- Senhorita Taís, seus olhos são realmente bonitos, deixar você morrer assim parece um desperdício. - Disse Guilherme, enquanto apertava seu pescoço com uma força mediana, sem aumentar a pressão, mas olhando para ela de cima, como se observasse uma formiga, com um olhar que misturava piedade e um ar de condescendência.Seu polegar deslizava lentamente pelo queixo de Tatiana, seguindo o trajeto das veias onde o sangue pulsava.De repente, ele afrouxou o aperto, se inclinou um pouco, e sua respiração quente quase alcançou o ouvido de Tatiana.- O que acha de você me implorar para te deixar ir e eu não fazer mais nada com você? - Sussurrou Guilherme.Guilherme inclinou a cabeça, seu olhar sombrio carregado de um sorriso, arrepiava a espinha.Tatiana, com os olhos vermelhos, encarava ele, suportando tudo o que estava passando.Implorar a ele?Será que deveria agir como Carolina, chorando frágil e delicadamente para pedir sua misericórdia?Ou deveria renunciar ao seu orgulho e dignidade ape
- Senhorita Taís, você está falando comigo? - Indagou Guilherme se virando completamente, baixando suas pálpebras e olhando ela de cima para baixo.- Claro que estou chamando você, quem mais neste quarto poderia se mover? - Retrucou Tatiana, como se fosse óbvio. A pessoa pendurada na parede estava quase dessangrada, completamente imóvel, se não fosse por uma respiração fraca, poderia pensar que estava morta.Quanto a ela, com as mãos e pés amarrados, só restava chamar ele.Guilherme, como se tivesse ouvido algo engraçado, olhou ela de cima abaixo com desdém.- Senhorita Taís, você é bastante audaciosa. Mas parece que ainda não me conhece bem. Mandar em mim? Você pensa que veio aqui como convidada? - Zombou Guilherme.- Não foi o Sr. Borges que me convidou? Seu jeito de receber convidados é realmente deplorável. - Disse Tatiana, inclinando a cabeça como ele, com uma expressão cansada. Guilherme deu uma risada fria e simplesmente olhou friamente para Tatiana, sem continuar a conversa.
Tatiana ergueu os olhos e o encarou com intensidade, desviando o olhar para não mais olhar para ele.No entanto, ela pegou uma pista importante das palavras dele, o lugar onde estava não era outro senão a Mansão da família Borges.O local onde Lorenzo era punido quando criança, também na Mansão da família Borges, naquela sala pela qual ela não conseguia passar, sob uma velha árvore no monte atrás da Mansão dos Borges.Naquela época, ela simplesmente pensava que Lorenzo estava fechado ali para estudar em isolamento, sem nunca imaginar tal conexão profunda. Pensando melhor, essa sala deveria ter sido abandonada depois que o avô Jacarias adoeceu e Lorenzo começou a assumir o Grupo Borges.Isso significava que, sem ela saber, Lorenzo estava, na verdade, suportando algum tormento psicológico insuportável.Mas pensar mais nisso era inútil, o que aconteceu, aconteceu. Mesmo sabendo que às vezes ele pode não ter agido por vontade própria, as consequências já estavam lá, e falar mais sobre isso
Hospital.Lorenzo praticamente correu para lá ao ouvir que Tatiana tinha desaparecido. Desde que voltou para Cidade R, Nanda às vezes tinha que ser internada por mal-estar, e ultimamente ela reclamava frequentemente de dores de cabeça, quase nunca voltando para a Mansão dos Borges.O consultório de psicologia e o hospital não eram próximos, e como era horário de saída do trabalho, o trânsito estava terrivelmente congestionado.Quando Lorenzo chegou, Nanda estava terminando o jantar com a companhia de Thaís.- A senhora vai comer só isso hoje? Não quer comer mais um pouco? Está ficando frio, e as noites estão cada vez mais longas. - Disse Thaís.Thaís olhou preocupada para Nanda, que tinha colocado os utensílios de lado e mal tocado na comida.Nanda acenou negativamente com a mão.- Não, não quero mais, não estou com apetite. - Disse Nanda.Ela pegou uma toalha úmida e quente ao lado para se limpar, mantendo sua elegância mesmo estando doente.Foi nesse momento que Lorenzo entrou.Ele e
- Então, mãe, você está planejando proteger meu querido irmão? - Perguntou Lorenzo calmamente.Ele não partiu assim sem mais nem menos, tampouco se irritou com as palavras de Nanda.Nanda o ignorou.- Pense o que quiser, eu não sei o que ele faz na Cidade R, nem onde ele está. Só sei que, mesmo se ele estivesse criado na Cidade A, ele é muito mais respeitoso do que você! Pelo menos quando estou doente e internada no hospital, ele sabe vir de vez em quando para me visitar e se informar sobre mim, e você? Para mim, você é como seu falecido pai, uma criatura ingrata! - Disse Nanda.- Se sou uma criatura ingrata, essa é outra conversa, mas Sra. Nanda, te ver se esforçar tanto para proteger um criminoso, realmente é algo que me surpreende. - Rebateu Lorenzo.Lorenzo não esperava obter qualquer resposta de Nanda, apenas a olhou friamente e se preparou para se virar e sair. Ao abrir a porta para partir, ele hesitou, sem olhar para trás.- Aliás, Sra. Nanda, esqueci de te dizer, não sei se voc
O ruído súbito fez Guilherme hesitar em suas ações, e sua aura instantaneamente se tornou gelada, recolhendo toda a sua preguiça anterior. Ele lançou um olhar de soslaio para Tatiana, que mastigava lentamente a comida na boca, com o cabelo desgrenhado e os olhos escuros piscando inocentemente.Guilherme não se preocupou em ouvir o barulho lá fora, e simplesmente arrancou os talheres das mãos de Tatiana, os jogando de lado de forma descuidada.- Eu ainda não terminei! - Exclamou Tatiana, alarmada, mas mal conseguiu se inclinar para frente quando foi fortemente empurrada de volta para a cadeira.- Fique quieta, ou eu não me importarei em deixar partes suas aqui, e se você ficar sem um braço ou uma perna, não me culpe. - Ameaçou Guilherme, enquanto se inclinava para pegar a corda que havia usado para a amarrar e novamente prendeu suas mãos.Felizmente, desta vez ele amarrou as mãos dela na frente, e não atrás das costas, o que ela achou um pouco mais confortável.Tatiana observou os movim
- Mas eu não consigo controlar, senão... - Murmurou Tatiana. Ela pretendia dizer que, se ele não quisesse, poderia chamar qualquer um de seus subordinados para acompanhar ela, conversar ou ajudar ela a se levantar, mas, ao se virar, percebeu que não havia mais ninguém além de Guilherme.Não se sabia onde estavam, e até se o dispositivo de localização em seu brinco conseguiria captar algum sinal era uma incerteza.Se Guilherme planejasse a matar e jogar seu corpo em uma montanha deserta, ela parecia não ter como escapar.Contudo, Tatiana não estava tão pessimista naquele momento.Se Guilherme quisesse matar ela, ele já teria tido inúmeras oportunidades.No Aroma Restaurante, na cabana de madeira da mansão, ele teve chances de matar ela sem precisar a levar até a montanha desolada, e ainda foi ele quem a carregou até aqui.Ele era louco, mas não tolo.Ao garantir que sua vida não estava em perigo imediato, Tatiana decidiu seguir a vontade de Guilherme por ora, afinal, se algo acontecesse
A mágoa de Tatiana estava confinada àquele momento, ao encontrar o olhar gélido de Guilherme, ela mal se atrevia a respirar demais.Ela não sabia o que tinha feito para provocar esse louco e fazer com que ele olhasse para ela dessa maneira.Afinal, durante todo o caminho, ela não tinha falado nada, até mesmo aguentando em silêncio os espinhos das árvores a torturando.Será que ele estava cansado do jogo?Um aperto se formou no coração de Tatiana, e ela engoliu toda a sua mágoa.- Sr. Borges, não há mais caminho à frente? Ou há algum outro problema? - Perguntou Tatiana, cautelosamente. - Entregue o que você tem consigo, e eu ainda posso continuar jogando com você. Caso contrário, você ficará aqui com seus equipamentos. - Disse Guilherme. Ele não rodeava, falava diretamente, com uma ameaça clara em suas palavras.- Agora é noite cerrada, e com o que você tem, certamente te encontrarão antes do amanhecer. Mas adivinhe, você acha que sobreviverá até lá? Talvez, quando seus irmãos te enco