tanto poder. Francisca estava convencida de que o Grupo Pareira não era fácil de derrubar.Hana, vendo que F
A fragilidade de uma mulher pode se transformar em força quando ela se torna mãe. Depois de tomar uma decisão, Francisca começou a se preparar. Ela primeiro entrou em contato com o diretor da creche, dizendo que queria investir. O diretor concordou rapidamente.Em seguida, Francisca começou a se infiltrar gradualmente na sala de conversa de mães. No início, ela não fez nada, apenas observou e anotou as conversas e necessidades das outras mães no grupo.O tempo passou voando enquanto estava ocupada, e Fábio, esfregando os olhos de sono, chamou:— Mamãe, o jantar está pronto.— Já vou.Francisca desligou o computador e desceu as escadas.Durante o jantar, Fábio propositalmente colocou Francisca e Antônio para se sentarem juntos.— Mamãe, sente-se na minha frente. — Disse Fábio.A frente dele era onde Antônio estava sentado.Francisca olhou para Antônio, e vendo que ele não disse nada, ela se sentou. Na mesa de jantar, as refeições de Antônio eram sempre servidas pela empregada, e finalme