Liliane desligou a chamada e olhou para a sala de cirurgia.Ela não sabia por que, mas sentia um aperto no peito, uma sensação de sufocamento. Como se algo estivesse prestes a acontecer, deixando ela sem ar.Será que estava muito nervosa?Liliane respirou fundo várias vezes, tentando se acalmar enquanto esperava Lucinda sair.O tempo de espera sempre parecia interminável.Quando Carlos chegou, Liliane sentiu como se já tivessem se passado horas.Ele se aproximou rapidamente da cadeira onde Liliane estava sentada.Ao ouvir os passos, Liliane olhou para cima e se levantou, dizendo: - Você chegou. Carlos entregou a xícara de café para Liliane. - É o Frapê Branco que você gosta, pode te ajudar a relaxar. Liliane pegou a xícara. - Obrigada. Carlos e Liliane se sentaram juntos na cadeira.- Quanto tempo eles estão lá dentro? - Ele olhou para a sala de cirurgia, iluminada. Liliane verificou o relógio. - Quase vinte minutos. - Ainda vai demorar um pouco. - Disse Carlos. - A cirurgia c
Vinte minutos depois.Breno foi transferido para o quarto VIP.William e Vinícius acabaram de entrar no quarto, quando ouviram passos apressados do lado de fora.Eles se viraram para ver Guilherme, com uma expressão sombria, acompanhado por alguns seguranças, entrando pela porta.Ao ver Breno deitado na cama com o rosto pálido, Guilherme gritou para William: - Eu confiei meu neto a você e você deixou ele acabar assim? William apertou os lábios, não respondendo às acusações de Guilherme.Mas quando o assunto era a doença de Breno, seu coração doía como se estivesse sendo cortado por uma faca, deixando ele tenso e nervoso.Vinícius não suportou mais, franzindo o cenho. - Sr. Guilherme, não podemos culpar William por isso. Ele também não queria que isso acontecesse! - Isto não é da sua conta! - Respondeu Guilherme, irritado. - Estou questionando esse incompetente! Como ele cuidou do meu neto? William controlou suas emoções e falou friamente: - Se você continuar perturbando Breno com
- Não precisa. - Recusou Liliane, com a voz carregada de ansiedade. - Se Lucinda não sair, eu não saio daqui. Assim que terminou de falar, as luzes da sala de cirurgia se apagaram de repente.Liliane ficou atônita, antes de se apressar até a porta da sala de cirurgia.Carlos seguiu ela de perto.Logo, um médico vestido com roupas cirúrgicas saiu da sala de operações.- Desculpe, Srta. Liliane, a cirurgia foi um fracasso. - Ele olhou desolado para Liliane. Um baque ecoou no coração de Liliane, enquanto uma sensação de inquietação começava a encher seu peito.- O que você quer dizer com fracasso? - Questionou Liliane.O som do leito sendo empurrado ecoou da sala de cirurgia, enquanto o médico se afastava para permitir que a enfermeira empurrasse a maca para fora.No momento em que Lucinda foi trazida para fora, Liliane estava prestes a se aproximar para verificar, quando ouviu o médico lamentar:- Tempo de óbito, às duas horas e vinte e sete minutos. Ao ouvir as palavras do médico, as
- Por quê? Por quê, por quê? - Liliane apertou com força os punhos, deixando as lágrimas embaçarem sua visão, enquanto caíam no chão. - O que eu fiz de errado? Por que eles têm que tirar as pessoas mais próximas de mim? Por quê? - Lili, não é culpa sua... - Carlos se abaixou ao lado dela. Liliane se curvou devagar para frente. - Eu não tive a chance de proporcionar felicidade a Lucinda, não consegui cuidar dela na velhice... Por que não me deram a oportunidade de retribuir o que ela fez por mim? Fui eu que matei Lucinda. Eu causei a morte da minha mãe, Marta foi vítima por minha causa. Eu sou um ímã de desgraças, fazendo as pessoas ao meu redor morrerem uma a uma! - Lili, isso não é culpa sua. Você precisa se manter forte, os seus filhos ainda precisam de você. - Carlos consolou ela com carinho. ...No andar de baixo, quarto VIP.William recebeu uma ligação do médico, que expressou pesar e culpa ao informar William que a cirurgia de Lucinda havia falhado e ela tinha falecido.Ao
Carlos não interveio, quanto Marcela abriu a porta e entrou para encontrar Liliane.Ao ouvir o movimento ao seu redor, Liliane levantou os olhos lentamente e, ao ver Marcela, desviou o olhar de novo. Sua voz estava rouca quando ela disse: - Você veio. Marcela se aproximou de Liliane e, ao ver o corpo de Lucinda, suspirou. - Lili, tente se acalmar. Tenho certeza que Lucinda não gostaria de te ver assim.Liliane se levantou e estendeu a mão para segurar o lençol branco.- A vida de Lucinda foi muito difícil. Perdeu o marido cedo, trabalhou muito para mandar o filho estudar no exterior, mas ele acabou se tornando um filho ingrato. Eu pensei que minha presença ao meu lado faria ela um pouco mais feliz, mas no final, acabei empurrando ela para um abismo sem fim. - Lili... - Marcela olhou preocupada para Liliane. - Não é irônico? - Liliane cobriu o rosto de Lucinda com o lençol branco. - Como assim? - Perguntou Marcela.- Os mais velhos ao meu redor estão morrendo um por um. - Continuo
- Ficar muito agitada não é bom para sua saúde também. - Disse Carlos. - Eu não vou desmoronar! Vou encontrar William e esclarecer essa situação! - Liliane respirou fundo.- Faça o que achar melhor, mas o evento do Ano Novo provavelmente precisará ser adiado. - Disse Eduardo. Depois de falar, ele olhou para Carlos. - Leve a Lili para dentro primeiro, eu farei uma ligação. - Certo. - Concordou Carlos.Dito isso, Carlos levou Liliane embora.Eduardo observou as costas de Carlos, se sentindo hesitante sobre a primeira cirurgia de Lucinda.Carlos, um especialista em oncologia, por que estaria dentro da sala de uma cirurgia craniana? Apenas por causa de Lili?Mas Eduardo logo descartou essa ideia. Mesmo que Carlos tivesse problemas, sua influência não seria suficiente para alcançar o hospital de William. Além disso, seu afeto por Lili era tão profundo, como ele poderia fazer algo para prejudicar ela?No dia seguinte, à tarde.O médico entregou os resultados dos exames para William.Após u
- Eu posso prometer isso. - Disse William. - Mas você precisa cooperar bem com o tratamento médico. - Tudo bem. - Concordou Breno, suspirando aliviado.Contanto que o pai prometesse não contar para a mãe, ele estaria disposto a fazer qualquer coisa.Na Vila Norte Verde.Depois de sair do Hospital Santa Cruz, Mavis foi direto para a casa de Miguel.Ela estacionou o carro e entrou na sala de estar, vendo Miguel descansando lá. - Miguel, estou de volta. - Avisou Mavis.Miguel abriu os olhos, olhando para ela com uma falsa ternura. - Como está o Breno?- Não está bem. - Mavis se sentou ao lado dele sem pensar muito. - É um problema de medula óssea.Miguel ficou em silêncio por um momento. - Medula óssea? Mavis recuperou o juízo, rapidamente corrigindo: - Quero dizer, ele precisa de um transplante de medula óssea... Ela se assustou, Miguel ainda não sabia que ela tinha descoberto sua verdadeira identidade. Ela não podia contar isso antes de estabilizar o relacionamento deles, senão n
Lucinda cuidou das duas crianças por cinco anos e elas já consideravam Lucinda como a pessoa mais próxima delas.Ao ouvir sobre a morte de Lucinda, as crianças ficaram tão tristes quanto Liliane.- No dia 2 de janeiro, será o enterro de Lucinda. Vou tirar folga para levar vocês lá. - Disse Liliane, soltando as duas crianças.As duas crianças concordaram com lágrimas nos olhos.Vila Norte Verde.Mavis foi convidada por Miguel para passar a noite lá.Ela estava sentada no quarto de Miguel, observando que o prazo de dois dias estava prestes a acabar, mas Miguel ainda não mostrava nenhum interesse em checar o celular.Mavis não se atrevia a perguntar abertamente, então ela foi para o banheiro pegar roupas limpas para tomar banho.Quando ela entrou no banheiro e tirou as roupas, seu celular tocou.Mavis pegou o celular e viu que era uma ligação do Sr. Giovane, então ela atendeu imediatamente.- Alô? Sr. Giovane? - Mavis disse enquanto se aproximava da porta do banheiro. Ela queria ouvir se