No julgamento seguinte, Claudia já havia secado suas lágrimas, ela não queria ser vista como inferior por Ilídio. Mais uma vez, ela apresentou ao tribunal todas as testemunhas sobre o colapso da relação entre Francisca e Antônio, e como Antônio a havia maltratado emocionalmente... Sem novas evidências, o juiz estava prestes a proferir a sentença, quando, de repente, Francisca tomou a palavra:- Eu tenho algo a dizer. - O juiz olhou para ela, indicando que ela prosseguisse. Francisca olhou para Antônio e então se dirigiu a todos. - Eu trai o casamento.Um silêncio total tomou conta do local. Nos olhos de Antônio, havia uma agitação incontrolável. Francisca não parou por aí:- Eu e o Sr. Antônio nunca tivemos um relacionamento verdadeiro. Dr. Ilídio disse que, durante esses seis meses que voltei, eu me envolvi com ele, e eu admito. Mas eu só queria me vingar. Antônio nunca demonstrou qualquer cuidado de marido para com a esposa, e eu o odiava. Durante os quatro ou cinco anos em que estiv
Ilídio teve mais cuidado do que os outros. Quando aqueles estrangeiros saíram de carro, ele os seguiu discretamente....Do outro lado, Antônio dirigia pessoalmente e Francisca estava no banco do passageiro. Lembrando-se do que Francisca havia dito no julgamento, Antônio falou:- Você realmente quer se divorciar?Mesmo sabendo o resultado, ele ainda queria perguntar mais uma vez.- Sim. - Francisca assentiu com a cabeça e então disse. - Desde que você concorde com o divórcio, eu prometo não querer nada, eu só quero ser livre.Antônio não continuou o assunto e perguntou:- Tudo o que você disse no julgamento era verdade?Francisca hesitou por um momento e disse:- Isso não importa mais, não é?Ela olhou para Antônio e logo em seguida disse:- Se você ainda não quiser se divorciar, eu realmente vou contar para o mundo inteiro que eu já estou com outra pessoa.Francisca sabia que essa era a pior opção. Antônio se importava muito com a reputação e não deixaria a empresa que construiu com t
Lá fora, a neve caía forte. Francisca tivera um sonho muito longo, mas não conseguia se lembrar do que havia acontecido, apenas ouvia vozes ao seu redor.- Ela está grávida?- Sim, de oito semanas.Ao ouvir isso do médico, o olhar de Sílvia para Francisca já não continha mais raiva, mas uma pontada de surpresa. Oito semanas... Isso significava que dois meses atrás, quando ela e Antônio ainda moravam juntos, ela engravidara! O filho que Francisca carregava em seu ventre era de Antônio!- Doutor, por favor, cuide bem dela, especialmente da criança em seu ventre. Não pode haver qualquer problema. - Disse Sílvia.- Fique tranquila. - Respondeu médico.Como Sílvia poderia ficar tranquila? Seu filho ainda estava lutando entre a vida e a morte na UTI, e agora o neto que Francisca esperava não podia correr nenhum risco. Ela deixou o quarto para ir ver Antônio.Nesse momento, Francisca forçou seus olhos cansados a se abrirem, finalmente enxergando o que a rodeava. Sua mão foi direto para o vent
Lá fora, o vento roncava furiosamente e uma árvore do lado de fora estava dobrada pelo peso da neve. A enfermeira trouxe o jantar para Francisca, mas ela mal tocou na comida, perdendo totalmente o apetite.Sílvia entrou silenciosamente pela porta em algum momento, sem dizer uma palavra. Ela caminhou até a janela e fechou as cortinas.Em comparação com seu antigo brilho, Sílvia agora parecia extremamente cansada, com o rosto pálido e cadavérico. Um silêncio de morte pairava no cômodo.Sílvia finalmente se virou para Francisca e perguntou diretamente:- O bebê que você carrega é do Antônio, não é?Instintivamente, Francisca mentiu:- Não, não é.O olhar de Sílvia endureceu. Ela se forçou a se acalmar:- Você não precisa mentir, eu sei que você passou aquele período com o Antônio.- Você estava me vigiando à noite quando estava com ele também? - Retrucou Francisca.Sílvia ficou sem palavras, encurralada. Antônio ainda não tinha acordado e Francisca dizia que o bebê não era da família Pare
Sílvia saiu apressadamente do quarto. Francisca se levantou para acompanhá-la, mas ainda não havia chegado ao segundo andar, onde ficava a UTI, quando foi barrada pelos seguranças.- Desculpe, mas a Sra. Sílvia disse que só ela pode subir ao segundo andar. - Explicou o segurança.Francisca teve que voltar para o quarto e esperar notícias. Ela apenas desejava que Antônio não tivesse nada de grave, que seus olhos estivessem bem. Não era por ainda amá-lo, mas sim porque não queria ficar devendo nada a ele. Algum tempo depois, um dos seguranças veio bater à porta: - Sra. Francisca, a Sra. Sílvia a está chamando.Francisca então saiu do quarto e seguiu para o segundo andar. Assim como Claudia havia dito, a segurança dali era extremamente rigorosa, além de Sílvia, só havia seguranças e equipe médica. O segurança foi na frente e avisou Sílvia:- Sra. Sílvia, a Sra. Francisca chegou.- Certo. - Sílvia foi até a porta do quarto, os olhos vermelhos ao encarar Francisca. - Antônio quer falar com
Francisca ainda não acreditava na história da amnésia, afinal, ela mesma já havia usado esse truque antes. Ela simplesmente afastou a mão dele:- Antônio, não adianta fingir, eu sei que você não perdeu a memória de verdade.A mão de Antônio ficou vazia, então ele começou a procurar às cegas:- Francisca, onde você está?Ele não conseguia ver nada, só poderia tatear. O curativo que acabara de ser feito em seu ferimento pode ter se aberto de novo. Como estava muito ferido, após o esforço violento, sua cabeça parecia ter sido atingida por uma rocha gigante. Depois que a enfermeira lhe aplicou um sedativo, ele não aguentou mais e acabou desmaiando. Antes de dormir, ele ainda murmurava:- Francisca...O médico chamou Francisca e Sílvia para conversar:- Sra. Francisca, não pode mais irritar o paciente. De acordo com nosso diagnóstico, o Sr. Antônio sofreu um traumatismo craniano após um acidente de carro, causando danos neurológicos que resultaram na perda de memória. Ele não está fingindo.
Francisca ficou com o rosto tenso e olhou para ele de maneira um pouco constrangida. Antônio tinha os olhos completamente escuros e só conseguia identificar a posição de Francisca pela voz:- Você pode me levar ao banheiro?Francisca voltou a si, estendendo a mão:- Claro.Ela ajudou Antônio a sair da cama. Levou-o até o banheiro e, depois de indicar a localização do vaso sanitário, logo se retirou.Depois de um tempo, de repente um estrondo veio do banheiro. Francisca correu até lá e, ao abrir a porta, viu que Antônio havia derrubado acidentalmente o copo de vidro sobre a pia. Ele se abaixou para pegá-lo e cortou a mão, que começou a sangrar.- Sua mão está cortada.Francisca se apressou em impedi-lo. Mas Antônio, de repente, agarrou sua mão e repetiu a pergunta da noite anterior:- Você me acha repugnante?Francisca ficou em silêncio por um momento, depois delicadamente soltou a mão dele:- Vou chamar uma enfermeira para cuidar do seu ferimento.Dez minutos depois, uma enfermeira vei
Antônio soltou as mãos que abraçavam Francisca, seu rosto recuperando a costumeira frieza de sempre. Francisca chegou a pensar que ele estava fingindo perder a memória, mas depois que o provocou, ele não fingiu mais. Então ela se levantou:- Eu vou retomar o processo de divórcio.Dizendo isso, ela pegou sua bolsa e saiu. Do lado de fora, Sílvia esperava por ela no corredor. Ao vê-la sair, bloqueou seu caminho:- Antônio está nesse estado, e você ainda quer se divorciar?Francisca sabia que agora não podia amolecer o coração. Ela olhou friamente para Sílvia:- Quando meu pai morreu em um acidente de carro, nossa família foi caindo aos poucos e fechando o negócio, quando minha surdez piorou e eu sofri de depressão severa, vocês se importaram comigo? Você sabia que seu filho nunca me tocou, mas mesmo assim ficava me mandando remédios para engravidar, você pensou em mim naquela época?Sílvia ficou sem palavras diante dessa resposta, mas não quis desistir:- Mas o bebê que você está carrega