Por causa da dor da ferida, Tatiana não conseguiu se exaltar por muito tempo. Após murmurar algumas maldições com raiva eperceber a mudança na expressão do homem, sua voz de repente suavizou.- O que foi, Loh? Eu disse algo errado?Guilherme observou seu semblante e, depois de um momento, falou hesitante:- Você não disse nada de errado, só estou surpreso que você use esse tipo de linguagem...Por um instante, ele chegou a suspeitar que talvez ela tivesse se lembrado de alguma coisa.Ou talvez ela estivesse apenas fingindo.Mas seu rosto parecia tão inocente que era difícil detectar qualquer falha.Bastava encontrar seus olhos para que ela voltasse a ter aquela expressão de quem não entende nada.Além disso, embora as palavras dela fossem de reprovação, elas tinham sido provocadas pela história que ele mesmo havia inventado, e ele parecia não encontrar um motivo justo para questionar sua honestidade.Ele nem mesmo tinha o direito de interferir em seu direito de se irritar.Alguém bateu
Severino estava apostando tudo o que tinha.Ele apostou no último resquício de valor utilitário que poderia ter para Guilherme, bem como num pequeno espaço que Tatiana poderia ocupar em seu coração.Afinal, mesmo um animal de estimação que pode ser descartado a qualquer momento deveria ser tratado de forma diferente de um estranho sem qualquer ligação, certo?Caso contrário, por que Guilherme se daria ao trabalho de tirar ela do hospital com tanto esforço?As feridas dela eram graves e, num pequeno vilarejo desconhecido e com escassez de serviços médicos, ter um médico particular era certamente uma grande vantagem.Se Guilherme realmente pretendesse cuidar bem de sua "mascote", ele não mataria o médico tão facilmente.De fato, após as palavras de Severino, a expressão lúdica no rosto do homem pareceu se suavizar um pouco, como se ele estivesse considerando o significado das palavras dele.Manter um médico por perto realmente parecia vantajoso.Severino continuou a persuadir:- Mestre G
A atmosfera estava um pouco tensa.Severino, percebendo a irritação de Guilherme, se apressou em intervir:- A Srta. Tatiana não está bem, eu posso cuidar do preparo da comida.Tatiana ainda parecia confusa e lançou um olhar inquisidor para Guilherme.- Dr. Severino é nosso convidado, como podemos pedir que ele cozinhe? Minha ferida já está melhor, eu posso cozinhar e, se realmente não conseguir, vocês podem me ajudar depois. Eu acho que consigo fazer.A expressão de Guilherme parecia indicar que ele não estava ouvindo.Tatiana franziu a testa e disse:- Loh, você está me ouvindo?Guilherme respondeu automaticamente, mantendo seu rosto impassível.Ele caminhou até Tatiana, seus olhos rapidamente passando pelo grande cesto de vime ao lado de suas pernas e finalmente pousando em suas mãos.Diferente das mãos delicadas das damas criadas em luxo que ele estava acostumado a ver, as mãos de Tatiana não eram exatamente bonitas, até podiam ser descritas como ásperas.Era compreensível, conside
Nos dias em que Tatiana esteve deitada se recuperando, ela teve tempo de refletir.Comparada a muitas pessoas, eles já eram suficientemente afortunados, nascidos com a riqueza acumulada por seus antepassados, desfrutando de coisas que muitos nunca experimentaram.Certamente, ela também enfrentou a malícia de outros.Mas, de qualquer forma, ela ainda se considerava sortuda.Agora, reduzida a este estado com Lorenzo, coberta de feridas, ela não achava isso inaceitável.Contanto que ainda estivesse viva e pudesse se mover, ela seguiria em frente.Tatiana não sabia quanto dinheiro restava com Lorenzo, mas ela estava ciente de que, mesmo que tivessem que passar a vida tranquilamente naquele pequeno lugar, não deveriam se entregar ao desânimo, e sim pensar em como garantir o sustento, para estarem preparados para qualquer eventualidade.Afinal, eles já estavam alugando aquela casa, o que provavelmente significava que ele também não tinha muito dinheiro.E se ele ficasse doente, o que fariam?
Tatiana realmente se sentia penalizada.Eles haviam morado naquele quintal por apenas alguns dias. Nem sequer um mês completo, e já estavam de mudança, o aluguel restante seria simplesmente descartado?Que desperdício!- De que você está rindo? Não importa se estamos com dinheiro agora, não deveríamos desperdiçar assim. - Disse Tatiana com seriedade, lançando um olhar severo para Severino.Severino imediatamente baixou a cabeça e disse:- Foi um erro meu, me desculpe, Srta. Tatiana.Embora ele dissesse isso, o sorriso em seu rosto não desapareceu completamente, claramente estava muito entretido com a situação.Ele agora entendia por que Mestre Guilherme tinha feito tanto esforço para tirar aquela senhorita do hospital.Ter uma mulher tão encantadora por perto, mesmo fugindo, parecia valer a pena.Tatiana, notando que ele ainda segurava o riso, disse:- Eu estou falando sério, e vocês precisam levar isso a sério. Vocês têm um pouco de dinheiro agora, mas também não estão trabalhando, nã
O barulho na porta era alto demais, não parecia a visita amigável de um morador do vilarejo.Guilherme e Severino trocaram um olhar, e a expressão do último foi gradativamente se tornando sombria.Embora os últimos dias parecessem tranquilos, na realidade, as intrigas nos bastidores não eram pequenas.Os membros da família Orsi não conseguiam localizar Guilherme, mas sabiam como buscar pistas através de Severino.As informações na internet se espalham rapidamente, e o próprio Severino já tinha visto alguns posts a seu respeito. No entanto, devido ao seu disfarce simples e muito diferente das fotos de trabalho no hospital, não havia muitas pessoas que o reconhecessem.Mas aquela não era uma solução a longo prazo, e por mais que se escondesse e disfarçasse, continuava sendo a mesma pessoa.Quanto à pessoa que estava batendo na porta, eles não sabiam quem era. Se por acaso fosse alguém da família Orsi procurando por eles...A batida continuava, e Tatiana, já irritada, franziu a testa ao v
O grandalhão ficou assustado com aquele olhar, e tremeu enquanto falava.- Não, não tem problema...Guilherme murmurou baixinho, relativamente satisfeito com a resposta dele:- Já que não há problema algum, então vou embora primeiro, ok?O grandalhão concordou, parecendo ainda não ter se recuperado do susto, e ficou parado, planejando sair. Ao se virar, de repente se lembrou de algo e chamou Guilherme, que estava prestes a fechar a porta:- Só um lembrete, como vocês decidiram se mudar antes do tempo, o restante do aluguel não será reembolsado!Guilherme não disse nada.Vendo isso, o grandalhão se virou e falou com mais firmeza:- Está bem claro no contrato de locação, o dinheiro não será devolvido!Aquele pátio era alugado por sua esposa, originalmente ele achava que o aluguel anual de oito mil reais era muito pouco, mas não esperava que o casal ficasse apenas alguns dias.Guilherme estreitou os olhos e revelou um sorriso frio.- Contrato de locação?O grandalhão hesitou por um moment
Severino se virou, atônito, sem saber ao certo como responder naquele momento. - Eu… A situação havia sido muito repentina, e ninguém esperava que Guilherme fosse de repente sair correndo do pátio. Ele apenas foi atrás dele sem pensar muito.- Fui eu que saí correndo, não tem nada a ver com o Dr. Severino. - Interveio Tatiana, olhando confusa para o homem sob os pés de Guilherme e para a expressão feroz dele. - Loh, o que você está fazendo?Por que ele estava agredindo alguém do vilarejo sem mais nem menos?O grandalhão no chão, ao ver Tatiana, tentou se levantar e resmungou algumas palavras de protesto:- Senhora, me faça justiça, seu marido me atacou sem motivo e ainda pegou meu celular! Roubo é um crime grave, eu aviso vocês...O grandalhão não havia terminado de falar quando, de repente, gritou de dor após um chute forte no peito.Guilherme olhou friamente para ele, deu uma rápida olhada em Tatiana e, finalmente, retirou o pé do homem.- Se cale.Ainda gemendo de dor, o homem no