Lago Montanhas.No topo de um edifício abandonado, as paredes cobertas de musgo claramente mostravam seu estado de degradação. No local mais recluso do complexo, um estacionamento subterrâneo aparentemente insignificante, reunia uma quantidade surpreendente de pessoas. Havia um garoto loiro, quase invisível na entrada, os jogadores de cartas bebendo no centro, e outros seis gritando e torcendo ao lado da mesa- Jair, como vamos lidar com aquela mulher? O chefe não deu instruções claras, e ficar aqui esperando não parece uma solução. - Disse um dos homens da mesa, lançando um olhar de soslaio para o homem de pequenos olhos e lábios arrebitados que estava no lugar principal.Jair parecia perdido em suas cartas, seus olhos semicerrados fixos no baralho que segurava.Antes que Jair pudesse responder, o garoto loiro cheio de sardas disse:- Vocês só sabem reclamar, não é? É só uma mulher, além disso, ela deixou aquele senhor gravemente ferido. O que podemos fazer com ela? Estamos aqui esp
No instante em que a porta da jaula se abriu, as pessoas ao redor começaram a gritar roucamente. Eram como um bando de selvagens, exclamando com excitação ao avistar uma presa.Mesmo estando exausta, Tatiana não poderia continuar fingindo dormir naquela situação.Ela levantou levemente os olhos, observando a multidão animada ao seu redor, e manteve os lábios firmemente apertados.Alguns cuspiam na direção da gaiola, outros lhe mostravam o dedo do meio, e alguns mascavam chiclete como se avaliassem uma mercadoria.Tatiana sentia repulsa por aqueles olhares, mas naquela circunstância, a submissão temporária parecia ser sua única opção.Afinal, se esconder na gaiola não a poupava de nada.Ela se moveu lentamente e sair da grande jaula. A cada movimento que fazia, os gritos ao redor se ampliavam.- Jair, essa moça é bem bonita! Ela parece familiar, como se fosse uma celebridade.- Qual? Pesquisa aí, se for mesmo uma celebridade, vamos ter uma foto para nos gabar depois.- Que celebridade,
As pessoas no estacionamento subterrâneo pararam o que estavam fazendo e olharam para a porta ao ouvir o barulho.Quando viram que era apenas Guilherme sozinho, um sorriso de desprezo surgiu em seus rostos.Jair tomou a frente, pegou um bastão que estava encostado na parede e o balançou.- Um inútil ferido, eu pensei que fosse alguém importante. Não esqueçam que hoje nós o resgatamos da montanha como se ele fosse um cachorro. Ele nos trata como cães e ainda nos bate. Irmãos, eu, Jair, não consigo engolir esse desaforo. E vocês, conseguem?O eco das vozes concordantes preencheu o estacionamento vazio.Enquanto isso, Tatiana, que estava ajoelhada no chão, foi ignorada como um brinquedo quebrado, com sangue escorrendo de sua testa para o nariz, embaçando completamente suas vistas.Ela mal podia ver quem estava se aproximando, mas a silhueta parecia se sobrepor com uma lembrança.Parecia Lorenzo, e um pouco com o seu irmão...Mas ela não conseguia ver claramente.Guilherme também estava s
Como pássaros assustados, o grupo fugiu para fora do prédio. Afinal, eles não possuíam as armas que Guilherme tinha em mãos.O som de seus semelhantes caindo espalhou pânico, fazendo com que todos corressem para todos os lados.Guilherme, por outro lado, avançava na direção oposta, caminhando em direção a Tatiana, que estava no chão.Talvez pelo barulho ao redor ou talvez pelo desconforto do objeto sob seu corpo, ela mal conseguia abrir os olhos, mas tentava se mover para o lado.Guilherme se agachou diante dela com os olhos semicerrados e um leve sorriso se desenhou em seus lábios finos.- Você ainda consegue se mover, parece que é mais resistente do que eu imaginava, Srta. Taís...Ele não terminou de falar, pois seu discurso foi interrompido pelas ações da mulher.Tatiana, ainda confusa, percebeu a presença de alguém ao seu lado. Com os olhos turvos, ela estendeu os braços e agarrou firmemente o pescoço dele.Guilherme ficou paralisado momentaneamente.Ele estreitou os olhos e sentiu
O estacionamento subterrâneo estava um caos completo.As duas figuras caídas numa poça de sangue apertavam o coração de quem via.Os dois estavam caídos no chão, mas claramente haviam lutado.Os passos de todos pararam devido à cena diante deles, todos os sons pareceram cessar.Após um breve silêncio, alguém finalmente reagiu e correu para lá.- Tati... - Sussurrou Lorenzo.Sua mente estava em branco. Enquanto ouvia o capturado tagarelar, ele imaginava como ela estava ferida. Em sua mente, ele só conseguia imaginar ela sendo feita de refém por Guilherme, mesmo que houvesse marcas de dedos em seu pescoço, ela ainda seria capaz de resistir tenazmente.No entanto, ele não esperava encontrar uma cena tão horrível como aquela.Lorenzo, temendo que algo sério tivesse acontecido com Tatiana, se apressou para verificar sua condição.Ao perceber que a garota ainda respirava, seu coração apertado se aliviou um pouco.Mas quando suas palmas e braços sentiram os rastros úmidos de sangue em seu cor
- Como está a minha irmã? - Perguntou Leopoldo.Assim que souberam que Tatiana havia sido resgatada, Leopoldo e Eduardo ligaram imediatamente.Naquele momento, Emanuel tinha acabado de descer da ambulância, com uma expressão séria.- Ela tem ferimentos por todo o corpo, acredito que duas costelas estejam quebradas. A situação precisa ser avaliada em um hospital, eu já fiz um curativo provisório nos ferimentos que estavam sangrando. Embora não haja risco de vida iminente, os ferimentos dela não são leves. - Explicou Emanuel. Eles não sabiam se deveriam ficar aliviados por terem chegado a tempo, evitando um perigo de vida, ou se deveriam se arrepender por não terem protegido ela adequadamente, permitindo que tal infortúnio ocorresse.Eles ainda se lembravam da primeira vez que viram Tatiana.Naquela época, no exterior, quando os irmãos receberam uma ligação de Eduardo e correram para lá, encontraram uma garota em uma cadeira de rodas, coberta de feridas.Emanuel se lembra de que, naquel
As palavras dele se silenciaram abruptamente ao ver Elionay.Pedro sabia que os irmãos da família Orsi não tinham uma boa impressão deles, e ao encontrar Elionay, sentiu uma reverência como se estivesse diante de um ancião, fazendo com que perdesse a voz.Elionay, por sua vez, não tinha nenhuma aversão a Pedro.Na verdade, ele lembrava que sua irmã tratava Pedro muito bem e o considerava como um amigo.Portanto, com Pedro, ele não tinha preconceitos.Então Lorenzo o lançou um olhar.- Fale abertamente, ele também é irmão da Tati, não há necessidade de se esquivar. Além disso, aquelas pessoas que você estava interrogando, mais tarde as entregue à família Orsi. - Disse Lorenzo, calmamente. Para Lorenzo, os danos causados por aqueles jovens desordeiros não eram nada comparados aos de Guilherme.Em seu coração, Guilherme era o verdadeiro culpado pelo sofrimento de Tatiana até aquele ponto.Se não fosse por Guilherme, ela nunca teria sido sequestrada, nem caído nas mãos daquela escória.Co
Hospital.Fazia três dias que Tatiana estava em coma.Desde que ela foi trazida do Lago Montanhas para o hospital, não havia sinais de que ela acordaria.Mas os resultados dos exames médicos não mostravam problemas, suas lesões eram apenas externas, exceto por duas costelas quebradas.Teoricamente, ela não deveria estar em coma por tanto tempo.Mesmo considerando que ela estava exausta, o que poderia justificar uma longa recuperação, não era normal que ela continuasse inconsciente. Embora os médicos afirmassem que sua vida não corria perigo, a demora em acordar era naturalmente preocupante.A família Orsi até chamou Hélio Menezes para examinar ela, e ele chegou à mesma conclusão, ela precisava de repouso e deveria acordar por conta própria. Além da angústia e da preocupação, não havia muito que pudessem fazer.Enquanto isso, Eduardo e Lorenzo também aproveitaram para investigar as pessoas que Guilherme tinha colocado na Cidade R.A Cidade R não era um território de Guilherme, e sua ida