Tatiana desviou o olhar rapidamente, pensando em como o havia encarado anteriormente, e se sentiu um pouco envergonhada. Ela esboçou um sorriso cortês e balançou ligeiramente o pequeno que segurava em seus braços.- Não é pesado, eu costumava amarrar sacos de areia nos meus braços enquanto treinava para trabalhar na cozinha, então esse pequenino não pesa nada para mim.Geovane, que estava em seus braços, apertou Tatiana inconscientemente devido ao movimento, mas depois de ouvir suas palavras, sentiu pena dela.- Tia Taís, você pode me colocar no chão para eu andar sozinho, eu já tenho cinco anos, não precisa me segurar o tempo todo."Minha tia já passou por muitas dificuldades lá fora, e agora que voltou para casa, preciso cuidar dela!” Pensando assim, Geovane se recusou a deixar Tatiana continuar o segurando e lutou para descer de seus braços.Tatiana, com medo de deixar o menino cair, se apressou em colocar ele no chão com cuidado.Emanuel observou tudo em silêncio, com os lábios fi
Cidade R.Uma tempestade violenta desabou durante a noite, e a chuva batia intensamente contra o vidro panorâmico.Lorenzo acordou assustado e confuso por causa da tempestade. Certo de que não conseguiria dormir novamente, ele se levantou da cama e ficou de pé em frente à janela, observando distraidamente a paisagem noturna da cidade.Desde o divórcio com Tatiana, ele passou a morar na empresa, e voltava ocasionalmente para a Mansão Orsi por alguns dias, mas a maior parte do tempo se dedicava ao trabalho.Ele havia sonhado novamente com Tatiana.Aquela pessoa que deveria ter esquecido há muito tempo insistia em aparecer em seus sonhos, era como se fosse impossível se desvencilhar dela.Lorenzo observava as colunas de chuva escorrendo lentamente pelo vidro, sua mente fervilhava em incompreensão. "Por que sonho com ela repetidas vezes?" Ele fechou os olhos, tentando mergulhar em meditação, focar apenas no som da chuva caindo no telhado do lado de fora.No entanto, involuntariamente, Lo
No dia seguinte, Pedro chegou ao escritório e levou um susto ao abrir a porta. Lorenzo, sempre tão bem-vestido, jazia diante da sua mesa de trabalho, olhando fixamente para um celular com a tela estilhaçada, exalando um ar de derrota. Sua palma também estava ferida, com um corte novo sobre uma cicatriz já fechada, deixando um rastro arrepiante de sangue seco.Pedro, com um olhar incerto, não se aninhou em seu canto habitual como de costume. Ele aproximou e bateu na mesa de Lorenzo e disse:- Loh, você está bem?O homem não respondeu, seu olhar profundo permaneceu fixo no celular quebrado.Pedro, sem saber o que fazer, coçou a cabeça e observou Lorenzo por um momento antes de dizer:- Você não deveria pensar tanto no que aconteceu ontem. Você conhece Carolina e até disse que só se casou com ela porque ela era boa para você, porque era um desejo seu. Então não se deixe abalar tanto por isso, a empresa ainda precisa de você.Embora Pedro achasse que não valia a pena ficar triste por uma
- Eu, eu realmente não sei. - Pedro também estava sem saída, com medo de que Lorenzo não acreditasse nele, e até mostrou a Lorenzo as conversas recentes entre ele e Tatiana. - Veja você mesmo, eu tentei de tudo, mas não consegui arrancar onde ela está.Lorenzo ergueu os olhos para a tela do celular e de repente soltou uma risada leve, carregada de autodepreciação.- Ela parece conversar bastante com você. Com ele, era sempre uma discussão ou um pedido para manter distância, frio e direto, mas razoável.Pedro, vendo o estado do seu grande amigo, pegou o celular de volta, constrangido.- Eu só estava entediado, por isso estava falando com a Taís todos os dias. Ela é tão legal que me respondia uma ou duas vezes, tudo por minha iniciativa, entende? Sempre fui eu quem tomou a iniciativa! - Consolou ele.Se soubesse que aquilo afetaria Lorenzo, ele não teria mostrado o celular.Ele imediatamente se arrependeu.Na maior parte das mensagens ele estava reclamando do casamento com Tatiana, o qu
Ela não ouviu nenhum som do outro lado da linha.Tatiana franziu a testa enquanto mordia um pedaço de comida e deu uma olhada no celular. O número era um pouco familiar, mas ela não conseguia se lembrar de quem era exatamente.- Quem é? Se não falar, eu vou desligar.Justamente quando Tatiana estava prestes a desligar, veio uma voz do outro lado da linha:- Sou eu. A voz grave soou cuidadosa.Tatiana reconheceu imediatamente quem era. Seu primeiro sentimento foi descrença, depois confusão.Há muito tempo ela tinha apagado o número de Lorenzo do telefone, e embora no primeiro ano fora do país ela tivesse tentado ligar para Lorenzo, ela já havia quase esquecido completamente aquele número.Mas por que Lorenzo estaria ligando para ela agora? Ele não tinha ela bloqueada?Será que ele pensava que foi Tatiana quem arruinou a cerimônia do seu casamento e estava ligando para confrontar ela?- Você quer alguma coisa? - Perguntou Tatiana, desconfiada.A atitude dela fez a pessoa do outro lado
Assim que terminou de falar, Lorenzo ficou com a expressão ainda mais sombria.Seu rosto elegante, além do cansaço, ganhou um toque de tristeza, e ele não perguntou onde estava Tatiana.Lorenzo baixou o olhar para o celular, pensando no porquê ela havia desligado tão abruptamente. "Será que realmente não quer mais me ver?"Pedro, ao ver Lorenzo daquela maneira, suspirou e balançou a cabeça, sabendo que provavelmente ele não havia descoberto nada.Era claro que ele não conseguiria, afinal, Taís nem mesmo falava com ele, quanto mais com Lorenzo, seu ex-marido, que além disso quase havia se casado no dia anterior.Se estivesse no lugar dela, também não revelaria seu endereço atual.Mas ele não zombou do amigo azarado, apenas ficou ponderando sobre as próprias experiências.Quando estava prestes a começar a trabalhar, ouviu a voz de Lorenzo dizendo:- Você disse antes que Ademir também está procurando por ela. Por quê?- Como vou saber? Não sou próximo dele.Pedro ouviu aquilo por acaso e
Após terminar a ligação com Tatiana, o sorriso no rosto de Gael permaneceu, parecia que ele havia acabado de falar com uma filha querida que havia se mudado de cidade. Ele, assoviando uma melodia, seguiu o conselho de Henrique da noite anterior e foi verificar os detalhes do seu voo e assento.Hélio estava sentado à sua frente com uma expressão sombria no rosto. Vendo Gael tão satisfeito, ele bateu na mesa e disse:- Velho safado, por que você não falou de mim para Tatiana?Gael fingiu confusão, levantando as pálpebras preguiçosamente.- Falar o quê sobre você?Vendo a expressão preocupada de Hélio, Gael não conseguiu conter seu sorriso. Era bom ver aquele velho rabugento sofrendo um pouco, especialmente depois de ter se exibido na frente de Tatiana. Claramente, ele tinha apreciado as habilidades culinárias dela, mas tinha agido como um crítico experiente, alegando que o sabor não era autêntico, tudo para manter uma imagem de mistério e profundidade diante da jovem aprendiz. Aquela a
Carolina nunca imaginou que um dia seria impedida de entrar no prédio do Grupo Borges.Desde o escândalo do dia anterior, sua mãe ligou inúmeras vezes para Lorenzo, mas ele não atendeu nenhuma delas. Carolina também enviou várias mensagens, mas não obteve resposta.Sem alternativa, ela decidiu ir pessoalmente procurar Lorenzo.Quem diria que a segurança no térreo seria tão insensível a ponto de barrar sua entrada?Carolina, afinal, era uma atriz famosíssima, mesmo que nem todos gostassem dela, todos conheciam seu nome.Além disso, antes de todos aqueles incidentes, ela frequentava o escritório do Grupo Borges com a permissão de Lorenzo, e muitos ali a conheciam.Era horário de almoço, e todas as pessoas que passavam lançavam olhares curiosos para ela, alguns até a reconheciam e tiravam fotos dela com seus celulares, murmurando coisas que claramente não eram elogios. Os olhares dirigidos a Carolina eram cheios de escárnio.Ela nunca havia sido tratada daquela maneira. Mesmo depois de se