- Mas eu não consigo controlar, senão... - Murmurou Tatiana. Ela pretendia dizer que, se ele não quisesse, poderia chamar qualquer um de seus subordinados para acompanhar ela, conversar ou ajudar ela a se levantar, mas, ao se virar, percebeu que não havia mais ninguém além de Guilherme.Não se sabia onde estavam, e até se o dispositivo de localização em seu brinco conseguiria captar algum sinal era uma incerteza.Se Guilherme planejasse a matar e jogar seu corpo em uma montanha deserta, ela parecia não ter como escapar.Contudo, Tatiana não estava tão pessimista naquele momento.Se Guilherme quisesse matar ela, ele já teria tido inúmeras oportunidades.No Aroma Restaurante, na cabana de madeira da mansão, ele teve chances de matar ela sem precisar a levar até a montanha desolada, e ainda foi ele quem a carregou até aqui.Ele era louco, mas não tolo.Ao garantir que sua vida não estava em perigo imediato, Tatiana decidiu seguir a vontade de Guilherme por ora, afinal, se algo acontecesse
A mágoa de Tatiana estava confinada àquele momento, ao encontrar o olhar gélido de Guilherme, ela mal se atrevia a respirar demais.Ela não sabia o que tinha feito para provocar esse louco e fazer com que ele olhasse para ela dessa maneira.Afinal, durante todo o caminho, ela não tinha falado nada, até mesmo aguentando em silêncio os espinhos das árvores a torturando.Será que ele estava cansado do jogo?Um aperto se formou no coração de Tatiana, e ela engoliu toda a sua mágoa.- Sr. Borges, não há mais caminho à frente? Ou há algum outro problema? - Perguntou Tatiana, cautelosamente. - Entregue o que você tem consigo, e eu ainda posso continuar jogando com você. Caso contrário, você ficará aqui com seus equipamentos. - Disse Guilherme. Ele não rodeava, falava diretamente, com uma ameaça clara em suas palavras.- Agora é noite cerrada, e com o que você tem, certamente te encontrarão antes do amanhecer. Mas adivinhe, você acha que sobreviverá até lá? Talvez, quando seus irmãos te enco
Tatiana baixou os olhos e viu a joia que Alê deu para sendo pisada entre os pinheiros, sentindo uma pontada de tristeza. Ela forçou um sorriso falso.- Como eu poderia não querer aceitar? Se o Sr. Borges realmente deseja me dar um presente, por que eu não aceitaria? - Disse Tatiana. Embora agora ela não tivesse preocupações com comida e roupa, e pudesse contar com seus irmãos em tempos difíceis, ela já havia sido pobre e sabia a importância de ter dinheiro ao seu lado.Se esse louco estava disposto a dar um presente, ela certamente o aceitaria, mesmo que fosse para vender depois e ganhar algum dinheiro.Pessoas podem ser repulsivas, mas presentes não são.Guilherme a observou por um momento, então sua expressão se fechou.- Guarde esse sorriso falso para você, é horrível. - Disse Guilherme.Então, ele se virou e começou a andar, se tornando de repente distante.- Precisamos descer a montanha antes do amanhecer. Se eles nos encontrarem antes disso, não posso garantir como será a situaç
Sobre a pequena cabana da família Borges, Pedro apenas tinha ouvido falar, nunca a tinha visto.Mas mesmo tendo imaginado muitas vezes, ainda assim sentiu um certo terror ao pisar ali pela primeira vez.Ao avançar, encontrou um corredor nem longo nem curto, completamente escuro, como aqueles cenários de filmes de terror que aparecem em hospitais ou escolas.Pedro mal podia imaginar como Lorenzo, ainda criança, tinha suportado tal cenário.Essa família Borges, aparentemente tão respeitável, por dentro parecia pior que a família Alves.Seu desprezível pai era apenas um libertino que deixava corações partidos por onde passava, mas a família Borges...Pedro não pensou muito mais nisso, o mais importante agora era seguir Lorenzo e procurar, caso Taís realmente estivesse presa ali, não se sabia se a jovem teria desenvolvido um trauma psicológico.Especialmente ao pensar em Breno, abandonado na porta, o peso nos sentimentos de Pedro se intensificou, e ele seguiu com passos pesados.A eletrici
Assim que aquelas palavras foram proferidas, Tatiana se petrificou, e seu rosto se tornou pálido.Como ele poderia saber?Sem esperar qualquer reação de Tatiana, Guilherme deu um passo em sua direção e disse:- A Srta. Taís me fez de tolo e me enganou, você pensou que eu fosse cego?Tatiana mordeu o lábio, seus olhos escuros ardiam de raiva.Ele era quase um vidente, parecia ter um par de olhos atrás da cabeça!Ao longo do caminho, ela andava tropeçando e esbarrando de propósito. Parte do caminho era realmente difícil por ser montanhoso, mas outra parte era um esforço deliberado para deixar marcas.Mas para sua surpresa, Guilherme, que guiava o caminho, percebeu suas intenções.Naquele momento, Tatiana estava encharcada, seus olhos negros escondidos sob os cabelos molhados exibiam um traço selvagem.Se ele tentasse alguma coisa, ela estava pronta para revidar com toda a força.- Por que esse nervosismo? Eu não disse que você estava errada, se não te encontrassem antes do amanhecer, o es
Embora sua garganta doesse, a raiva tomou conta de Tatiana, e ela não hesitou em desferir todas as palavras maldosas possíveis em direção a Guilherme.Ela não estava satisfeita apenas em xingá-lo; seus pés também não admitiam derrota. Ela chutava descontroladamente, não se importava o que atingia, isso a trazia um certo alívio.Guilherme não era de levar desaforo para casa e, em questão de segundos, reagiu, controlando os chutes desenfreados dela com uma expressão severa.- Você está viciada em chutar, é isso?Ela apenas queria se livrar daquele louco.Aproveitando uma brecha, Tatiana acertou um ruidoso tapa em seu rosto.Um vermelho vivo da marca da mão logo apareceu no seu rosto atraente, e seus olhos escuros brilharam com incredulidade.Tatiana, destemida, aproveitou o momento de choque dele para lançar outra bofetada.Mas desta vez Guilherme estava preparado e quase instantaneamente agarrou a mão dela.- Srta. Taís realmente não tem medo da morte.Tatiana cerrou os dentes, sem quer
Como um velho amigo, Guilherme contou a Tatiana sobre o passado em poucas palavras e com um tom que soava extremamente indiferente, mas Tatiana sabia, apenas pelo seu tom de voz, o quanto aquilo tinha sido difícil.Tendo enfrentado a morte, ela também havia sobrevivido a numerosos perigos.Tatiana, surpreendentemente, se deitou no ombro de Guilherme e ficou quieta por um momento.Mas após um instante, a insatisfação voltou a ecoar em seu coração e ela não pôde resistir a clarear suas dúvidas com ele.Com a voz rouca, ela falou com dificuldade:- Sr. Borges, se você também sabe que sobreviver não é fácil, por que continua fazendo essas coisas? Os danos que você me causou no exterior, e as atrocidades que cometeu quando voltamos, mesmo tendo desavenças com Lorenzo, vocês poderiam simplesmente se sentar e conversar, não é?Entre irmãos, não há nada que não possa ser resolvido na conversa.Mesmo nunca tendo se conhecido, não se deveria brincar com a vida dos outros. Ele claramente tinha a
Ouvindo a voz calma de Guilherme, o humor de Tatiana gradualmente se estabilizou naquele cenário desolado porém natural. Um raio de luz atravessava o céu cinzento e nublado, e o brilho do sol nascente perfurava uma camada de nuvens escuras, caindo precisamente sobre o lago e refletindo um lampejo vermelho vibrante. Embora rapidamente ocultado pelas nuvens, aquele brilho dispersou completamente a sombra que envolvia sua cabeça.Tatiana levantou os olhos para Guilherme e disse:- Sr. Borges, você poderia me mover um pouco? Eu gostaria de ver a paisagem montanhosa do outro lado; aquela árvore à frente está bloqueando minha visão.Guilherme se virou surpreso para ela.- Você realmente tem um gosto refinado para querer apreciar a paisagem a esta hora.Embora suas palavras fossem carregadas de sarcasmo, Guilherme não dificultou para Tatiana. Ele se inclinou para a pegar no colo e a mudou para um lugar com uma vista mais ampla.- A vista daqui é boa, mas não se mova demais. Não há árvores aq