Lorenzo despertou duas horas depois.Ele estava submerso em suas próprias fantasias e, sob a indução ao sono feita pelo Dr. Nico. Após o procedimento ele finalmente havia se acalmado e entrado em um sonho tranquilo.No sonho, Carolina ainda não aparecia, Tatiana continuava sendo a queridinha da família Garrote, sempre sorridente e seguindo ele por onde ia.Ele se alegrava ao ver ela olhando para ele assim.Por isso, ele justificadamente não queria acordar de seu belo sonho.Se não fosse por Pedro, que o procurava às pressas, ele poderia ter dormido por muito tempo.Ainda não satisfeito com a visão de seu sonho, ele foi abruptamente despertado, e Pedro não parecia muito bem. - O que foi? - Perguntou Lorenzo, impaciente. - Aquele desgraçado do Rafael, ele disse que a Taís sumiu e ainda suspeita que foi você quem fez isso. Que lógica é essa? Por que tudo tem que ser culpa sua? Taís desapareceu e eu também estou preocupado. Claramente ela sumiu bem debaixo dos olhos deles, e eu ainda nã
Presente?O sequestro era um presente para ela?Se não fosse pela situação atual, Tatiana apenas gostaria de revirar os olhos para ele.Mas agora, ela tinha que conter todas as suas emoções.Suas mãos estavam amarradas atrás da cadeira, dolorosamente apertadas. Ela mexeu os pulsos e sua voz soava um pouco rouca.- Sr. Borges, seu jeito de receber os convidados é um tanto quanto inovador, não acha? Eu penso que poderíamos sentar e conversar decentemente, o que acha? - Sugeriu Tatiana.A escuridão do cômodo amplificava sua voz, assim como o eco frio e sombrio de Guilherme.Ele provavelmente havia trazido uma cadeira, cujas pernas raspavam no chão com um barulho irritante, como unhas arranhando uma madeira.O ruído cessou e ele se sentou, sua voz soava prazerosa.- Srta. Taís tem razão, deveríamos sentar e ter uma boa conversa. - Concordou Guilherme. Tatiana ficou sem palavras.Isso é o que ele chamava de uma boa conversa?Ela quase pedia por socorro mexendo as cordas em seus pulsos, que
Quando a imagem diante dos seus olhos se tornou cada vez mais turva, Tatiana também pareceu cultivar uma resistência, mordendo os dentes e competindo silenciosamente com ele. Mesmo que o comportamento dela não pudesse a proteger completamente. Justamente quando ela pensou que seria seu fim, a pressão em seu pescoço subitamente afrouxou, e ela caiu de lado como uma flecha desprendida! Repentinamente solta, Tatiana não se importou com a dor de sua cabeça batendo no chão e respirou pesadamente por instinto. Ela estava amarrada em uma cadeira, e seu corpo também torceu com a queda da cadeira. Seu braço esquerdo estava pressionado sob seu corpo e a dor se espalhou até seu córtex cerebral, quando finalmente ela recuperou um pouco da lucidez. Diante dos seus olhos, ainda havia um ambiente totalmente escuro, e seus dedos tocaram algo pegajoso no chão, enquanto um leve odor doce e metálico de ferrugem pairava no ar. Um calafrio súbito se espalhou dos seus pés até o topo da cabeça, fazendo
Não se sabe se foi ao ouvir as palavras de Guilherme, mas a pessoa suspensa de repente se debateu.Um medo começou a crescer no coração de Tatiana, que, apesar de mal conseguir se proteger, não pôde deixar de intervir.- O que você está pensando em fazer? - Questionou Tatiana. Então, Guilherme lançou um olhar de lado para ela.- A senhorita não gostou do presente que te dei, já que não gostou, então vou me livrar dele. Há algum problema? - Indagou Guilherme.Tatiana sentiu um calafrio.- Sr. Borges, não sei por que se deu ao trabalho de procurar um presente para mim, mas, sinceramente, o Sr. Garrote não foi o que mais me prejudicou no meu caminho até aqui. Mesmo que ele tenha seus erros, não parece justo que o Sr. Borges vá tão longe por isso. - Disse Tatiana. Das palavras de Guilherme, Tatiana percebeu sua malícia divertida.Guilherme estava simplesmente usando o nome dela para justificar sua violência.Ela então decidiu seguir a lógica dele.Se ele tratava isso como um jogo, certam
- Senhorita Taís, seus olhos são realmente bonitos, deixar você morrer assim parece um desperdício. - Disse Guilherme, enquanto apertava seu pescoço com uma força mediana, sem aumentar a pressão, mas olhando para ela de cima, como se observasse uma formiga, com um olhar que misturava piedade e um ar de condescendência.Seu polegar deslizava lentamente pelo queixo de Tatiana, seguindo o trajeto das veias onde o sangue pulsava.De repente, ele afrouxou o aperto, se inclinou um pouco, e sua respiração quente quase alcançou o ouvido de Tatiana.- O que acha de você me implorar para te deixar ir e eu não fazer mais nada com você? - Sussurrou Guilherme.Guilherme inclinou a cabeça, seu olhar sombrio carregado de um sorriso, arrepiava a espinha.Tatiana, com os olhos vermelhos, encarava ele, suportando tudo o que estava passando.Implorar a ele?Será que deveria agir como Carolina, chorando frágil e delicadamente para pedir sua misericórdia?Ou deveria renunciar ao seu orgulho e dignidade ape
- Senhorita Taís, você está falando comigo? - Indagou Guilherme se virando completamente, baixando suas pálpebras e olhando ela de cima para baixo.- Claro que estou chamando você, quem mais neste quarto poderia se mover? - Retrucou Tatiana, como se fosse óbvio. A pessoa pendurada na parede estava quase dessangrada, completamente imóvel, se não fosse por uma respiração fraca, poderia pensar que estava morta.Quanto a ela, com as mãos e pés amarrados, só restava chamar ele.Guilherme, como se tivesse ouvido algo engraçado, olhou ela de cima abaixo com desdém.- Senhorita Taís, você é bastante audaciosa. Mas parece que ainda não me conhece bem. Mandar em mim? Você pensa que veio aqui como convidada? - Zombou Guilherme.- Não foi o Sr. Borges que me convidou? Seu jeito de receber convidados é realmente deplorável. - Disse Tatiana, inclinando a cabeça como ele, com uma expressão cansada. Guilherme deu uma risada fria e simplesmente olhou friamente para Tatiana, sem continuar a conversa.
Tatiana ergueu os olhos e o encarou com intensidade, desviando o olhar para não mais olhar para ele.No entanto, ela pegou uma pista importante das palavras dele, o lugar onde estava não era outro senão a Mansão da família Borges.O local onde Lorenzo era punido quando criança, também na Mansão da família Borges, naquela sala pela qual ela não conseguia passar, sob uma velha árvore no monte atrás da Mansão dos Borges.Naquela época, ela simplesmente pensava que Lorenzo estava fechado ali para estudar em isolamento, sem nunca imaginar tal conexão profunda. Pensando melhor, essa sala deveria ter sido abandonada depois que o avô Jacarias adoeceu e Lorenzo começou a assumir o Grupo Borges.Isso significava que, sem ela saber, Lorenzo estava, na verdade, suportando algum tormento psicológico insuportável.Mas pensar mais nisso era inútil, o que aconteceu, aconteceu. Mesmo sabendo que às vezes ele pode não ter agido por vontade própria, as consequências já estavam lá, e falar mais sobre isso
Hospital.Lorenzo praticamente correu para lá ao ouvir que Tatiana tinha desaparecido. Desde que voltou para Cidade R, Nanda às vezes tinha que ser internada por mal-estar, e ultimamente ela reclamava frequentemente de dores de cabeça, quase nunca voltando para a Mansão dos Borges.O consultório de psicologia e o hospital não eram próximos, e como era horário de saída do trabalho, o trânsito estava terrivelmente congestionado.Quando Lorenzo chegou, Nanda estava terminando o jantar com a companhia de Thaís.- A senhora vai comer só isso hoje? Não quer comer mais um pouco? Está ficando frio, e as noites estão cada vez mais longas. - Disse Thaís.Thaís olhou preocupada para Nanda, que tinha colocado os utensílios de lado e mal tocado na comida.Nanda acenou negativamente com a mão.- Não, não quero mais, não estou com apetite. - Disse Nanda.Ela pegou uma toalha úmida e quente ao lado para se limpar, mantendo sua elegância mesmo estando doente.Foi nesse momento que Lorenzo entrou.Ele e