"Teu pedido de desculpas, para ela, não faz diferença alguma. Sem você por perto, ela até vive melhor."Cada palavra era como uma curva de faca, perfurando o coração de Lorenzo, arrancando o sangue de seu peito.Lorenzo permaneceu em silêncio, sem responder a Pedro, observando ele arrumar a comida da marmita.No topo, havia um pedaço de bolo, apenas uma simples base de bolo colocada em um prato de cerâmica, que não parecia tão refinado. No entanto, assim que foi levantado, um leve aroma doce foi sentido.Abaixo estava a comida, similar ao que Pedro havia comido na cozinha, só que fria, como se fosse um resto, ainda mais simples do que o que Pedro havia comido. Isso, combinado com a aparência atual de Lorenzo, o fazia parecer ainda mais lamentável e desolado.Pedro terminou de arrumar a comida e deu um tapinha no ombro do bom amigo.- Não é nada demais. Afinal, você apanhou hoje, o que de certa forma já serviu como um pedido de desculpas para Taís. Você veio para a Cidade B com esse pro
Lorenzo começou a tossir de repente, com uma dor aguda no peito, como se agulhas o estivessem picando incessantemente, vez após vez. Seus olhos ficaram vermelhos de dor, e os lugares em seu corpo que haviam sido golpeados por Eduardo também doíam por causa da tosse.Mas a dor física não se comparava à dor em seu coração, que parecia estar sendo cortado por uma faca e picado por agulhas, com alguém pacientemente adicionando cortes finos e contínuos, tão dolorosos que só de pensar já doía.Pedro, assustado com sua aparência, parou de mexer no celular e se levantou da cadeira para verificar o que estava acontecendo.- Lorenzo, o que houve com você? Você está se sentindo mal? Quer que eu te leve ao hospital? - Perguntou Pedro, preocupado. Lorenzo, apoiando a testa com a mão e com um sorriso demente em seus olhos vermelhos, parecia enlouquecido, evitando os movimentos de Pedro.Pedro estava desesperado, sem saber o que fazer, apenas continuava a falar, tentando tirar algo de Lorenzo. - Se
Paloma sempre fez trabalhos pesados e árduos, tendo uma saúde melhor que a de muitos jovens na sociedade atual. Apesar da respiração um pouco pesada, isso não afetava em nada o seu passo, mantendo a velocidade original enquanto seguia em frente. Ao ver isso, Lorenzo e Pedro não tinham mais o que dizer, silenciosamente a seguiram para longe.Ao passarem pelo caramanchão de uvas no jardim, Lorenzo, com um olhar de relance, percebeu uma figura encantadora e involuntariamente parou, fixando o olhar naquela direção. Sob a videira, a jovem com um sorriso doce estava pegando uma criança de poucos anos para colher os frutos maiores e mais coloridos do alto do caramanchão. Ao lado, em uma cadeira de vime, se sentavam duas belas mulheres em trajes de gala elegantes, uma delas, uma dama de semblante amável, observava Tatiana e a criança com um sorriso caloroso, enquanto a outra, um pouco mais jovem, também esboçava um sorriso suave, olhando pacificamente para a menina e o pequeno brincando sob a
- Você pode fazer muito mais. - Disse Tatiana.Segurando a mão do pequeno, ela caminhou para o lado, falando pacientemente e devagar, tentando fazer com que Geovane se tornasse uma ajuda para o relacionamento de Leo e Wilma. Era visível que Wilma gostava muito do menino. Ela estava disposta a ficar na Mansão da família Orsi principalmente por causa dele. Se conseguisse fazer com que Wilma gostasse ainda mais do seu pequeno sobrinho, poderia usar o menino para convidar Wilma para jantar mais vezes, e chamar Leo também. Com o vai e vem, os dois se encontrando mais, naturalmente as coisas mudariam. Embora Wilma fosse assistente de Leo há vários anos, jantares de trabalho e encontros privados com amigos eram diferentes. No trabalho, eles tinham uma relação de subordinação, mas fora dele, podiam começar como amigos, e o relacionamento poderia se desenvolver lentamente. Além disso, ela claramente sentia que Wilma também gostava de Leo, provavelmente porque, sendo uma moça, ela sentia q
- Que tal ficar mais alguns dias? Ainda não conversamos direito com a Taís. Você deveria aproveitar para se divertir um pouco. Aliás, você viu o velho do Aroma Restaurante hoje, não é? Ouvi dizer que Cidade B está organizando um grande concurso gastronômico nos próximos dias. Provavelmente é por isso que ele está aqui. Quem sabe a Taís também não vai participar? - Disse Pedro.Ansiosa, Pedro não esperou Lorenzo responder e continuou falando sozinho.- A gente também deveria ir lá conferir, mesmo que a Taís não queira falar com você. Você poderia pelo menos ver ela um pouco mais e já valeria a pena. - Concluiu Pedro. O mais importante era que Taís quisesse falar com ele. Ele queria ficar mais dois dias.Mas, vendo o estado de Lorenzo, parecia que seu desejo seria em vão.Para sua surpresa, a pessoa no banco do passageiro respondeu suavemente.- Então ficaremos mais dois dias. - Disse Lorenzo. - Sério? - Indagou Pedro.Ele se empolgou tanto que confundiu o acelerador com o freio, causa
Na Mansão da família Orsi na Cidade B.Depois de se despedir de alguns convidados importantes, o pequeno pátio voltou a sua tranquilidade habitual.O que era ainda mais raro era que Eduardo não discutiu com o pai e nem insistiu em ir embora. Ele até jogou uma partida de xadrez com Marcelo.Originalmente, ele estava jogando com Alex, mas, infelizmente, não conseguiu superar seu irmão mais novo, que passava os dias estudando algoritmos. Depois de perder várias partidas seguidas, ele se recusou a continuar jogando.Por coincidência, Leopoldo teve que lidar com assuntos da empresa, e a partida de xadrez com o pai também terminou.Surpreendentemente, Marcelo, que sempre olhou para Eduardo com frieza, falou com um tom mais suave, perguntando ao filho mais novo se ele queria jogar xadrez.Não só Eduardo, mas também Giovanna e outras senhoras que foram tomar chá da tarde e comer bolo ficaram chocadas.O severo pai, quando falou com tal tom com seus filhos?O pai sempre foi rigoroso com eles, e
- Quem tem medo dele? - Murmurou Eduardo baixinho.Ele simplesmente não queria desperdiçar tempo com o pai, não havia nada de bom para conversar.Mas as palavras provocativas dos outros eram úteis, e apesar de reclamar, Eduardo se levantou da cadeira, lançando um olhar para Marcelo, com uma atitude que não precisava de explicações.Marcelo também suspirou aliviado com o gesto de Eduardo se levantar. A disposição para conversar significava que ainda havia esperança de reconciliação entre pai e filho.Os dois foram um após o outro para o escritório.Sem formalidades, Marcelo foi direto ao ponto, tirando um contrato da gaveta.- Aqui estão as ações do Grupo MRC. Planejo dividir minha participação pessoal entre vocês três. Veja se aceita, se sim, assine aqui. - Disse Marcelo.Então, ele girou o contrato e a caneta para Eduardo, explicando a divisão das ações. - Sua irmã passou por muitas dificuldades sozinha, então sua mãe e eu decidimos dar metade das ações a ela. O resto você divide com
- Você está amaldiçoando seu pai? - Indagou Marcelo, furioso. Assim que Eduardo terminou de falar, Marcelo o interrompeu com um berro tão poderoso que Eduardo fechou os olhos, quase exageradamente cobrindo os ouvidos.Até um eco reverberou pelo quarto, demorando a desaparecer.Eduardo, com o rosto franzido, esperou o som parar de ecoar em seus ouvidos antes de falar lentamente.- Eu também não quis te amaldiçoar, é que você fala tão parecido... - Explicou Eduardo. Deixando um pouco de dignidade para o pai, a expressão "últimas palavras" foi engolida por Eduardo.Não era justo o culpar por suas suposições. O pai costumava gritar com ele regularmente, e durante os anos em que não voltou para casa, o pai nunca disse uma palavra calorosa ao telefone, continuando tão severo quanto sempre.Foi o mesmo na última vez que comeram juntos. Depois de tantos anos longe de casa, outros pais mostrariam alguma preocupação, mas o dele, ao contrário, exigiu que ele trouxesse a empresa de volta para a