Alex permaneceu em silêncio.Sem dúvida, Eduardo estava dizendo a verdade.Na noite anterior, quando voltaram ao hotel, já era madrugada. Durante a noite, ele havia planejado se levantar e trocar de turno com Eduardo para evitar que Guilherme levasse sua irmã embora.No entanto, seu corpo simplesmente não aguentou. Quando abriu os olhos pela manhã, já era a hora de Eduardo enviar a ele uma mensagem.Embora, para um trabalhador comum, aquele horário não fosse tão tarde para acordar, a verdade é que ele não se levantou no horário planejado, deixando Eduardo sentado à janela do hotel durante a noite inteira.Se Eduardo não tivesse visto sua irmã descer as escadas de manhã, ou se ambos tivessem dormido, talvez não estariam agora conversando durante a refeição.Por isso, mesmo que o pedido de Tatiana fosse razoável naquele momento, não cabia a ele opinar.De repente, a atmosfera na mesa de jantar se tornou tensa.Tatiana também não ousou falar naquele momento.Mas a expressão de tristeza em
Sem dúvida, era como entregar novamente os reféns nas mãos dos sequestradores.Uma única frase caiu como uma pedra enorme no peito de Tatiana, doendo tanto que ela não conseguia pensar em mais nada.Ela permaneceu em silêncio por um momento antes de abrir a boca com dificuldade.- Que tal irmos embora direto? - Sugeriu Tatiana. Não era apenas por Eduardo e Alex, mas pelo sentimento visceral de ver o gerente do saguão, do outro lado do vidro, espancado e com o rosto inchado.Duas horas atrás, quando ela saiu, ele ainda estava sorrindo e perguntando se ela queria tomar café da manhã.E agora, lá estava ele, como uma poça de lama sendo pisoteada no chão, com a cabeça caída, irreconhecível.Se Eduardo e Alex entrassem com ela, o que poderia acontecer com eles?Seria melhor aproveitar o momento e sair sem olhar para trás.Essa decisão chocou Eduardo e Alex, que quase falaram ao mesmo tempo.- Você tem certeza? - Perguntou Alex. Tatiana hesitou por um instante, mordeu o lábio e olhou novam
O vento da costa soprava levemente, e o canto barulhento dos insetos e pássaros nas árvores se aquietou por um instante. No silêncio momentâneo, Tatiana viu o homem à sua frente esboçar um sorriso.- Quem você espera que eu seja? - Guilherme perguntou, com um tom de voz diferente do habitual, suave e quase carinhoso, com um toque de cautela. Parecia querer dizer a Tatiana que, se ela desejasse que ele fosse Loh, ele continuaria a ser.Mas o falso é sempre falso, e não se pode transformar em verdade apenas pelo desejo de alguém. Embora ela já soubesse a resposta, sentia a necessidade de perguntar, mesmo que isso a levasse à exaustão.Tatiana de repente começou a rir. Não sabia se ria da absurda realidade ou de sua própria estupidez. Por que teve que voltar?Se ela tivesse saído do restaurante com seus irmãos, nada disso estaria acontecendo. Era mesmo necessário?Sim, era necessário. Durante o confronto, Guilherme deu um passo à frente, e os seguranças de preto ao seu lado também avançar
Sim, como ela poderia ter certeza?Não precisava mencionar os crimes que Eduardo disse que Guilherme cometeu no passado, bastava olhar para o chão em que pisava para saber que tipo de pessoa ele era.Então, com base em que ela poderia ter certeza de que, se fosse até ele, ele realmente cumpriria o que havia dito e libertaria todos?Um impostor que tomou o lugar de Lorenzo e a enganou por tanto tempo.Era confiável?Tatiana hesitou ao ouvir as palavras de Alex.Eduardo também falou rapidamente.- Taís, ouça o Alê, volte. Escute, em nenhum momento você foi um fardo para nós. Não importa a situação de hoje, nem eu nem o Alê precisamos que você se sacrifique por nós.O acidente no Lago Montanhas já havia acontecido uma vez, e isso era o suficiente.Eduardo não permitiria que sua irmã tivesse que proteger ele novamente.Mesmo que fossem só os dois, eles protegeriam a irmã e a manteriam em segurança.Ainda que não pudessem levar ela embora, não poderiam ver ela partir diante de seus olhos.-
- Volte comigo. Desta vez não vou assustar você, nem enganar. - Sussurrou Guilherme ao ouvido dela, em uma postura tão íntima que poderia ser mal interpretada. Tatiana não se moveu, deixando que Guilherme segurasse seu pulso naturalmente. Na verdade, mesmo que tentasse lutar, se Guilherme quisesse, ela não conseguiria escapar dele. Era melhor acreditar nele mais uma vez.Talvez fosse sua obediência que melhorou o humor do homem. Guilherme fez um sinal com os olhos e as pessoas que cercavam Eduardo e Alex se dispersaram, deixando apenas uma parede humana para impedir que eles avançassem em direção a Guilherme.Tatiana, embora não tenha olhado para trás, percebeu pelo canto do olho o movimento da multidão ao seu redor, sentindo um alívio sutil no coração. Esse pequeno gesto não passou despercebido por Guilherme, que esboçou um sorriso satisfeito.- Srta. Taís, agora você pode ficar tranquila. - Disse Guilherme. Tatiana levantou o olhar, com a voz ainda embargada e um pouco rouca.-
- Louco? - Indagou Guilherme. Guilherme não ficou irritado ao ouvir esse insulto. Ele já tinha ouvido tantas vezes termos como esses associados a ele... Louco, demônio, psicopata...As pessoas pareciam sempre prontas a usar tais palavras quando não conseguiam entender as ações de alguém. Ele, porém, não se considerava um louco. Mas se fosse Tatiana quem o chamasse assim, ele poderia perdoar. - Louco então. Se isso faz você se sentir melhor, eu não me importo que me xingue mais algumas vezes. - Disse Guilherme. Guilherme retirou a mão que havia tocado o cabelo dela e baixou os olhos. Não estava claro se ele estava falando com Tatiana ou consigo mesmo.Quando levantou o olhar novamente, seu rosto voltou àquela expressão selvagem, sem qualquer traço de ternura do dia anterior.Já que a máscara tinha sido removida, não havia mais razão para continuar fingindo. Era melhor mostrar sua verdadeira face, poupando ela de ver uma farsa e ele de continuar com a encenação.Assim, talvez fosse m
Tatiana ouviu o som e virou a cabeça, com uma expressão inocente no rosto. Seu rosto originalmente pálido agora exibia uma marca vermelha causada pelo atrito do guardanapo, combinando com sua aparência atual, o que a tornava extremamente lamentável.Guilherme hesitou por um momento, e seus olhos, já escuros, se tornaram ainda mais profundos ao ver a cena.Ao perceber isso, o medo no coração de Tatiana aumentou. Ela olhava fixamente para Guilherme, que se aproximava. Quando ele parou na sua frente e estendeu a mão na sua direção, ela instintivamente se recostou na cadeira atrás de si. Mas o espaço era limitado, não havia para onde fugir. Logo, Guilherme não avançou mais. Quando Tatiana evitou instintivamente seu toque, ele parou no meio do gesto, com a palma da mão suspensa no ar.Seu rosto bonito não demonstrava nenhuma emoção, mas era evidente que ele estava de mau humor. Um desprezo tão claro não agradaria ninguém, muito menos alguém tão orgulhoso como o Sr. Borges. Ele sempre f
No lado de fora do hotel, os guarda-costas de preto que cercavam Eduardo e Alex se dispersaram, deixando de restringir os dois irmãos que permaneciam no meio do pavimento de cimento.Antes de partir eles limparam a mancha de sangue no chão como se nada tivesse acontecido.Os dois ficaram sozinhos na estrada deserta, sem nenhum turista à vista. Apesar do sol escaldante, havia uma frieza sutil no ar.- Irmão, e agora? - Perguntou Alex.A insatisfação ainda queimava em seus corações, fazendo com que não quisessem sair dali. Mas ficar sob o sol não resolveria nada; sem agir, a sensação de falha persistiria.Eduardo mordeu os lábios e hesitou por um momento, enquanto seus olhos profundos permaneciam fixos na espessa porta de vidro, tentando, em vão, enxergar a figura da irmã. Contudo, a razão o alertava constantemente da impossibilidade. Ele já a havia visto entrar no elevador, e a última visão que teve dela foi apenas um vislumbre apressado pelo canto do olho.Eduardo respirou fundo e, fi