Na Mansão da família Orsi na Cidade B.Depois de se despedir de alguns convidados importantes, o pequeno pátio voltou a sua tranquilidade habitual.O que era ainda mais raro era que Eduardo não discutiu com o pai e nem insistiu em ir embora. Ele até jogou uma partida de xadrez com Marcelo.Originalmente, ele estava jogando com Alex, mas, infelizmente, não conseguiu superar seu irmão mais novo, que passava os dias estudando algoritmos. Depois de perder várias partidas seguidas, ele se recusou a continuar jogando.Por coincidência, Leopoldo teve que lidar com assuntos da empresa, e a partida de xadrez com o pai também terminou.Surpreendentemente, Marcelo, que sempre olhou para Eduardo com frieza, falou com um tom mais suave, perguntando ao filho mais novo se ele queria jogar xadrez.Não só Eduardo, mas também Giovanna e outras senhoras que foram tomar chá da tarde e comer bolo ficaram chocadas.O severo pai, quando falou com tal tom com seus filhos?O pai sempre foi rigoroso com eles, e
- Quem tem medo dele? - Murmurou Eduardo baixinho.Ele simplesmente não queria desperdiçar tempo com o pai, não havia nada de bom para conversar.Mas as palavras provocativas dos outros eram úteis, e apesar de reclamar, Eduardo se levantou da cadeira, lançando um olhar para Marcelo, com uma atitude que não precisava de explicações.Marcelo também suspirou aliviado com o gesto de Eduardo se levantar. A disposição para conversar significava que ainda havia esperança de reconciliação entre pai e filho.Os dois foram um após o outro para o escritório.Sem formalidades, Marcelo foi direto ao ponto, tirando um contrato da gaveta.- Aqui estão as ações do Grupo MRC. Planejo dividir minha participação pessoal entre vocês três. Veja se aceita, se sim, assine aqui. - Disse Marcelo.Então, ele girou o contrato e a caneta para Eduardo, explicando a divisão das ações. - Sua irmã passou por muitas dificuldades sozinha, então sua mãe e eu decidimos dar metade das ações a ela. O resto você divide com
- Você está amaldiçoando seu pai? - Indagou Marcelo, furioso. Assim que Eduardo terminou de falar, Marcelo o interrompeu com um berro tão poderoso que Eduardo fechou os olhos, quase exageradamente cobrindo os ouvidos.Até um eco reverberou pelo quarto, demorando a desaparecer.Eduardo, com o rosto franzido, esperou o som parar de ecoar em seus ouvidos antes de falar lentamente.- Eu também não quis te amaldiçoar, é que você fala tão parecido... - Explicou Eduardo. Deixando um pouco de dignidade para o pai, a expressão "últimas palavras" foi engolida por Eduardo.Não era justo o culpar por suas suposições. O pai costumava gritar com ele regularmente, e durante os anos em que não voltou para casa, o pai nunca disse uma palavra calorosa ao telefone, continuando tão severo quanto sempre.Foi o mesmo na última vez que comeram juntos. Depois de tantos anos longe de casa, outros pais mostrariam alguma preocupação, mas o dele, ao contrário, exigiu que ele trouxesse a empresa de volta para a
Com tantas pessoas ao redor, as crianças todas olhando, e ainda com a presença de dois senhores idosos, Giovanna ficou mortificada de vergonha, empurrando Marcelo para longe de si.- Você não tem vergonha, não? Fique longe de mim. - Repreendeu Giovanna. - Tudo bem, eu fico distante. Mas a senhora não pode mais chorar. O médico já disse, se continuar chorando, seus olhos vão acabar não vendo mais nada. - Disse Marcelo, de forma preocupada e carinhosa. Nos anos anteriores, Giovanna chorou tanto que acabou prejudicando sua visão, por isso o médico recomendou que ela não chorasse mais, caso contrário, poderia realmente acabar ficando cega.Ao ouvir isso, Tatiana foi tentar fazer sua mãe sorrir.- Mãe, o pai está certo, hoje temos que ficar felizes, sem lágrimas. Eu acabei de chegar, você nem vai me olhar direito? - Disse Tatiana. Giovanna imediatamente sorriu e fez manha. - Está bem, vamos ficar felizes. Vá cortar o bolo com Edu, quero provar o seu talento na cozinha. - Disse Giovanna.
Não conseguia acreditar.Melissa, com a mão cobrindo o rosto, não conseguia acreditar enquanto olhava para Olivia, com a voz trêmula.- Você! Você teve a coragem de me bater? - Gritou Melissa. A dor ainda não tinha sido processada, ela olhava para Olivia chocada, apontando para ela enquanto questionava.Afinal, era a primeira vez que agia assim, e o golpe de Olivia tinha sido leve.Suas mãos tremiam, mas ela não sentia dor, o que significava que, provavelmente, Melissa também não sentiu.No entanto, essa bofetada no rosto de Melissa tinha um significado completamente diferente.Para Olivia, igualmente diferente.Pela primeira vez, ela se levantou diante de Melissa.- Bati em você, sim. Como sua cunhada, não tenho o direito de te repreender? Olha só para você, como se comporta todos os dias! Não é só isso, você só fala da sua família. Sim, esta casa foi comprada pelos nossos pais, eu casei com sua família, agora também sou parte da família Siqueira. E agora você me diz para sair, que d
As regras da grande competição culinária exigem que os competidores escolham aprendizes da nova geração para participar. Afinal, na maioria das vezes, são os aprendizes que preparam os pratos nos restaurantes, e ter um grupo de velhos competindo seria sem graça demais. Além disso, eles próprios não estão dispostos a participar, é um mais preguiçoso que o outro, achando melhor colocar seus aprendizes para enfrentar o desafio.Nos últimos anos, os aprendizes da família Siqueira têm sido medianos, provavelmente seriam eliminados na primeira rodada. O próprio filho de Sérgio era ainda mais desatento, depois de entrar na universidade decidiu começar seu próprio negócio e simplesmente se recusa a entrar na cozinha. Por mais talentoso que seja, se ele não quiser cozinhar, Sérgio não pode o forçar a isso colocando uma faca em seu pescoço. Se ele fosse competir, não se sabe nem se o que prepararia seria comestível, e qualquer escândalo poderia arruinar a reputação da família Siqueira.Sua irmã,
O concurso de culinária contou com a presença de jurados que eram grandes chefs de restaurantes famosos de diversas localidades, quase todos aposentados e que raramente se dispunham a cozinhar, como era o caso de Gael.Ou então, eram entusiastas da gastronomia reconhecidos nacionalmente, que degustaram delícias por décadas, a exemplo de Hélio.Assim, exceto por Tatiana, a primeira fila era ocupada ou por pessoas com a aparência envelhecida como Gael e Hélio ou por indivíduos da mesma faixa etária que o pai dela.Todos tinham placas à sua frente, representando o restaurante pelo qual estavam lá.Essas pessoas eram muito conhecidas, tendo aparecido em programas de TV e documentários.A placa à frente de Tatiana também era renomada, mas ela, uma bela mulher sentada ali, parecia um tanto deslocada em relação às pessoas e ao ambiente ao seu redor.Havia jovens também, jornalistas de mídia e editores de colunas de revistas gastronômicas, mas estes se sentavam mais ao fundo, sem outros jovens
Desprezo.Arrogância e orgulho.Com apenas algumas palavras, Rita descreveu o Aroma Restaurante como arrogante e presunçoso, se achando superior após ganhar alguns campeonatos e desprezando estabelecimentos menores como o deles.Os competidores, em sua maioria jovens com temperamentos fortes, ficaram agitados com essas palavras e começaram a questionar em coro junto com Rita.- Mesmo que o Aroma Restaurante não precise competir, não precisam nos insultar assim, né? - Ecoou a voz de uma pessoa.- Isso mesmo, aceitar uma mulher como jurada até vai, afinal, hoje em dia as profissões não são divididas por gênero, mas colocar uma garota tão jovem como jurada é demais, não? Será que ela tem habilidade culinária suficiente para estar aqui julgando? - Questionou outro. - Se o Aroma Restaurante despreza tanto este concurso, então por que mandar alguém? Não é só para nos desagradar? - Reclamou outro.O clamor das reclamações crescia, enquanto Rita, à frente, exibia um sorriso frio.Ela já havia