Oliver estava transtornado. Ele dirigia de volta a empresa em uma velocidade abaixo do que de costume. Buzinas ecoavam todas às vezes que um carro passava por ele. Portanto, Oliver sabia estar no automático. O seu corpo estava ali, mas sua mente estava em Ashley e na história que ela havia inventado. Ele nunca quis ter filhos. E os motivos que o levavam a essa decisão eram cicatrizes de uma infancia completamente perturbada. O coração de Oliver começou a bater mais forte quando ele se recordou do passado. As suas mãos tremiam, enquanto segurava o volante com as recordações de quando era criança e presenciou o seu pai abandoná-lo sem nenhuma explicação. Hendrix o deixou sozinho para viver com uma mãe totalmente descontrolada, que abusou psicologicamente dele de todas as formas, durante toda a sua vida. Ele não esperava se sentir tão fraco e impotente diante das recordações, muito menos conseguia explicar por que sempre odiou o seu pai, mas ajudou a sua mãe a vida inteira. Quando se t
Começou a chover logo depois que Marina estacionou o carro na frente da casa. Ela estava com as roupas encharcadas assim que colocou os pés na casa, o que não impediu de Valentina correr e lhe oferecer um abraço. Ela observou a criança atentamente, olhando cada arranhão exposto, na sua pele tão macia e logo depois começou a chorar. — Graças a Deus! você está viva – ela ergueu os olhos e sorriu, uma mudança surpreendente no seu rosto – já que está bem, pode voltar a assistir o seu desenho preferido, enquanto converso com a sua mãe. Valentina soltou uma risada e olhando para ela pela última vez, saiu, voltando para a sala. Marina levantou-se, porém, ainda mais angustiada de quando havia entrado na casa minutos antes, olhou para Ashley e começou a falar: — Eu disse a ela para tomar cuidado – a intensidade da chuva aumentou lá fora – quantas vezes alertei para ficar atenta. Céus, imaginar que Valentina poderia ter sofrido algo pior. — A culpa não foi da babá – Ashley a olhava c
— Por que o Oliver não vem trabalhar hoje? – Ashley caminhou até a mesa onde Val estava e envolveu a mulher com as suas indagações. — Certamente você tem a resposta para isso – olhou para ela cheia de expectativas que Ashley contasse o que estava acontecendo – ele saiu ontem como um louco peregrinando pela cidade atrás de você. Oliver não suporta a ideia de vê-la ao lado de Alfonso. — O que está dizendo Val? – Um sorriso formou-se nos lábios de Ashley – O que o Oliver não suporta é ser contrariado. — Estou dizendo que aconteceu alguma coisa enquanto ele estava fora – levantou-se impaciente – eu nunca vi o Oliver tão perturbado e perdido. O que aconteceu, Ashley? Os olhos da mulher se arregalaram. Os seus lábios se transformaram em uma linha reta e não havia cor no rosto dela. — Ele não te contou? – Uma ruga se formou no rosto de Ashley – é muito estranho sendo você a melhor funcionaria dele, não saber de nada. — Stefany estava aqui quando ele chegou – Ashley observou Val revira
Oliver nada disse por um tempo. Entraram no escritório e ela ficou observando-o pegar curativos guardados na gaveta da escrivaninha e caminhar em direção a ela. Com ele tão perto, no entanto, ela ficou agitada e perturbada, ainda mais com ele a tocando novamente. Ashley soltou um grunhido de dor quando ele pressionou a ferida para estancar o sangramento. — Desculpe – ela lançou um olhar duvidoso para ele, perguntando-se o que havia acontecido com Oliver – Stefany estava com bastante raiva quando segurou você. Ele lançou um olhar até ela e depois sorriu, um sorriso duro como se lhe custasse. — Não deveria ter vindo até aqui – ele chegou um pouco mais perto, como se quisesse se certificar haver realizado um bom trabalho e o curativo estava no lugar correto. Isso fez o corpo de Ashley estremecer. — É uma forma de dizer que eu deveria estar fazendo coisa melhor do que trabalhando? – Ele lhe lançou um sorriso e Ashley não teve como não retribuir — você se esqueceu que hoje era um dia
Ashley queria parar de pensar sobre o que havia acontecido na mansão do Oliver, mas quando o táxi estacionou na porta da empresa e o motorista chamou o nome dela várias vezes sem que ela respondesse, foi que ela conseguiu entender o quanto estava submersa naquele problema.Quando saiu do carro, sentiu suas bochechas queimarem de vergonha. Se desculpou por fazer o motorista perder o seu tempo e entrou no prédio. Quando chegou em frente a sala de Oliver, ouviu uma voz que lhe parecia familiar. Ela tentou se lembrar de onde conhecia, antes de se virar e ter uma grande surpresa.— Hendrix? – Um sorriso sincero brotou dos seus lábios. Ashley estava estranhamente satisfeita em ver o pai de Oliver novamente.— O que está fazendo aqui, Ashley? – Ele se aproximou para cumprimentá-la. O sentimento em reencontrá-la parecia recíproco.— Eu trabalho aqui – ela o abraçou calorosamente – há quanto tempo não nos vemos? Três anos, talvez.— O tempo suficiente para eu ficar surpreso que agora você trab
Se Ashley achava que os acontecimentos de horas antes haviam sido ruins o suficiente, ela não tinha ideia do que a esperava na mansão. Havia um carro estacionado em frente à entrada principal. Certamente Oliver estava recebendo visitas e ficaria furioso por ser interrompido. Aparentemente a expressão de Ashley não se alterou muito, mas seu coração acelerava a cada passo que ela dava em direção ao seu destino. Hendrix, por outro lado, estava a ponto de colapsar. Uma camada de suor se formou em sua testa, denunciando o seu nervosismo. Dessa vez, ela tocou a companhia e esperou ser atendida. A mesma empregada que ela socorreu hora antes, não lhe ofereceu a mesma empolgação. O ar na casa era tenso. — O senhor Oliver está recebendo uma visita – ela disse - não acho uma boa ideia falar com ele agora. Ashley olhou para Hendrix, esperando que ele decidisse. — Quer voltar outra hora? - Falou, com calma. — Não! - Respondeu, seguro do que estava prestes a fazer - só saiu daqui depois que f
Oliver parou no meio do corredor, que dava para o escritório e sentiu que já não aguentava mais. Se trancar naquela sala e beber até perder a consciência parecia a melhor solução, mas os seus problemas continuariam batendo na porta, insistentemente, até que ele os encarasse e os resolvesse de uma vez por todas. Ele precisou de alguns segundos para entender o que estava acontecendo e antes que pudesse decidir o que fazer, ouviu passos apressados vindo na sua direção. Hendrix e Madelyn brigavam pela atenção de Oliver e ele sabia que se não tomasse um único gole de uísque enlouqueceria ao ponto de ir parar na prisão. Entrou no escritório a passos apressados, sabendo que os dois o perseguiria até a morte. Não ousou impedi-los. Abriu a garrafa, encheu um copo e bebeu em um gole só. — Precisamos conversar, Oliver – falou Hendrix, no meio da murmuração de Madelyn. — O que você teria para conversar com ele? – Madelyn zombou – vai contar os anos em que ficou ausente para ver se ele o pe
Ashley concluiu que, apesar de o resultado não ter sido o esperado, Hendrix estava feliz em poder contar a verdade a Oliver. Ele saiu da mansão como se tivesse descarregado dos ombros um peso enorme e planeava de conhecer Valentina um dia. Aquilo assustava um pouco Ashley. Precisava preparar Valentina para receber uma notícia tão importante assim. O que ela diria para a menina quando perguntasse da existência do pai? Ainda que dissesse a Hendrix que faria aquilo, ela foi embora com o coração apertado ao ponto de sangrar. Não voltou para a empresa, porque já era tarde e avisou a Val que iria direto para casa. Ashley tinha os seus próprios assuntos para resolver. Precisava enviar o dinheiro para Ethan pagar as dívidas da fazenda e certamente não lhe sobraria nada para comprar roupas novas para ela ou para Valentina. Mas não era tão ruim assim. Lembrou-se que só havia voltado para Las Vegas para auxiliar o Ethan e que marina não se importaria em manter a casa por um tempo até ela se