- Nós vamos embora desse jeito? - Perguntou Alex, ofegante. Do lado de fora do hotel, Alex seguia atrás de Eduardo. Seu rosto frio e austero não mostrava muitas emoções, mas seu tom de voz revelava irritação e impaciência. A pessoa que procuravam estava bem ali, mas não tinham sequer a chance de ver ela. Qualquer um no lugar deles se sentiria frustrado.Se Alex já estava assim, imagine Eduardo. Este último lançou um olhar para a embalagem que carregava nas mãos e, em seguida, olhou de relance para o hotel, com uma expressão gelada.- Se ele está aqui, não tem como fugir. Os Borges são loucos, mas não parecem ser do tipo que sairia no meio da noite. Orgulhosos e presunçosos, com certeza não fugiriam como covardes. - Respondeu Eduardo. Se Eduardo e Alex não tivessem vindo hoje, aquele louco provavelmente continuaria brincando até chegar a hora de partir para o exterior. Agora que chegaram, o confronto era inevitável. E, de acordo com a personalidade daquele lunático, ele seguiria s
Tatiana não conseguia entender, tão pouco decifrar Loh. Quando se tratava de proteger sua comida, ele nem sequer queria compartilhar uma pequena porção com os companheiros que via diariamente. No entanto, entregou facilmente a comida dela a um estranho. E havia aquela frase..."Srta. Taís."Se, durante o jantar, ela tivesse ouvido errado, ou se Severino tivesse cometido um erro ao falar, ou talvez ela estivesse com a audição ruim, a levando a ouvir "Srta. Taís" em vez de "Srta. Tatiana", seria uma coisa. Mas, há pouco, na porta, ela ouviu claramente Guilherme dizer ao funcionário que "Foi a Srta. Taís que fez isso."Ela não poderia ter ouvido errado duas vezes.O que Loh estava escondendo dela? E aquela comida, para quem ela seria entregue?Todos os segredos pareciam como o céu escuro da noite, encobrindo as estrelas, deixando apenas a lua visível. E então, a mente nos dizia que a noite tinha apenas a lua. Mas, quando todas as luzes da cidade se apagavam, se podia ver inúmeras estre
Tatiana podia ouvir claramente que não era o seu nome que estava sendo chamado, mas ainda assim se virou instintivamente.No momento em que se virou, aquela pessoa já estava diante dela, atravessando a multidão com um olhar cheio de preocupação.Até ele parar na sua frente, Tatiana não tinha certeza se aquela pessoa estava procurando por ela. Mas ela não era tola e, ao encontrar os olhos do homem cheios de emoções complexas, parou completamente.Pelo menos pela aparência, ele não parecia ser uma pessoa má. Na verdade, havia algo de familiar e acolhedor nele.- Olá, você está procurando por mim? - Perguntou Tatiana calmamente, enquanto a luz da manhã atravessava as árvores na beira da estrada, iluminando a testa do homem.A rua estava cheia de pessoas barulhentas, carros buzinando e gaivotas voando e cantando, mas Eduardo não ouvia nada disso.Era como se ele tivesse bloqueado todos os sons ao redor e não visse nada além do rosto familiar da irmã que ele mesmo havia trazido de volta par
- Então... - Hesitou Eduardo.Olhando para a garota à sua frente, visivelmente chateada, e chegou à sua conclusão com interesse. - A pessoa ao seu lado te disse que ele é Lorenzo? - Perguntou Eduardo. - E o que isso tem a ver com você? - Questionou Tatiana. Tatiana permaneceu em silêncio por dois segundos, lançando um olhar teimoso para ele. Ela tentou se soltar do aperto no pulso, mas sem sucesso, e só conseguiu levantar os olhos de forma ameaçadora.- Me solte agora! Eu ainda posso relevar isso, mas se continuar, vou chamar ajuda! - Murmurou Tatiana, com os olhos cheios de raiva. Eduardo teve vontade de rir.“Como essa garota, depois de um tempo fora, parece que perdeu um pouco da inteligência. Esse Guilherme...”Ao pensar que aquele louco esteve cuidando dela, Eduardo não conseguiu mais rir. Quem sabia o que aquele lunático imprevisível poderia fazer? Talvez sua irmã estivesse nessa condição por culpa dele.Eduardo trabalhava com produções cinematográficas e, enquanto estudava no
Eduardo levantou os olhos e a olhou de relance. A jovem ainda parecia um pouco confusa, olhando para seu próprio pulso de maneira desajeitada.- Se você quisesse fugir, não teria me seguido até o restaurante. - Disse Eduardo.Então ele suavizou a expressão e virou o cardápio para Tatiana. - Veja se tem algo que você queira comer, senão eu pedirei por você. - Afirmou Eduardo. Tatiana baixou os olhos por um momento. Ela realmente não era do tipo que gostava de escolher pratos, nem mesmo para o café da manhã.- Pode pedir você. - Disse Tatiana.Ela se sentou na cadeira, lançando um olhar casual ao redor do ambiente, antes de voltar a olhar para o rosto de Eduardo. Ele, por sua vez, não demonstrava nenhuma emoção extra, se mantendo tão despreocupado como sempre.- Então, vou pedir o de sempre. Se sobrar, Alê come. Ele deve chegar em dez minutos. - Comentou Eduardo. Após fazer o pedido pelo celular, Eduardo olhou para o relógio de pulso, pegou o celular novamente e não levantou mais a
Qual seria esse tipo de sentimento? - Perguntou Tatiana, confusa. Tatiana não sabia.Ela só sabia que, ao baixar os olhos novamente para o anúncio no celular, seu coração ainda estava incrivelmente chocado.Desde que Carolina voltou para a família Garrote, embora oficialmente ela ainda fosse a jovem senhora da família, muitos a chamavam de bastarda indesejada por trás.Até mesmo os pais da família Garrote já haviam dito isso sobre ela em segredo.Assim, era natural que, quando ficava sozinha, Tatiana não parasse de imaginar que era uma criança que os pais haviam perdido acidentalmente e que, mais cedo ou mais tarde, eles viriam buscar ela.E agora a verdade estava bem diante dela, ela realmente tinha parentes consanguíneos no mundo.Ou seja, ela tinha pai, mãe, irmãos e irmãs.Apesar do choque, o coração de Tatiana não experimentou outras emoções.Completamente diferente da emoção de encontrar parentes que ela havia imaginado, além da tempestade inicial em seu coração, ela rapidamente
Tatiana ficou em silêncio de repente.Ela não sabia que havia pessoas no mundo que se importavam com ela.Pais, irmãos... essas palavras antes só existiam em suas fantasias.Ela imaginava um pai que a amava mais do que Breno, uma mãe que a mimava mais do que Vitória.Chegou até a pensar que um bom samaritano a levaria embora, para que pudesse esquecer tudo sobre a família Garrote e a família Borges, mesmo que isso significasse viver com preocupações diárias sobre a sobrevivência.Mas no fim, suas fantasias não passavam de ilusões.Depois de sentir uma dor ainda mais intensa ao despertar, ela não se permitiu mais sonhar esses sonhos impossíveis.Se perder em um espaço incerto e absurdo, onde poderia acordar a qualquer momento, era mais doloroso do que a dura realidade.Se desde o início não havia esperança, por que continuar?Assim, ela parou de sonhar.Agora, a sensação era como se os sonhos que ela tivera de repente se tornassem realidade.Neste mundo, ela não estava sozinha.E seus p
Depois desse almoço, todos ficaram muito à vontade. Com Eduardo e Alex brincando e provocando um ao outro, eles acabaram comendo toda a comida da mesa. Estavam tão cheios que ficaram sentados no restaurante conversando por muito tempo.Tatiana nem precisou perguntar sobre as coisas de casa, já havia aprendido muito apenas ouvindo os irmãos se provocarem. Descobriu que muitas pessoas estavam preocupadas com ela.Havia os pais, que há muito esperavam seu retorno, o irmão mais velho, doze anos mais velho que ela, e os tios e tias. Enfim, muitas e muitas pessoas.Claro, durante o tempo em que esteve fora de casa, ninguém foi mais ocupado do que os dois à sua frente.Eles atravessaram montanhas e vales pessoalmente, apenas para encontrar ela.Para ser sincera, ela não sabia se no lugar deles ela estaria disposta a gastar tanta energia para procurar um parente. Alguns pais nem conseguiriam fazer isso. Por exemplo, pessoas como Breno, que preferia ter mais filhas para casar com famílias mais