Na entrada da loja, Francisca apressadamente retirou sua mão:- Aquilo era quando eu era criança e não entendia.Quando era pequena, ela nem sequer sabia sobre a diferença entre homens e mulheres. Além disso, naquela época o Henrique era um menino gordinho e menor que ela. Ela o tratava como um irmão, e sempre que Helena fazia algo gostoso, ela levava para ele. Mas agora, quem diria que aquele garotinho se tornaria um homem alto e atraente. O pior era que ele exalava uma aura de orgulho e arrogância, nenhuma garota ousaria encostar a mão gelada em seu rosto.O olhar de Henrique refletia o distanciamento de Francisca, um toque de melancolia em seus olhos:- Na verdade, você não precisa ficar contida na minha frente.Henrique sempre se lembrava dos invernos da infância, quando ele estava com frio, era Francisca quem trazia secretamente roupas, cobertores e comida para ele, ainda o animando. Se não fosse por Francisca, ele provavelmente teria morrido de fome ou congelado, e não assassinad
Francisca apertou ainda mais a mão que apertava Antônio e falou em um tom mais grave:- Se você não falar nada, ninguém vai achar que você é mudo.Antônio parecia não sentir dor alguma e disse a Henrique:- Sr. Henrique, desculpe, mas eu e minha esposa temos planos para nossa vida conjugal esta noite, então não será possível convidá-lo para jantar em casa.Vida conjugal.O rosto bonito de Henrique ficou um pouco rígido. Ele sabia que Antônio estava apenas tentando irritá-lo, mas não conseguiu controlar sua raiva.Guilherme, que antes estava preocupado que Antônio fosse ser agredido, agora respirava aliviado ao ver a situação.As pessoas ao redor de vez em quando olhavam para eles, inicialmente achando que Francisca e Henrique formavam um casal, mas agora percebendo que na verdade Antônio era o marido de Francisca.Sob os olhares curiosos das pessoas ao redor, Francisca comprou umas coxinhas para Henrique e disse:- Eu vou indo primeiro.- Tudo bem, até a próxima.Henrique observou Fran
Naquela noite, depois de cuidar do descanso de Helena, Francisca também voltou para seu quarto e se deitou. Não demorou muito e ela adormeceu. De repente, uma mão a envolveu pelas costas: - Francisca.Antônio, de alguma forma, havia entrado e a segurava firmemente, com uma das mãos pousada em seu ventre.- Antônio, o que você está fazendo?Mesmo após perder a memória, ele não havia perdido o hábito de invadir o quarto dos outros sorrateiramente. Antônio não pretendia tocá-la, pois sabia que no início da gravidez, isso não era recomendado. Mas ao lembrar que Francisca havia se encontrado com Henrique e do que Guilherme lhe dissera, seus lábios tocaram a orelha dela. O hálito quente fez Francisca estremecer:- Antônio, você ousa!Antônio hesitou por um momento e, em um tom sério, começou a explicar junto à sua orelha.Francisca ficou paralisada. De repente, compreendeu tudo e seu rosto ficou vermelho como uma maçã madura.- Não quero saber! - Exclamou Francisca, logo cobrindo a boca, co
Francisca deu uma bronca em Antônio antes de sair. Agora, Antônio a ouvia repreendê-lo sem se irritar, apenas com seus olhos azuis e inocentes a fitá-la. Mesmo sabendo que ele não podia vê-la, Francisca não conseguia evitar um certo desconforto.No hospital, Fábio ficou sabendo, pela boca do irmão, que o pai estava morando em casa e havia tido um acidente de carro recentemente, ficando cego, além de ter sido suplantado em sua própria identidade.- Ele merece tudo isso. - Disse Fábio, indignado.Do outro lado, Breno, que estava fazendo uma ligação em um canto, também comentou:- Sim, é a retribuição do destino.- Só é uma pena não termos sido nós a nos vingar. - Suspirou Fábio. De repente, ele pensou em algo e logo contou a Breno. - Irmão, tio Henrique e a mamãe vêm me visitar hoje. Eu quero fazer com que eles fiquem juntos, o que você acha?Todos sabiam o quanto Henrique era bom para a mãe. Diferente do pai, que tinha ex-namoradas, Henrique e a mãe eram amigos desde a infância, sendo a
Três pessoas caminhavam pela neve, parecendo muito uma família. Francisca estava sendo levada por Henrique, a palma de suas mãos suava.Finalmente chegaram ao restaurante, era hora de comer, e Henrique finalmente soltou a mão dela. Fábio não esqueceu de dar a eles uma oportunidade de ficarem a sós, pedindo ao garçom para levá-lo ao banheiro. Depois que ele se foi, Francisca imediatamente se desculpou:- Me desculpe, Fábio nunca experimentou o amor paternal, então ele age assim.Afinal, Henrique ainda não era casado, não podendo ser pai de outra pessoa, o que a maioria das pessoas não gostaria. Mas Henrique não se importava:- Na verdade, eu gosto disso nele.Francisca finalmente se acalmou. Depois de conversar sobre Fábio, Henrique não pôde evitar pensar sobre o dia anterior:- Por que você não me contou sobre morar com Antônio?Ele logo se arrependeu, pensando que não tinha o direito de perguntar isso a ela. Francisca, no entanto, não pensou muito sobre isso e contou tudo, sobre ameaç
Francisca sabia que, apesar de Fábio ser dado a manhas, ele raramente fazia birras sem motivo. Ele estava doente, seu corpo já dolorido, e mal conseguira ver um brinquedo de pelúcia que queria, certamente ficando arrasado por não poder tê-lo.- Fábio, não chore, vou dar um jeito, tudo bem?Nesse momento, Henrique prontamente se manifestou:- Fábio, eu e mamãe vamos agora mesmo tentar ganhar a boneca pra você, tudo bem?Ao ouvir as palavras de Henrique, Fábio de fato parou de chorar, seus enormes olhos mirando o irmão. - Tá bom. - Respondeu, e então Fábio olhou para Francisca. - Vai lá, mamãe e papai, vocês conseguem!Francisca não teve o que dizer diante disso. Os três então foram se inscrever no local da atividade, e após completarem o time de dez casais, os organizadores revelaram as regras do jogo.As regras eram simples. Homens e mulheres ficariam de frente um para o outro, com os olhos vendados, e os organizadores soltariam repentinamente algum objeto pendurado em uma corda, como
Desta vez, Henrique não voltou apenas por causa de Francisca, mas também pelas antigas propriedades que Antônio lhe havia tomado no passado. Ele sabia que o atual Grupo Pareira não era o verdadeiro Antônio e não tinha muito com o que se preocupar.Guilherme não esperava que Henrique fosse tão desavergonhado. Agora que Antônio estava com amnésia, Guilherme certamente não contaria a ele o que Henrique havia dito. No entanto, Henrique realmente queria fazer Antônio enxergar a realidade.Neste momento, Antônio estava usando um computador com sistema Braille, esperando por Francisca voltar. Já eram 8 horas da noite e ela ainda não tinha voltado. Normalmente, ela já teria chegado há muito tempo. Nesse momento, chegou uma mensagem de voz em seu telefone, e Antônio rapidamente o atendeu, reproduzindo-a automaticamente:- Sr. Antônio, sou eu, Henrique. Só queria avisá-lo de que Francisca esteve comigo o dia todo e vai demorar um pouco mais para voltar.Antônio ouviu isso e seu rosto escureceu c
O dedo de Francisca estava gelado como se tivesse saído direto da geladeira e tocou o peito de Antônio. Antônio hesitou em seus passos, não sentindo o frio, apenas percebendo que seu sangue estava fervendo por dentro.A outra mão de Francisca, sem ter onde colocá-la, acabou tocando involuntariamente o rosto quente de Antônio.- Antônio, você está com febre. - Disse ela fracamente.Naquele frio, o rosto de Antônio estava queimando como fogo, era sinal de que ele estava realmente febril.Os lábios de Antônio se apertaram em uma linha fina, a sua garganta se moveu quando ele disse:- O que eu disse ontem à noite ainda vale.Francisca apenas viu seus lábios se moverem, sem entender o que ele havia dito, e respondeu com um vago:- Sim.Os passos de Antônio se apressaram. Finalmente, eles chegaram em casa. Helena viu a neve sobre os dois e prontamente trouxe uma toalha:- Por que vocês demoraram tanto?Antônio pegou a toalha e começou a enxugar Francisca. Ela estava com o corpo rígido, mas n