Tatiana não temia Eduardo, e mesmo depois de ser repreendida, ela apenas piscou inocentemente.Eduardo exibia um rosto cheio de resignação e parou para esperar por ela.- O que está fazendo aí parada? Vai voltar para casa ou não?A luz da lua passava pelos galhos das grandes árvores na rua, lançando uma sombra suave que se interpunha exatamente entre as sombras de ambos, como se fosse um abismo intransponível.Tatiana ultrapassou as sombras e disse com uma voz suave:- Eduardo, o que eu disse é sério, mesmo que o que eu disse antes tenha sido uma brincadeira, eu realmente espero que você não guarde tudo para si. Você ainda se lembra do que eu disse para o Geovane esta tarde, não é? Chorar é uma forma saudável de expressar emoções, não é motivo para se envergonhar. Espero que quando você estiver emocionado, possa se abrir com alguém ou encontrar outras maneiras de se expressar, em vez de sair abruptamente como hoje. Fazer isso não só machuca os outros, mas também nos deixa preocupados,
Leopoldo e os outros chegaram rapidamente. Os irmãos chegaram com pressa, trazendo um pequeno rapaz. Quando Tatiana soube que seu adorável sobrinho estava a caminho, ela interrompeu sua conversa com Gabriela e foi receber o pequenino.Assim que o garotinho saltou do carro, foi prontamente erguido e envolto em um abraço macio e perfumado.- Meu Deus, como o Geovane é adorável! Ele tem um cheirinho de leite e é tão fofinho!Antes, Tatiana detestava crianças pequenas, especialmente aquelas da idade de Geovane, pois achava o alvoroço que elas causavam muito irritante. No entanto, ela tinha um carinho e uma afeição especiais por Geovane. Apesar de não terem se visto muitas vezes, ela já nutria um apreço especial pela criança.Leopoldo desceu do assento do motorista e olhou com resignação, mas também com uma ponta de surpresa, para sua irmã mais nova abraçando seu filho.O pequeno, que normalmente era indiferente a todos, como um idoso rabugento de cinco anos de idade, agora mostrava um cari
Tatiana desviou o olhar rapidamente, pensando em como o havia encarado anteriormente, e se sentiu um pouco envergonhada. Ela esboçou um sorriso cortês e balançou ligeiramente o pequeno que segurava em seus braços.- Não é pesado, eu costumava amarrar sacos de areia nos meus braços enquanto treinava para trabalhar na cozinha, então esse pequenino não pesa nada para mim.Geovane, que estava em seus braços, apertou Tatiana inconscientemente devido ao movimento, mas depois de ouvir suas palavras, sentiu pena dela.- Tia Taís, você pode me colocar no chão para eu andar sozinho, eu já tenho cinco anos, não precisa me segurar o tempo todo."Minha tia já passou por muitas dificuldades lá fora, e agora que voltou para casa, preciso cuidar dela!” Pensando assim, Geovane se recusou a deixar Tatiana continuar o segurando e lutou para descer de seus braços.Tatiana, com medo de deixar o menino cair, se apressou em colocar ele no chão com cuidado.Emanuel observou tudo em silêncio, com os lábios fi
Cidade R.Uma tempestade violenta desabou durante a noite, e a chuva batia intensamente contra o vidro panorâmico.Lorenzo acordou assustado e confuso por causa da tempestade. Certo de que não conseguiria dormir novamente, ele se levantou da cama e ficou de pé em frente à janela, observando distraidamente a paisagem noturna da cidade.Desde o divórcio com Tatiana, ele passou a morar na empresa, e voltava ocasionalmente para a Mansão Orsi por alguns dias, mas a maior parte do tempo se dedicava ao trabalho.Ele havia sonhado novamente com Tatiana.Aquela pessoa que deveria ter esquecido há muito tempo insistia em aparecer em seus sonhos, era como se fosse impossível se desvencilhar dela.Lorenzo observava as colunas de chuva escorrendo lentamente pelo vidro, sua mente fervilhava em incompreensão. "Por que sonho com ela repetidas vezes?" Ele fechou os olhos, tentando mergulhar em meditação, focar apenas no som da chuva caindo no telhado do lado de fora.No entanto, involuntariamente, Lo
No dia seguinte, Pedro chegou ao escritório e levou um susto ao abrir a porta. Lorenzo, sempre tão bem-vestido, jazia diante da sua mesa de trabalho, olhando fixamente para um celular com a tela estilhaçada, exalando um ar de derrota. Sua palma também estava ferida, com um corte novo sobre uma cicatriz já fechada, deixando um rastro arrepiante de sangue seco.Pedro, com um olhar incerto, não se aninhou em seu canto habitual como de costume. Ele aproximou e bateu na mesa de Lorenzo e disse:- Loh, você está bem?O homem não respondeu, seu olhar profundo permaneceu fixo no celular quebrado.Pedro, sem saber o que fazer, coçou a cabeça e observou Lorenzo por um momento antes de dizer:- Você não deveria pensar tanto no que aconteceu ontem. Você conhece Carolina e até disse que só se casou com ela porque ela era boa para você, porque era um desejo seu. Então não se deixe abalar tanto por isso, a empresa ainda precisa de você.Embora Pedro achasse que não valia a pena ficar triste por uma
- Eu, eu realmente não sei. - Pedro também estava sem saída, com medo de que Lorenzo não acreditasse nele, e até mostrou a Lorenzo as conversas recentes entre ele e Tatiana. - Veja você mesmo, eu tentei de tudo, mas não consegui arrancar onde ela está.Lorenzo ergueu os olhos para a tela do celular e de repente soltou uma risada leve, carregada de autodepreciação.- Ela parece conversar bastante com você. Com ele, era sempre uma discussão ou um pedido para manter distância, frio e direto, mas razoável.Pedro, vendo o estado do seu grande amigo, pegou o celular de volta, constrangido.- Eu só estava entediado, por isso estava falando com a Taís todos os dias. Ela é tão legal que me respondia uma ou duas vezes, tudo por minha iniciativa, entende? Sempre fui eu quem tomou a iniciativa! - Consolou ele.Se soubesse que aquilo afetaria Lorenzo, ele não teria mostrado o celular.Ele imediatamente se arrependeu.Na maior parte das mensagens ele estava reclamando do casamento com Tatiana, o qu
Ela não ouviu nenhum som do outro lado da linha.Tatiana franziu a testa enquanto mordia um pedaço de comida e deu uma olhada no celular. O número era um pouco familiar, mas ela não conseguia se lembrar de quem era exatamente.- Quem é? Se não falar, eu vou desligar.Justamente quando Tatiana estava prestes a desligar, veio uma voz do outro lado da linha:- Sou eu. A voz grave soou cuidadosa.Tatiana reconheceu imediatamente quem era. Seu primeiro sentimento foi descrença, depois confusão.Há muito tempo ela tinha apagado o número de Lorenzo do telefone, e embora no primeiro ano fora do país ela tivesse tentado ligar para Lorenzo, ela já havia quase esquecido completamente aquele número.Mas por que Lorenzo estaria ligando para ela agora? Ele não tinha ela bloqueada?Será que ele pensava que foi Tatiana quem arruinou a cerimônia do seu casamento e estava ligando para confrontar ela?- Você quer alguma coisa? - Perguntou Tatiana, desconfiada.A atitude dela fez a pessoa do outro lado
Assim que terminou de falar, Lorenzo ficou com a expressão ainda mais sombria.Seu rosto elegante, além do cansaço, ganhou um toque de tristeza, e ele não perguntou onde estava Tatiana.Lorenzo baixou o olhar para o celular, pensando no porquê ela havia desligado tão abruptamente. "Será que realmente não quer mais me ver?"Pedro, ao ver Lorenzo daquela maneira, suspirou e balançou a cabeça, sabendo que provavelmente ele não havia descoberto nada.Era claro que ele não conseguiria, afinal, Taís nem mesmo falava com ele, quanto mais com Lorenzo, seu ex-marido, que além disso quase havia se casado no dia anterior.Se estivesse no lugar dela, também não revelaria seu endereço atual.Mas ele não zombou do amigo azarado, apenas ficou ponderando sobre as próprias experiências.Quando estava prestes a começar a trabalhar, ouviu a voz de Lorenzo dizendo:- Você disse antes que Ademir também está procurando por ela. Por quê?- Como vou saber? Não sou próximo dele.Pedro ouviu aquilo por acaso e