As memórias do passado inundaram Admir, deixando-o ainda mais descontente.- Fui a um baile, mas não sei para onde meu irmão foi. A essa hora, você ainda está procurando por ele?- Já que você não sabe, então vou voltar.Talvez o Admir do passado fosse cavalheiro, Francisca nunca o considerou mau. Francisca estava prestes a entrar no carro quando Admir se adiantou.- Vou te acompanhar para procurá-lo.- Não precisa, você pode voltar e descansar.Francisca recusou imediatamente. Ela já se sentia mal o suficiente por acordá-lo tão tarde da noite.- Não, você vai procurá-lo sozinha a essa hora, e eu não me sinto tranquilo. - Falou Admir, sem esperar que Francisca respondesse, já estava sentado no banco do motorista. - Vamos, eu dirijo.Francisca não achou apropriado recusar novamente e assentiu:- Está bem.Admir dirigiu em direção ao centro da cidade. Fazia muito tempo desde que eles passaram um tempo juntos assim.- Ele desapareceu durante o baile? - Perguntou Admir.- Não, foi depois d
— Eu nunca o ouvi dizer que recuperou a memória. Perguntei a ele outro dia e ele disse que não. — Murmurou Francisca, como se falasse com Admir, mas também consigo mesma.Ela estava grávida e não podia se permitir grandes emoções. Respirou fundo, tentando se acalmar. “Tudo bem, só fui enganada de novo. Tudo bem, não vou me irritar, não vou ficar triste. Tudo bem, isso é bom, assim eu posso me livrar dele de vez.”Francisca repetia para si mesma no coração, tentando se confortar.Admir percebeu sua aflição e segurou a mão de Francisca: — Tudo bem, você ainda me tem.Francisca se surpreendeu. Olhou para a mão segurada por Admir, mas, no instante seguinte, a retirou. Antônio tinha errado, ela não podia errar também.— Admir, você é o noivo de Cristina — Lembrou Francisca.A mão de Admir congelou no ar e uma expressão estranha passou pelo seu rosto antes de ele responder gentilmente:— Você está enganada. Eu quis dizer que estou do seu lado, afinal, ainda somos amigos, não somos? Não se
Francisca lembrava das fotos que Admir havia mostrado. Nas imagens, Antônio estava claramente sem equilíbrio, precisando não só do apoio de Catarina, mas também de um segurança vestido de preto. Antônio raramente bebia tanto, e muito menos a ponto de perder os sentidos. Ela sabia bem disso, pois tinha tentado embriagá-lo uma vez e falhado.— Fábio, lembrei de uma coisa que precisa fazer. Vá dormir, não precisa me esperar. — Disse Francisca.Fábio assentiu:— Tudo bem.Quando Francisca saiu apressada, Fábio murmurou para si mesmo:— Não é que eu queira ajudar você, papai. Só não quero que você morra jovem. Ainda preciso que você e o meu irmão nos tragam mais riquezas.Além de Breno, ninguém sabia do talento de Fábio. Ele tinha a capacidade de perceber os pensamentos das pessoas através de suas conversas, expressões faciais e outros sinais. Suas deduções eram quase sempre corretas, algo próximo de um especialista em psicologia, mas com uma sensibilidade extraordinária. Depois de ouvir a
Antônio, se ouvisse alguém dizer que ele precisava de remédios, provavelmente os eliminaria sem pensar duas vezes.Francisca, ao confirmar que Antônio estava ali, enviou uma mensagem para Guilherme.Guilherme respondeu imediatamente:[Estamos a caminho.]Embora estivesse intrigado com a mudança repentina de Francisca, sabia que o assunto era urgente. Não demorou muito para que ele e sua equipe cercassem o hotel. Depois de controlarem todos os vigias do andar superior, Francisca subiu. Ao descobrirem o número do quarto de Antônio, os seguranças arrombaram a porta.Francisca foi a primeira a entrar e, de imediato, viu Antônio saindo do banheiro, enrolado em uma toalha.Antônio franziu o cenho e perguntou:— Quem está aí?Francisca, imaginando que ele tinha acabado de estar com Catarina e acabara de tomar banho, sentiu as mãos apertarem-se de raiva. Sem querer falar, ficou parada, deixando-o inquieto.Antônio caminhou em direção à porta, olhando para outra direção:— Admir?Guilherme, ao
— Não ir ao hospital? Como assim? Você foi... Francisca tentou falar, mas Antônio a calou com um beijo, já tirando sua roupa ansiosamente. Ele sabia que o que sentia não era só efeito do remédio.— Antônio, por favor, não... Francisca tentou resistir, mas ele a abraçou novamente. Ela sentiu um gosto de sangue na boca dele e se surpreendeu:— Sua boca...— Não consegui me controlar, mordi a minha língua — Respondeu Antônio com a voz rouca.Enquanto Francisca ainda processava a informação, ele a ergueu nos braços. O roupão de Antônio caiu, e ela viu como seu corpo estava vermelho do banho frio. Ficou paralisada por um momento, o que foi suficiente para ele a deitar na cama....Ao amanhecer, Francisca abriu os olhos lentamente e viu as roupas espalhadas pelo chão. Ao virar a cabeça, percebeu que Antônio a abraçava firmemente. Na noite passada, ele não aceitou suas recusas, como se estivesse possuído.Felizmente, o bebê estava bem.Antônio percebeu que ela estava acordada e, embora não
Admir olhava para a mensagem com uma expressão fria. Ele já sabia que Catarina havia falhado. Seus homens fora do hotel tinham sido neutralizados pela equipe de Guilherme, e nenhum dos jornalistas havia aparecido no local. Admir colocou o celular de lado e começou a tossir intensamente.— Mestre Admir, quer que eu chame um médico? — Perguntou um subordinado.Admir balançou a cabeça:— Não é necessário.Depois disso, pegou o celular novamente, procurando o número de Francisca. Ficou olhando para a tela por um longo tempo, antes de desligar o aparelho.Do outro lado, Francisca ouviu Antônio dizer que tudo na noite passada havia sido armado por Admir. Ela tinha dificuldade em acreditar, pois Admir havia mandado pessoas para procurar por Antônio. Se não fosse pela foto que Admir lhe mostrou, ela nunca teria encontrado Antônio.— Quero ver a Catarina. — Disse Francisca.— Está bem....Catarina estava trancada em um porão escuro, cheia de medo. Quem poderia salvá-la agora? De repente, a por
Catarina admitiu que foi Admir quem a mandou para servir Antônio, mas não deu muitos detalhes a Francisca. O coração de Francisca esfriou. Ela realmente não esperava que Admir usasse tais métodos. Mantendo sua promessa, ela libertou Catarina. Esta saiu do porão em estado lamentável e, ao chegar à superfície, imediatamente comprou uma passagem de avião para sair de Cidade C. Sabia que se não fugisse agora, Marcelo e Admir também não a poupariam.Antônio soube que Francisca a havia soltado e não se incomodou. Pessoas como Catarina não representavam ameaça para ele; sem a aliança entre Admir e a família Vieira, ela jamais teria tido a oportunidade de se aproximar.Francisca pensava da mesma forma. Catarina era especialista em ferir os outros com palavras, e pessoas assim inevitavelmente encontrariam o próprio castigo. Não valia a pena sujar as mãos e arriscar-se a ser acusada de um crime.Lá fora, a neve caía em flocos densos. Ao sair, Antônio perguntou a Francisca:— Você conseguiu as r
As palavras de Admir atingiram Antônio como flechas certeiras. Antônio permaneceu em silêncio.Admir, por outro lado, se sentia cada vez mais vitorioso:— Irmão, você realmente acha que a Francisca te ama? Ela apenas transferiu o amor que sentia por mim para você. Se não fosse por minha causa, ela nunca teria ficado com você. Sabia que ela costumava abraçar meu braço e dizer que queria estar comigo para sempre?Francisca não conseguia ouvir o que Admir dizia, mas notou que Antônio ficou pálido e demorou a devolver o celular para ela.— Sobre o que vocês conversaram? — Perguntou Francisca, intrigada.Antônio a puxou para um abraço, sua voz soando rouca:— Nada de importante.Francisca tentou se afastar:— Me solta.Havia pessoas olhando e ela havia dito que precisava de tempo para pensar. Não queria que parecesse que eles estavam juntos novamente. Mas Antônio não se importou. Os seguranças ao redor viraram de costas, dando-lhes privacidade.Antônio falou baixinho:— Francisca, as cartas